O público e o privado na formação e atuação do farmacêutico

A Dra. Marselle Nobre, diretora da Escola Nacional dos Farmacêuticos, apresentou a sua tese de doutorado “O farmacêutico na composição da força de trabalho da atenção básica do SUS” para o Conselho de Representantes da Fenafar, na manhã da última sexta-feira (02).

 

Marselle dividiu sua palestra entre formação e trabalho, e explicou que os cursos de Farmácia estão distribuídos de forma desigual pelo país e predominantemente nas mãos do setor privado, o que acaba influenciando a formação do profissional.

Apesar do aumento do número da oferta de vagas e do ingresso de novos estudantes, principalmente com o FIES e o Prouni, o número de concluintes ainda é discrepante Em 2010, foram ofertadas 49.855 vagas, ingressaram 29.408 novos estudantes e 16.091 concluíram o curso. Em 2014 o número de concluintes caiu para 13.457.

A região Sudeste representa 50% da formação do farmacêutico no Brasil, enquanto que o Norte representa 6%. A concentração de vínculo de trabalho formal repete o mesmo índice, Sudeste com 45%.

De acordo com Marselle, a categoria demorou a começar a discutir o papel do farmacêutico como trabalhador do sistema de saúde, o que dificulta o reconhecimento e a valorização desse profissional.

Como na formação, a maioria das ofertas de emprego para o farmacêutico está no setor privado. Em 2015 o número de farmacêuticos empregados no setor privado era de 98.978, enquanto que no setor público era de 23.029. No entanto, a atuação do farmacêutico no setor público vem crescendo. Marselle identificou o aumento de 75% de farmacêuticos na atenção primária (UBS).

Ronald Santos, presidente da Fenafar, aproveitou a oportunidade para criticar o hábito do trabalhador farmacêutico em negar sua identidade em algumas áreas, como por exemplo, se reivindicar sanitarista. Durante a palestra, foi consenso entre os presentes de que isso dificulta o reconhecimento e a valorização da categoria.

“O abastecimento e o fornecimento de medicamentos sempre serão atividades importantes para os sistemas de saúde, mas o desafio da atualidade é garantir a participação do farmacêutico nas equipes de saúde no processo de cuidado ao usuário e incorporar a concepção de gestão de cuidado em saúde em todas as funções e atividades do farmacêutico”, conclui Marselle.

por Dandara Lima