Morre, em Fortaleza, o ex-presidente da Fenafar Edson Pereira

Faleceu na manhã desta segunda-feira (03), aos 74 anos, vítima de complicações de um câncer no fígado, o farmacêutico Francisco Edson Pereira. Edson Pereira presidiu a Fenafar entre 1988 e 1991, mas começou a atuar na luta em defesa da categoria farmacêutica no início da década de 80, em Fortaleza, onde foi presidente do Sindicato dos Farmacêuticos e do Conselho Regional de Farmácia.

 

Edson também era professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. Seu papel frente ao movimento sindical, principalmente ainda no período da ditadura, foi destacado. Além de atuante dirigente, Pereira foi responsável pela reorganização das centrais sindicais.

 

O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos lamentou a morte do colega. “Edson Pereira foi uma das grandes lideranças sindicais da história do movimento dos farmacêutico, responsável por colocar a Fenafar num patamar superior de luta. Ele foi um dos responsáveis, ao lado de outros colegas, pela transição de uma posição mais liberal da Fenafar para uma posição mais classista. Edson foi um homem que sempre esteve comprometido com a defesa de quem tem o seu trabalho como principal instrumento para a inserção na vida social”.

 

Querido por amigos e admirado por colegas, Edson Pereira atuou desde cedo na luta em defesa do povo e do país. Nascido em Tianguá, Edson lutou contra a ditadura e foi preso político. Ele foi um dos responsáveis pela fundação no jornal Mutirão, importante ferramenta de resistência ao regime militar, e contribuiu de forma relevante em seu dia a dia.

 

Gilda Almeida, que presidiu a Fenafar depois de Edson Pereira, também manifestou sua tristeza pela perda de um valoroso companheiro. “Conheci o Edson há muitos anos, ele foi um companheiro muito valoroso e que ajudou a construir a Fenafar. Ele foi o presidente que anteceu minha gestão. Foi ele quem articulou para que o maior sindicato do país assumisse a presidência da Fenafar. Ele se dedicou a vida inteira à farmácia e aos farmacêuticos. E não só, ele lutou na clandestinidade contra o golpe de 1964, foi um valoroso companheiro na defesa dos interesses do povo e da nação. Nós tivemos uma grande perda, de um sujeito formidável, que fez da sua vida a luta em defesa do povo, da farmácia e dos farmacêuticos. Lamentei profundamente por ser um grande amigo e companheiro que a gente perde, um defensor da profissão, do medicamento, da saúde e da nação”.

 

Em entrevista para a revista sobre a história da Fenafar, ainda em produção, Edson Pereira contou detalhes de vários momentos da formação da entidade e lembrou de lutas importantes que a categoria enfrentou nos anos 80 e o papel da Fenafar na construção de uma política de Assistência Farmacêutica e Medicamentos no Brasil. “A Fenafar foi fundamental. A ciência farmacêutica está dentro da política de medicamentos, que só veio a ser adotada depois da Constituinte, por influência da Fenafar. E não existia uma política, muito menos a assistência farmacêutica”, avaliou Edson.

 

Outras repercussões

 

Para o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que o conheceu ainda jovem e com ele atuou já como militantes do PCdoB, “morre um defensor das causas socialistas”. “Edson Pereira teve o comportamento de um grande revolucionário, que não se dobrou diante das torturas da ditadura. Era homem alegre, que enfrentava as dificuldades com tranquilidade, que tinha grande respeito com seus semelhantes e sempre esteve preocupado com o avanço do país. Posso dizer que aprendi muito com seu comportamento. Sem dúvidas, ele me ensinou a ser um político de esquerda e um comunista de verdade. Como em toda sua trajetória, encarou a doença com dignidade e respeito. Sua família e todos nós, seus amigos, muito temos a nos honrar por sua presença”.

 

Da redação