Começa, em Brasília, 3º Encontro Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Sindicatos de Farmacêuticos

Para abrir o evento, no debate sobre a atual situação política do país, a deputada federal Érika Kokay (PT/DF) afirma: “Se não há saída, a gente sai pela porta de entrada”.

 

 

Com a recepção do presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos, Ronald Ferreira dos Santos, e das dirigentes regionais Lia Melo (Regional Sul) e Larissa Utsch (Regional Centro-Oeste), o 3° Encontro Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Sindicatos de Farmacêuticos foi aberto na noite da quinta-feira (19), em Brasília.

Para atualizar os participantes sobre o momento político brasileiro, a deputada do Distrito Federal Érika Kokay foi a convidada do primeiro debate do Encontro. Ela falou que a construção da condição de sujeitos, que tenham controle sobre seus corpos, culturas e pensamento é um processo que deve ser perseguido permanentemente pela humanidade.

“A condição de sujeitos vem sendo apropriada pelos inimigos dos trabalhadores, através de seus aparelhos de domínio ideológico, como a mídia que entra em nossas casas, se apropria dos nossos pensamentos, da nossa percepção e até das nossas bandeiras de luta”, afirmou Kokay, para chamar a atenção para a importância da luta por uma comunicação democrática.

A deputada também denunciou que as instituições de poder no Brasil estão dominadas pelo que definiu de um pacto entre os homens brancos e ricos, de bengala, cartola e casaca, responsáveis pela construção de um país desigual, onde o ódio é a resposta possível diante da cultura do medo. “As fardas e as armas se apropriaram das almas, foram internalizadas”, diz a deputada.

Ao se referir a intolerância que vem tomando conta da sociedade, Érika Kokay disse que o fundamentalismo só respeita o que é espelho e que é preciso enfrentar os ovos de serpente, antes que tenhamos um mundo de serpentes. Ela citou Nelson Rodrigues que disse que “o absurdo está perdendo a modéstia”. Para a deputada é preciso resgatar o que nos faz humano: a luta, o afeto, o pertencimento e a cultura.

Kokay afirma que a ruptura democrática, encabeçada por Temer, responde aos interesses de quem o colocou na presidência, que classificou como “patos de Tróia” (em referência a batalha entre gregos e troianos) e os fundamentalistas. “A elite brasileira não tem sentimento de pertencimento em relação ao solo brasileiro e, portanto, não tem projeto para o desenvolvimento do país. Por isso, insumos, energia, investimentos, infraestrutura não são importantes”, diz a parlamentar.

“Nesta lógica de concentração rentista, de investimentos no capital financeiro sem lastros e do compromisso do governo com o mercado e os banqueiros, não importa o chão que se pisa, nem o mundo do trabalho. Se nada disso importa para a elite, a receita das elites é comprometer cerca de 48% do orçamento em serviços da dívida, privatizar empresas públicas, acabar com direitos trabalhistas e previdenciários e congelar os investimentos sociais por 20 anos”, denunciou.

A parlamentar relatou que os serviçais do deus mercado andam a passos largos para cumprir sua agenda. “Somente nesta semana – e hoje ainda é quinta-feira, já livraram Aécio, livraram Temer, aprovaram o acordo de leniência dos bancos e decretaram a volta do trabalho escravo”.

Para Kokay a saída passa pela formulação de conteúdos e a criação de redes capazes de dar visibilidade a uma narrativa que mostre a verdade à sociedade. O caminho, segundo a deputada federal é o aprofundamento e a radicalização da democracia direta e participativa. Além disso, defendeu que a radicalização da democracia passa pela reforma da comunicação e por uma revolução cultural que devolva a condição de sujeitos aos homens e mulheres.

A fala da parlamentar foi encerrada conclamando a comunhão para enfrentar os imensos desafios, mas destacou que “se não há saída, a gente sai pela porta de entrada”, que segundo ela é o resgate da democracia.

O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, agradeceu a ilustração da deputada afirmando que Érika Kokay trouxe luzes para nortear o debate dos próximos dias. Segundo o dirigente sindical, a ruptura da democracia detonada pelo golpe, já vinha sendo precedida por uma ordem mundial que vinha impondo sacrifícios aos trabalhadores, onde o Brasil representava um contraponto.

Ronald declarou aos presentes que “a Fenafar contratou uma série de compromissos no último Congresso, onde definiu-se algumas questões centrais, como a defesa do Estado Democrático de Direito, os direitos sociais, políticos e trabalhistas do povo brasileiro e a construção de um projeto de desenvolvimento para o Brasil”.

“Para isso, entendemos que precisamos reunir todos os atores sociais que tenham afinidade com essas propostas e possamos constituir uma grande frente para enfrentar esse tsunami que está derretendo a nossa democracia e o nosso país. A Fenafar é parceira de luta em todas as frentes”, registrou Ronald Ferreira.