PE: Conferência de Saúde das Mulheres reivindica nenhum direito a menos

Movimentos sociais, gestores e trabalhadores da saúde de Pernambuco realizaram entre os dias 14 a 16 de junho a etapa preparatória para a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres. Em pauta a a aprovação das propostas paa a etapa nacional e para a construção da Política de Atenção a Saúde das Mulheres de Pernambuco.

 

 

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) esteve representado na abertura da 2ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de Pernambuco por Eliane Neves, integrante da comissão nacional da 2ª CNSMu. De acordo com ela, é preciso somar esforços de toda a sociedade para a realização da conferência.

“Temos que pensar em ações que fortaleçam e ampliem o direito a saúde de nós, mulheres. A conferência ocorre em um importante momento de nossa história, onde os direitos sociais estão cada vez maios ameaçados, devemos fortalecer cada vez mais o papel do controle social para a participação da sociedade nesses espaços de decisão”,disse.

A secretária da Mulheres do Estado, Sílvia Cordeiro, ressaltou que a Conferência é um instrumento não só para propor diretrizes para a política nacional de saúde das mulheres, mas também para apresentar o contexto atual da saúde das mulheres. “É preciso firmar o compromisso do controle social com o direto à saúde e ampliá-lo para as gestoras de saúde pública”, afirmou.

Para a secretária, as mulheres organizadas devem propor, por exemplo, a desvinculação da saúde da mulher com a maternidade. “Não se pode admitir que a mulher só exista na unidade de saúde se for mãe. Antes disso, há uma trajetória que também requer cuidado e atenção, como a prevenção à gravidez”, defendeu.

A Conferência teve como tema “A implementação da política estadual de saúde integral das mulheres pernambucanas: nenhum direito a menos”. O evento conta com cerca de 200 delegadas, eleitas nos processos das quatro Conferências Macrorregionais, que ocorreram no mês de maio.

Duas mulheres pernambucanas que, de acordo com o Conselho Estadual de Saúde, fazem a diferença na saúde pública foram homenageadas durante a abertura: Benita Spinelli, enfermeira que atua a mais de 30 anos na saúde pública local, e Paulette Albuquerque, médica sanitarista e ativista da educação popular na saúde.

Propostas aprovadas

Após três dias de debates, Pernambuco apresentou as doze propostas que irão integrar, junto com as dos demais estados, a Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, que será realizada em Brasília, nos dias 17 a 20 de agosto.

Para Josilene de Menezes, integrante da comissão organizadora estadual e representante da sociedade civil, a Conferência Estadual de Saúde das Mulheres representou um momento de grande reflexão e debate sobre a política estadual de saúde das mulheres.

“Vivemos um momento muito delicado em nossa democracia. Espaços como este representam espaços de encontro com outros segmentos da sociedade, gestores, trabalhadores da saúde, para pautar as necessidades de atualização, implementação e inovação neste campo”, disse.

De acordo com Lidiane Gonzaga, da Secretaria de Saúde de PE, dialogar com os movimentos sociais é uma experiência única para o fortalecimento da política de saúde das mulheres.

“A Conferência Estadual trará, sem dúvidas, um norte para a política estadual de saúde das mulheres. É preciso que a população, representada por meio do Conselho Estadual de Saúde, possa acompanhar e fiscalizar a implementação dessas políticas. Levar adiante todo esse processo riquíssimo de discussão é fundamental para o aprimoramento da saúde no Estado”, afirma.

Das propostas elaboradas pelos quatro grupos de discussão da Conferência Estadual, 12 foram priorizadas para a etapa nacional da 2ª CNSMu. Destacam-se a ampliação dos instrumentos legais que garantam o abortamento seguro e o acompanhamento psicossocial às mulheres vítimas de violência e exploração sexual, advinda pela especulação dos grandes empreendimentos e a criação de um centro de referência em sofrimento mental desencadeado pelo trabalho. Para as participantes da Conferência, é preciso ampliar e fortalecer serviços de saúde como os Centros de Assistência Pissicossocial (CAPs), os Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e a Atenção Básica, além de atividades voltadas à saúde mental das mulheres, decorrente dos agravos relacionados ao mundo do trabalho (formal e informal), especialmente aqueles ocasionados pelo assédio econômico, moral e sexual.

Outra proposta visa garantir a capacitação periódica sobre violência à população LBT para os profissionais que trabalham na rede de atenção à violência contra as mulheres, respeitando a política nacional da população LGBTT. Uma outra propõe a promoção da a igualdade de gênero dentro dos segmentos de composição dos espaços de controle social na construção de política de saúde das mulheres.

Da redação com informação do SUSConecta
Publicado em 19/06/2017