“Pfizer, Moderna e BioNTech estão hoje faturando um absurdo. Faturam mil dólares por segundo; 65 mil dólares por minuto; 93 milhões de dólares por dia. O faturamento deles no final de 2021 vai ser de 36 bilhões de dólares. Elas esperam, para 2022, faturar 101 bilhões de dólares. A voracidade da indústria farmacêutica multinacional não abre mão de entregar isso para que produtores na África ou no Brasil ou em outro lugar venham produzir as vacinas”.
Bermudez, que foi diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, presidente do Instituto Vital Brazil e diretor da Farmanguinhos, avaliou os obstáculos para o controle da pandemia, as dúvidas sobre a variante ômicron, o papel da Fiocruz e os desafios para a saúde pública no Brasil. Veja a íntegra da entrevista abaixo.
“A situação é de cautela, de cuidado. O mundo só vai estar seguro quanto todo mundo estiver seguro. Se não temos 80% da população mundial vacinada poderemos ter o que nós temos agora [ômicron}. Esse apartheid de vacina, essa discriminação da África. A África tem um bilhão de habitantes e tem menos de 10% da população vacinada. Tem países que só em 2026 vão conseguir vacinar a sua população total”.
A desigualdade é o tema central da conversa. Nos países ricos, sobra vacina e milhares de doses acabam indo para o lixo.
“Os países ricos compraram vacinas para eles em vez de financiar um sistema que fosse solidário. As iniciativas de solidariedade foram atropeladas pelos interesses comerciais e também pelo nacionalismo exacerbado desses países, que compraram quatro, cinco, seis vezes a sua capacidade, sem se importar com o que pudesse acontecer no resto do mundo”, ressaltou Bermudez.
“Temos que ter a vacinação no mundo inteiro para termos segurança de que podemos controlar a pandemia. Temos que continuar com as medidas de contenção, continuar com o uso de máscara, com o distanciamento social, não provocar aglomerações, não frequentar ambiente fechado sem máscara”, afirmou.
Fonte: Tutameia