Ato em Defesa do SUS avisa: “Nenhum passo para trás”

“Nenhum passo para trás”. Esta foi a principal mensagem levada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) ao Ato em Defesa do SUS, realizado nesta quarta-feira (18) na Assembleia Legislativa de São Paulo. O evento ocorre um dia após o ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, afirmar que o tamanho do SUS precisava ser revisto.

 

Nesta quinta-feira (19) os movimentos devem se manifestar durante encontro no centro de exposições Center Norte, em São Paulo, em que está prevista a presença do ministro. O Senado Federal convocou Barros para dar esclarecimentos naquela casa sobre as declarações relacionadas ao SUS. Nesta quarta-feira (18), o ministro cancelou participação em audiência na Câmara dos Deputados. Na ocasião, movimentos sociais protestavam contra os planos da pasta para o SUS.

O presidente do CNS, Ronald Santos, acredita que o momento pede engajamento dos atores que podem e precisam defender a saúde pública. Segundo ele, não se deve admitir nenhum retrocesso nos avanços já conquistados. “O SUS trouxe dignidade e cidadania a milhões de pessoas com programas como o Mais Médicos, Farmácia Popular, SAMU e outros. O CNS não aceitará nenhum passo atrás em torno dos avanços na saúde”, avisa.

Desde a década de 1990, a luta em favor do SUS nunca enfraqueceu. Vale lembrar a Primavera da Saúde, que rendeu a Lei Complementar 141/2012, o movimento Saúde +10, que no desenrolar chegou à PEC01/2015, e a criação da Frente Nacional em Defesa do SUS, que reúne governadores, senadores, deputados, prefeitos e outros agentes públicos.

Para manter a mobilização em torno da defesa da saúde pública, o CNS informa que alinhará parcerias com os Conselhos Estaduais de Saúde para a realização de atos como o de São Paulo em todas as partes do Brasil. A ideia é avançar nas diretrizes aprovadas pela 15ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em dezembro de 2015.

Democracia

Outro tema abordado no Ato em Defesa do SUS é a democracia brasileira. A conselheira Ana Rosa, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no CNS, lembra os tempos difíceis para chamar atenção ao que ocorre hoje no Brasil. “Eu jamais pensaria poder ver outro momento delicado em nossa democracia. Temos de ficar atentos e defender o SUS, que é hoje uma das maiores conquistas da nossa democracia”, diz.

Por sua vez, Ronald afirma que a Democracia Participativa é o resultado das conquistas da Constituição de 1988. “Temos de defender a democracia. Sem democracia não teremos o SUS. Muito se engana quem pensa que pode haver SUS sem democracia. Uma coisa caminha ao lado da outra”, finaliza.

Na opinião de Ronald, a mobilização e a capacidade política do movimento social dialogar com o povo é que fortalecerá a defesa do SUS. “Precisamos falar com o povo nos diferentes espaços. Vai ser uma oportunidade ímpar de dialogar com o povo a partir da realidade concreta dele que é a assistência social, a saúde e previdência”, defendeu o dirigente.

Saúde privada

Estender a luta para o povo é fundamental para o conselheiro de saúde da cidade de São Paulo, Francisco Freitas. Recém-eleito coordenador da comissão política de saúde do conselho da capital paulista, ele lembrou que o movimento para desmoralizar o SUS e depois desmantelar vai crescer.

“Há um movimento que já vinha e que busca a privatização da saúde. É preciso estender a luta para o povo nos bairros, sindicatos, feiras. É preciso também fazer com que os movimentos sociais se unifiquem para combater essa política nefasta”, defendeu Freitas.

Ricardo Barros é velho conhecido dos planos de saúde, que financiaram as campanhas dele para deputado. Não é de se estranhar, portanto, as declarações do ministro. “Quanto mais gente puder ter planos, melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do governo em sustentar essa questão”, disse o ministro.

A realização do Ato Público em Defesa do SUS foi uma iniciativa do CNS, do Fórum Suprapartidário de Defesa do SUS e da Seguridade Social e das Plenárias Estadual e Municipal de Saúde. O evento contou, ainda, com o apoio do deputado estadual Carlos Neder.

Da redação com CNS e Vermelho