Diversidade e Luta: 1800 participantes abrem a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres

Pretas, pardas, brancas, indígenas, rurais, quilombolas, lésbicas, trans, idosas, jovens, com deficiência. Essa é apenas uma parte da diversidade das mulheres brasileiras que estão reunidas na 2ª Conferência Nacional de Saúde da Mulher (2ª CNSMu), que realizou sua abertura hoje (17/08) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

 

Ao todo, 1800 participantes de todos os estados brasileiros estão reunidas para propor diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

A conferência acontece após três décadas da realização da 1ª edição. A coordenadora do evento, Carmem Lucia Luiz, traçou um histórico da construção das políticas públicas específicas para as mulheres, frisando a importância da participação popular de muitas ativistas para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Num estado democrático, as mudanças só acontecem se o governo reconhecer a participação popular como preceito constitucional do SUS”, frisou.

Carmem relembrou o 1º Encontro Nacional de Saúde da Mulher, ocorrido em 1984, onde foi definida uma carta que trazia como princípios: integralidade, equidade e participação social. Esses também são pontos-base da 1ª e 2ª CNSMu. “Passaram-se muitos anos, mas as nossas reivindicações ainda perduram”, afirmou.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ronald dos Santos, saudou as

 

participantes, destacando as mais de 70 mil mulheres que participaram das etapas municipais, macrorregionais, livres, estaduais e nacional. “Esse é um espaço para todo o Brasil aprender. O

CNS está muito bem representado por mulheres que fazem a diferença”.

Julieta Palmeira, secretária de políticas para mulheres da Bahia, apresentou o projeto “Respeita as Mina”, experiência baiana que luta contra a violência e o feminicídio no seu estado. “O feminicídio é morte por machismo. As principais vítimas são as mulheres negras”, tanto que uma

mulher é assassinada no Brasil a cada duas horas, como destacou Carmem Lucia.

O ministro da saúde, Ricardo Barros, esteve presente. Ele apresentou um balanço das atuais políticas de saúde desenvolvidas para as mulheres. A conferência também é um espaço de luta contra as recentes medidas do atual governo, que precarizam o SUS, com destaque para a Emenda Constitucional 95/2016, responsável por congelar gastos com Saúde e Educação até

2036. A emenda pode reduzir cerca de 400 bilhões no investimento para as áreas, representando grave prejuízo para a população brasileira, em especial as mulheres.

Diversidade

Mulheres de povos e comunidades tradicionais também estão presentes para contribuir nos debates e discussões. A representante dos Povos Indígenas, Ângela Kaxuyana, frisou a diversidade das mulheres poresentes, mas, ao mesmo tempo, falou da importância de um

movimento unificado. “Represento aqui 330 povos indígenas diferentes. Somos diversos, mas temos que nos unir para lutar”, disse.

Estiveram presentes representantes do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ONU Mulheres, dentre outras entidades e movimentos sociais. A

 conferência segue até domingo (20/08) com debates intensos em quatro eixos diferentes, lançamentos de livros e rodas de conversas.


Publicado em 21/08/2017
Fonte: SUSConecta