Paralelamente ao 9º Congresso da Fenafar acontecerá o 6º Encontro Nacional de Farmacêuticos no Controle Social da Saúde e Encontro Nacional de farmacêuticos preparatórios ao 8º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica. Os eventos acontecem de 01 a 04 de agosto, no Sesc Praia Formosa, em Aracruz.
O tem do Congresso da Fenafar será: Farmacêuticos Unidos em defesa do Brasil. Mais democracia, mais salário digno, mais saúde, mais qualidade de vida. Serão debatidos 4 sub temas: conjuntura política, trabalho e educação, organização sindical e saúde e assistência farmacêutica.
As atividades promovidas pela Escola Nacional dos Farmacêuticos são o 6º Encontro Nacional de Farmacêuticos no Controle Social da Saúde – Preparatório a 16ª Conferência Nacional de Saúde 8ª + 8, cujo tema será : A contribuição Farmacêutica na construção da Política Nacional de Vigilância em Saúde – Direito, Conquistas e Defesa de um Sistema Único de Saúde (SUS) Público de Qualidade.
A Escola também está organizando debates para preparar a contribuição da categoria no Encontro Nacional de farmacêuticos preparatórios ao 8º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica. O Simpósio em sua 8ª Edição, é parte integrante das atividades preparatórias a 16ª Conferência Nacional de Saúde, 8ª + 8. O 8º SNCTAF, está previsto para ocorrer em dezembro de 2018, e será antecedido de atividades regionais preparatórias. Neste sentido, o relatório do 6º Encontro de Farmacêutico no Controle Social da Saúde, servirá de subsídios e contribuições ao 8º SNCTAF.
Para participar é preciso efetuar o pagamento da inscrição através do site da Escola Nacional http://www.escoladosfarmaceuticos.org.br/. Ou no local do evento mediante cheque ou débito. A taxa de inscrição no valor de R$ 1.000,00 ( um mil reais) é para custear a hospedagem em quartos duplos nas dependências do SESC/Aracruz, durante os dias do evento, com alimentação completa e translado inclusos. Informamos que para o seu deslocamento, será concedido em parceria com o Ministério da Saúde, passagens e diárias para os delegados(as), convidados(as) e observadores(as).
Proposta de Programação do 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos e 6º Encontro de Farmacêuticos no Controle Social da Saúde
CREDENCIAMENTO
01/agosto
16h00 às 20h00 – Abertura do credenciamento de delegados e suplentes
19h00 – Conselho de Representantes da Fenafar
02/agosto
8h00 às 12h00 – Credenciamento de delegados e suplentes
12h00 às 14h00 – Credenciamento assunção de suplente a delegados
PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO
02/agosto
9h00 as 11h00 – Ato Político Abertura do 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos
11h00 as 13h00 – Palestra Magna – Brasil Soberano por, mais democracia, mais emprego, mais saúde, e mais qualidade de vida!
Proposta de convidados: Professor Juarez Guimarães – Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG
Coordenação de Mesa – Maruza Carlesso
13h00 as 14h30 – Almoço
14h30 as 17h00 – Mesa 01: Mais democracia para o Brasil avançar – A nova ordem do mundo do trabalho, e os impactos no trabalho farmacêutico. (Temas a serem aprofundados: Reforma Trabalhista, Projeto de Nação, eleições 2018, e a revolução industrial 4.0)
Palestrante 01 – Aloisio Barroso – médico, diretor da Fundação Mauricio Graboís
Palestrante 02 – Toninho do Diap – jornalista, Diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP
Problematizador (Diretor da Fenafar) mediar para o âmbito profissional – Lavinia Maia Magalhães
Mediador – Luciano Mamede Júnior
17h00 –Intervalo para o Lanche
17h30 as 20h00 – Mesa 02: Mais Salário Digno para os trabalhadores! Jornada de Trabalho, Direitos Trabalhistas, como mantê-los? Como conquista-los? (Temas a serem desenvolvidos: organização sindical dos trabalhadores, novas formas de organização sindical, resistência e luta dos movimentos sociais e sindicais no Brasil)
Palestrante 01 – Adlison Araújo – bancário, presidente da Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil -CTB
Palestrante 02 – Clemente Ganz – Coordenador Técnico do Dieese
Problematizador (Diretor da Fenafar) mediar para o âmbito profissional – Veridiana Ribeiro
Mediador – Debora Melecchi
20h00 – Jantar
21h00 as 00h00 – Atividade recreativa
03/agosto
9h00 as 12h00 – Requerimento de inscrição de chapa de diretoria para o Triênio 2018/2021
9h30 as 12h00 – Mesa 03: Mais Saúde para o Brasil! Saúde ferramenta de trabalho do farmacêutico, SUS – impulsionador de desenvolvimento e soberania para o Brasil avançar! (Temas a serem desenvolvidos: defesa do SUS, e do trabalho farmacêutico e trabalhador farmacêutico do SUS, a Lei 13021/2014 – como ferramenta de fortalecimento e autonomia do trabalho do farmacêutico, automação dos serviços em saúde como ferramenta de desenvolvimento e qualidade dos serviços em defesa e a favor da vida!)
Palestrante 01 – Ronald dos Santos – Farmacêutico, presidente do Conselho Nacional dos Farmacêuticos, e Presidente da Fenafar
Palestrante 02 – Jorge Bermudez – Médico, pesquisador no NAF (Departamento de Políticas de Medicamentos e Assistência Farmacêutica), Escola Nacional de Saúde Pública
Fundação Oswaldo Cruz
Problematizador (Diretor da Fenafar) mediar para o âmbito profissional – Rilke Novato
Mediador – Dalmare Anderson
12h00 – Almoço
13h30 as 16h00 – Mesa 04: Mais qualidade de vida para o povo Brasileiro! Trabalho Farmacêutico e as atividades econômicas da Profissão Farmacêutica: formação, regulação e mercado. (Temas a serem desenvolvidos: Nova DCN´s da Farmácia, Ensino a distância, proficiência na graduação, saúde e formação em saúde e para a saúde, formação para a inovação, pesquisa em saúde)
Palestrante 01 – Silvana Nair Leite – Farmacêutica, professora da UFSC, Coordenadora Geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos
Palestrante 02 – Dirceu Barbano – Farmacêutico, ex-presidente da Anvisa, e consultor em Regulamento de produtos de saúde e especialista em estratégia
Problematizador (Diretor da Fenafar) mediar para o âmbito profissional – Célia Chaves
Mediador – Fabio José Basílio
16h00 – Lanche
16h00 as 20h00 – Divisão e Grupos de Trabalho – Grupo 1 – Mais democracia, Grupo 2- Mais salário digno, Grupo 3 – Mais saúde, Grupo 4 – Mais qualidade de vida.
Coordenação dos Grupos
Grupo 1 – Mais democracia – Junia Dark Vieira
Grupo 2- Mais salário digno – Lia Melo de Almeida
Grupo 3 – Mais saúde – Cecilia Motta
Grupo 4 – Mais qualidade de vida – Elaine Cristina Câmara
20h00 – Jantar
21h00 as 00h – atividade recreativa
04/agosto
9h00 – Plenária Final do 9º Congresso da Fenafar
09h00 as 12h00 – Processo eleitoral da Gestão 2018/2021
12h30 as 14h00 – Almoço
14h00 – Retomada dos Trabalhos da Plenária Final do 9º Congresso da Fenafar
16h00 – Encerramento da Plenária Final do 9º Congresso da Fenafar
17h00 – Proclamação do Resultado do Processo eleitoral da Gestão 2018/2021
20h – Festa de encerramento do 9º Congresso da Fenafar, serviço de coquetel
Publicado em 02/07/2018 Da redação com informações da Escola Nacional dos Farmacêuticos
O debate desta quinta-feira de tarde do Congresso da Fenafar foi “Mais democracia para o Brasil avançar – A nova ordem do mundo do trabalho e os impactos no trabalho farmacêutico”. A discussão — que trouxe o médico e diretor da Fundação Maurício Grabois, Aloisio Barroso, e a diretora da Fenafar, Lavínia Magalhães — abordou a 4ª Revolução Industrial e a Indústria 4.0 e seus impactos no mundo do trabalho, também os impactos da Reforma Trabalhista no trabalho farmacêutico.
Barroso fez uma digressão histórica sobre a evolução da industrialização no mundo. Desde a manufatura, passando pela 2ª e 3ª revolução industrial até os dias atuais, até a projeção de cenários a partir do uso das novas tecnologias, da inteligência artificial (IA) e da robotização para o futuro do trabalho.
Ele citou alguns exemplos dessas novas tecnologias na transformação da sociedade, como o do robô Watson, que analisando casos de câncer, identificou uma proteína para o seu tratamento, falou também das inúmeras cirurgias que já são realizadas com o uso de robôs, e de fábricas que já têm todas as suas etapas de produção monitoradas por inteligência cia artificial, que através da hiperconectividade produzida pela internet e do uso do Big Data já se pode ter fábricas autogerenciadas. Esses exemplos foram para mostrar que a 4ª Revolução Industrial não é algo do futuro, é algo do presente e já está modificando as relações de trabalho.
Entre rupturas e continuidades, o capital busca se valorizar
Ao trazer um breve histórico das quatro revoluções industriais, Barroso colocou duas questões bases para a compreensão do processo de desenvolvimento do capitalismo. Uma é que o capital busca se valorizar o tempo todo. A outra é que o sistema capitalista se desenvolve em ciclos de desenvolvimento e crise. É a busca dessa valorização que faz surgir novos padrões técnicos que contribuem para a superação das crises, uma vez que são esses novos padrões permitem um processo de acumulação do capital.
A cada revolução industrial, surge um novo padrão técnico. Mas ele chama a atenção, “não tem uma ruptura total no paradigma técnico, há uma evolução, uma combinação entre coisas novas e velhas, com elementos de continuidade e ruptura”. E essas mudanças têm uma incorporação importante de novas tecnologias, de novas metodologias de organização da produção, dependentes do conhecimento científico.
Sobre a 4ª Revolução Industrial e a Indústria 4.0 Aloisio Barroso diz que ela é fruto de transformações que vem acontecendo à muito tempo, “uma fusão de tecnologia que borram as linhas divisórias entre as esferas físicas, digitais e biológicas. Ela fomenta a inteligência artificial, a robótica, a impressão 3D, os drones, a nanotecnologia, a biotecnologia, a estocagem de dados e de energia, os veículos autônomos, os novos materiais e a Internet das Coisas”.
Barroso conclui dizendo que esta é uma revolução desigual, já que há cerca de 1,3 bilhão de pessoas que ainda não tem acesso à energia elétrica – um padrão técnico do século XIX, mais de metade da população mundial sem acesso à internet. Então, uma revolução que promove o desaparecimento de muitas profissões, que amplia a contingência de desempregados no mundo, e que ainda é difícil dizer que nova sociedade ela vai produzir, se não será uma sociedade de maior desigualdade.
Ataque ao trabalho e à organização sindical
A diretora regional Nordeste da Fenafar, Lavínia Magalhães focou a sua contribuição no debate sobre os impactos da Reforma Trabalhista no trabalho
farmacêutico. Ela citou o aumento do desemprego e das contratações sem carteira assinada e das dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
As consequências dessa reforma para a organização sindical, “com o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, as dificuldades para negociar as convenções coletivas , no contexto de uma reforma que afeta o piso salarial, que flexibiliza direitos, que permite a negociação individual, o que esvazia os sindicatos e que legaliza a prevalência do negociado sobre o legislado”.
Todos esses elementos, ressaltou, aumentam as dificuldades para o financiamento dos sindicatos, que acabam se restringindo à contribuição associativa que é baixa e tem alto índice de inadimplência. Com isso, todos os sindicatos da nossa categoria reduziram seus quadros funcionais, o horário de atendimento e muitos estão fechando suas sedes”, lamenta Lavínia.
Neste cenário, Lavínia chama a atenção para as dificuldades nas negociações, com retirada de cláusulas sociais e a perda da ultra-atividade, a adoção do
Lavínia diz que o papel desse 9º congresso é justamente encontrar os caminhos para enfrentar esse cenário, buscar formas de manutenção dos sindicatos, buscando novos arranjos para o trabalho. trabalho intermitente.
No debate muitas questões foram incorporadas às reflexões e informações trazidas pelos debatedores, colocando a centralidade do trabalho na discussão de como enfrentar essa onda ultraliberal, o papel dos trabalhadores no enfrentamento dos monopólios e a relação das questões abordadas com a luta política atual no Brasil, que retira recursos e trava os investimentos públicos com a Emenda Constitucional 95.
por Renata Mielli, do Espírito Santo Publicado em 02/08/2018
O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, manda uma mensagem para os farmacêuticos e farmacêuticas de todo o país, incentivando a mobilização da categoria para o 9º Congresso da Fenafar. Assista!
Às vésperas do 9º Congresso, o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, faz uma breve análise do quadro político enfrentado pela gestão que se encerra. Fala do avanço das políticas neoliberais, do Estado de Exceção no país e dos desafios para o próximo período. Na entrevista ao site da Fenafar, Ronald reitera mais uma vez aquilo que tem sido a principal palavra de ordem da Federação – a construção da unidade da categoria farmacêutico e de um amplo leque de alianças para derrotar as forças conservadoras.
Fenafar: Você assumiu a presidência da Fenafar num momento em que as forças populares colocavam como central a luta contra o golpe. Como você analisa a evolução da conjuntura política do país na sua gestão à frente da Fenafar? E como a Fenafar se inseriu nessas lutas?
Ronald Ferreira dos Santos: Desde que aprovamos como central a luta contra o golpe, estava bastante claro para a Fenafar e seus dirigentes que o que estava em jogo naquele momento era o Estado Democrático de Direito. E isso está expresso nas resoluções do 8º Congresso. Não era apenas retirar a presidenta da República. Era a aplicação de uma agenda ultraconservadora e ultraliberal que se apresentavam, ainda como ameaça, naquele 8º Congresso. Tanto é que nós aprovamos uma série de lutas e bandeiras importantes da categoria farmacêutica, e que ganharam materialidade e justeza em função da precisão da análise que a Fenafar fez e que colocou como principal mote de ação a defesa do Estado Democrático de Direito, de respeitar a vontade popular expressa nas urnas. Ou seja, não foi à toa que nós aprovamos a luta contra as terceirizações, a luta contra a reforma da Previdência, contra o desmonte do serviço público, a luta contra o esvaziamento do papel do Estado nas políticas públicas e justamente. Foi exatamente essa a agenda que se processou e em torno da qual nós fizemos o bom combate neste último período, orientado pelas deliberações daquele Congresso. Não era apenas um golpe nas eleições, o que está em curso desde então é um golpe contra a Constituição brasileira. Acho que foi bastante acertado os diagnósticos e deliberações do Congresso, o apontamento da necessidade de ampliar com a sociedade o leque de forças para defender o Estado Democrático de Direito, a importância que o Congresso deu à unidade do movimento dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Acredito que nós conseguimos, nestes últimos três anos, sermos bastante fieis à construção coletiva daquele Congresso, que nos permitiu chegar agora, no 9º Congresso, com muita clareza em torno do principal instrumento para definir nossos próximos passos, que é o justo diagnóstico da correlação de forças. Precisamos considerar que boa parte das agendas que nós nos propusemos a enfrentar, infelizmente foram implementadas pelo golpe. Já temos a terceirização, já temos a Reforma Trabalhista, já temos a Emenda Constitucional 95 (que congela os investimentos públicos em 20 anos), temos a entrega do Pré-Sal, desmonte da universidade, desmonte da cultura, desmonte do SUS, dá para fazer um rosário do que foram, neste período, os retrocessos impostos ao povo brasileiro pelo golpe, apesar da nossa luta e resistência. Tudo isso nos leva a aprofundar ainda mais o que temos dito insistentemente: a necessidade da construção da unidade da categoria farmacêutica em torno de duas questões centrais, a valorização do trabalho e a defesa do Estado Democrático de Direito.
Fenafar: A marca deste último período da ação da Fenafar é a unidade. Apesar de todas as adversidades do ponto de vista da luta política mais geral, a Fenafar conseguiu ampliar a sua base de sindicatos filiados e atrair novas organizações para próximo da Fenafar nessa última gestão. Como você avalia esse crescimento da Fenafar como referência de luta política para a categoria farmacêutica?
Ronald Ferreira dos Santos: É a justeza da política, de saber que a Fenafar e seus sindicatos têm um lado, que é a defesa dos interesses dos trabalhadores e da nação brasileira. É compreender que a centralidade neste momento é reverter a correlação de forças para além da unidade, e para isso é importante ampliar. Ampliar as forças em torno de uma agenda que defenda a nação brasileira, que defenda a democracia, os direitos, principalmente o direito à saúde e em particular um direito que nós farmacêuticos conseguimos desenhar no Brasil que é o direito à Assistência Farmacêutica. Então, foi com base nesta necessidade de ligar as características particulares e questões concretas do trabalho farmacêutico com as questões mais gerais do país, que permitiu neste período que nós, além de firmarmos as posições do nosso lado, construíssemos importantes alianças com outros setores. Com os setores médios, como por exemplo na defesa do Programa Farmácia Popular. Nós conseguimos reunir em torno da defesa desse programa inclusive setores do empresariado, setores médios, sem deixar de lado a defesa do trabalhador, mas apresentando agendas mais gerais que dialogassem com as questões específicas dos trabalhadores. A discussão, por exemplo, do ensino a distância, que nos permitiu dialogar com algumas universidade públicas, privadas e outros segmentos que foi fundamental para alargarmos a nossa correlação de forças na luta contra essa política que representa um ataque à qualidade dos cursos da área da saúde. E mais, nós conseguimos, neste período, o que talvez seja o espelho de uma das mais evidentes vitórias da justeza da política construída pela categoria farmacêutica, que foi o fato de a Fenafar ter ocupado a presidência do Conselho Nacional de Saúde. É importante ressaltar que o presidente do Conselho Nacional de Saúde está lá na condição de presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos, e que por isso deve respeito à uma determinada política que o orienta, que são as resoluções do nosso último Congresso. E foi essa política que permitiu construir nesse período a 1ª Conferência Nacional de Comunicação e Saúde, a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, onde foi possível discutir o trabalho farmacêutico. E todo esse trabalho só foi possível graças à construção coletiva da política da Fenafar, que aponta a necessidade de ter lado, mas de ampliar para outros setores para ter condições de tentar alterar essa correlação de forças totalmente desfavorável aos interesses dos trabalhadores.
Fenafar: Quais os impactos desses retrocessos, em particular da Reforma Trabalhista na estrutura dos sindicatos dos farmacêuticos. Qual o desafio para enfrentar esse momento delicado no próximo período.
Ronald Ferreira dos Santos: Neste momento nós temos que fortalecer nosso navio. O que a gente enfrenta é uma Tsunami que coloca sob ameaça tudo o que nós conseguimos constituir ao longo dos últimos tempos do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores, do interesse da categoria farmacêutica. Como eu falei, houve a Reforma Trabalhista, as terceirizações, a EC 95. Mas, passada as eleições de outubro, ainda temos que enfrentar a agenda da Reforma da Previdência, e a possibilidade do aprofundamento de medidas para criminalizar os movimentos e restringir ainda mais a democracia. Infelizmente esse é um cenário ainda bastante possível. O que nós precisamos é compreender a importância, nesse momento, dos elementos fundamentais que nós apontávamos já no último congresso, para que nesse mar revolto a gente possa ter algumas vitórias. Nós temos que cuidar desse navio. E o que é o casco deste navio, o que nos permite navegar? É justamente a unidade, a amplitude, e a firmeza de posições. Não podemos titubear na compreensão de que lado nós estamos, para que isso permita a construção de alianças mais amplas, particularmente na categoria farmacêutica. E na nossa categoria existe um conjunto de atores contra os quais a realidade vai impor sérios ataques, sérios comprometimentos ao exercício digno da profissão. Por exemplo, no caso do varejo farmacêutico, a questão da venda de medicamentos em supermercados. No caso da indústria farmacêutica, a resolução da Anvisa que acabou de dizer que é desnecessário ter uma estrutura de controle de qualidade para medicamentos importados, o que pode causar um dano absurdo para toda a sociedade. Também a questão do reconhecimento sumário de patentes. No caso da Assistência Farmacêutica pública, o diálogo com os gestores mostra os perigos que a situação de restrição orçamentária impõe. No caso das análises clínicas, o advento da revolução 4.0 onde a relação do serviço tem como centro a questão da produtividade e acumulação do capital, e não leva em conta a questão da qualidade e da valorização do trabalho envolvido, também é uma ameaça séria. Essas questão vão impactar não só no trabalho da categoria, mas também na atividade econômica. Isso cria contradições nesses setores que nos permite, diante dessa tsunami que vem na nossa direção, construímos unidade e força política para resistir e, onde houver frestas, conseguirmos avançar em alguns pontos. Então, o momento exige a unidade dos trabalhadores com ampliação de forças ao lado de diferentes atores que estão nessa atividade econômica onde está localizado o trabalho do farmacêutico. Isso é fundamental para a gente poder, na condição de entidade sindical, que tem objetivo concreto de defender os interesses econômicos de toda a categoria e não só de parte dela, cumprir esse papel. E eu tenho certeza que o 9º Congresso vai dar conta dessa tarefa, e que apesar das adversidades, sairemos desse congresso mais fortes e coesos em torno das bandeiras essenciais para a construção de um país melhor e para defender os interesses dos farmacêuticos e da sociedade.
por Renata Mielli, jornalista da Fenafar Publicado em 24/07/2018
Trazer um panorama do mercado de trabalho do profissional farmacêuticos e os desafios do movimento social num contexto de retrocessos foi o objetivo da segunda mesa de debate do 9º Congresso da Fenafar. Mais salário digno para os trabalhadores! Jornada de trabalho, direitos trabalhistas: como mantê-los, como conquistá-los? Para falar desses assuntos participaram do debate o economista Thomaz Jensen, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o petroleiro e presidente em exercício da CTB, Divanilton Pereira.
Thomaz Jensen procurou demonstrar o processo acelerado de desmonte do papel social do Estado, em particular dos ataques à Constituição que é a fortaleza do Estado social, onde estão inscritos os direitos sociais e os direitos do trabalho. “Retrocedemos em 2 anos pelo menos 30 anos”, afirma ao falar das perdas de direitos e dos impactos da Emenda Constitucional 95. “O orçamento de 2018 já foi elaborado com base nessa regra (teto de gastos), que impôs o congelamento dos investimentos públicos que são, a cada ano, apenas atualizados pela inflação”. De outro lado, lembrou, o orçamento para o pagamento dos juros da dívida, para a área financeiro do Estado não está subordinada ao teto, só as áreas sociais.
Ele fez um resgate de como se construiu a proposta da Reforma Trabalhista, que chegou ao Congresso Nacional em 2016 e foi aprovada em tempo recorde para os padrões do parlamento brasileiro e que representou a maior modificação nas leis trabalhistas desde 1943.
E em menos de um ano de vigência, diz Thomaz, “a reforma trabalhista já pegou”. Já está em curso um processo de demissão combinada onde o trabalhador não acessa ao seguro desemprego, saca 80% do FGTS e é recontratado como autônomo (tabela 1).
Tabela 1
“Também cresce a existência do trabalho intermitente, que é o contrato com jornada de zero hora, ou seja, é a legitimação do bico. O contrato do trabalho intermitente, talvez seja até vantajoso para empresas que vão contratar farmacêuticos. Você tem contrato sem jornada, o profissional vai trabalhar e vai receber a medida que exerce o trabalho. A empresa pode chamar com um dia de antecedência por whatsapp e o trabalhador pode responder se aceita ou não. A contratação nessa modalidade agora legitimada e reconhecida pela legislação trabalhista no Brasil.
O trabalho farmacêutico
O técnico do Dieese também trouxe um breve panorâmica da profissão farmacêutica, com dados que mostram que do total de 126.160 farmacêuticos do país 88.900 são mulheres, que a remuneração média é de cerca de R$ 3.900,00 (tabela 2) e a que a categoria é constituída por um grande contingente de jovens – 25,2% entre 25 e 29 anos e 43,8% entre 30 e 39 anos (tabela 3).
Tabela 3
Na sua avaliação existe “um potencial muito grande de trabalho para as entidades desenvolverem com essa categoria jovem, inclusive para projetos coletivos como são os sindicatos”. Outro elemento que ele destacou é que os damos mostram que “existe uma progressão de carreira dentro da categoria dos farmacêuticos se olharmos o rendimento com faixa etária”.
Do pondo de vista do impacto da Reforma Trabalhista, ele destacou que nos últimos 18 meses houve 56 mil desligamentos de profissionais do trabalho, numa categoria que tem 126 mil empregados. Esses desligamos mostram que o “principal movimento que os patrões fazem para desestabilizar a atuação sindical é o desligamento em comum acordo, que é a demissão e recontratação em outra modalidade” (tabela 4).
Tabela 4
Sobre os desafios para o movimento sindical diante desse cenário, Thomaz reiterou que é fundamental encarar “cada negociação como uma trincheira de resistência”.
Ele disse que é preciso resistir às negociações individuais, impedir que o banco de horas seja objeto de acordo individual. “Temos que exigir a presença do sindicato para celebrar acordos e convenções, porque a assimetria de poder entre a empresa e um único trabalhador é brutal”.
Além disso, ele reiterou a importância de se fortalecer o trabalho de base, a formação da categoria e de buscar formas para inovar na gestão dos sindicatos.
Ofensiva mundial contra os direitos trabalhistas
O presidente em exercício da CTB, Divanilton Pereira trouxe uma análise da conjuntura internacional, onde há um processo ofensivo de “desvalorização do trabalho, que passou a ser quase que a pauta única mundo afora”.
Essa ofensiva é fruto, na sua avaliação da crise econômica mundial. “Desde 2008, desenvolve-se uma das mais profundas crises do capitalismo, que impõe a aceleração da agenda ultraliberal, tamanha ofensiva sobre o trabalho no mundo para manter as taxas de lucro num ambiente de crise, por isso o ataque ao trabalho e às organizações de trabalho”.
E ocorre no momento de reordenamento da geopolítica mundial, que busca romper com o poder imperialista dos EUA, a partir da construção de pólos multipolares de pressão política e econômica. A criação dos Brics é um esforço geopolítico nesse sentido, citou.
Outra particularidade é uma nova divisão internacional do trabalho, numa correlação de forças desfavorável. Hoje a crise em curso, não consegue elevar os direitos do trabalho para um padrão civilizado.
Essa agenda regressiva, explica Divanilton, “está em curso no mundo há algum tempo, mas no Brasil, nós tínhamos um projeto político que se colocava como uma contenção à essa agenda. Mas houve uma interrupção nessa política”, diz referindo-se ao golpe. “Essa interrupção democrática não foi uma troca de presidentes, foi uma forma de impor essa agenda”.
Divanilton listou os principais pontos dessa agenda: “a desnacionalização da economia, como a venda da Embraer, um centro de inteligência da nossa engenharia; os recursos pré-sal que poderiam ser um fiador para um projeto de desenvolvimento autônomo; o congelamento de 20 anos nos investimentos públicos que preserva os pagamentos de juros aos rentistas, mas impede o crescimento do investimento”.
Ele lembrou da importância da ação unitária do movimento sindical na resistência ao golpe e citou a construção da agenda prioritária para a classe trabalhadora, construída por várias centrais sindicais, com 22 itens e eixos estruturantes em defesa da democracia, da soberania e de direitos.
Ao final, ele fez referência às eleições de outubro, momento decisivo de enfrentamento dos retrocessos. “A decisão de quem vai ocupar o maior posto de comando do país é fundamental para definir se vamos ter investimento ou não. A classe trabalhadora não pode assistir esse processo, precisa disputar”.
As bandeiras da categoria
A problematizadora deste debate foi segunda vice-presidente da Fenafar, Veridiana Ribeiro, que trouxe o debate para o âmbito da profissão farmacêutica.
Ela destacou que “precisamos ir para o estado e dar uma resposta para a categoria que quer saber dos aumentos do salário, não podemos desconsiderar das questões corporativas. O grande objetivo nosso não é pregar para convertidos, nós precisamos nos organizar politicamente para que, onde a gente possa levar temas para além da corporação a gente leve, mas tem outros colegas que só querem saber até os temas estritamente corporativos e temos que respeitar esse colega”.
Para Veridiana, que é presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco, “temos que enfrentar essa agenda que não é só contra o farmacêutico, é contra todos os trabalhadores. Mas a nossa luta tem que ser corporativa. É impossível a gente fugir da agenda corporativista. Eu também acho que teremos condição de revogar essa reforma. Outubro é o momento para isso. Se a gente quer minimamente recuperar os retrocessos, a gente vai ter que saber votar e saber pedir voto para os candidatos que estão minimamente comprometidos da nossa agenda”.
Sobre os impactos da Reforma Trabalhista ela considera que já são muito graves. “O desgaste da negociação neste ano está sendo terrível. Eles não querem aceitar manter o que já estava em convenção, não estamos sequer falando em conquistas. Ou seja é retrocesso mesmo. Vamos recorrer ao judiciário”, afirmou.
Por Renata Mielli, de Espírito Santo Publicado em 03/08/2018
O Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais – Sinfarmig, representante da categoria farmacêutica no Estado, em conjunto com a Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar realizará Assembléia Geral Extraordinária no dia 26/06, a partir das 18h30, na sede do Sinfarmig.
A convocação via edital publicado na última terça-feira, 12/06, visa deliberar sobre o 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar apresentando critérios de eleição dos delegados e suplentesO 9º Congresso ocorre num contexto de grave instabilidade política e institucional no país. Sendo um dos objetivos debater com a categoria farmacêutica as conseqüências dessa conjuntura de precarização das relações de trabalho, de alto índice de desemprego, de redução de salários ou aumento da jornada. “Isso tudo, somado ao congelamento dos gastos públicos por 20 anos que traz de volta a miséria e coloca em risco o Sistema Único de Saúde – SUS”, alerta a Fenafar. Mais Informações https://fenafar.org.br/2015-12-11-19-59-22/9-congresso
Assista ao vídeo do presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, conclamando às lideranças farmacêuticas a participarem do 9º Congresso da Federação, que se inicia no próximo dia 02 de agosto, em Aracruz, Espírito Santo.
O congresso é momento fundamental para discutir o contexto da luta pelo direito à Saúde e à Assistência Farmacêutica no Brasil, bem como os desafios do movimento sindical no contexto de retrocessos impostos aos trabalhadores e trabalhadoras com a Reforma Trabalhista.
O último painel temático do 9º Congresso da Fenafar “Mais qualidade de vida para o povo brasileiro! Trabalho farmacêutico e as atividades econômicas da profissão farmacêutica: formação, regulação e mercado”, discutiu os desafios do ensino de farmácia e o papel da regulação na garantia da valorização profissional e do direito à saúde.
Maria Eugênia Cury
Para discutir esses temas a farmacêutica, ex-assessora da Anvisa e assessora técnica do Conselho Nacional de Saúde, Maria Eugênia Cury, e a coordenadora geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos e professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Silvana Nair Leite.
Maria Eugênia deu início ao painel afirmando que a categoria precisa buscar, na sua ação cotidiana, refletir sobre “qual é o papel do trabalho farmacêutico para contribuir com essa perspectiva de dar mais qualidade de vida para o povo brasileiro?”.
Ela situou que no atual momento político do país, o fazer farmacêutico tem que estar em sintonia com a “construção de um projeto de desenvolvimento para o país, voltado para atender os interesses da população brasileira e dos setores mais carentes, um projeto de caráter democrático com a participação do povo, que permita que a sociedade tenha protagonismo na sua cidadania”, disse.
Esse projeto, continua Maria Eugênia, tem que ter forte conteúdo nacional. “Precisa estar a serviço da soberania nacional, porque desenvolvimento sem soberania não fortalece a nação; defender o patrimônio nacional como elemento essencial para a garantia da soberania e dos direitos”.
Para a farmacêutica, que presidiu a Fenafar entre os anos 2003 a 2006, esse projeto nacional de desenvolvimento precisa reestabelecer o equilíbrio entre os poderes da República. “A defesa das instituições do Estado é fundamental para dar condições para o processo democrático”, afirma.
E, ainda, é preciso qualificar esse projeto a partir dos seus objetivos econômicos, que devem buscar o progresso social, a geração e distribuição de renda a partir da retomada do crescimento econômico que reduza as desigualdades sociais e regionais, com valorização do trabalho, garantindo ao trabalhador um papel protagonista nesse processo. Para tudo isso, afirma, “o Estado tem que ser o indutor do crescimento econômico, não apenas para a iniciativa privada, para transferir recursos públicos para o mercado, mas que seja uma indução com alocação de recursos a projetos e políticas que estejam a serviço do povo e para os interesses coletivos”.
Maria Eugênia relaciona esse papel indutor do Estado com o seu papel regulador das relações sociais e econômicas. Para isso, ele fez uma analogia da regulação com a faixa de pedestre. “O carro tem um poder maior que o pedestre no fluxo urbano. A faixa de pedestre é a intervenção do Estado no trânsito para garantir o direito ao polo mais vulnerável – o pedestre, na circulação das ruas. Ou seja, é um modo de ação do Estado para evitar que determinadas práticas do setor econômico — que tem mais poder com relação aos usuários — ultrapasse limites. É a ação do Estado para assegurar os direitos dos setores mais vulneráveis e que parte do princípio da equidade”, explica.
A regulação em Saúde
Entre as muitas atribuições do Estado na regulação da Saúde, Maria Eugênia destacou três que considera estruturantes: “Temos que ter clareza que a ausência da intervenção do Estado na Saúde pode implicar riscos para outras pessoas, daí ela é fundamental para a segurança e o direito de todos e todas; ela é necessária para a proteção dos mais vulneráveis, uma vez que quem conhece os produtos tem mais poder do que o usuário que é hipossuficiente; e a regulação é importante para controlar os riscos ao próprio consumidor, em especial quando esse risco já está socialmente incorporado e causa danos significativos”. Além disso, ela destaca que a regulação é para todo o sistema, público e privado, e precisa estar integrada com as macro políticas sociais do Estado.
Outro elemento importante é a Política Nacional de Vigilância em Saúde, que está em construção a partir da realização da 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, e que está “centrada no elemento estratégico que caracteriza o SUS que é a proteção. Nós só vamos conseguir trazer a saúde como elemento do desenvolvimento, quando fortalecermos o território como espaço para o debate das políticas de proteção, de analise dos riscos à saúde em um determinado território, onde a comunidade seja sujeito e protagonista das ações de saúde”, diz.
Ao final, ela retoma a questão apresentada pela presidente do Conselho Estadual de Saúde do Espírito Santo na abertura do 9º Congresso: “O que é trabalhar e para quem trabalhar? Nosso trabalho é para as pessoas, ele é o motor central do desenvolvimento econômico e social e as pessoas são o elemento dinâmico que precisam ser ao mesmo tempo beneficiárias e protagonistas das políticas de saúde, com inclusão social de forma econômica e cidadã”, concluiu.
Formação e trabalho para a transformação social
Silvana Nair Contezini
A coordenadora da Escola Nacional dos Farmacêuticos, Silvana Nair Leite, abriu sua participação perguntando aos presentes se “no Brasil nós temos farmacêuticos em número suficiente, se temos demais, ou temos de menos?”. Para responder, é preciso considerar quais os parâmetros e a partir de qual perspectiva econômica e social se está considerando esses dados.
Nessa discussão, esclarece, há interesses de todos os tipos envolvidos, e que nem sempre são convergentes: interesses do setor privado na educação, do mercado, a efetiva demanda por serviços. É preciso avaliar a demanda por serviços e a projeção de aberturas de vagas de trabalho. “Os interesses do setor econômico da educação na abertura de cursos da área da saúde é uma projeção de mercado, econômica. Além da oferta, a demanda por serviços de saúde organizados cumpre um papel importante nesse equilíbrio”, explica.
Silvana, dialogando com o final da intervenção da Maria Eugênia, disse que “o trabalho em saúde é essencial à vida humana” e precisa, portanto, atender às necessidade de saúde, “que são determinadas no local”. Por isso, continua, “a formação em saúde tem que partir das necessidades daquele país que deve gerar serviços, tem que ter responsabilidade social para se definir que competências esses profissionais devem ter. É com base nisso que a educação em saúde deve ser planejada”.
A coordenadora da Escola Nacional dos Farmacêuticos, ao falar do papel do trabalho, ressalta que o reconhecimento da profissão farmacêutica está relacionada à promessa do que nosso trabalho pode realizar e de qual impacto que ele efetivamente tem para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. “Dependendo do tipo de promessa que se faz, do que a gente consegue cumprir como resultado da nossa mão de obra, e de como nós comunicamos para a sociedade o nosso fazer, resultará o valor que a gente vai ofertar para a sociedade, e portanto como nosso trabalho será reconhecido”.
“A que interesses atende o trabalho do farmacêutico? Às necessidades e demandas socialmente construídas ou apenas a novos mercados e novos modelos de negócios?”, questionou Silvana. “Nosso serviço tem que ser reconhecido pela sociedade como importante para melhorar a qualidade de vida das pessoas, senão ele não se sustenta como algo que precisa ser valorizado. E ao não se sustentar na sociedade como algo que vai ter impacto na vida das pessoas ele não vai se manter”, alerta.
Silvana também fez breve abordagem sobre os impactos da revolução 4.0 na formação e no trabalho do farmacêutico. Para ela, é preciso avaliar como a inclusão das novas tecnologias podem reduzir a jornada ou melhorar condições de trabalho, como utilizar o tempo para qualificar os serviços. Ou se essas tecnologias vão gerar mais desemprego. O importante é que o farmacêutico esteja formado para ser produtor de novas tecnologias, que sejam tecnologias adequadas para resolver problemas e demandas da nossa sociedade. Os farmacêuticos não podem ser meros consumidores da revolução tecnológica e esperar pacatamente os possíveis efeitos negativos sobre a profissão. “Temos que nos questionar para que e para quem são essas tecnologias”, alerta.
E este debate está estreitamente relacionado com o tipo de formação que está sendo oferecida. “O sistema formador não está preocupado com o processo de trabalho do profissional que ele forma”. No caso particular do ensino de Farmácia, Silvana ainda levanta a preocupação com a forma como as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Farmácia serão traduzidas na prática. “A formação por competências, se não feita cuidadosamente, pode levar a formação de profissionais que estarão habilitados apenas para realizar tarefas. Um profissional capaz de cumprir tarefas é um profissional tecnicista, sem nenhuma capacidade de desenvolver novas habilidades, e portanto não tem capacidade de agregar valor ao seu trabalho e desenvolver uma perspectiva mais avançada para a sua profissão. E num contexto de revolução 4.0, onde temos que ser produtores de novas tecnologias e não sermos apenas consumidores de novas tecnologias, isso é um problema de formação”, alerta Silvana.
Trabalho e formação, avaliação para garantir a qualidade
Rilke Novato
Para fazer a mediação dos temas para o âmbito da formação deste debate, o diretor de relações Institucionais da Fenafar, Rilke Novato, trouxe algumas reflexões sobre as dificuldades para o exercício da profissão farmacêutica, em particular para os recém formados, nas pequenas drogarias do interior, nas periferias, onde existe uma complexa relação entre o proprietário da farmácia e até entre os balconistas e o farmacêutico que chega.
Ele também trouxe para o debate um tema que tem sido bastante controverso na categoria que é a oportunidade de se adotar ou não um exame de proficiência para o exercício da profissão. Esse assunto foi pautado recentemente pelo Conselho Federal de Farmácia e na opinião de Rilke precisa ser vista com muito cuidado. “Qual seria o parâmetro para isso, a prova da OAB?”, pergunta.
Segundo dados apresentados por Rilke, há 1.180 cursos de Direito no país, aproximadamente 1.300 advogados ingressam no mercado de trabalho todo ano. “Temos conhecimento de cursos que foram impedidos de abrir novas vagas, mas nenhum curso de Direito foi fechado no Brasil por oferecer um ensino precário. Então, se for com base na provinha da OAB, não justifica nós discutirmos algo semelhante para a farmácia. O que precisamos fazer para debater a qualidade dos cursos de farmácia e fazer uma discussão séria sobre o sistema nacional de avaliação do Ensino Superior”.
Por fim, Rilke também relata como a relação entre indústria e mídia, com a publicidade de medicamentos, é um elemento que precisa ser considerado na discussão do cotidiano do trabalho do farmacêutico. “É nossa função como profissional esclarecer publicidades que beiram à irresponsabilidade, ou produtos que são anunciados como benéficos para a saúde mas que na verdade causam problemas à saúde”, disse lembrando alguns exemplos como a ritalina, o biotônico Fontoura, o merthiolate.
Por Renata Mielli, do Espírito Santo Publicado em 04/08/2018
O Sindfar-SC convoca os seus filiados para participar da Assembleia Geral Extraordinária no próximo dia 25 de Junho de 2018, a ser realizada no auditório do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina, localizado na Rua Crispim Mira , 421 no Centro de Florianópolis.
A Assembleia com início às 18:00hrs em primeira chamada e às 18:15hrs em segunda convocação, com qualquer número de presentes vai discutir os temas e eleger os delegados ao 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos; – Fenafar que acontece entre os dias 2 a 4 de agosto no Espirito Santo.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA PARA ELEIÇÃO DE DELEGADOS AO 9º CONGRESSO DA FENAFAR
O Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de. Santa Catarina, representante da categoria farmacêutica no Estado, em conjunto com a Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar, com fundamento no Estatuto Social deste sindicato, combinado com as deliberações do Conselho de Representantes da FENAFAR realizado em 01 e 02 de Dezembro de 2017, quando foi convocado o 9º Congresso da Fenafar, convoca todos os farmacêuticos, para se reunirem e participarem da Assembleia Geral Extraordinária, que será realizada no dia. 25 de Junho de 2018, às 18:00 em primeira convocação, ou às 18:15hs.em segunda convocação, com qualquer número de presentes no endereço Rua Crispim Mira , 421 – Centro – Florianópolis SC – Auditório do CRF/SC para deliberar sobre os assuntos constantes da Ordem do Dia:
a) Discussão dos temas 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos;
b) Apresentação dos critérios de eleição dos delegados e suplentes ao 9º Congresso da Fenafar;
c) Eleição dos delegados e suplentes ao 9º Congresso da Fenafar.
Na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, farmacêuticos e farmacêuticas de 25 estados e do Distrito Federal afirmam sua luta e a missão da Fenafar na defesa da democracia, de mais direitos sociais e trabalhistas e pela construção de um novo projeto nacional para o Brasil. Após a abertura, uma intervenção estética cultural lembrou as lutas contra o feminicídio, contra a homofobia, o racismo, e pela liberdade do ex-presidente Lula.
A anfitriã do evento, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Espírito Santo e Secretária Geral da Fenafar Maria Maruza Carlesso, deu as boas-vindas a todos os presentes. Ela ressaltou a importância dos congressos da Federação como momentos de elaboração e construção das ações da entidade em defesa da categoria, da saúde e do Brasil. “Serão três dias de esforço concentrado para discutir temas fundamentais para a nossa categoria, que caminhos nossa Federação deve trilhar na nossa luta permanente por mais dignidade no dia a dia do nosso fazer profissional e pela valorização do trabalho farmacêutico”.
Maruza contextualizou o momento político e os desafios colocados para o movimento sindical. “O impeachment que tirou Dilma Rousseff da presidência foi um golpe nas nossas instituições, mas foi principalmente um golpe contra a nossa Constituição. Um golpe que impôs uma agenda econômica ultraliberal de desnacionalização da economia, de ataque a direitos humanos fundamentais, de sucateamento e desestruturação de serviços públicos essenciais para entregá-los nas mãos do setor privado, como está ocorrendo com o nosso Sistema Único de Saúde. Um golpe que ataca a organização sindical e os direitos trabalhistas. É contra tudo isso, que nós estamos reunidos aqui neste Congresso, para discutir saídas para o Brasil superar essa crise, para construir a unidade dos farmacêuticos e farmacêuticas e nos somarmos com outras categorias profissionais e demais trabalhadores e trabalhadoras de todo o país para lutar por um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”.
A abertura do Congresso contou com as saudações do representante da Executiva Nacional dos Estudantes de Farmácia, Fernando Araújo Neto, do representante da Associação Brasileira de Ensino de Farmácia, Luciano Soares, da presidente do Conselho Estadual de Saúde do Espírito Santo, Joseni Valim de Araújo, do presidente da CTB-ES, Jonas Rodrigues de Paula, do conselheiro federal de farmácia no Espírito Santo, Gedayas Medeiros e do farmacêutico Rilke Novato representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Unificados. O ato foi encerrado pelo presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.
O representante da ENEF, Fernando Araújo, saudou os presentes e ressaltou a importância de a Fenafar realizar esse congresso em meio a um momento político tão delicado do país.
Luciano Soares registrou a importância dos trabalhadores discutirem ativamente os temas relativos ao ensino de farmácia e o papel história da Fenafar nesse debate. Ele lembrou que em 2017 foram aprovadas as novas Diretrizes Curriculares para o Ensino de Farmácia e que, neste momento, as universidades estão em pleno processo de adequação. “A Abef vem aqui reforçar a importância da participação dos trabalhadores no debate sobre Educação. Como é importante ver no caderno de teses da Fenafar um capítulo todo dedicado à este tema. Ouvimos sempre que para revisar o currículo é preciso ouvir o mercado, mas quase nunca ouvimos que é preciso ouvir o trabalhador”, para evitar que a educação e o processo de formação se reduza a aspectos operacionais, sob o risco de a formação universitária se transformar num treinamento de comportamentos desejáveis”.
O presidente da CTB-ES falou da importância de unificar a classe trabalhadora para resistir ao golpe, à reforma trabalhista e a emenda constitucional 95, e por “um projeto de desenvolvimento para o nosso país, reunindo todas as forças produtivas, porque embora estejamos sobre a égide do capital rentista, todos sabemos que é o trabalho que produz riqueza, e é preciso unificar esses setores da economia para gerar um novo projeto para o Brasil”.
Silvana Nair Leite destacou a vitória que a realização do 9º Congresso representa. “Se a história nos colocou aqui neste momento é porque nós temos uma missão, mesmo que pesada. E nós não fugimos à luta. Por isso estamos fazendo esse congresso, porque todos que estamos aqui e os que estão representados pelos que estão aqui estamos conscientes da nossa tarefa”. Silvana falou de um importante projeto da Escola Nacional dos Farmacêuticos, em parceria com o Conselho Nacional de Saúde e com a Fiocruz que são os seminários preparatórios para a 16ª Conferência Nacional de Saúde, “para discutir assistência farmacêutica, ciência e tecnologia, faremos atividades com os trabalhadores em todas as regiões do país para discutir esses temas relacionados ao desenvolvimento do Brasil.
O diretor de relações Institucionais da Fenafar, que representou a CNTU na abertura, falou da sua “imensa satisfação ao ver essa diversidade dos colegas aqui presentes, que atuam em diversas atividades do âmbito profissional, a presença de 25 estados da Federação o que é muito relevante”. Com sua sensibilidade, recitou um trecho da música de Milton Nascimento, “nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo”. E disse que “a presença de todos nós aqui é a demonstração inequívoca de nossa disposição para a luta, num momento tão difícil para o nosso país, com a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, do assassinato da Mariele Franco e da prisão política do ex-presidente Lula.
O Conselheiro Federal, Gedayas, saldou o congresso, e destacou o avanço da unidade da categoria. “Tínhamos duas federações, agora temos uma. Avançamos pelo princípio de união, um passo fundamental para a unidade”.
A presidente do Conselho Estadual de Saúde também disse da importância dessa relação entre usuário e trabalhador da saúde na luta em defesa do SUS.
O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, iniciou sua intervenção homenageando as três ex-presidentes da Fenafar (Gilda Almeida, Maria Eugênia Cury e Célia Chaves) e a luta das mulheres, maioria da categoria farmacêutica
Ronald ressaltou a crise civilizacional pela qual passa a humanidade, com uma escalada de violência e intolerância por todo o mundo, que resulta no ressurgimento dos navios negreiros e da existência de crianças engaioladas. Um momento que cresce o ódio, o preconceito, a guerra e a morte. “Uma sombra de escuridão que não está apenas no nosso país”. Momento que para Ronald “exige uma profunda reflexão, exige pensarmos juntos e encontrarmos luz em meio à escuridão. Para encontrar valores nesse contexto. E o valor que tem o potencial de iluminar para nos ajudar a sair dessa escuridão é o valor agregado do trabalho, de quem produz, e nós farmacêuticos temos evidências muito concretas da importância de colocar o trabalho a serviço de valores que ajudem a sociedade a avançar no seu processo civilizacional. No Brasil o direito à saúde, ao acesso à medicamentos, à Assistência Farmacêutica, a existência desses direitos é fruto da luta dos trabalhadores. Acesso à medicamento agora é direito. Fomos nós trabalhadores que construímos isso”.
O presidente da Fenafar afirmou que é preciso envolver o povo na luta para mudar a atual correlação de forças. Para recuperar o Estado Democrático de Direito rompido com o golpe. “E o que nós apresentamos como elementos para enfrentar esse momento é a reafirmação dos valores que permitiram nosso acúmulo de vitórias nos últimos anos. Queremos mais democracia, queremos eleições livres e respeito à soberania popular, mas não só, temos que garantir espaços de participação do povo na democracia participativa. E agora conclamamos a sociedade para se mobilizar em torno da 16º CNS e quem está a frente desse processo é a Fenafar. Mas não só, defendemos também mais Saúde e mais qualidade de vida para o povo. E para isso só há um caminho, a ampliação de forças sociais e políticas que se contraponham à essa agência da morte – está ai o sarampo, a zika, as mortes no trânsito. Temos que falar com o povo e saber que farmacêutico, que os trabalhadores são o povo. Salário Digno, vida digna, saúde, respeito à sua opinião é fundamental. Esse caminho temos que construir juntos. E é isso que a Fenafar tem apontado”.
Ele terminou sua saudação na abertura do evento dizendo que: “A gente nunca perde, ou a gente ganha ou a gente aprende. Pior que perder é desistir de lutar e a Fenafar, ao realizar esse 9º mostra que não vai desistir e vai ser um instrumento importante para a luta da categoria farmacêutica e também para o Brasil e para o povo”.
Por Renata Mielli, de Aracruz Publicado em 02/08/2018