Fenafar abre 9º Congresso reafirmando a unidade para lutar pela democracia

Na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, farmacêuticos e farmacêuticas de 25 estados e do Distrito Federal afirmam sua luta e a missão da Fenafar na defesa da democracia, de mais direitos sociais e trabalhistas e pela construção de um novo projeto nacional para o Brasil. Após a abertura, uma intervenção estética cultural lembrou as lutas contra o feminicídio, contra a homofobia, o racismo, e pela liberdade do ex-presidente Lula.

 

 

A anfitriã do evento, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Espírito Santo e Secretária Geral da Fenafar Maria Maruza Carlesso, deu as boas-vindas a todos os presentes. Ela ressaltou a importância dos congressos da Federação como momentos de elaboração e construção das ações da entidade em defesa da categoria, da saúde e do Brasil. “Serão três dias de esforço concentrado para discutir temas fundamentais para a nossa categoria, que caminhos nossa Federação deve trilhar na nossa luta permanente por mais dignidade no dia a dia do nosso fazer profissional e pela valorização do trabalho farmacêutico”.

Maruza contextualizou o momento político e os desafios colocados para o movimento sindical. “O impeachment que tirou Dilma Rousseff da presidência foi um golpe nas nossas instituições, mas foi principalmente um golpe contra a nossa Constituição. Um golpe que impôs uma agenda econômica ultraliberal de desnacionalização da economia, de ataque a direitos humanos fundamentais, de sucateamento e desestruturação de serviços públicos essenciais para entregá-los nas mãos do setor privado, como está ocorrendo com o nosso Sistema Único de Saúde. Um golpe que ataca a organização sindical e os direitos trabalhistas. É contra tudo isso, que nós estamos reunidos aqui neste Congresso, para discutir saídas para o Brasil superar essa crise, para construir a unidade dos farmacêuticos e farmacêuticas e nos somarmos com outras categorias profissionais e demais trabalhadores e trabalhadoras de todo o país para lutar por um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”.

A abertura do Congresso contou com as saudações do representante da Executiva Nacional dos Estudantes de Farmácia, Fernando Araújo Neto, do representante da Associação Brasileira de Ensino de Farmácia, Luciano Soares, da presidente do Conselho Estadual de Saúde do Espírito Santo, Joseni Valim de Araújo, do presidente da CTB-ES, Jonas Rodrigues de Paula, do conselheiro federal de farmácia no Espírito Santo, Gedayas Medeiros e do farmacêutico Rilke Novato representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Unificados. O ato foi encerrado pelo presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.

O representante da ENEF, Fernando Araújo, saudou os presentes e ressaltou a importância de a Fenafar realizar esse congresso em meio a um momento político tão delicado do país.

Luciano Soares registrou a importância dos trabalhadores discutirem ativamente os temas relativos ao ensino de farmácia e o papel história da Fenafar nesse debate. Ele lembrou que em 2017 foram aprovadas as novas Diretrizes Curriculares para o Ensino de Farmácia e que, neste momento, as universidades estão em pleno processo de adequação. “A Abef vem aqui reforçar a importância da participação dos trabalhadores no debate sobre Educação. Como é importante ver no caderno de teses da Fenafar um capítulo todo dedicado à este tema. Ouvimos sempre que para revisar o currículo é preciso ouvir o mercado, mas quase nunca ouvimos que é preciso ouvir o trabalhador”, para evitar que a educação e o processo de formação se reduza a aspectos operacionais, sob o risco de a formação universitária se transformar num treinamento de comportamentos desejáveis”.

O presidente da CTB-ES falou da importância de unificar a classe trabalhadora para resistir ao golpe, à reforma trabalhista e a emenda constitucional 95, e por “um projeto de desenvolvimento para o nosso país, reunindo todas as forças produtivas, porque embora estejamos sobre a égide do capital rentista, todos sabemos que é o trabalho que produz riqueza, e é preciso unificar esses setores da economia para gerar um novo projeto para o Brasil”.

Silvana Nair Leite destacou a vitória que a realização do 9º Congresso representa. “Se a história nos colocou aqui neste momento é porque nós temos uma missão, mesmo que pesada. E nós não fugimos à luta. Por isso estamos fazendo esse congresso, porque todos que estamos aqui e os que estão representados pelos que estão aqui estamos conscientes da nossa tarefa”. Silvana falou de um importante projeto da Escola Nacional dos Farmacêuticos, em parceria com o Conselho Nacional de Saúde e com a Fiocruz que são os seminários preparatórios para a 16ª Conferência Nacional de Saúde, “para discutir assistência farmacêutica, ciência e tecnologia,  faremos atividades com os trabalhadores em todas as regiões do país para discutir esses temas relacionados ao desenvolvimento do Brasil.

O diretor de relações Institucionais da Fenafar, que representou a CNTU na abertura, falou da sua “imensa satisfação ao ver essa diversidade dos colegas aqui presentes, que atuam em diversas atividades do âmbito profissional, a presença de 25 estados da Federação o que é muito relevante”. Com sua sensibilidade, recitou um trecho da música de Milton Nascimento, “nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo”. E disse que “a presença de todos nós aqui é a demonstração inequívoca de nossa disposição para a luta, num momento tão difícil para o nosso país, com a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, do assassinato da Mariele Franco e da prisão política do ex-presidente Lula.

O Conselheiro Federal, Gedayas, saldou o congresso, e destacou o avanço da unidade da categoria. “Tínhamos duas federações, agora temos uma. Avançamos pelo princípio de união, um passo fundamental para a unidade”.

A presidente do Conselho Estadual de Saúde também disse da importância dessa relação entre usuário e trabalhador da saúde na luta em defesa do SUS.

O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, iniciou sua intervenção homenageando as três ex-presidentes da Fenafar (Gilda Almeida, Maria Eugênia Cury e Célia Chaves) e a luta das mulheres, maioria da categoria farmacêutica

Ronald ressaltou a crise civilizacional pela qual passa a humanidade, com uma escalada de violência e intolerância por todo o mundo, que resulta no ressurgimento dos navios negreiros e da existência de crianças engaioladas. Um momento que cresce o ódio, o preconceito, a guerra e a morte. “Uma sombra de escuridão que não está apenas no nosso país”. Momento que para Ronald “exige uma profunda reflexão, exige pensarmos juntos e encontrarmos luz em meio à escuridão. Para encontrar valores nesse contexto. E o valor que tem o potencial de iluminar para nos ajudar a sair dessa escuridão é o valor agregado do trabalho, de quem produz, e nós farmacêuticos temos evidências muito concretas da importância de colocar o trabalho a serviço de valores que ajudem a sociedade a avançar no seu processo civilizacional. No Brasil o direito à saúde, ao acesso à medicamentos, à Assistência Farmacêutica, a existência desses direitos é fruto da luta dos trabalhadores. Acesso à medicamento agora é direito. Fomos nós trabalhadores que construímos isso”.

O presidente da Fenafar afirmou que é preciso envolver o povo na luta para mudar a atual correlação de forças. Para recuperar o Estado Democrático de Direito rompido com o golpe. “E o que nós apresentamos como elementos para enfrentar esse momento é a reafirmação dos valores que permitiram nosso acúmulo de vitórias nos últimos anos. Queremos mais democracia, queremos eleições livres e respeito à soberania popular, mas não só, temos que garantir espaços de participação do povo na democracia participativa. E agora conclamamos a sociedade para se mobilizar em torno da 16º CNS e quem está a frente desse processo é a Fenafar. Mas não só, defendemos também mais Saúde e mais qualidade de vida para o povo. E para isso só há um caminho, a ampliação de forças sociais e políticas que se contraponham à essa agência da morte – está ai o sarampo, a zika, as mortes no trânsito. Temos que falar com o povo e saber que farmacêutico, que os trabalhadores são o povo. Salário Digno, vida digna, saúde, respeito à sua opinião é fundamental. Esse caminho temos que construir juntos. E é isso que a Fenafar tem apontado”.

Ele terminou sua saudação na abertura do evento dizendo que: “A gente nunca perde, ou a gente ganha ou a gente aprende. Pior que perder é desistir de lutar e a Fenafar, ao realizar esse 9º mostra que não vai desistir e vai ser um instrumento importante para a luta da categoria farmacêutica e também para o Brasil e para o povo”.

Por Renata Mielli, de Aracruz
Publicado em 02/08/2018

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