20 anos ENF: Desafio é manter a categoria mobilizada para defender seus direitos e a Saúde Pública

Com uma história de muitas realizações entre seminários, encontros, mobilização da categoria para discutir temas de interesse profissional, da defesa dos direitos e das políticas de saúde e Assistência Farmacêutica, o principal desafio para a Escola Nacional dos Farmacêuticos para o próximo período é garantir recursos para manter o funcionamento de suas atividades.

Essa preocupação se dá, principalmente, em função do cenário de ofensiva de políticas de caráter privatistas, de redução dos recursos públicos para as políticas de saúde e de desmonte das estruturas de defesa do trabalho e dos direitos trabalhistas (Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho e Sindicatos).

Para a coordenadora geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos Silvana Nair Leite, “o desafio da Escola é o de manter a capacidade de reunir e mobilizar a categoria para aprofundar a discussão sobre políticas de saúde e avaliar essas políticas”. 

Silvana ressalta que “a escola tem um histórico importante nessa área, que é o de ter se envolvido na avaliação dessas políticas e na mobilização para, de forma participativa, construir políticas, envolvendo a categoria e outras profissões e movimentos sociais. Isso será fundamental no próximo período”, avalia.

Na avaliação de Célia Chaves, tesoureira da Fenafar, o desafio da Escola “continua sendo, talvez nesse momento mais ainda, ter essa inserção de forma mais ampla na categoria”. Isso, porque ela avalia que “não é uma tradição do movimento sindical ter essa inserção para além da questão sindical. E, por outro lado, a categoria não enxerga como uma das funções do sindicato promover esse conjunto de discussões, de aprofundamento de temas que não sejam apenas sindicais, mas que tenham relação com políticas públicas na área da saúde, educação, controle social”. 

Célia aponta que foi, exatamente esse, um dos objetivos da criação da Escola. “Não só procurar promover atividades que discutem a questão técnica da profissão, mas principalmente discutir no âmbito da categoria um conjunto de políticas públicas na área da saúde, da educação que tivessem relação com a questão da formação do profissional e da sua atuação enquanto profissional de saúde”.

Para Rilke Novato, diretor de Relações Internacionais da Fenafar “infelizmente, o cenário apontado no pós-eleições 2018 é o ‘pior dos mundos’. Estamos todos preocupados com o aprofundamento dos retrocessos nas políticas sociais no país. Após os dois anos de um governo ilegítimo e retrógrado, os trabalhadores e trabalhadoras esperavam que o quadro de perdas trabalhistas e nas conquistas sociais iriam cessar ou diminuir. A reforma trabalhista trouxe perdas reais à organização e estrutura dos sindicatos de um modo geral, e no campo farmacêutico não foi diferente. À Escola Nacional dos Farmacêuticos caberá desafios importantes. O primeiro deles será sobreviver em meio a um quadro político-econômico desestruturante que está sendo imposto aos trabalhadores. Em momentos assim, é preciso que a diretoria fomente seu espírito combativo, de luta e disposição ao enfrentamento das adversidades”.

Para contornar esse quadro, Rilke diz que é “importante estimular a criatividade em busca de  parcerias, a exemplo do Conselho Nacional de Saúde, e outras do meio sindical. Usar cada vez mais as redes sociais e tecnologias para capacitar os farmacêuticos e diretores sindicais. Por fim, talvez o maior dos desafios seja sensibilizar ao máximo a categoria e trazê-la para o debate, para as bases e apoio. Trata-se de um trabalho permanente, necessário em qualquer circunstâncias, mas, que uma vez alcançado trará avanços para ambos, entidade e trabalhadores.

Escola superou as expectativas

A avaliação de todos é que a Escola Nacional dos Farmacêuticos cumpriu com os objetivos que lhe foram atribuídos na sua constituição. E foi além, a Escola superou as expectativas e muito rapidamente assumiu papel de referência no debate das políticas de Assistência Farmacêutica, na questão do Controle Social da Saúde.

“Avaliando esses 20 anos, eu considero que a Escola cumpriu um papel até maior do que a gente esperava. Se fizermos um balanço do

 conjunto de atividades, de pessoas que conseguimos envolver, e do conjunto amplo de temas que a escola se envolveu nesse período, sem dúvida fez com que nós tenhamos conseguido atingir um público considerável dentro e fora da categoria. Tudo isso resultou no fortalecimento e valorização profissional, permitindo uma maior participação dos farmacêuticêuticos em temas fundamentais e aproximação com outras categorias e usuários. O balanço é altamente positivo e faz com que a categoria tenha atingido outro patamar de discussão das políticas públicas de saúde”, avalia Célia Chaves.

Para Rilke, “certamente, nestes 20 anos de existência, a Escola Nacional dos Farmacêuticos, superou a nossa expectativa, ao ampliar seu escopo de atividades de capacitação para além dos  muros da formação sindical e da assistência farmacêutica, voltando-se também para o controle social, ao promover seminários preparatórios às conferencias nacionais de saúde com participação de usuários do SUS. É possível afirmar hoje que a Escola Nacional do Farmacêuticos tornou-se uma referência nacional em capacitação do controle social do SUS.

Da redação