Fim da escala 6×1: a saúde dos farmacêuticos deve vir antes dos lucros

A Fenafar considera inaceitável que, em pleno século 21, farmacêuticos brasileiros ainda sejam submetidos a uma escala de trabalho que privilegia os lucros das grandes redes de farmácias à custa do bem-estar e da saúde desses profissionais.

Recentemente, o CEO da Abrafarma, Sérgio Mena, argumentou que a proposta de reduzir a jornada de trabalho, com o fim da escala 6×1, prejudicaria o setor, chamando a medida de “populista”. Essa postura escancara uma visão ultrapassada e desumana, que precisa ser revista.

Se a Abrafarma realmente se preocupa com a qualidade no atendimento, como dito, deveria se comprometer com a contratação de mais profissionais para garantir que os farmacêuticos possam ter uma rotina de trabalho mais justa, digna e saudável. Dinheiro para isso não falta. Somente em 2023, as redes de farmácias faturaram cerca de R$ 91,3 bilhões, alcançando margens de lucro extraordinárias.

Em vez de reconhecer a exaustiva carga de trabalho dos farmacêuticos e a urgente necessidade de mais contratações, o setor insiste em manter um modelo que coloca uma pressão desmedida sobre esses profissionais.

Mena também declarou que “não estava no radar” uma mudança na escala de trabalho. Essa fala desconsidera anos de reivindicações da categoria por escalas mais equilibradas em todas as negociações coletivas de trabalho realizada anualmente.

A luta por um novo modelo de jornada, é legítima e necessária para a saúde mental e física dos farmacêuticos. O que realmente preocupa os empresários do setor é a possibilidade de reduzir suas margens de lucro com o aumento no número de contratações, não com a qualidade do atendimento ao público.

A escala 6×1 é um modelo desgastante, que mina a saúde dos farmacêuticos e compromete sua qualidade de vida. Para a Fenafar, o bem-estar desses profissionais deve ser uma prioridade, e o direito a uma jornada de trabalho mais justa não é algo “populista” — é uma medida essencial e humana. A sociedade e o próprio setor de saúde só têm a ganhar com a valorização dos farmacêuticos, que merecem condições dignas para exercerem seu papel com excelência.