Valorizar o farmacêutico e fortalecer o Sinfaerj, compromisso da nova diretoria

Nesta terça-feira, 16, a nova diretoria do Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro tomou posse. A chapa MUDA Sinfaerj, apoiada pela CTB e pela FENAFAR, aprovou a filiação do sindicato às duas entidades ad referendum à assembleia a filiação. O presidente da entidade, Cristiano Lins, fala do processo eleitoral e dos principais desafios do sindicato.

Para o farmacêutico, um dos principais obstáculos enfrentados no processo eleitoral foi recuperar o diálogo e conquistar o voto de confiança da categoria. ”A grande dificuldade que a atual chapa encontrou foi em razão da falta de credibilidade que o sindicato tinha com a categoria, diante de uma entidade que há anos não representava os interesses dos farmacêuticos no Estado, que gerou um impacto muito negativo. Retomar essa credibilidade é um trabalho lento, trabalhoso, um trabalho de formiguinha. Foi muito trabalho para conseguirmos atingir esse mandato”, disse.

A diretora de relações institucionais da Fenafar, Catarine Cavalcanti, que atua no Rio de Janeiro, acompanhou nos últimos anos a delicada situação do sindicato no Estado e é uma das responsáveis pela articulação do movimento para recuperar a entidade. Ela conta que o processo eleitoral para o Sinfaerj foi marcado por muitas dificuldades, em razão do aparelhamento que a entidade sofreu nos anos anteriores. “O processo eleitoral começou em março de 2018 e teve o pleito anulado em maio, porque o ex-presidente não convocou a assembleia geral ordinária para constituir a comissão eleitoral. Em julho, teve novo processo, que foi novamente suspenso e teve o edital anulado por irregularidades na documentação e procedimentos conduzidos pela chapa da situação. A chapa Muda Sinfaerj provou na Justiça que havia interferências do ex-presidente no processo, que chegou a processar três pessoas (duas da comissão eleitoral e uma da chapa) como forma de intimidação. Ele estava trabalhando de forma ilegítima e com tentativas de se perpetuar no poder”.

Depois das duas anulações, houve uma intervenção no sindicato. A Justiça nomeou uma junta governativa, formada por três advogados e monitorada pelo Ministério Público do Trabalho. O edital para a eleição foi lançado em março, marcando a eleição que aconteceu em 15 de julho, com a vitória da chapa Muda Sinfaerj.

O vice-presidente da Fenafar, Fábio Basílio participou da eleição e da posse da nova diretoria e diz que esses foram um momento histórico para o sindicato do Rio. “O sindicato estava acéfalo, o que acabou culminando até com intervenção judicial para que pudesse haver um processo eleitoral democrático e legítimo. É um momento histórico de reconstrução do sindicato que tem um desafio muito grande e a Fenafar se colocou ao lado da democracia e dos farmacêuticos para ajudar a reerguer o sindicato. A nova diretoria está empenhada nesse objetivo”, disse. O vice-presidente da Fenafar também destacou o importante papel dos farmacêuticos que assumiram o desafios de montar a chapa para reerguer o sindicato.

Desafios da reconstrução

Cristiano Lins lamenta a situação deixada pela diretoria anterior, tanto na estrutura do sindicato quanto com relação à representação da categoria. “O antigo presidente vinha dilapidando o patrimônio público e destruindo a instituição. Ele não tinha interesse em construir uma entidade representativa e forte. E quem foi prejudicado foi a própria categoria”.

Mesmo assim, Cristiano e Catarine destacam que o diálogo e o trabalho realizado nos últimos meses mostram que é possível reconstruir o sindicato e torná-lo, de fato, um instrumento de luta em defesa dos farmacêuticos e da assistência farmacêutica.

“Foi maravilhoso participar do processo para reerguer o sindicato. A juíza deu anistia para os farmacêuticos que estavam em débito, que pagaram e compareceram no sindicato para votar. Isso é muito importante. Agora, temos que “reerguer o sindicato, auxiliar nas negociações de boas convenções coletivas de trabalho, na recuperação financeira e dos bens da entidade, e nos processos judiciais que estão em curso”, disse a diretoria da Fenafar, Catarine Cavalcanti.

O novo presidente do Sindicato listou entre as ações prioritárias para a entidade no próximo período o “desafio de retomar a valorização profissional da categoria, que vem sendo atacada pelo mundo empresarial. Muitos farmacêuticos atuam em desvio de funções, convivemos com jornadas de trabalho excessivas, temos profissionais trabalhando sem condições minimamente dignas, estamos há 3 anos sem negociação e sem respeito ao profissional farmacêutico”. 

“Temos que conquistar boas convenções coletivas de trabalho, porque isso ajuda a recuperar a credibilidade do sindicato junto à categoria. Um salário digno é o que garante uma melhor qualidade de vida para o profissional. Vamos buscar melhores negociações junto ao patronal, que precisam entender o novo cenário do trabalho farmacêutico, frente às novas atribuições que estão postas. Assumimos novas tarefas e responsabilidades e precisamos ter um salário condizente com elas”, disse Cristiano.

Outra prioridade da nova diretoria é enfrentar os ataques que a profissão farmacêutica e o direito à Assistência Farmacêutica vem sofrendo, com propostas que tentam acabar com a obrigatoriedade da presença do farmacêutico na farmácia e permitir a venda de medicamentos em supermercados. “Tudo isso é uma afronta ao profissional farmacêutico. Medicamento não pode estar fora da farmácia. Ele precisa estar sobre a supervisão do profissional farmacêutico. O medicamento é um insumo de saúde e a farmácia é um estabelecimento de saúde. Vamos defender a assistência farmacêutica e a valorização profissional, sempre buscando a unidade da categoria — entre as demais entidades e órgãos representativos dos farmacêuticos.

Cristiano diz que “política se faz com perseverança, se faz com insistência e no meu mandato nós não iremos fraquejar, não iremos aceitar propostas desleais e que vão gerar a precarização da profissão. Sindicato é para defender os direitos da categoria”.

Para a diretora da Fenafar, a eleição do sindicato mostra que a unidade é o caminho para o fortalecimento da luta. “Em tempos difíceis resistir e sobreviver é um grande ato de rebeldia”, disse.

Da redação