Dossiê Covid-19 no Trabalho divulga primeiros resultados

O primeiro relatório do Projeto de Pesquisa Covid 19 como Doença Relacionada ao Trabalho foi divulgado e traz dados sobre a primeira fase sistematização dos dados resultantes do questionário que está sendo respondido por profissionais de várias atividades econômicas em todo o país. 

 

O objetivo da pesquisa, que tem a Fenafar entre as organizações parceiras, é “dar visibilidade às atividades de trabalho como fontes de infecção e adoecimento pelo SARS-CoV-2 e oferecer informações para possibilitar o plenajamento de ações que possam auxiliar na prevenção da Covid-19 e mitigar suas consequências clínicas e sociais”. 

Essa iniciativa também tem o intuito de enfrentar o cenário de subnotificação, em função da falta de coordenação nacional para desenvolver espaços voltados à coleta de informações mais específicas e detalhadas sobre as formas de contágio do Covid-19 no país. “Como há subnotificação e ausência de registros temos escassez de informações”, afirma a diretora de organização sindical da Fenafar, Débora Melecchi, que participa do projeto pela entidade. 

A diretora da Fenafar ressalta que nesta primeira fase dos questionários, não houve a participação da categoria farmacêutica como respondente. “Precisamos ampliar a divulgação dessa pesquisa entre os colegas. Os sindicatos precisam nos ajudar, com a sua capilaridade, a fazer com que os questionários cheguem até o farmacêutico e que este seja estimulado a responder a pesquisa. Termos essas informações sobre a categoria e o quadro da Covid-19 é indispensável para desenvolver ações que visem garantir não só os direitos dos farmacêuticos, mas de toda a sociedade”, destaca Débora. 

Para acessar o questionário clique aqui

Local de trabalho, EPIs e Covid-19

Melecchi ressalta que uma das principais questões trazidas nesta primeira fase, dizem respeito às condições do local de trabalho. “Um grande problema relatado por categorias como bancários, petroleiros e metroviários é a questão da ventilação do local de trabalho. Muito possivelmente esse problema da ventilação também vai surgir na categoria dos farmacêuticos, em especial dos que trabalham em farmácias, porque as salas de serviços farmacêuticos dificilmente têm uma boa ventilação, em geral são espaços fechados e pequenos”.

O primeiro relatório traz ainda outros dados interessantes. Por exemplo a informação de que no geral houve disponibilização de álcool 70%, e água, sabonete, ou seja, produtos de higiene. “De fato este é outro dado que corresponde à realidade da categoria. Desde o início da pandemia, a gente percebeu que houve a disponibilização destes itens nos locais de trabalho”, diz Débora.

Mas, por outro lado, isso não aconteceu com relação aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “No que diz respeito às máscaras, daí não. A questão das máscaras, em 2020, foi um desastre nos locais de trabalho dos farmacêuticos. Não houve distribuição de quantidades suficientes e de tipos adequados de EPIs para as funções ligadas ao exercício da nossa profissão. Melhorou em 2021, mas nas farmácias ainda há esse problema”, informa a diretora da Fenafar. 

Trabalhando com Covid-19

O relatório traz uma informação que chama a atenção pela gravidade do problema. Muitas pessoas permaneceram exercendo suas funções no trabalho mesmo tendo testado positivo para o Covid-19. “Os respondentes apontam que mesmo infectados apenas alguns foram afastados de suas atividades. Na categoria, temos relatos de farmacêuticos, principalmente que atuam em farmácias, onde o próprio farmacêutico e o atendente de farmácia testaram positivo para o Covid-19, mas não foram afastados e permaneceram trabalhando por estar com sintomas leves. Isso é um problema muito sério que nos preocupa”, alertou Débora Melecchi. 

A pesquisa também mostra que a maioria dos respondentes acredita terem se infectado no local de trabalho, “mas não há reconhecimento de doença relacionada ao trabalho, e tão essa é uma demanda importante, inclusive para orientar nossa ação política no movimento sindical”, salienta a diretora da Fenafar.

Acesse o relatório aqui

Por isso, que é tão importante que os farmacêuticos e os sindicatos ajudem a divulgar e respondam a pesquisa, para que tenhamos de forma registrada a realidade e a situação dos farmacêuticos nas diferentes áreas de atuação. E, com isso, ajudar a Fenafar orientar a ação sindical nos Estados para a realização de ações concretas junto aos órgãos fiscalizadores na perspectiva de garantir a proteção e a saúde adequada aos farmacêuticos.

Da redação