UFPI homenageia professora Socorro Cordeiro pelos 50 anos de dedicação exclusiva ao ensino de farmácia

Professora da Universidade Federal do Piaui há 50 anos, Socorro Cordeiro Ferreira tem sua vida dedicada ao ensino de Farmácia e a luta pela valorização da profissão farmacêutica. Dra. Socorro, como é chamada por todos, também deu seu talento para a luta da categoria, integrando a diretoria da Federação Nacional dos Farmacêuticos. Neste dia 08 de março, dia Internacional da Mulher, homenageamos a todas as farmacêuticas do país, com o exemplo de Socorro, laureada pela UFPI na semana passada.

A professora Maria do Socorro Cordeiro Ferreira foi contratada como auxiliar de ensino na Faculdade de Medicina do Piauí em 05 de fevereiro de 1971. Menos de um mês depois, seria implantada a Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 01 de março de 1971, e a professora passou a integrar os quadros da nova universidade, em regime de dedicação exclusiva. Quando a UFPI completa seu cinquentenário, a professora chega aos 50 anos e 26 dias dedicados ao ensino, o dobro do que seria necessário para se aposentar da função. “Para mim a sala de aula é um lugar de conforto”, declara.

Socorro Cordeiro é formada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e tem mestrado em Ciências Biológicas – Farmacologia também pela UFC. Integra o Departamento de Bioquímica e Farmacologia do Centro de Ciências da Saúde (originalmente, Departamento Biomédico/CCN) e já assumiu diversos cargos da Administração Superior, como pró-reitora de Extensão e de Assuntos Estudantis e Comunitários, chefe de departamento, coordenadora dos cursos de pós-graduação da PRPPG, coordenadora de Assistência ao Estudante (CAE) e diretora do Núcleo de Tecnologia Farmacêutica (NTF). Como era a professora com mais tempo de universidade em cargo de pró-reitora, também chegou a assumir a Reitoria, quando do afastamento do reitor e vice-reitor em exercício.

Professora Socorro Cordeiro realiza experimento durante o mestrado na UFC (Foto: UFC)

Mas o seu lugar favorito sempre foi a sala de aula, junto dos alunos. “Eu gosto de aluno, gosto da minha disciplina. Minha paixão é acolher o jovem que chega com um sonho, cuidar bem desse sonho e, assim, vamos nos alimentando. A universidade são os alunos e o lugar de destaque para mim sempre foi deles”, frisa. O reconhecimento dessa dedicação, ela recebe em homenagens das turmas e pela relação de amizade que perdura após as formações.

Como ministrante da disciplina de Farmacologia, a professora Socorro Cordeiro acolheu sonhos de estudantes dos cursos de medicina, enfermagem, nutrição, farmácia e odontologia. Quando chegou à Faculdade de Medicina, ainda ministrou aulas para a primeira turma de medicina junto com os professores Ludgero Raulino da Silva Neto e Mário Raulino Filho. O vice-reitor da UFPI, professor Viriato Campelo, foi seu aluno.

Ela também fez parte da comissão que possibilitou outro sonho: a criação do curso de Farmácia na UFPI. “Estava em sala de aula quando recebi a notícia da aprovação do curso. Foi uma comemoração grande com alunos e professores”, recorda.

Determinada desde jovem, a professora Socorro Cordeiro acumulou mais motivos para comemorar nesses 74 anos de vida. O pai Vidal da Penha Ferreira foi inspiração para gostar de estudar e, mesmo com os recursos limitados, não deixou de acreditar no sonho de graduação da filha. Ela saiu de Teresina sozinha e foi prestar vestibular para a UFC.

A aprovação veio junto com um grande susto: ao fazer o exame para admissão descobriu um problema grave no coração e teve que fazer uma

 cirurgia de risco em São Paulo. “Quando fui operar do coração, em companhia da minha mãe Zuleide Soares Cordeiro Ferreira, certa que iria morrer, passei por maus pedaços. Quando saí viva, criei uma força que não sabia que tinha. Daí em diante ninguém me fez baixar a cabeça. Eu sempre fui otimista, com muita fé e com uma família muito amorosa. Sempre vivi cercada de amor e fiquei forte”, declara.

Foi essa força que a fez tomar uma decisão que mudaria sua vida. A formatura em Farmácia e Bioquímica pela UFC ocorreria em dezembro de 1969, no mês de agosto do mesmo ano, ela perdeu o pai, seu maior incentivador. A mais velha de 8 irmãos (Gracinha, Concita, Vidal Jr, Pedro, Maria Zuleide, Maria Querubina e Nilson), com a mãe viúva e sem nenhuma renda para manter a família, decidiu vir para o Piauí procurar trabalho. Ela estava convidada a ficar como auxiliar de ensino na UFC, mas considerou que a despesa de duas casas seria mais difícil de manter.

Ao chegar a Teresina, soube da Faculdade de Medicina e foi até lá. “Pedi uma audiência com o diretor Dr. Nodgi Nogueira Filho. Eu disse para ele: meu nome é Maria do Socorro Cordeiro Ferreira, piauiense, recém-formada e o senhor precisa de mim. Eu disse que sabia que precisaria

O curso era a especialização em Farmacologia, sob orientação do professor Laurp Sollero, pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foram ofertadas seis vagas para todo o país e uma delas foi conquistada pela professora Socorro, única farmacêutica do grupo, os demais eram médicos. O período não foi fácil, mas ela conseguiu concluir a especialização. Ao retornar, assumiu o cargo de auxiliar de ensino na Faculdade de Medicina e lá se vão 50 anos de sala de aula.  de um profissional assim, mas precisava antes ir para o Rio de Janeiro fazer um curso”, lembra.

“Tenho respeito pela minha história e pelas pessoas que lutam. Sempre tive mais coragem do que medo”.

Ao realizar a cirurgia do coração aos 19 anos, o prognóstico não foi dos melhores. “Eu teria uma vida curta, de uns dois anos. Empreguei bem meu tempo, que Deus foi confiando e me dando mais”, celebra.

Fonte: UFPI