“17º Congresso da FSM reforça luta da classe trabalhadora mundial”, diz dirigente da CTB

Representantes de mais de 70 entidades sindicais oriundos da África, Ásia, América Latina e Europa se reunirão entre os dias 5 e 8 de outubro na cidade de Durban, na África do Sul, para o 17º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM). A Fenafar, filiada à FSM, estará presente no Congresso representada pela sua diretora de Relações Internacionais. Outra farmacêutica, também diretora da Fenafar, participará do evento representando a CTB-RS e o Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul, Débora Melecchi.

 

Em entrevista ao portal da CTB, o secretário de Relações Internacionais da Central, Divanilton Pereira, falou sobre o atual momento político e os desafios do movimento sindical diante deste cenário adverso. Divanilton está em Atenas (Grécia), na sede da FSM, para ajudar nos preparativos da atividade.

 

O 17º Congresso da Federação Sindical Mundial ocorre em um momento de ofensa das forças conservadoras contra a classe trabalhadora em todo o mundo. Neste contexto, qual papel movimento sindical internacional na defesa dos direitos e como a classe trabalhadora deve agir frente a esta ameaça?

Divanilton Pereira: A civilização contemporânea passa por uma severa ameaça. O capitalismo, mais uma vez, com sua natureza excludente e concentradora de capitais através de uma de suas maiores crises, impõe aos povos e, sobretudo, à classe trabalhadora uma escalada de perdas de direitos e de perspectivas. O desemprego e o genocídio contra os imigrantes são as manifetações mais trágicas da atualidade.

A base do movimento sindical é a mais atingida nessas circusntânias, por isso ele deve estar na linha de frente contra essa barbárie. No entanto, precisa, antes de tudo, de uma ampla unidade política capaz de sensibilizar e mobilizar as camadas mais atingidas pelo livre arbítrio do mercado hoje hegemônico.

“Pelas conquistas das necessidades contemporâneas para os trabalhadores e contra a pobreza e as guerras geradas pela barbárie capitalista” é o lema da atividade que vai de encontro o momento atual de crise do capitalismo mundial e suas consequências. Qual a importância da organização sindical neste cenário?

Divanilton Pereira: Vivemos num quadro político desfavorável para a classe trabalhadora em nível mundial. O capital financeiro hegemoniza a economia, determina a política e dita sua agenda anti-povo e anti-trabalho.

A resultante deste quadro é o aumento da pobreza, uma juventude sem perspectiva e o desemprego chegando este ano aos 200 milhões, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Além disso, acirram-se as disputas geopolíticas, criando um ambiente crescente de incertezas e tensões. O consórcio imperialista, liderado pelos EUA, luta por sua hegemonia e reage patrocinando atrocidades e guerras.

O lema do 17º Congresso da FSM está em sintonia com esse quadro e o seu aprofundamento nos debates, contribuirá para que o sindicalismo classista em nível internacional resista contra essa ofensiva espoliadora.

Qual a importância da atividade acontecer na África do Sul, um dos países que com o Brasil, Rússia, India e China, compõem o (Brics)? Como esse bloco, que tem um banco próprio, pode ser uma alternativa a hegemonia dos países ricos?

Divanilton Pereira: Vivemos uma transição na geopolítica, na qual novos polos produtivos e econômicos disputam exercer um maior protagonismo e sem o tutelamento absoluto da tríade FMI, Banco Mundial e Banco Central Europeu. A constituição do BRICS é a expressão máxima dessa reação.

Logicamente que esse movimento não é um passeio. Por ameaçar o status quo hegemônico atual, seus integrantes sofrem as mais variadas contestações, sanções e conspirações – como a do Brasil – para inviabilizá-la. A realização do congresso da FSM na África do Sul aproxima o sindicalismo classista dessa importante possibilidade histórica.

Além de nossos históricos laços culturais, será uma honra para todos os participantes conhecerem in loco um povo que é um dos símbolos da luta anticolonialista e antisegracionista. A terra de Nelson Mandela.

Qual a expectativa da CTB para este congresso?

Divanilton Pereira: A mais promissora possível. Estamos com uma delegação composta de 44 companheiros e companheiras, 45% de mulheres. É a maior representação da história do sindicalismo classista brasileiro. Esse coletivo expressa na prática a valorização que a CTB dá ao internacionalismo e a solidariedade classista.

A nossa identificação com a FSM é histórica e está sustentada pelo conteúdo de nossos programas. Uma concepção anti-imperialista, antineoliberal e socialista.

Estamos convictos de que as resoluções desse congresso, além de fortalecer o nosso ideário e aperfeiçoar o conhecimento de nossos sindicalistas sobre o movimento sindical internacional, reforçarão as lutas da classe trabalhadora em nível mundial.

Fonte: CTB