A nova diretoria da Fenafar para o triênio 2018 – 2021 foi eleita por unanimidade dos votos ao final do 9º Congresso da Fenafar, realizado entre 02 e 04 de agosto em Aracruz, Espírito Santo. O farmacêutico catarinense, Ronald Ferreira dos Santos foi reeleito para ocupar a presidência da entidade. Dos 126 delegados aptos a votar, 121 votaram na chapa única apresentada ao congresso.
Para Ronald, essa construção unitária é o reflexo da prática cotidiana de todos e todas que atuam nos sindicatos e que compreendem que a nossa força política é fruto dessa unidade. A nova diretoria executiva é composta por 22 diretores, 54% são mulheres, há sete novos integrantes e quatro novos estados. Para Ronald, é preciso combinar a experiência com a incorporação de novas lideranças. Somos uma categoria feminina e jovem e isso tem que estar refletido na composição da nossa diretoria”.
Em seu discurso aos delegados, Ronald Ferreira dos Santos, emocionado, disse “o que me move é a emoção, é o sentimento, é essa coisa maluca que é compartilhar sonhos e ver as coisas acontecendo, e ver isso (referindo-se à diretoria eleita) não tem como não se emocionar e alimentar a nossa alma, de ter a convicção de que nós escolhemos fazer o mesmo trabalho e compartilhar nossos sonhos e construir tudo isso com cada um e cada uma que está aqui e que se dispôs a construir essa luta”, disse. (Assista ao vídeo na íntegra).
Ronald também disse que “saímos daqui com muitas tarefas para construir juntos”, entre elas ele destacou a 16ª Conferência Nacional de Saúde. “O compromisso da categoria farmacêutica é com a vida. Vamos ajudar a construir uma plataforma em defesa do Brasil. Poucas organizações da sociedade brasileira têm propostas para enfrentar a frente trabalhista, democrática e social, em defesa da qualidade de vida das pessoas, nós temos rumos e caminhos para construir isso tudo. Nós temos que compreender que a unidade é a bandeira da esperança, a unidade é a única bandeira capaz de fazer frente aos emissários da morte. Temos que fazer do nosso trabalho, da nossa ação técnica, do nosso convívio político e social a luta pela transformação social. Nossa diretoria, iluminada pela construção coletiva que produzimos aqui, vai contribuir para a valorização e o crescimento da nossa profissão e para o avanço da sociedade brasileira”, concluiu.
A secretária geral da Fenafar e anfitriã do evento, Maria Maruza Carlesso ressaltou a vitória que foi realizar este 9º Congresso. “Com todas as dificuldades que os sindicatos estão passando, conseguimos realizar mais um congresso, discutindo pontos importantes para municiar a categoria na sua luta para o próximo período. Uma luta que está expressa no mote do nosso 9º Congresso, que é por +Democracia, +salário digno, +saúde e +qualidade de vida. Afinal, é isso que todos nós buscamos na nossa vida”, disse.
Fábio Basílio, vice-presidente da federação, ressaltou que “neste momento de desmonte de tudo que a gente acredita, da democracia, da unidade da classe trabalhadora, com a asfixia financeira dos sindicatos, termos conseguido reunir mais de 150 pessoas com 26 estados representados neste 9º Congresso é uma grande vitória e mostra a força da Fenafar e a nossa capacidade de luta para continuar nos próximos anos buscando a valorização da profissão farmacêutica e o reestabelecimento da democracia no nosso país”.
A segunda vice-presidente da Fenafar, Veridiana Ribeiro, disse que “os congressos da Fenafar sempre representam um marco importante para a luta da nossa categoria. E esse Congresso não é diferente. Como os outros, ele entra para a história e mostra o nosso compromisso com a luta. Num momento tão adverso, a categoria se superou. Os sindicatos filiados se superaram para garantir a presença aqui. E o mais importante é que conseguimos aprovar uma estratégia de luta para os próximos três anos, mantendo a unidade e com o compromisso de politizar a nossa base e levar para a categoria o que está colocado no mote no Congresso: a luta por +democracia, +salário digno, +saúde e + qualidade de vida”.
Por Renata Mielli, do Espírito Santo
Publicado em 04/08/2018
Acesse as resoluções do 9º Congresso da Fenafar
O 9º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos aprovou resoluções para orientar a atuação da diretoria da entidade e de seus sindicatos filiados sobre: Conjuntura Nacional e Internacional, Saúde e Assistência Farmacêutica, Trabalho e Emprego.
Sob o tema: Farmacêuticos Unidos em Defesa do Trabalho e do Brasil, os participantes do Congresso da Fenafar discutiram e aprovaram propostas nos eixos:
a) + DEMOCRACIA, CONTROLE SOCIAL – UM MUNDO MARCADO PELA INSTABILIDADE POLÍTICA E ECONOMICA
b) + SAÚDE E ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA – SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS DE BARBÁRIE, RESISTIR É PRECISO!
c) + SALÁRIO DIGNO, UNIDADE DA CATEGORIA E FORTALECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL- AS TÁTICAS DO MOVIMENTO SINDICAL
d) + QUALIDADE DE VIDA/ ESTADO DE DIREITO
Veja abaixo as resoluções
RESOLUÇÕES DO 9º CONGRESSO DA FENAFAR
+ DEMOCRACIA, CONTROLE SOCIAL – UM MUNDO MARCADO PELA INSTABILIDADE POLÍTICA E ECONOMICA
01. Apoiar as políticas de fortalecimento da soberania nacional dos países latino-americanos.
02. Apoiar políticas de integração e fortalecimento da América Latina, do Mercosul e em defesa da autodeterminação dos povos.
03. Participar ativamente dos Fóruns e do Movimento Sindical Internacional com objetivo de unificar a luta pelo desenvolvimento sustentável e com valorização do trabalho, como por exemplo, o Fórum Nostra América.
04. Lutar pelo efetivo fim do bloqueio econômico a Cuba, e apoiar sua independência e soberania.
05. Apoiar o desenvolvimento da produção científica e tecnológica de fármacos e medicamentos nos países do BRICS, MERCOSUL e em outros países da América Latina incluindo a luta pela superação das barreiras impostas pelas Leis de propriedade intelectual (patentes).
06. Lutar pelo fechamento das bases militares dos EUA instaladas na América Latina e em todos os outros países que afrontam a soberania dos mesmos.
07. Defender a Amazônia brasileira e lutar pela defesa incondicional da biodiversidade e dos recursos naturais do país.
08. Estimular políticas e ações que visem à redução da violência em suas várias manifestações, em especial contra mulheres, jovens, negros, LGBTQIMAIS, pessoas em situação de rua, trabalhadores rurais, indígenas e outras populações vulneráveis.
09. Lutar e defender uma Política Macroeconômica que reduza os juros. Por uma reforma tributária com arrecadação e utilização dos impostos de forma socialmente justa, priorizando o desenvolvimento nacional e a garantia dos direitos sociais do povo brasileiro.
10. Defender o crescimento do setor produtivo nacional, através da ampliação do investimento público e privado visando a geração de emprego decente e soberania nacional.
11. Defender a democratização dos meios de comunicação, com liberdade de expressão para todos e todas, rompendo com a hegemonia de grupos econômicos para garantir a diversidade e pluralidade na mídia, o respeito aos direitos humanos, e a valorização da cultura regional.
12. Defender a retomada e ampliação dos investimentos públicos nas áreas sociais e em programas de geração de emprego decente e renda, e intensificar a luta pela revogação da Emenda Constitucional 95.
13. Defender o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e seus princípios e diretrizes e a valorização do trabalho decente como meios para o crescimento interno do país.
14. Reivindicar uma política que garanta o pleno emprego, de forma que os trabalhadores mantenham seus postos de trabalho, reduzindo o índice do desemprego e promovendo o incentivo ao primeiro emprego.
15. Defender que a geração de empregos seja acompanhada de políticas públicas voltadas à garantia de salários e condições dignas de trabalho, com ampliação dos direitos dos trabalhadores, intensificando a luta pela revogação da reforma trabalhista.
16. Defender a reforma agrária e uma política agrícola nacional que leve em conta a segurança e soberania alimentar e tecnológica no campo para o fortalecimento da agricultura familiar.
17. Defender uma política de valorização de alimentos orgânicos, da agricultura familiar, da agroecologia e medidas protetivas contra o uso de agrotóxicos como a aprovação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PINARA).
18. Defender uma política salarial de reajustes automáticos do salário mínimo que garanta a verdadeira recuperação do poder de compra do cidadão brasileiro.
19. Participar ativamente das eleições de 2018 e 2020, defendendo plataformas comprometidas com políticas e justiça social, defesa do SUS, valorização do trabalho decente, da profissão farmacêutica, democracia e soberania nacional.
20. Defender as reformas democráticas populares (Reforma Política, Reforma Tributária, Reforma do Judiciário, Democratização dos Meios de Comunicação, Reforma do Sistema de Segurança Pública, Reforma Urbana, Reforma Agrária e Reforma do Pacto Federativo) que atendam as reivindicações do povo brasileiro.
21. Lutar para que os recursos do pré-sal sejam de fato destinados para a saúde e educação.
22. Defender a elaboração e aprovação de uma Reforma Política que contemple os interesses da população brasileira, com listas que garantam a paridade de gêneros, não subordinada à ingerência de poderes econômicos; contra o financiamento empresarial de campanha eleitoral.
23. Lutar pela implantação e fortalecimento da Política de Logística Reversa de Medicamentos, nos setores público e privado, frente ao nosso compromisso com o Uso Racional de Medicamentos, com a Saúde e com o Meio Ambiente.
24. Apoiar ações republicanas e imparciais de combate à corrupção, não permitindo que interesses escusos à este combate, seja utilizado para outros fins como comprometimento da democracia, soberania nacional e interesse do povo brasileiro.
25. Defender proposta de criminalização do desvio de recursos públicos como crime de lesa-pátria com a devida obrigação de restituição aos cofres públicos e perda dos direitos políticos.
26. Defender as empresas públicas e politicas nacionais a fim de garantir a soberania brasileira.
27. Inserir a categoria farmacêutica no debate da legalização da cannabis sativa, na perspectiva de uma discussão técnica e científica, e ampliar o debate sobre a descriminalização do uso de drogas.
28. Defender a utilização do uso terapêutico, medicinal, de pesquisa e científico da cannabis sativa.
29. Defender o Estado Democrático de Direito socialmente referenciado, com respeito à cidadania, à dignidade humana e à soberania do Brasil.
30. Enfrentar com coragem e ousadia, a onda conservadora de cunho fascista que ressurge alimentada pelo ódio, o preconceito e a intolerância, valorizando os princípios fundamentais do mundo do trabalho, da solidariedade, a paz e o respeito à dignidade humana.
31. Lutar contra a ofensiva conservadora que está em curso, em especial no Congresso Nacional, denunciando tentativas de aprovação de projetos de leis que atentem contra o Estado laico, os direitos trabalhistas, a autonomia sindical, direitos da juventude, direito das mulheres, direito dos idosos, direitos dos LGBTQI+, direitos humanos, direitos de negros e negras, de outros segmentos sociais, a demarcação de terras indígenas e outros povos tradicionais, a participação popular, o SUS público e demais conquistas populares.
32. Defender intransigentemente a realização das eleições gerais de 2018 pela democracia e pela soberania do voto popular.
34. Lutar e resistir a todo e qualquer retrocesso das conquistas do povo brasileiro.
35. Alinhar as ações da Fenafar aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial nº3, saúde e bem-estar, 4º educação, inclusiva, equitativa e de qualidade, nº 8 – crescimento econômico, emprego e trabalho; nº 9 ciência e tecnologia e inovação e nº 17 parcerias para o desenvolvimento sustentável.
36. Defender a soberania nacional através de um projeto de desenvolvimento tecnológico sustentável, com valorização do trabalho farmacêutico e da saúde da população.
37. Defender a ampliação dos direitos negados da população LGBTQI+ lutando pelo respeito a todas as formas de amor e a liberdade de amar.
38. Inserir o aborto como uma questão de saúde pública, ampliando o debate com a sociedade brasileira na perspectiva de sua descriminalização e pela garantia do direito ao aborto legal (previsto em lei)
39. Estimular os farmacêuticos a participar dos espaços de controle social.
40. Alinhar as ações da Fenafar as Resoluções 151 da OIT.
41. Reforma urbana como política transversal para garantia de saúde nos moldes de reforma urbana: habitação, viária, saneamento e controle social.
42. Apoiar o desenvolvimento de iniciativas participativas e transparentes para a melhor compreensão do impacto das notícias falsas e da desinformação na democracia.
43. Lutar pelo respeito ao sufrágio universal, sendo contra qualquer tentativa de golpe as democracias.
44. Lutar pela liberdade dos presos políticos no mundo, prezando por uma justiça imparcial e que igual para todos e todas.
45. Cobrar a investigação e solução de crimes políticos como o assassinato da Vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes.
+ SAÚDE E ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA – SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS DE BARBÁRIE, RESISTIR É PRECISO!
01. Reafirmação da Saúde como direito de todos e dever do estado, por meio da consolidação do SUS público, integral, universal, equânime e de qualidade.
02. Aprovação da PEC 01/2015, que garanta a alocação de recursos suficientes para uma mudança de modelo de atenção à saúde, que fortaleça a atenção primária/básica como responsável sanitária para uma população territorialmente referenciada, fazendo com que seja a principal porta de entrada ao SUS e a ordenadora dos cuidados de saúde nas redes de atenção, com priorização da alocação de recursos orçamentários e financeiros públicos de saúde para o fortalecimento das unidades próprias de prestação de serviço no âmbito do SUS.
03. Lutar pela ampliação do financiamento público do SUS retomando a campanha Saúde +10, com a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União, utilizadas para ações e serviços de natureza pública, tendo a taxação das grandes fortunas como uma das fontes de arrecadação.
04. Lutar pela Revogação da EC 95.
05. Implementação de uma reforma fiscal e tributária, que contemple a revisão da questão da dívida pública, da efetiva implantação do imposto sobre grandes fortunas e heranças, e outras medidas que garantam a sustentabilidade econômica do SUS;
06. Garantia do acesso da população a serviços de qualidade, com equidade, integralidade e universalidade, e em tempo adequado ao atendimento das necessidades de saúde, de modo a considerar os determinantes sociais, atendendo às questões culturais, de raça/cor/etnia, gênero, orientação sexual, identidade de gênero e geração, através do aprimoramento das políticas de atenção à saúde, vigilância em saúde e assistência farmacêutica e a consolidação das redes regionalizadas de atenção integral às pessoas no território, e por uma sociedade sem manicômios, por nem um retrocesso na reforma psiquiátrica antimanicomial.
07. Defender a seguridade social como um conjunto de ações e instrumentos que envolvem a saúde, a previdência social e a assistência social, destinados a alcançar uma sociedade livre, justa e solidária.
08. Combater qualquer redução no orçamento do Ministério da Saúde, Secretarias Distrital, Estaduais e municipais nos próximos anos, acompanhando a tramitação das leis orçamentárias para que não seja desrespeitado o princípio constitucional da vedação de retrocesso.
09. Lutar pelo fortalecimento da política do Complexo Econômico Industrial da Saúde, incluindo ministérios e órgãos da área de ciência e tecnologia, com o fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento e inovação em nossas instituições nacionais.
10. Lutar pelo fortalecimento efetivo do controle social e pelo respeito e cumprimento às suas deliberações, com ampla participação no processo da 16ª Conferência Nacional de Saúde, incentivando a participação e a formação dos farmacêuticos para atuarem nos conselhos de saúde, bem como estimular a criação das comissões de assistência farmacêutica, no âmbito dos mesmos.
11. Lutar pela ampliação do acesso à Assistência Farmacêutica com integralidade, interdisciplinaridade, qualidade e racionalidade como uma das formas de defesa do SUS.
12. Lutar pela regulamentação e implementação efetiva da Lei nº 13.021/2014 que considera a Farmácia como Estabelecimento de Saúde.
13. Lutar pelo fortalecimento e efetiva inserção da Assistência Farmacêutica nas políticas de atenção à saúde, com ações que envolvam o ciclo da AF, serviços farmacêuticos e farmácia clinica, atendimento humanizado, qualidade e equidade no acesso aos medicamentos essenciais, ações de prevenções de doenças, promoção da saúde, recuperação, reabilitação de agravos e doenças, ainda integração com as ações de vigilância e de apoio diagnóstico.
14. Lutar pela integração da Assistência Farmacêutica às Redes de Atenção à Saúde (RAS), inclusive como Ponto de Atenção, como condição para a garantia da integralidade da atenção.
15. Lutar pela regulamentação e implantação das recomendações do Ministério da Saúde contidas na publicação “Diretrizes para Estruturação das Farmácias no âmbito do SUS”.
16. Lutar pelo reconhecimento dos estabelecimentos farmacêuticos em todas as unidades de saúde como farmácia, criando incentivos para garantir a presença integral do profissional farmacêutico, a estruturação física e organizacional dos serviços de Assistência Farmacêutica.
17. Lutar para que os planos nacional, estaduais e municipais de saúde contemplem os serviços e cuidados farmacêuticos constantes na Tabela de Procedimentos e Órteses do SUS e no Sistema de Informações Ambulatorial (SIGTAP OPM-SUS), com metas e indicadores bem definidos, e constando como política Intersetorial com aspecto, ações, orçamento e financiamento que permeiem a gestão (estruturação de serviços e recursos humanos), custeio de serviços, de insumos e medicamentos.
18. Lutar pela implementação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS).
19. Aprofundar discussões sobre implementação do cuidado farmacêutico na promoção da saúde e prevenção de agravos e doenças como ações não fragmentadas e sim, integradas à vigilância em saúde.
20. Discutir e implementar um processo de diagnóstico de problemas de saúde através da oferta de serviços de análises clínicas e toxicológicas.
21. Apoiar o Conselho Nacional de Saúde para a realização da 2ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica.
22. Lutar pelo cumprimento da Lei nº 6259/75, que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, que estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças e agravos, e dá outras providências.
23. Lutar por uma Política Nacional na área de Análises Clínicas e Toxicológicas e pelo fortalecimento da atuação do Farmacêutico nessa politica.
24. Lutar contra a privatização da gestão do SUS, especialmente OS´s, Ocip´s, empresas públicas (EBSERH) e quaisquer outros modelos de gestão privada.
25. Lutar pela normatização do ressarcimento ao setor público dos atendimentos de pacientes que deveriam ser custeados por planos de saúde suplementar.
26. Discutir o desenvolvimento e a regulamentação dos trabalhadores que atuam no apoio das atividades privativas do farmacêutico.
27. Fortalecer a campanha “Cinco de Maio – Pelo URM”, promovido pela ENEFAR nos estados interessados, entendendo e respeitando a autonomia e iniciativa dos estudantes na organização da mesma.
28. Implementar, qualificar e disseminar as ações de promoção do uso racional dos medicamentos; ando a participação farmacêutica nesses serviços estimulando sua qualificação.
29. Lutar pela criação de estratégias e Políticas Públicas de Promoção à saúde com financiamento regulamentado para ações de práticas integrativas e prevenção já previstos na Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 (PNPIC).
30. Lutar pela criação de estratégias de fortalecimento para a atuação do farmacêutico na prática clínica em todos os níveis de atenção à saúde.
31. Intensificar a discussão sobre a judicialização da saúde, envolvendo os atores de forma resolutiva e responsável, bem como lutar para a inserção de farmacêuticos junto às esferas envolvidas na judicialização de medicamentos.
32. Lutar pela qualificação e integralidade da Assistência Farmacêutica no âmbito do Programa Aqui Tem Farmácia Popular, exigindo o compromisso aos ditames da Lei 13.021 aos estabelecimentos conveniados, sob pena de perda da concessão.
33. Lutar pela inclusão de farmacêuticos nas equipes de Vigilância Sanitária dos Estados e Municípios, em consonância ao Decreto nº 85878/81, bem como nas Vigilâncias Ambiental, Epidemiológica e em Saúde do Trabalhador.
34. Realizar campanhas para incentivar a população a frequentar farmácias assistidas por farmacêuticos, ou seja, que tenham assistência farmacêutica plena.
35. Realizar parcerias com os PROCONs, para garantia da assistência farmacêutica plena conforme preconiza a lei, é direito do cidadão.
36. Articular junto aos representantes das entidades farmacêuticas, do Judiciário, do Ministério Público, do CONASEMS, do CONASS, do COSEMS, Comitês intergestores e Conselhos de Saúde, ações para orientá-los quanto à legislação sanitária e à necessidade da presença de farmacêuticos exercendo a Assistência Farmacêutica, para o fortalecimento e a consolidação do SUS.
37. Discutir diretrizes e estratégias ao estabelecimento de ações efetivas e sistematizadas em farmacovigilância no país.
38. Estimular os farmacêuticos em torno de uma política de monitoramento permanente da qualidade e de estratégias de avanços para laboratórios de saúde pública.
39. Lutar pela autonomia do farmacêutico na prática clínica reconhecendo também o parecer deste profissional como ferramenta terapêutica.
40. Lutar para que a PNAF esteja integrada a uma Política Nacional de Vigilância em Saúde enquanto políticas integrantes do SUS, reafirmando a assistência farmacêutica como direito da população.
41. Lutar pela implementação da Politica Nacional de Vigilância em Saúde (Resolução CNS nº 588/2018)
42. Lutar pela revogação da Portaria nº 3992 (28/12/2017) que altera a Portaria de Consolidação nº 6 /GM/MS para dispor sobre financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do SUS.
43. Inserir nas ações da Fenafar, sua participação nos conselhos e conferencias distritais de saúde indígena, por meio do CONDIS (presidência) em defesa da assistência farmacêutica, postos de trabalho e a importância do farmacêutico na SESAI/DSEI.
44. Lutar para o retorno do Programa Farmácia Popular do Brasil (Rede Própria) como facilitador do acesso a medicamentos de forma pública.
45. Lutar para a criação dos indicadores voltados para a estruturação da Assistência Farmacêutica dos municípios, Distrito Federal e estados da Federação para mensurar as condições de trabalho as que os farmacêuticos estão sujeitos.
46. Lutar para melhoria na Fiscalização do Programa aqui tem Farmácia Popular.
47. Promover a discussão com a sociedade sobre a definição de critérios para a abertura e funcionamento de estabelecimentos farmacêuticos.
48. Lutar incondicionalmente pela assistência farmacêutica como conjunto de ações voltadas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial, produtos sob vigilância sanitária e visando o acesso e ao uso racional no setor publico e privado.
49. Lutar para que a farmácia do setor privado seja inserida na politica nacional de vigilância em saúde nos territórios como espaço estratégico a formulação das diretrizes e ações de vigilância em saúde
50. Discutir o fortalecimento do papel das atribuições dos profissionais farmacêuticos na cadeia logística (Importação, distribuição e transporte) de produtos sob vigilância sanitária.
51. Lutar contra a precarização dos contratos farmacêuticos (MEI, PJ e outros) no setor público e privado.
52. Estimular a criação intersetorial das comissões de PICs nos Conselhos Municipais, Estaduais e Distrital, de acordo com a orientação do CNS, promovendo a participação e qualificação dos farmacêuticos.
53. Aprofundar um amplo debate sobre a profissão de técnico de farmácia (nível médio) e respectivo registro nos CRFs.
54. Lutar pela desvinculação dos Fundos de Saúde das Secretarias de fazenda dos municípios, estados e Distrito Federal, permitindo assim a independência legal dos Fundos de Saúde.
+ SALÁRIO DIGNO, UNIDADE DA CATEGORIA E FORTALECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL- AS TÁTICAS DO MOVIMENTO SINDICAL
01.Lutar contra as emendas à Constituição que violem direitos trabalhistas.
02. Combater a Emenda nº 45/04, que diz respeito à necessidade de comum acordo para ajuizamento de dissídio coletivo, pois desta forma ficam os trabalhadores impedidos de acessar o Poder Judiciário.
03. Defender a liberdade e autonomia sindical como preconizado na Constituição Federal.
04. Garantir a implementação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pela garantia contra a dispensa imotivada.
05. Apoiar e articular com entidades da categoria pela implementação da Convenção 151 da OIT, pela proteção do direito de organização, de negociação e condições de trabalho dos servidores públicos.
06. Lutar para que o Brasil ratifique a Convenção 156 da OIT, pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.
07. Negociar a inclusão nas convenções coletivas a previsão da ultratividade das normas.
08. Realizar e apoiar campanhas que defendem a unicidade sindical e a permanência da cobrança da arrecadação sindical enquanto fortalecimento do sistema confederativo.
09. Repudiar qualquer medida que coloque em risco a sobrevivência financeira das entidades sindicais.
10. Incentivar a organização da (o) s trabalhadora (e) s no local de trabalho com a defesa da efetiva estabilidade de emprego para dirigentes sindicais e integrantes dessas Organizações Locais do Trabalho.
11. Intensificar a campanha nacional pela jornada máxima de 30 horas, com a ampliação das ações por parte dos sindicatos, dos farmacêuticos e demais profissionais de saúde.
12. Continuar a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, para todos os trabalhadores, devendo articular-se com outras entidades sindicais, com o Fórum Nacional pela Valorização da Profissão Farmacêutica, os fóruns estaduais e com parlamentares.
13. Cobrar das autoridades públicas de todos os entes federativos, acionando inclusive o Ministério Público, para que estejam definidos nos editais de concursos públicos, garantia de salários e jornadas de trabalho dignas, com planos de carreira, cargos e salários em regimes estatutários.
14. Intensificar a ação da FENAFAR e dos sindicatos nas mesas de negociação do SUS (nacional, estaduais e municipais) e na defesa do estabelecimento de planos de carreira e salários que atendam aos interesses dos profissionais farmacêuticos na condição de trabalhadores de saúde.
15. Combater toda e qualquer forma de precarização do trabalho, bem como denunciar ao Ministério Público a não contratação de servidores através de concurso público, contra a contratação dos serviços terceirizados de todo o tipo e contratação temporária, a fim de evitar a fragilidade dessas relações no setor público e privado.
16. Denunciar e Exigir a penalização de práticas antissindicais.
17. Lutar contra qualquer proposta de terceirização do trabalho.
18. Estimular a participação dos sindicatos e da FENAFAR nos Fóruns Estaduais e no Fórum Nacional contra as privatizações.
19. Atuar contra qualquer forma de privatização dos serviços públicos.
20. Combater a desigualdade étnico-racial, de gênero, de orientação sexual e de classe social no acesso ao emprego, aos salários e às condições de trabalho.
21. Viabilizar, desenvolver e apoiar projetos, ações e mobilizações que visem à consolidação e fortalecimento da categoria farmacêutica.
22. Ampliar as ações voltadas à organização sindical da categoria farmacêutica.
23. Mobilizar, fortalecer e apoiar entidades e grupos que tenham interesse na integração dos sindicatos estaduais à FENAFAR, visando o crescimento e valorização da profissão com diversas instituições da categoria/órgãos.
24. Realizar campanhas e ações estratégicas, contando com a parceria de outras entidades/órgãos, para estimular a filiação sindical.
25. Estimular a organização da diretoria de educação, das mulheres, de direitos humanos e da juventude no âmbito dos sindicatos.
26. Reafirmar e ampliar o diálogo e as parcerias da FENAFAR e seus sindicatos com as entidades dos estudantes de farmácia e de instituições de ensino superior, na perspectiva de gerar interfaces positivas e ampliar o debate político sobre as questões de interesse da categoria e dos trabalhadores.
27. Realizar cursos de formação política, sindical e de políticas de saúde para trabalhadores, diretores sindicais e estudantes, integrando o ensino e serviço.
28. Ampliar as ações de divulgação, informação e debate com a categoria, em conjunto com os sindicatos, utilizando os instrumentos e as ferramentas de comunicação disponíveis.
29. Realizar campanhas e ações que busquem a compreensão da sociedade sobre o papel do profissional farmacêutico.
30. Fortalecer, contribuir e instrumentalizar os sindicatos para participarem das negociações coletivas e campanhas salariais.
31. Buscar apoio junto às centrais sindicais, no que se refere ao desenvolvimento de temas que tratem da formação do cidadão e políticas no ensino básico, fundamental e superior.
32. Promover a valorização do trabalho do farmacêutico em todas as áreas de atuação.
33. Conquistar espaço de representação da FENAFAR em todos os fóruns/grupos de trabalho/câmaras nacionais que venham definir regras/normas ou outros que venha intervir no trabalho do farmacêutico.
34. Fomentar a construção da unidade política, de planos de lutas e organizacional através do fortalecimento do Fórum Nacional de Valorização da Profissão Farmacêutica divulgando e executando sua agenda no contexto nacional da categoria.
35. Acompanhar todos os projetos de leis relacionados à saúde, às relações do trabalho em especial ao âmbito farmacêutico.
36. Orientar os sindicatos para que se atentem quanto aos textos de chamamento dos editais dos concursos públicos de forma a garantir o direito e a valorização dos farmacêuticos.
37. Lutar pela inclusão dos farmacêuticos nas equipes de vigilância sanitária, mediante concurso público, com valorização no plano de cargos, carreiras e salários do regime de dedicação exclusiva a que estão expostos, por impedimento das Leis 5991/1973 e 6360/1976 e Resolução CFF 596/2014.
38. Lutar para que os entes públicos garantam quantitativos suficientes de farmacêuticos para suprir todas as responsabilidades técnicas e atribuições diárias destes profissionais em todas as áreas de atuação nas ações de saúde pública.
39. Apoiar e acompanhar a agenda da classe trabalhadora em torno dos seis eixos aprovados na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat): Crescimento com distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno; Valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; Estado como indutor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental; Democracia com efetiva participação popular; Soberania e integração internacional; Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.
40. Criar instrumentos na perspectiva de garantir a liberação dos trabalhadores, dos setores público e privado, sem prejuízo do dia de trabalho, para participação nas instâncias do controle social e entidades da categoria.
41. Apoiar programas de governo que prevejam a proteção ao empregado, com redução de carga horária sem que ocorra a redução de salário .
42. Estimular que nas minutas das convenções coletivas de trabalho estejam previstas o cumprimento dos artigos 607 e 608 da CLT e a nota técnica nº 201 de 2009 do MTE que prevêem que os órgãos fiscalizadores devem cobrar o comprovante do pagamento da contribuição sindical para emissão das licenças/ alvarás sanitários.
43. Apoiar o PL 4135/12 que prevê a integralidade da assistência farmacêutica no SUS.
44. Lutar contra o sucateamento das vigilâncias em saúde e do MTE visando garantir a estruturação de RH e infraestrutura.
45. Apoiar a inclusão dos farmacêuticos no quadro técnico junto às defensorias públicas, ministério público e poder judiciário.
46. Estimular elaboração de projetos de lei (municipais, estaduais e federal) que prevejam a instituição da semana do uso racional de medicamentos, para promover ações educativas junto à população.
47. Fortalecer a negociação da Fenafar com as grandes redes de farmácia, buscando isonomia de direitos
48. Incentivar os farmacêuticos denunciarem o não cumprimento da assistência farmacêutica plena.
49. Criar uma cartilha sobre o trabalho legal do farmacêutico, orientando sobre o recolhimento de provas, de práticas ilegais, realizadas pelo empregador.
50. Divulgar canais de denúncia de práticas ilegais, realizadas pelo empregador e pelo gestor, aos profissionais farmacêuticos.
51. Estimular a criação de comissões nos conselhos profissionais com participação dos sindicatos, para orientação do trabalho do farmacêutico.
52. Incluir nas pautas de Convenções Coletivas cláusulas de atribuições dos farmacêuticos segundo a legislação vigente.
53. Lutar por um piso nacional para os farmacêuticos e Estimular que a categoria tenha por referência de salário PL do piso nacional (dez salários mínimos) ou três salários do DIEESE.
54. Incluir nas pautas de Convenções Coletivas cláusulas que o farmacêutico gerente possa receber uma porcentagem, acima do previsto em Lei, sobre o piso salarial.
55. Incluir nas pautas de Convenções Coletivas cláusulas que o farmacêutico diretor técnico possa receber um adicional (porcentagem) sobre o piso salarial.
56. Incluir a Lei nº 13021/2014, que define a farmácia como estabelecimento de saúde, como instrumento de negociação complementar a atual legislação, nas convenções coletivas, na defesa do pagamento do adicional de insalubridade para os farmacêuticos que atuam nas farmácias.
57. Negociar para as convenções coletivas prever um percentual sobre a remuneração para os farmacêuticos que prestarem os Serviços Farmacêuticos.
58. Trabalhar na articulação para que o Fórum Nacional de Valorização da Profissão Farmacêutica se torne permanente em sua composição e atividades, com a garantia de representação ao SISTEMA CFF/CRFs, FENAFAR, Sindicatos, ABEF e ENEFAR, como forma de identificar as vulnerabilidades da profissão, diretrizes, ações coordenadas entre Entidades e ferramentas de controle e monitoramento.
59. Exigir inclusão das farmácias no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde-CNES.
60. Propor estratégias contra as práticas antissindicais, buscando apoio do MPT.
61. Fazer das resoluções do 9 Congresso da Fenafar como estratégias para garantia, ampliação e busca de novas conquistas para a categoria.
62. Estabelecer estratégias junto aos órgãos fiscalizadores da profissão para garantia do cumprimento dos acordos coletivos, CCTs e direitos trabalhistas.
63. Lutar pela inclusão e valorização do trabalho farmacêutico, com remuneração digna, e a inclusão do profissional em diferentes áreas estratégicas, como medicamentos, análises clínicas e toxicológicas e alimentos.
64. Lutar pela revisão da PNAB 2017 (Portaria 2436/2017), com participação popular, com a inclusão do farmacêutico na equipe da estratégia da saúde da família e nas ações de saúde na atenção básica.
65. Expressar o disposto no Art .11 Paragrafo Único da Lei nº 13021/2014, nas convenções e acordos coletivos de tal forma que se materialize em uma melhor remuneração.
+ QUALIDADE DE VIDA/ ESTADO DE DIREITO
01. Promover a discussão em torno do âmbito profissional, resgatando o acúmulo que a FENAFAR possui sobre o tema e sintonizando com o atual estágio de desenvolvimento do trabalho farmacêutico.
02. Propor reformulação da Política Nacional de Educação Superior no Brasil e a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no sentido de criar uma política educacional que integre, de forma orgânico-sistêmica-social, a formação das profissões da área da saúde com o SUS em parceria com outras entidades, articulada a um projeto de desenvolvimento nacional.
03. Planejar estratégias educativas para a população como forma de desenvolver a concepção de direitos à saúde, da promoção da saúde, do acesso aos medicamentos, sobre o papel do farmacêutico no SUS, sobre o uso racional de medicamentos (URM), sobre plantas medicinais e suplementos.
04. Pleitear junto aos órgãos de fomento linhas de financiamento para desenvolver, divulgar e discutir pesquisas e programas de extensão que contribuam com o aprimoramento da gestão do trabalho e da educação na assistência farmacêutica e saúde do trabalhador de maneira articulada com universidades, serviços, vigilâncias, conselhos de saúde, e demais segmentos.
05. Lutar para que a academia direcione sua produção científica e tecnológica para as necessidades nacionais, articulada com a formação acadêmica voltada para a realidade social com ênfase no SUS.
06. Promover atividades nos cursos de Farmácia em parceria com o movimento estudantil e outros atores, para estimular os estudantes a se perceberem como futuros trabalhadores da saúde, atuando em conformidade com a política de saúde.
07. Lutar para garantir ações de educação permanente e continuada para os profissionais em todos os âmbitos da assistência farmacêutica, contextualizada nos cenários das realidades regional e local.
08. Discutir e intervir sobre a educação farmacêutica, fortalecendo a ABEF e a Escola Nacional dos Farmacêuticos, incluindo o debate sobre educação e trabalho na agenda de atividades sindicais.
09. Defender a criação, a implantação e o aprimoramento de estratégias de formação e qualificação docente para o ensino da Assistência Farmacêutica, de acordo com os princípios do SUS.
10. Defender a valorização das residências multiprofissionais e em áreas profissionais da saúde, incluindo a contabilização em concurso público com maior pontuação que outras pós-graduações lato sensu.
11. Fomentar e desenvolver ações em parceria com os órgãos de fiscalização do trabalho, do exercício profissional e demais órgãos competentes pela valorização do trabalho farmacêutico.
12. Debater novas formas da valorização da produção da pesquisa acadêmica do país.
13. Defender que os eventos técnico-científicos (congressos, simpósios, etc) sejam mais acessíveis economicamente aos estudantes, aos profissionais e que garantam a participação do controle social.
14. Estimular o empoderamento do farmacêutico quanto à sua responsabilidade, autoridade e autonomia no exercício da assistência plena, voltada ao cuidado e saúde do paciente.
15. Lutar para que o Art. nº 206, inciso VII da Constituição Federal (1988), que trata do ensino com qualidade bem como o Art. nº 200 que trata da ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde, seja fator e instrumento determinante na avaliação da abertura e reconhecimento dos cursos de graduação em farmácia.
16.Combater o desmonte e retrocessos ao financiamento da pesquisa no país.
17. Defender maior rigor do MEC para abertura e fiscalização de cursos presenciais de graduação em farmácia, estabelecendo critérios claros que garantam a qualidade.
18. Lutar para melhorar a infraestrutura física e recursos humanos nos cenários de prática do SUS.
19. Lutar pela reformulação da Politica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para atender as necessidades sociais, consolidar o desenvolvimento econômico e assegurar a soberana nacional.
20. Combater a interferência do capital nas politicas educacionais e lutar pela proibição da modalidade EaD nas graduações em saúde e pela concretização da responsabilidade do Conselho Nacional de Saúde na abertura e avaliação dos cursos de saúde.
21. Ampliar e aprofundar o debate sobre o papel da educação à distância na educação farmacêutica.
22. Lutar pela definição de critérios técnicos e de qualidade para aprovação de cursos de pós-graduação na modalidade EaD em áreas específicas.
23. Combater a precarização do trabalho docente no ensino farmacêutico, garantindo que os docentes tenham competência técnica e qualificação no exercício de suas atividades.
Fenafar tem nova diretoria para o período 2015-2018
8º Congresso da Fenafar elege nova diretoria para o triênio 2015-2018. Delegados também aprovaram o programa para a gestão e moções.
por Renata Mielli, de Cuiabá
Os farmacêuticos que vieram para Cuiabá participar do 8º Congresso da Fenafar puderam sentir o clima de unidade e luta que contagiou todos nestes 3 dias de intensos debates, muita emoção e congrassamento. Mais de 200 pessoas, de 24 estados brasileiros levam para casa uma mensagem de paz, mas de luta pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores; de solidariedade e amor, mas muita disposição e coragem para enfrentar o preconceito e o ódio que estão inoculando a sociedade brasileira.
Na manhã desta sexta-feira, os delegados ao Congresso iniciaram a votação das propostas discutidas previamente nos encontros estaduais e também nos grupos de trabalho que aconteceram no dia de ontem. Muitas contribuições foram incorporadas e passaram a integrar à plataforma que vai orientar as ações da nova diretoria.
Os novos diretores foram apresentandos um a um e chamados para o palco. O presidente reeleito da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos fez um discurso emocionado. No final ele foi taxativo: Nós farmacêuticos temos o remédio, que é a luta! Assista ao vídeo do discurso abaixo.
A eleição para a diretoria da Fenafar foi por chapa única. Dos 155 delegados aptos a votar, 149 votaram, sendo que 140 votaram na nova diretoria, houve 2 votos brancos e 7 nulos.
A noite, um festa encerrou o 8º Congresso e marcou o momento da posse oficial da nova diretoria para o triênio 2015-2018.
Conheça a nova Diretoria da Fenafar Triênio 2015/2018
Presidente: Ronald Ferreira dos Santos – SC
Primeiro Vice-Presidente: Fabio José Basílio – GO
Segundo Vice-Presidente: Veridiana Ribeiro da Silva – PE
Secretario Geral: Maria Maruza Carlesso – ES
Primeiro Secretário: Elaine Cristina Câmara Pereira – RN
Tesoureiro Geral:Célia Machado Gervásio Chaves – RS
Primeiro Tesoureiro: Ulisses Nogueira de Aguiar – PI
Diretoria de Comunicação: Sergio Luis Gomes da Silva – PB
Diretoria de Formação Sindical: Luciano Mamede de Freitas Junior – MA
Diretoria de Relações Institucionais: Rilke Novato Públio – MG
Diretoria de Relações Internacionais: Gilda Almeida de Souza – SP
Diretoria de Organização Sindical: Débora Raymundo Melecchi – RS
Diretoria da Mulher: Maria Soraya Pinheiro de Amorim – BA
Diretoria de Educação: Silvana Nair Leite Contezini – SC
Diretoria de Assuntos Jurídicos: Isabela de Oliveira Sobrinho – AC
Diretoria de Saúde e Segurança do Trabalho: Eliane Araujo Simões – BA
Diretoria de Relações Trabalhistas: José Márcio Machado Batista – CE
Diretoria de Juventude e Direitos Humanos: Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá – SE
Diretoria da Região Norte: Cecilia Leite Motta de Oliveira – AM
Diretoria da Região Nordeste: Lavinia Salete de Melo Maia Magalhães – CE
Diretoria da Região Centro-Oeste: Larissa Utsch Seba da Silva – MT
Diretoria da Região Sudeste: Júnia Dark Vieira Lelis – MG
Diretoria da Região Sul: Lia Mello de Almeida – PR
Suplentes
1. Angélica Anielli Laurindo de Souza – RR
2. Wendell Torres de Cerqueira – RJ
3. Maria do Socorro Cordeiro Ferreira – PI
4. Jorge Luiz Pereira de Araujo Mariano – DF
5. Ricardo Jorge Bouz Ribeiro – RO
6. Paulo Anderson Silva Gomes – AL
7. Maria Fani Dolabela – PA
Conselho Fiscal – Titulares
Sirlete Maria Orleti – ES
Josias Pina – MT
Cristiane Oliveira Costa – SE
Suplentes do Conselho Fiscal
Hariad Ribeiro Morais – PB
Daniela Ester de Lima Xavier – RR
Alexandre Corrêa dos Santos Oliveira – MS
8º congresso resumo do 2º dia
Assista ao resumo do que aconteceu no 2º dia do 8º Congresso da Fenafar, 7º Simpósio Nacional de Assistência Farmacêutica e 5º Encontro Nacional dos Farmacêuticos no Controle Social da Saude.
Mais do 8º Congresso
Abertura do 8º Congresso reflete representatividade da Fenafar
Diante da crise é preciso revolucionar as práticas
Congresso da Fenafar debate a relação entre educação e trabalho
Assista ao resumo do 1º Dia do 8º Congresso
Congresso discute passado, presente e futuro da saúde e da assistência Farmacêutica
Congresso da Fenafar traz OIT para discutir trabalho decente
8º Congresso: Fortalecer a organização sindical para defender a categoria e o Brasil
Congresso discute passado presente e futuro da saúde e da assistência farmacêutica
Debate sobre Assistência Farmacêutica e Saúde no 8º Congresso da Fenafar reúne profissionais de várias categorias e traça um mosaico dos desafios para o saúde pública.
por Luiz Perlato
O que poderia sair, como linha de reflexão sobre saúde e assistência farmacêutica, de uma mesa composta por farmacêutico, economista, assistente social, historiador e também uma filósofa? O segundo dia do Congresso da Fenafar, em Cuiabá, teve debates desta envergadura. E o resultado superou as expectativas, conforme se poderá constatar nas informações a seguir. Uma prova disso foi o grande interesse demonstrado pelos participantes, que ao final das apresentações fizeram inúmeras perguntas para os palestrantes.
“Ai dos farmacêuticos se não fossem os economistas, e ai dos economistas se não fossem os farmacêuticos, mas também se não fosse a linha de abordagem das ciências sociais e humanas para fazer uma reflexão”, observou a presidente do Conselho Nacional de Saúde e palestrante Maria do Socorro de Souza no início da fala dela. “Fiquei feliz de compor esta mesa, e como eu também venho de uma entidade sindical, em geral, a gente tende a ser muito corporativo nas nossas pautas”.
Para Maria do Socorro, uma das últimas conquistas da categoria farmacêutica foi a lei da farmácia como estabelecimentos de saúde. “A bandeira da Lei 13.021/2014 foi uma das poucas propostas levadas para o Congresso Nacional por uma categoria de trabalhadores da saúde que não tinha um viés corporativista. Era uma ação com certeza de interesse público, de interesse coletivo e dentro de uma Casa que está sempre com uma agenda muito mais para desconstruir o SUS do que para consolidá-lo. Portanto, eu parabenizo também a ação legislativa, a ação política dentro do Congresso. E aí a vitória também tem que ser reconhecida por vocês, e pelo Conselho Nacional de Saúde, que igualmente tem uma posição histórica no debate da assistência farmacêutica no país”.
Reconhecimento e respeito
A presidente do Conselho Nacional de Saúde destacou que aceitou o convite da Fenafar em participar do evento pelo reconhecimento do compromisso, do trabalho e do esforço que a entidade vem demonstrando em defesa do SUS. “Tenho grande respeito pelo meu companheiro Ronald Ferreira. É uma convivência de muito respeito no Conselho Nacional de Saúde. A gente já vivenciou várias histórias dentro do Conselho, e sempre teve muito diálogo e muito respeito pelos usuários. É uma forma de reconhecer o trabalho que os farmacêuticos e a Fenafar vêm construindo”, disse ela, acrescentando que também não poderia deixar de vir ao Congresso no ano da Conferência.
“Estamos construindo a 15ª Conferência Nacional de Saúde, em que assumimos compromissos políticos para garantir que este evento tenha uma força mobilizadora em vários setores da sociedade brasileira. Também assumimos o compromisso de ampliar o diálogo com outras bases sociais e de fazer com que essas conferências tenham uma maior repercussão dentro dos planejamentos de gestão das esferas do SUS, mas sobretudo para que a gente fizesse a crítica ao espaço que é o controle social, para que ele também não fique arrefecido numa conjuntura onde a democracia representativa está de costas para a sociedade. Acho que a tarefa nossa em congressos como este são os espaços políticos de participação, que não existiriam se estivéssemos numa ditadura, mas que mesmo numa democracia precisam ser aprofundados, valorizados e potencializados. Muitas vezes a discussão da saúde pública é tão setorial que a gente traz todos os problemas para dentro dela como se a solução estivesse dentro da própria saúde pública, quando na verdade temos que olhar a política de saúde como parte de um projeto de sociedade e de um país”.
Segundo a palestrante, na esfera pública é essencial construir pontes para que a política pública seja viabilizada e consolidada. “Quero destacar que estou aqui no Congresso da Fenafar, reconhecendo esse esforço no momento e numa conjuntura extremamente difícil, e mais ainda há necessidade da gente politizar e refletir, de termos unidade e força de mobilização para superar essa crise político-econômica. Eu já estive em vários congressos de trabalhadores, mas nem todos conseguem dar conta de fazer essa linha de abordagem, apesar do esforço. São escolhas políticas em que a conjuntura não é trazida como uma grande questão estruturante e determinante, e onde o SUS também não é considerado uma política relevante para a categoria”.
Do passado ao presente
Separando e ao mesmo tempo juntando a política e a economia, o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos,fez uma retrospectiva sobre o SUS, a política e a saúde, com reflexões sobre os farmacêuticos. Segundo ele, para entender a nossa época é importante entender as contradições de cada época.
No início de sua apresentação, Ronald observou que o Terreiro de Jesus, em Salvador, teve a sua origem quando Napoleão Bonaparte invadiu todos os territórios na Europa, e a Família Real veio para o Brasil trazendo seu físico-mor e montando a primeira estrutura de saúde e a primeira faculdade e o primeiro curso de química farmacêutica. Já nos primeiros anos, em função da necessidade de se construir o império no Brasil, foi criada a primeira estrutura de ensino de química farmacêutica, na Bahia. E outra vez, conforme o presidente da Fenafar, a conjuntura da época impôs a adoção de novas medidas no país. Dom Pedro I abdicou, e em seguida ocorreram inúmeras revoltas para reafirmar a identidade nacional no período de regência, que vai de1831 a 1840. Foi um período em que o Brasil começou a construir a sua identidade e começou a se afirmar enquanto nação.
Nesse cenário, foi criada a primeira escola exclusiva de farmácia, em Ouro Preto-MG, em 1839. “A conjunta política, econômica e social do Império colocou a necessidade de se criar essa estrutura. Se a gente for observar, as importantes mudanças que acontecem no universo do setor farmacêutico sempre estão associadas aos momentos agudos da conjuntura nacional e internacional. Foi assim que na Revolução de 1930 surgiu o primeiro instrumento que regulou a atividade dos farmacêuticos e dos médicos, estabelecendo a separação entre quem prescreve e quem comercializa. Da mesma forma, em grande ebulição nos Anos 50, com Juscelino Kubitschek e os ’50 anos em 5′, foram criadas estruturas de regulamentação, num momento de grande turbulência mundial, e o momento que o Brasil viveu, na década de 90, da luta pela redemocratização, com anistia ampla, geral e irrestrita, também impacta em outras contratações, como é o decreto que organiza o trabalho dos farmacêuticos”.
Conforme Ronald, fazendo um resgate histórico é possível entender a evolução do processo da saúde do Brasil, que até 1988 tinha um sistema criado em função da história desse processo de desenvolvimento. Segundo ele, era um sistema de saúde baseado na lógica do seguro social e na lógica da mercadoria. “Esta era a lógica em muito construída pelos trabalhadores através de seus institutos de previdência e proteção social. Nesta época, tinha uma estrutura onde o Estado era o principal financiador, o setor privado nacional era o maior prestador, e o setor privado internacional, o fornecedor de insumos. Esse é o desenho que se adota a partir de 1977, que é o sistema nacional de previdência. Algumas estruturas atuais ainda são heranças do antigo Inamps. Ainda resta, até hoje, o funcionamento do processo de organização do sistema nacional de saúde”.
Dilemas do nosso tempo
Os momentos políticos do desenvolvimento da saúde foram destacados durante toda a palestra. “Precisamos conhecer a história da saúde no Brasil, e como ela está relacionada com o desenvolvimento social e político e com as contradições da sociedade brasileira. Como surge, por exemplo, ao longo da década de 80, o SUS através da 8ª Conferência e através do movimento pela democratização do Brasil, da ampliação da participação popular, que garante na Constituição o Sistema Único de Saúde e que garante essa conquista, imediatamente, desde a sua promulgação, mas que sofre sistematicamente, desde a eleição do Governo Collor, tentativas de desconstrução. Conquistamos o direito mas não conquistamos quem vai ser o responsável por esse direito, e levamos aproximadamente 20 anos, até 2011, para chegar até a lei complementar 141. As regras com as definições mais claras a gente só conseguiu 21 anos depois, e ainda tendo como herança o subfinanciamento”.
Em vez de querer reinventar o sistema e recomeçar do zero a cada debate, o presidente da Fenafar lembra que já temos tudo escrito na Constituição e quais são as funções e o papel desse sistema, que é a promoção, a proteção e a recuperação de toda a saúde de todos os cidadãos. “O SUS regula, fiscaliza, controla e executa tudo o que se refere à saúde, inclusive do setor privado. É isso que está na nossa Constituição. Também está contratado que a sua responsabilidade vai desde controlar os procedimentos e todo o processo de saúde, inclusive o processo de formação. Esta é a contratação que nós temos na Constituição Federal”.
Segundo Ronald, quando se fala em mudança de modelo para a lógica da seguridade e do direito, não há necessidade de reinventar o sistema. “A questão é fazer cumprir a lei. Só que para isso é preciso ter força política e social. Por isso alguns espaços são importantes nessas conquistas, entre eles a participação social, que nos deu chance de dar uma importante contribuição, que foi a aprovação, em 2014, da única política que é objeto de uma revolução do Conselho Nacional de Saúde. A única política nacional é a política nacional de assistência farmacêutica. Nesse contexto, segundo Ronald, foi aprovada a Lei 13.021 em 2014. “Temos que identificar qual é o nosso papel e quais são as possíveis alianças para fazer esse processo avançar”, concluiu o presidente da Fenafar.
Farmácia popular
O coordenador do Programa Farmácia Popular do Brasil, Marco Aurélio Pereira, falou sobre os dez anos de implantação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, e também dos dez anos do programa farmácia popular do Brasil.
Considerando desde a publicação da resolução que criou a política, ele informou que os recursos do Ministério da Saúde tiveram uma evolução bastante expressiva. “Nós saímos de R$ 1,9 bi de investimento em assistência farmacêutica, no ano de 2003, para agora próximo de R$ 12,5 bi, e hoje os gastos com assistência farmacêutica no Ministério da Saúde representam quase 14% do total investido”.
O palestrante declarou que está no Departamento de Assistência Farmacêutica coordenando, entre outras ações, o desenvolvimento e a efetivação da política de assistência farmacêutica. “Foi uma construção coletiva, construída pela sociedade e que se transformou na atividade do Ministério da Saúde no âmbito da assistência farmacêutica, o que conduz toda a nossa política”.
Marco Aurélio apresentou dados do balanço realizado ao longo desses dez anos, do tudo que se conseguiu implantar e fazer. Focando no programa Farmácia Popular, que hoje atende em média, por mês, 8 milhões e 700 mil pessoas, ele disse que o programa já está presente em quase 80% dos municípios brasileiros.
Metas e desafios
“79% dos municípios que são mapeados pelo plano Brasil sem Miséria como municípios com extrema pobreza, 80% dos municípios que receberam mais médicos. Hoje, aliás, o Programa Mais Médicos já representa 11% de todas as receitas atendidas pelo Programa, o que tem demonstrado, então, uma grande capilaridade e uma grande ampliação do acesso, e tentando acompanhar agora o quanto esse investimento tem valido a pena do ponto de vista de resolutividade. Portanto, já chegamos numa primeira etapa, que é a garantia da disponibilidade do medicamento. No que diz respeito aos medicamentos da atenção básica, já conseguimos atingir um patamar bastante expressivo, próximo do ideal. Agora precisamos garantir que esses medicamentos estejam sendo usados corretamente. Isso se analisa pela redução de internações, pela garantia de persistência do paciente indo periodicamente aos estabelecimentos para pegar os medicamentos, e principalmente a garantia do uso racional do medicamento”, disse Marco Aurélio.
Visão econômica
O economista Francisco Funcia, professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e consultor da Fundação Getúlio Vargas, focou sua palestra na primeira parte da temática, que foi saúde, direito e mercadoria. O palestrante explicou como se faz a alocação de recursos e que necessidades são atendidas. A fala se baseou na relação economia e saúde, chegando nas discussões mais relativas ao Sistema Único de Saúde, como a restrição da saúde como direito diante da deterioração do quadro de subfinanciamento do SUS.
Ele explicou que a economia é a ciência que estuda a alocação de recursos escassos para atender necessidades ilimitadas. Outra definição, que segundo ele é dos primórdios da economia política mas que continua sendo de extrema validade, é aquela de que a economia é a ciência que estuda o processo de produção, consumo, distribuição e acumulação. “Na ótica de Smith, o objetivo da economia é determinar as leis que explicam o crescimento econômico e o processo de distribuição de renda e riqueza. Os economistas clássicos tinham clareza de que o que está em jogo na economia é uma disputa pelos recursos, e é essa disputa pelos recursos que determina a forma como a sociedade se desenvolve. Ainda continuando essa discussão, os economistas tentaram sistematizar o que seria, então, o programa econômico fundamental, que é o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir. E a história econômica foi registrando, ao longo do tempo, respostas diferentes para isso”. A resposta que predomina, conforme Funcia, desde o final do Século XVIII, é que o mercado é o que pode responder melhor essas questões.
Em outro trecho de sua fala, Funcia observou que para que as desigualdades sejam aceitas é preciso que elas partam de um mesmo lugar. “Isso significa que a gente pode ter diferentes leituras sobre a relação economia e saúde. Em alguns casos a saúde é uma mercadoria, e aí ela está ligada à lógica do lucro, em que a meta é produzir bens e acumular capital, e funciona para satisfazer às necessidades de quem tem poder de compra”.
Conflitos sociais
De acordo com o professor, a questão da saúde se tornou objeto de intervenção estatal com o desenvolvimento do capitalismo, quando a política pública se tornou extremamente importante para minimizar contradições e conflitos sociais. Enquanto política econômico-social, ela deve ser pautada pelo objetivo de reduzir as desigualdades sócio-econômicas e diminuir os riscos de doenças e outros agravos. Mas no momento atual a gente vive uma contradição e precisamos refletir quem está ganhando e quem está perdendo.
A contradição é que existe um processo de subfinanciamento do Sistema Único de Saúde, e há uma proporção de gastos privados e consolidados que é maior que o gasto público. E isso traz diferentes impactos para a sociedade. Costuma-se dizer que o SUS é o público, mas na verdade todos eles têm financiamento público. O segmento dos planos de saúde, por exemplo, têm abatimentos no imposto de renda. Quem contrata serviços privados também tem direito de deduções. A totalidade do atendimento da saúde no Brasil tem a participação direta de financiamento público. Por isso que a gente reforça uma tese de que a proposta básica seria cumprir a lei do SUS. A Constituição definiu claramente o direito de assistência à saude. O problema é que, desde os seus primórdios, em 1988, o SUS passa por um processo de subfinanciamento. Ainda que os preceitos constitucionais falem na descentralização do atendimento, priorizando os espaços locais, do ponto de vista do financiamento ainda há uma forte competência tributária, em que 69% são tributos da União.
Um dos problemas que estão relacionados a este cenário, conforme o economista, é o enorme peso da dívida pública, que representa três vezes aquilo que se gasta com saúde na esfera federal. Depois da previdência o maior orçamento da Esplanada é o da saúde. Então não tem como descentralizar o processo, e portanto o modelo continua sendo este. Quem prega a descentralização nesses moldes da estrutura do gasto público hoje existente tende a fortalecer municípios de grande e médio porte, e a enfraquecer a capacidade de financiamento de municípios de pequeno porte, que são a esmagadora maioria do Brasil e dependem das transferências.
Diagnóstico e dificuldades
Para Funcia, é importante reforçar a esfera federal, porque nos últimos anos a participação, em termos reais, da aplicação em saúde do governo federal cresceu. Mas os gastos dos Estados e principalmente dos municípios cresceu muito mais. Representava 7% do financiamento em 1980 e hoje representa 31%. Significa que a possibilidade de aumentar os recursos do SUS pela via municipal se esgotou, e o crescimento nos Estados também é limitado. Devido às dificuldades em dar conta de um orçamento em que o peso da dívida pública é bastante grande, a União vem diminuindo a sua participação no processo de financiamento, caindo de 75% para 42%.
Neste cenário, o Conselho Nacional de Saúde está entendendo que é fundamental retomar a luta contra o subfinanciamento e contra a política recessiva que está sendo colocada atualmente. “Entre outras coisas, a gente quer que o percentual de aplicação mínima em saúde volta a ser os 10%, e que os recursos do pré-sal voltem a ser incorporados como recursos adicionais. A renúncia de receita, que atualmente está em torno de 300 bilhões, também poderia passar por uma revisão, no que se refere aos subsídios dos planos de saúde privados.
Ou seja, estamos buscando aumentar a participação da saúde no bolo dos recursos, mas também estamos propondo novas fontes, que devem ser exclusivas para o SUS e têm que priorizar as ações de natureza pública. Entre as novas fontes de recursos, estamos propondo a criação de uma contribuição sobre as grandes transações financeiras e a tributação das grandes remessas de lucros e dividendos, que hoje são isentas.
Mato Grosso
O moderador do debate foi o presidente do CRF-MT, Alexandre Henrique Magalhães, que elogiou e foi elogiado pelos congressistas, dentre eles o coordenador do Programa Farmácia Popular do Brasil, Marco Aurélio Pereira. “Mato Grosso já está na agenda tanto da Federação quanto das atividades farmacêuticas há muito tempo. Indevidualmente, pela ação de dois companheiros que eu em particular acho valorosos, sem com isso querer desconsiderar os demais, que também são importantes, mas o Alexandre Magalhães e o Josias Pina foram pessoas que, desde o início, há muitos anos,vêm batalhando em Mato Grosso pela garantia da representatividade. Sempre os vi lutando e dando murro em ponta de faca pela representatividade em tentar organizar as atividades e buscar a construção e o fortalecimento do sindicato”.
Segundo Marco Aurélio, Alexandre Magalhães se tornou presidente do CRF-MT por ser um líder, e por ter trabalhado muito por isso. “O Alexandre chegou nessa condição em consequência exata dessa representatividade que ele galgou, com muita humildade e muita amplitude na sua atividade, com grande capacidade de articulação. Antes de atuar no Ministério, eu fui da direção da Fenafar, e por inúmeras vezes fui convidado pelo Alexandre a desenvolver ações em Mato Grosso. Rodamos pelo Estado dando palestras, conversando e fazendo reuniões com a categoria”, declarou.
Publicado em 08/08/2015
Congresso da fenafar traz oit para discutir trabalho decente
Apresentação sobre Trabalho Decente integra discussões sobre organização sindical e trás dados sobre o trabalho do farmacêutico.
por Renata Mielli, de Cuiabá
Para contribuir com as discussões sobre os desafios da organização sindical, a Fenafar convidou para o seu 8º Congresso o representante da OIT José Ribeiro. Ele fez uma apresentou trazendo informações sobre as normas da Organização Internacional do Trabalho, o conceito de trabalho decente e seus indicadores de medição, além de dados sobre o perfil da profissão farmacêutica.
Em sua apresentação (acesse na íntegra aqui o pdf), Ribeiro mostrou que em 1998, a OIT adotou a Declaração Relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento, que constitui uma reafirmação universal do compromisso dos Estados-Membros da Organização, e da comunidade internacional em geral, de respeitar, promover e aplicar um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho, reconhecidos como fundamentais para o desenvolvimento sustentável e uma globalização equitativa.
Esses princípios e direitos são regidos por oito convenções fundamentais que abrangem a liberdade sindical o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, a eliminação efetiva do trabalho infantil e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e profissão. O Brasil ratificou 7 das 8 convenções fundamentais – não ratificou a 87. Cerca de 75% dos 138 países membros da OIT ratificaram as 8 convenções. São elas:
- Convenção sobre o Trabalho Forçado, 1930 (no 29)
- Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado, 1957 (no 105)
- Convenção sobre a Idade Mínima para Admissão e Emprego, 1973 (no 138)
- Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação, 1999 (no 182)
- Convenção sobre a Igualdade de Remuneração, 1951 (no 100)
- Convenção sobre a Discriminação (Emprego e Profissão), 1956 (no 111)
- Convenção sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, 1949 (no 98)
- Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, 1948 (no 87)
Trabalho decente
O conceito de trabalho decente com o qual a OIT trabalha é: Promover oportunidades para que homens e mulheres possam conseguir um trabalho produtivo e de qualidade em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. Todas as pessoas que trabalham tem direitos – assim como níveis mínimos de remuneração, proteção e condições de trabalho – que devem ser respeitados.
Para a OIT, o trabalho é um dos principais vínculos entre o desenvolvimento econômico e o social. Segundo dados da PNAD do IBGE, no Brasil, em 2013, 77,2% da renda familiar veio do trabalho, sendo estratégica no combate à pobreza e à desigualdade social.
Entretanto, não é qualquer trabalho que garante o acesso a uma vida digna, mas um Trabalho Decente. Além de remuneração adequada, é preciso ter acesso a direitos e à proteção social, combinados com incrementos de produtividade e igualdade de oportunidades, para diminuir a extrema pobreza por meio do aumento e distribuição da renda. Para colocar em prática trabalho decente é preciso realizar um amplo diálogo social, que elabora políticas públicas para a sua aplicação.
Como medir o trabalho decente
José Ribeiro chamou a atenção para o fato de que para classificar um trabalho como decente, é preciso combinar vários elementos que em conjunto dizem se aquele trabalho está sendo desenvolvido de forma digna ou não. A OIT definiu 10 parâmetros a serem observados para classificar o trabalho decente: portunidades de emprego, rendimentos adequados e trabalho produtivo, jornada de trabalho decente, conciliação entre trabalho, vida pessoal e familiar, trabalho a ser abolido, estabilidade e segurança no trabalho, igualdade de oportunidades e de tratamento no emprego, ambiente de trabalho seguro, seguridade social, e diálogo social e representação de trabalhadores e de empregadores.
“A grande sacada destes conceitos é olhá-los de forma articulada, em conjunto, principalmente no atual contexto social e político. Não basta ter altos rendimentos, estabilidade, segurança no trabalho, e seguridade social se eu tenho jornadas de trabalhos elevadas, sem tempo livre para ter vida pessoal e dedicar à família, ou se sofrer assédio moral no trabalho”, exemplificou Ribeiro.
A situação do trabalho farmacêutico
“Como temos participado de muitos eventos de farmacêuticos desde 2011, quando fomos convidados para o seminário no Ceará, buscamos fazer um diagnóstico da siutação do trabalho dos farmacêutico. Todos os dados que usamos da PNAD e RAIS se referem a ocupação, ou seja, aos entrevistados que se qualificaram como farmacêuticos”, explicou o representante da OIT.
Um dos dados apresentados por José Ribeiro mostra que os vínculos empregatícos dos farmacêuticos aumentaram 96% entre 2003 e 2013, o que acompanha as taxas de aumento da formalidade geral do Brasil para o período. Também houve uma aumento da remuneração para a categoria. Mas ele chamou a atenção para a grande diferença na remuneração médios dos farmacêuticos nos diferentes estados do país. O maior rendimento foi encontrado no Distrito Federal, com um salário base de R$ 4.500,00; o menor é o do Piauí, com R$ 1750,00.
Ele também fez comparações dos salários dos farmacêuticos no Brasil e nos Estados Unidos com as de outras categorias da área da sáude. Nos EUA, os farmacêuticos estão em terceiro lugar, atrás dos médicos e dentistas. Já no Brasil, os farmacêuticos ocupam a 5ª posição, atrás dos médicos, dentistas, veterinários e enfermeiros. Este é um dado que mostra a falta de valorização e reconhecimento deste profissional no Brasil.
Outra análise comparativa trazida pelo representante da OIT foi sobre as jornadas de trabalho dos farmacêuticos e de outras categorias, mostrando que os farmacêuticos têm a maior jornada média semanal comparada com outras profissões da saúde, 41%, sendo que 20% dos farmacêuticos têm jornada superior a 45 horas semanais.
José Ribeiro também trouxe dados sobre a taxa de sindicalização da categoria farmacêutica. A taxa média de sindicalização no Brasil é de 16%, enquanto a dos farmacêuticos é de 31%. Ele sublinou a necessidade de os sindicatos buscarem incluir nas suas convenções coletivas o cláusulas que garantam as dimensões do trabalho decente, como conseguiu recentemente o Sindicato dos Farmacêuticos do Ceará.
Ao final de sua apresentação, José Ribeiro deixou uma provocação para todos os presentes: romper com a normalidade, com a “normose”. Nas palavras de Carl Jung, “ser normal é a meta dos fracassados”. “Normose pode ser considerada como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a sofrimentos, doenças e mortes. A normose é uma normalidade doentia. Toda forma de normose é uma alienação – vide o fundamentalismo religioso e a discussão sobre a violência Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável e expor-se às críticas. Cabe também aos educadores formar seres humanos plenamente lúcidos ao invés de automatos normóticos”, disse.
E para ilustrar esse conceito, José Ribeiro encerrou a sua apresentação com o vídeo abaixo.
8º congresso fortalecer a organização sindical para defender a categoria e o Brasil
Como o trabalho farmacêutico pode ajudar a cuidar das pessoas através das atividades que a organização sindical pode desenvolver, este foi um dos focos do debate sobre Organização Sindical no 8º Congresso da Fenafar.
por Renata Mielli, de Cuiabá
Para debater as organizações dos trabalhadores e do povo brasileiros e seus desafios foram convidadas a presidente da CTB-MT, Nara Teixeira, a tesoureira da Fenafar, Célia Chaves, o representante da Organização Internacional dos Trabalhadores (OIT) José Ribeiro e o conselheiro do Conselho Federal de Farmácia, Altamiro José dos Santos.
O diálogo foi coordenado pelo presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Ceará, Márcio Batista, que destacou a importância da luta pelo trabalho decente e como é fundamental mudar a mentalidade das pessoas sobre o papel do trabalho na sociedade. “O trabalho é uma necessidade para a dignidade humana”, afirmou e salientou que para ser digno é preciso ser desenvolvido em condições e jornadas adequadas, com salários compatíveis, com valorização profissional.
Fugir do lugar comum
Para a representante da CTB, Nara Teixeira, as organizações sindicais têm o desafio de “sair um pouco do nosso lugar comum. Temos que ampliar a democracia interna das nossas entidades sindicais, dar mais transparência nas atividades dos sindicatos, refletir sobre os processos democráticos das nossas entidades e dialogar mais com a categoria, para que ela compreenda a importância dos sindicatos para além da negociação coletiva que é fundamental, mas é muito mais”.
Nara elencou várias lutas de âmbito nacional que precisam ser acompanhadas pela direção dos sindicatos. Lutas no campo da defesa dos direitos trabalhistas, da defesa dos direitos humanos, de direitos sociais. Estas batalhas, disse, “se dão no Congresso Nacional e nas ruas. Como as campanhas contra as Medidas Provisórias de ajuste fiscal, contra o projeto de lei da terceirização, contra a redução da maioridade penal, e por uma reforma política democrática. Parte delas nós perdemos, mas temos que manter a mobilização e ampliar nossa base social para enfrentar os retrocessos. Daí é fundamental o chamamento para todos irem às ruas no próximo dia 20 de agosto, por mais direitos, contra o golpe e pela democracia”, afirmou.
Profissional liberal e trabalhador
Célia Chaves iniciou sua palestra dizendo que seu desejo é “fazer o debate do trabalho e da educação realmente juntos. Discutir como o trabalho e a educação foram se transformando ao longo da história, mas não de forma fragmentada.
Ela dividiu em três períodos a história deste “profissional milenar que se caracterizou historicamente como profissional do medicamento. Só a partir do século passado é que começamos a atuar em outras áreas. É importante ter isso em conta na hora de discutir nosso processo de organização e nossa identidade como trabalhador. Em seguida, passamos a atuar em outras áreas, como nas análises clínicas e uma caracterísca importante da nossa profissão era de sermos, na maioria, profissionais liberais”, lembrou Célia. Ela chamou a atenção para uma questão que considera fundamental: aprofundar a discussão sobre “se uma característica de ser liberal é atuar autonomamente. Para mim, a ideia do profissional liberal não se resume a quando eu atuo de forma autônoma, mas ela também se verifica quando eu tenho uma relação de trabalho, um vínculo empregatício”.
Esse período que caracterizou o farmacêutico como um profissional autônomo, ao seu ver, é fundamental para entender que “quando éramos autonomos não tínhamos a necessidade de um sindicato de trabalhador, porque não tínhamos um vinculo empregatício, porque não nós víamos como trabalhador que tinha uma relação de trabalho. Tanto é que a maioria dos nossos sindicatos nasceram após o processo de reconhecimento do trabalho, com a CLT; com a indústiralização, que nos jogou para fora da farmácia, que fez com que nos transformássemos em trabalhador como empregados e não só como proprietários. Então, o processo de começarmos a nos ver como assalariados demorou. Foi só a partir da década de 30, 40, mas foi um processo longo que durou até a segunda metade do século passado. E a partir daí nossos sindicatos se constituíram”.
Contudo, considera Célia, “até hoje temos dificuldade de nos vermos como este trabalhador assalariado, de nos reconhecermos como trabalhador, esta é uma das dificuldades que temos para organizar a nossa categoria em sindicatos, porque isso dificulta o reconhecimento das nossas entidades sindicais por parte da categoria, como entidade defensora dos direitos”.
Enfrentar a terceirização
Em seguida, a tesoureira da Fenafar passou a descrever a terceira fase, pela qual a categoria está passando neste momento, “que é o processo da terceirização, com a ideia de que é muito melhor eu ser um terceirizado autônomo, vem ai a questão da pejotização, e não mais atuar como empregado e trabalhador”. Célia argumentou que essa visão é ilusória, porque o profissional deixa de ganhar todos os seus direitos trabalhistas que foram conquistas com a CLT.
Para enfrentar a precarização das relações de trabalho e a retirada de direitos “temos que valorizar a nossa atividade sindical como trabalhadores e temos que compreender qual é o nosso objeto de trabalho”, afirmou Célia Chaves.
Unidade de ação com independência
O conselheiro federal do CFF pela Bahia Altamiro José dos Santos destacou em sua apresentação a importância de se aprofundar a atuação conjunta dos conselhos de farmácia e dos sindicatos, porque essa unidade tem permitido muitos avanços e conquistas para a categoria. “Um desafio a enfrentar é garantir maior sinergia entre a ação das entidades, sindicatos e conselhos, cada um dentro de suas atribuições, mas numa atuação complementar”.
Ele usou como exemplo a luta pela aprovação da Lei 13.021 e afirmou que “agora nosso desafio é começar a construir efetivamente esta nova lei. Hoje, nós temos condições de garantir isso, já que a lei veio regulamentar a área privativa de atuação dos farmacêuticos nas farmaçias, garantir que tenhamos o farmacêutico em todo o período de funcionamento dos estabelecimentos”.
As lutas da categoria em várias áreas de atuação
Altamiro também reforçou como a lei dá novas condições de se lutar pelos direitos da categoria. “Recentemente, o Sindicato da Bahia venceu duas batalhas jurídicas contra duas grandes redes por desvio de função”.
No setor público, o conselheiro lembrou a necessidade de manter e ampliar a luta para garantir a presença dos farmacêuticos nos dispensários de medicamentos nos serviços públicos. “Durante nossas fiscalizações, já nos deparamos com muitas situações irregulares, já flagramos até um zelador fazendo essa dispensação. Temos que colocar os farmacêuticos nestes espaços”, reiterou lembrando que está em tramitação no Congresso um projeto de lei que prevê a presença obrigatória dos farmacêuticos no SUS”.
Outra área importante de atuação profissional dos farmacêuticos é na análises clínicas “que mantiveram a profissão farmacêutica de pé por um longo período. Hoje nós nos reencontramos com o medicamento, mas as análises clínicas continuam sendo importantes. Contudo, estamos perdendo espaços porque não é uma área privativa, é compartilhada com outras categorias. Os profissionais que atuam nestes setor se queixam que estamos perdendo espaços para outros profissionais”, lembrou Altamiro.
Um pouco da história do movimento sindical
O Presidente da CUT-MT, José Dourado fez uma análise da evolução histórica do movimento sindical, que teve um período que em sua opinião ficou marcado “pela forte tutela do estado, afastando um pouco o sindicato de suas lutas”. Posteriormente, veio um período de luta contra a ditadura e mais recentemente o processo de redemocratização com as grandes greves e mobilizações vinculadas às lutas dos trabalhadores e da sociedade. “Deste processo surgiu a CUT, em 1983”, lembrou.
Segundo Dourado, hoje estamos vivendo uma nova fase em que se coloca novamente como ameaça a “interferência do Estado na organização sindical, neste novo quadro de ofensiva política da direita contra os direitos, de criminalização do movimento social e sindical”.
O representante da OIT José Ribeiro fez uma apresentou trazendo informações sobre as normas da Organização Internacional do Trabalho, o conceito de trabalho decente como medi-lo, além de dados sobre o perfil da profissão farmacêutica. Ele também reforçou a necesside de se resgatar a centralidade do trabalho nas ações do movimento sindical. “É preciso fortalecer a organização a ação sindical, mas olhar além do próprio umbigo. No momento o principal é combater a ‘normose’ (um padrão de comportamento) . Normose é uma normalidade doentia. toda forma de normose é alienação. É preciso acabar com isso”, afirmou.
Publicado em 07/08/2015
8º congresso resumo do 1º dia
Assista ao vídeo com um breve resumo do que aconteceu no primeiro dia do Congresso da Fenafar.
Mais do 8º Congresso
Abertura do 8º Congresso reflete representatividade da Fenafar
Diante da crise é preciso revolucionar as práticas
Congresso da Fenafar debate a relação entre educação e trabalho
Da redação
Publicado em 07/08/2015
Abertura do 8º congresso reflete representatividade da fenafar
A solenidade de abertura do 8º Congresso da Fenafar foi uma marca da representatividade e do respeito político que a entidade acumulou nestes 40 anos de existência. A atuação em defesa da categoria, a luta incessante em defesa da saúde público, que se desdobra da defesa do Sistema Único de Saúde, e a luta em defesa da soberania nacional e da democracia tornaram a Fenafar uma referência de todo o movimento farmacêutico e sindical no Brasil.
por Renata Mielli, de Cuibá
No salão lotado, com a presença de representantes de 24 estados, as entidades anfitriãs dos eventos (Federação Nacional dos Farmacêuticos, Escola Nacional dos Farmacêuticos, Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Mato Grosso e o Conselho Regional de Farmácia do Mato Grosso receberam para o ato o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Universitários regulamentados, Murilo Celso de Campos Pinheiro, Esdras Daniel dos Santos Pereira, representando a Secretaria da Gestão Participativa do ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, representando o Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Margarethe Gomes Chaves, representando o Secretário de Saúde do Estado de Mato Grosso e vice-presidente do do CONAS Centro-Oeste, Altamiro José dos Santos representando o Conselho Federal de Farmácia, José Ribeiro, consultor da Organização Internacional do Trabalho – OIT, Ademir Valério da Silva, da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Luciano Soares, representando a Associação Brasileira do Ensino Farmacêutico (ABEF), Nara Teixeira, presidente da CTB de Mato Grosso, João Luis Dourado, presidente da CUT-MT, Cristiane de Oliveira Rodrigues – Coordenadoria de Assistência Farmacêutica de Cuiabá.
Todos os presentes fizeram breves saudações destacando o papel fundamental da Fenafar para avanços obtidos recentemente pela categoria como a aprovação da Lei 13.021, a atuação decisiva para aprovação de outros projetos fundamentais para a categoria como o PLS 4135/2012, que torna obrigatória a presença do farmacêutico SUS.
O presidente do Conselho Regional de Farmácia/MT e Diretor Regional Centro-Oeste da Fenafar, Alexandre Henrique Magalhães, saudou a presença de todos os participantes “que estão discutindo conjuntura, os desafios da profissão, a defesa da saúde e da Assistência Farmacêutica, contribuindo para fortalecer as lutas da nossa categoria, para que o medicamento deixe de ser tratado como mercadoria, ele tem que ser tratado como um insumo de saúde e com o farmacêutico na frente deste processo para que no seu trabalho o ele possa cuidar bem das pessoas”. Ele destacou que “pela primeira vez aqui no Mato Grosso temos um evento com tamanha representatividade”.
Wille Calazans, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Mato Grosso, falou da importância de “estarmos reunidos aqui entre farmacêuticos” para debater e reforçar a unidade da categoria para lutar em defesa da profissão, e destacou o papel da Fenafar. “A luta pela aprovação da Lei 13.021 foi muito grande e a Fenafar esteve com todos nós. E foi através da nossa união que conseguimos e hoje podemos dizer que temos uma farmácia como estabelecimento de Saúde”.
Formulação de políticas públicas
A presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos, Silvana Nair Leite, sublinhou que a solenidade de abertura do 8º Congresso da Fenafar, do 7º Simpósio Nacional de Assistência Farmacêutica e do 5º Encontro dos Farmacêuticos no Controle Social “mostra a representatividade do nosso evento e como temos construido nossas ações coletivamente”.
Ao destacar a missão da Escola, Silvana falou da importância de se “construir essa ideia, de termos essa instituição que se preocupa com a qualificação do farmacêutico não só técnicamente, mas para contribuir com a formulação de políticas públicas”. Neste processo, os vários seminários e outras atividades desenvolvidas deram vida a este projeto, “contribuindo para a construção e avaliação de uma política fundamental para a nossa categoria, que é a Política Nacional de Assistência Farmacêutica”, e destacou a realização das oficinas de avaliação da PNAF que contou com a participação expressiva de farmacêuticos e de outros atores sociais em 2014, e agora, em 2015, a realização de 19 encontros estaduais de farmacêuticos preparatórios para a 15ª Conferência Nacional de Saúde, “onde os farmacêuticos participaram efetivamente para preparar a sua intervenção na Conferência”.
Atuação em prol da categoria
Ronald Ferreira dos Santos, presidente da Fenafar, fez a fala de encerramento da solenidade. Ao cumprimentar cada um dos membros da mesa, Ronald foi resgatando a atuação mais recente da Fenafar, no controle social, na luta contra a entrada do capital estrangeiro na saúde, no movimento Saúde + 10, a sua participação no debate da educação farmacêutica, a maior integração da Fenafar na agenda do trabalho decente, a defesa do profissional liberal.
O presidente da Fenafar também trouxe aos delegados uma informação importante para a categoria. Depois de tramitar por três legislaturas, o projeto de lei que reduz a jornada de trabalho do farmacêutico para 30 horas semanais, foi arquivado definitivamente no Senado Federal em março. “Mas hoje, no mesmo dia da abertura do nosso Congresso, tivemos uma notícia muito importante para a luta por melhores condições de trabalho para a nossa categoria e para a nossa valorização profissional. Hoje, 6 de agosto, a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) reapresentou nosso projeto no Senado, e agora ele tramita como PL 513/2015”.
Honra, verdade e coragem para defender a democracia
Refletindo um pouco do que foi o debate ao longo do primeiro dia do Congresso, o presidente da Fenafar fez uma breve reflexão sobre “a nossa responsabilidade neste momento que estamos vivendo hoje no Brasil e no mundo. A humanidade enterrou há 70 anos o projeto de uma força política que se alimenta do preconceito, da lei da força e não da força da lei”, afirmou se referindo ao fascismo de Hitler. Mas, alertou, “esse pensamento, essa ideologia, ressurge hoje de forma assustadora. Por isso, esse cuidar bem das pessoas, presente no slogan do nosso Congresso, por isso resgatar a solidariedade, a centralidade do trabalho, temas que estão no centro dos debates do nosso 8º Congresso”.
Ronald dos Santos finalizou referindo-se ao presidente boliviano, Evo Morales. “Um índio que se baseia em três valores que me inspiram – ser honrado, não mentir e não ser frouxo. Os três princípios da tribo Aimará. É disso que precisamos para enfrentar a turbulência que estamos atravessando. Não podemos fazer concessão à intolerância, ao ódio e ao preconceito. Temos que sair daqui com essa mensagem, voltar para nossos estados e ir para as ruas para enfrentar essa luta! E nosso encontro nas ruas é no próximo dia 20 de agosto!”.
Publicado em 07/08/2015
Congresso da fenafar debate a relação entre educação e trabalho
O 8º Congresso da Fenafar teve um debate específico sobre Trabalho e Educação – O trabalho como centro no processo de Formação profissional. A presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos, Silvana Nair Leite, apresentou dados que constam do Caderno de Debates do 8º Congresso sobre o tema e disse que “certamente todo esse cenário apresentado impõe grandes desafios”.
colaborou Luiz Perlato, jornalista do CRF-MT
O coordenador nacional da Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (ABEF), Paulo Arraes, foi o primeiro palestrante. Ele destacou que a atuação de um profissional está intrinsicamente relacionada com a sua formação, e que as mudanças no sentido de se melhorar a formação curricular é um desafio e, acima de tudo, um compromisso que os profissionais farmacêuticos têm com a sociedade.
“Qual o farmacêutico do Século XXI que nós queremos para atuar na saúde pública, em prol do cuidado integral à saúde do indivíduo, da família e da comunidade? As diretrizes curriculares devem promover uma melhor formação do farmacêutico. As universidades devem se abrir mais ao diálogo, e os sindicatos são importantes nesse processo”, pontuou o palestrante.
Em sua fala, ele fez um histórico da atuação do farmacêutico, mostrando a tragetória da profissão farmacêutica no Brasil, e destacou que o farmacêutico do Século XXI encontra dificuldades. “Com a reforma sanitária e a instituição do SUS, a gente percebeu um novo horizonte para o farmacêutico, com a possibilidade de uma nova identidade, mas o profissional muitas vezes não tem o preparo necessário para essas práticas profissionais, porque simplesmente ele não teve a oportunidade de aprender como fazer isso, e então a Associação Brasileira de Educação Farmacêutica e outras entidades têm promovido ações para atacar estas questões”.
Entre os pontos críticos das políticas educacionais, Paulo Arrais citou a abertura excessiva de cursos e a sua distribuição inadequada pelo país, a dificuldade de harmonização da formação e limitação das políticas integrativas. Mencionou, também, a formação essencialmente tecnicista, as dificuldades de execução de uma matriz curricular, e do currículo, a falta de interação entre a teoria e a prática, além da precarização dos recursos humanos.
A questão da metodologia de ensino, por exemplo, necessita, segundo ele, de uma reavaliação. Falta capacitação profissional para a docência e, ao mesmo tempo, existe um excessivo número de alunos por turmas, além de outros problemas.
“Se somarmos todas essas dificuldades apontadas, e levando em conta também os vários problemas brasileiros, a gente já vai pensando um pouco na condição do farmacêutico atual e sua formação. Precisamos de uma formação com qualidade. Temos que preparar o profissional farmacêutico para o desempenho das atividades voltadas para a saúde”, assinalou ele.
Segundo Arrais, também é preciso divulgar mais o papel do farmacêutico, para que a sociedade o valorize mais e, para isso, os profissionais devem buscar mais espaço na mídia.
Perspectivas
Para o diretor de Gestão da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Alexandre Medeiro, algo muito importante para o profissional farmacêutico é ter consciência das perspectivas. Em sua palestra, ele falou sobre os desafios para a saúde no Brasil e destacou que o conhecimento das perspectivas é uma forma de melhorar as condições de trabalho.
Um dos fatores relevantes, segundo ele, é o processo de envelhecimento. “A sociedade precisa se preparar para isso, e, dentro da perspectiva do farmacêutico, o profissional tem que estar preparado para trabalhar levando em consideração as mudanças no perfil etário da população”, pontuou ele.
Além disso, o palestrante mencionou os problemas quanto às doenças infecciosas e os desafios para a educação na saúde. Para um reflexo imediato, segundo ele, é preciso sobretudo melhorar as condições de trabalho do profissional farmacêutico. “Para se ter uma educação de qualidade é preciso integrar o mundo do trabalho ao mundo da educação”, recomendou Alexandre.
Transformações
Em sua fala, a pesquisadora e professora do Departamento de Saúde Coletiva e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNB Magda Scherer destacou que a primeira questão que precisa ser estudada é o trabalho. O que está mudando, que impacto as transformações tecnológicas vão ter na formação profissional, o que é preciso conhecer e quem participa do processo, bem como que formação desenvolver. Fazendo isso, segundo ela, é possível compreender o trabalho para transformá-lo.
“Como o trabalho produz a sociedade em que vivemos? O trabalho é produto da história e está em constante transformação”, observou a professora, acrescentando que os conhecimentos e as relações sociais foram construídos ao longo da história, e que os saberes acumulados e transformados em normas de vida são uma conquista da humanidade.
A palestrante também frisou que o trabalho é produto da sociedade, e que a tentativa de padronizar tudo acabou fracassando, estabelecendo um rompimento da unidade entre concepção e execução. No campo farmacêutico do Sistema Único de Saúde (SUS), em que o produto é a assistência farmacêutica, ela disse que as diferenças em relação a outras categorias são grandes.
Busca de respostas
Dilemas, crises, sofrimentos, impasses relacionados às condições e formas de gestão de trabalho. O que acontece que os trabalhadores estão adoecendo? Na avaliação da professora Magda, estudos minuciosos detectaram que há uma grande distância entre o que é prescrito e aquilo que é efetivamente realizado. No trabalho há um entrecruzamento entre normas e valores construídos no âmbito macro e micro da vida, em confronto com a experiência de vida dos indivíduos e coletivos, na relação dialética com o meio, tudo ancorado num campo histórico e social.
“Tentar aprisionar as pessoas, fazer exatamente o que está prescrito, é algo impossível e não vivível. O tempo inteiro na busca de eficácia, a gente renormaliza protocolos. A distância entre o prescrito e o real pode levar a uma redefinição de protocolos importante para o trabalhador. No caso do farmacêutico, ficar exatamente no que é prescrito é impossível, porque o profissional se anula. Quanto o trabalho nos engaja e quanto ele nos custa?”, colocou a sanitarista.
Conhecer o trabalho, segundo ela, requer conhecer os sujeitos e o contexto do trabalho. “Deve-se ouvir o outro e respeitar as diferenças, e a partir das experiências individuais e coletivas, é preciso pensar em novas alternativas.”Trabalhar é gerir o conteúdo da distância entre o prescrito e o realizado, continuamente renovados”, concluiu a sanitarista.
Durante o debate, que contou com a participação de vários farmacêuticos e estudantes presentes no Congresso, algumas preocupações foram levantadas, entre as quais como garantir maior interação entre o movimento sindical e os trabalhadores farmacêuticos com as organizações e os setores acadêmicos que estão discutindo as diretrizes curriculares para os cursos de farmácia. Também, foi bastante enfatizado a necessidade de se realçar o farmacêutico como profissional do medicamento, que atua em toda a cadeia do medicamento.
Publicado em 06/08/2015