Conselho de Representantes da Fenafar aprova filiação à Federação Sindical Mundial

Com a presença do sindicalista Divanilton Pereira, coordenador da Federação Sindical Mundial Cone Sul, e Secretário de Relações Internacionais da CTB, a reunião do Conselho de Representantes da Fenafar debateu a importância de ampliar o protagonismo da Federação nos temas internacionais. A filiação da Fenafar à Federação Sindical Mundial foi aprovada por unanimidade pelos representantes presentes à reunião.

 

Divanilton fez uma apresentação sobre a atual situação política internacional, onde o surgimento de um novo polo político e econômico, os Bric’s, “chegou para contestar o mundo bipolar, para questionar a configuração internacional. Mas quem tem a hegemonia [EUA] não quer fazer alterações. O objetivo da aliança entre Brasil, Rúsia, China, Índia, Africa que constituem o Bric’s é sair da unilateralidade para ir para um mundo multipolar”, explica Divanilton.

Este cenário, no contexto de uma das mais profundas crises econômicas do capitalismo, gera tensões e incertezes. “Quem detém a hegemonia não admite que disputem essa lideranca, por isso estimulam disputas, guerras, e crises. E nesta situação de crise o que está em curso é a revisão do Estado de Bem-Estar social – que caracterizava as relações de trabalho na Europa. O resultado da crise é a ampliação do desemprego e desmonte dos direitos dos trabalhadores e sociais”, disse o diretor da FSM.

O sindicalista alerta que no momento crescem as investidas de cunho conservador e há uma tendência de restrição dos direitos de organização sindical. “Há um debate acontecendo na Organização Internacional do Trabalho – OIT, para inviabilizar o direito de greve. Imagine se a OIT aprova uma convenção que restrinja o direito dos trabalhadores utilizarem a greve como instrumento de reivindicação de seus direitos, é um retrocesso muito grave”, alertou Divanilton.

História e posicionamento da FSM

Divanilton passou, em seguida, a apresentar a Federação Social Mundial. Fez um resgate histórico da organização do movimento sindical internacional desde o início do século passado. Mostrou a influência da 2ª guerra mundial na conformação da organização sindical. A FSM foi fundada em outubro de 1945 e em seus princípios constavam a conformação de uma entidade “classista, combativa, anti-imperialista, internacionalista e socialista.

Hoje a Federação Sindical Mundial reúne entidades que representam mais de 90 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

Divanilton comentou a importância de a Fenafar ter presença nos debates sobre a situação internaciona, porque isso traz uma metodologia de interpretar a realidade. “Mesmo num ambiente de dificuldades temos que ter clareza para dar perspectiva para a luta dos trabalhadores”.

“A Secretaria de Relações Internacionais já existe na Fenafar há muitos anos”, ressaltou Célia Chaves, tesoureira da Fenafar. “Nós temos interesse e buscamos estabelecer relações de diálogo internacional. Mas temos dificuldades, na América Latina, por exemplo, só a Venezuela tem organização de trabalhadores farmacêuticos. Então, temos a dificuldade de ter essa relação com entidades de profissionais, de trabalhadores que têm a mesma atuação que nós”, ressaltou.

O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira, lembrou das três caravanas que a federação fez a Cuba, da participação da entidade em todas as edições do Fórum Social Mundial e da sua compreensão da importância do debate internacional e desta articulação entre as entidades e os trabalhadores de todo o mundo. “Essa pauta internacional na agenda sindical dos farmacêuticos é importante. Ao aprovar esta filiação, o Conselho reafirma essa atuação internacional da Fenafar e a coloca em outro patamar, com mais protagonismo e responsabilidade”.

por Renata Mielli, de São Paulo