Conselho da CTB aprova resolução e convoca unidade e mobilização das bases; leia o documento

Após quatro horas de reunião, o Conselho Político da CTB aprovou nesta quarta (22) uma resolução política que traz uma radiografia da conjuntura do país hoje e também elenca as principais diretrizes para este período pré-eleitoral.

 

 

O documento convoca a classe trabalhadora, em especial as entidades filiadas e suas bases, a se mobilizarem para elegerem candidatos alinhados com o campo progressista nestas eleições. E também defende a unidade política.

O encontro reuniu na sede da central a diretoria ampliada da CTB, dirigentes de entidades filiadas e convidados. Confira abaixo a íntegra do documento:

Resolução do Conselho Político da CTB

Reunido em São Paulo em 22 de agosto de 2018 o Conselho Político da CTB aprovou a seguinte resolução:

1- A classe trabalhadora brasileira vive uma conjuntura histórica adversa no campo e nas cidades, acossada pelo desemprego em massa, a estagnação da economia, redução de direitos, arrocho dos salários, cortes nos gastos públicos com saúde, educação e habitação e o risco de perder o direito à aposentadoria.

2- Tal é o saldo do golpe de Estado de 2016 que, travestido de impeachment, afastou a presidenta Dilma Rousseff, que acabara de ser eleita com mais de 54 milhões de votos, e conduziu ao Palácio do Planalto um governo ilegítimo e corrupto liderado por Michel Temer, reprovado por mais de 90% dos brasileiros.

3- O golpe – com apoio do Judiciário, do Parlamento e da grande mídia, além do empresariado – atropelou a democracia e também agride profundamente a soberania nacional ao subordinar a política externa brasileira aos desígnios de Washington, entregar o pré-sal ao capital estrangeiro, enfraquecer a Petrobras e acenar para a completa privatização e desnacionalização da economia.

4- Os golpistas impuseram ao país uma política de restauração neoliberal ditada pelas classes dominantes, que compreende uma reforma trabalhista ao gosto do patronato, que precariza e reduz direitos, o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e outras medidas antipopulares, antidemocráticas e antinacionais.

5- Os trabalhadores e trabalhadoras rurais são vítimas do aumento da violência e uma agenda de retrocessos para a agricultura familiar, com redução dos investimentos e obstáculos à negociação das dívidas, cumplicidade com o trabalho escravo e o completo abandono da reforma agrária.

6- Tudo o que foi feito desde a deposição de Dilma Rousseff configura um retrocesso social, econômico e político inédito em nossa história.

7- Todavia, o povo brasileiro não respaldou o golpe e rechaça a agenda das classes dominantes e dos EUA imposta pelo governo ilegítimo. Este sentimento transparece em variadas pesquisas e notadamente na colossal impopularidade de Temer, nas intenções de voto em Lula, que crescem mesmo ele estando na cadeia, assim como na performance pífia do candidato predileto das classes dominantes, o tucano Geraldo Alckmin.

8- Lula é um preso político que seria muito provavelmente eleito já no primeiro turno. Todas as forças democráticas em nosso país e no mundo, e até mesmo a ONU, defendem o seu direito de participar na corrida presidencial, mas os golpistas não estão dispostos a permitir que a vontade popular seja soberana.

9- Em contrapartida, a oposição popular ao golpe e sua agenda de restauração neoliberal abre a perspectiva de vitória das forças progressistas em outubro e derrota das forças conservadoras, tornando plausível a interrupção e reversão do retrocesso em curso. O movimento sindical pode contribuir muito neste sentido.

10- Ciente de que o pleito que se avizinha é crucial para os destinos do Brasil, a CTB orienta suas bases a participar ativa e intensamente na campanha política com o objetivo de derrotar os candidatos conservadores e de extrema direita, representados no pleito presidencial principalmente por Alckmin e Bolsonaro. É indispensável apoiar as candidaturas comprometidas com a Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora, que contempla a revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95, medidas emergenciais de combate ao desemprego e o resgate do projeto nacional de desenvolvimento com democracia, soberania e valorização do trabalho.

11- Não se deve menosprezar a importância da eleição para o Congresso Nacional e as assembleias legislativas, é fundamental trabalhar para mudar a composição social dessas instituições.

12- A CTB reitera a necessidade de unificar todas as forças progressistas e democráticas para derrotar os golpistas e garantir a quinta grande vitória política do povo brasileiro desde 2002.

São Paulo, 22 de agosto de 2018

Conselho Político da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)