DIGA NÃO à venda de medicamentos em Supermercados

Participe da enquete no site da Câmara dos Deputados e diga não à venda de medicamentos em supermercados!

A proposta em discussão na Câmara dos Deputados, que autoriza a venda de medicamentos em supermercados, coloca em grave risco a saúde pública ao permitir o uso de medicamentos sem a devida orientação profissional.

O Projeto de Lei nº 1774/2019 desvaloriza o papel do farmacêutico, profissional indispensável para garantir o uso seguro e eficaz dos medicamentos, sempre com responsabilidade e respeito à vida.

Para a categoria farmacêutica, propostas como essa têm motivações puramente comerciais, ignorando que medicamentos não são mercadorias comuns, mas bens essenciais à saúde que requerem orientação adequada para o seu uso.

A Fenafar e seus sindicatos filiados estão mobilizados em uma campanha para barrar esse retrocesso que ameaça a saúde pública, a assistência farmacêutica e a valorização do trabalho farmacêutico.

CNS recomenda rejeição de PL que autoriza venda de medicamentos em supermercados

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), em sua 361ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 18 e 19 de dezembro de 2024, aprovou a Recomendação nº 043, que pede ao Congresso Nacional a rejeição de qualquer proposta legislativa que permita a venda de medicamentos em supermercados. A decisão divulgada esta semana, é considerada um importante passo para a defesa da saúde pública e do uso racional de medicamentos no Brasil.

Para a Fenafar, a recomendação do CNS fortalece a luta contra o avanço de interesses comerciais sobre a saúde do povo brasileiro. “Medicamentos são produtos de saúde, e seu uso deve ser orientado por profissionais qualificados para garantir segurança e eficácia. Permitir sua venda em supermercados representa um risco imensurável à saúde pública”, afirmou o presidente da Fenafar, Fábio Basílio.

A vice segunda presidenta da Fenafar, Débora Melecchi, representante da Fenafar no CNS, considera essa decisão uma vitória importante para a saúde pública e para a segurança da população brasileira. “A recomendação do CNS é mais um passo para barrar o avanço dessa proposta perigosa, que ameaça transformar medicamentos em meros produtos de consumo, desvinculados de seu papel central na assistência à saúde”, destacou.

A entidade segue vigilante e atuante junto aos parlamentares, sindicatos e conselhos profissionais para garantir que medicamentos continuem sendo tratados como itens essenciais à saúde, sob a supervisão de farmacêuticos e dentro de ambientes apropriados, como as farmácias.

Farmácia estabelecimento de saúde. Supermercado não é farmácia.

leia a íntegra da recomendação

Reco043 - Recomenda a rejeição de qualquer proposta legislativa que disponha sobre a venda de medicamentos em supermercados (1)

Semana de quatro dias: possível, eficaz e saudável

Estudo com empresas brasileiras testou diferentes modalidades onde funcionários usufruem de três dias de folga. Mostra: além de garantir qualidade de vida, impulsiona a criatividade para pensar formas mais inteligentes de produzir.

Por Guilherme Cavalcanti, na Pública

A redução da escala 6×1 para uma eventual 4×3, já testada fora do Brasil, poderia trazer efeitos pouco discutidos quanto ao meio ambiente, além das questões sociais e de produtividade, mais discutidas. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), protocolada em 1º de maio do ano passado, propõe a redução da carga horária máxima semanal de 44 para 36 horas, possibilitando, assim, três dias de descanso por semana, o que tem efeitos na saúde do trabalhador e impactos na economia. A alteração massiva do modelo de trabalho, no entanto, também apresenta efeitos no consumo energético, no trânsito urbano e na emissão de gases do efeito estufa.

Um dos principais efeitos imediatos esperados é a queda no consumo de energia elétrica. De acordo com o líder de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) Vinícius Oliveira da Silva, o padrão de consumo hoje restrito aos dois dias de finais de semana poderia ser prolongado, reduzindo a carga no sistema elétrico observado nos dias úteis. No Japão, onde a Microsoft já testou a semana de quatro dias dando folga a 2,3 mil funcionários às sextas-feiras, a queda de consumo elétrico foi de 23%, além do aumento de produtividade registrado pela empresa, estimado em 40%.

“Vai ser menos empresas abrindo, quer dizer que são menos empresas ligando ar-condicionado, são menos empresas ligando motores elétricos para funcionarem os equipamentos das diversas indústrias, diversos serviços, diversos comércios”, estima Silva. “Certamente a redução da escala 6×1 pela 4×3 traria benefícios indiretos para o meio ambiente, pois reduziria o congestionamento de trânsito em mais dias na semana”, complementa.

Os efeitos no tráfego urbano já foram destaque no relatório “Benefits from Auckland Road Decongestion”, realizado na Nova Zelândia em 2017, que evidenciou não apenas a redução dos congestionamentos nas principais rotas de Auckland, mas a diminuição das emissões de carbono em até 30%. Esse impacto seria alcançado graças ao menor tempo de veículos parados no trânsito, o que também resultaria em uma queda significativa do consumo de combustíveis fósseis e da poluição atmosférica.

Trânsito em avenida na cidade de São Paulo com motociclistas circulando entre os carros

A redução da escala de trabalho poderia ter ainda mais impacto ambiental caso seja associada ao retorno do chamado horário de verão. “O horário de verão tem um benefício no sentido de [que] ele vai atuar exatamente nos períodos onde se exige a maior quantidade de termelétricas operando […] E ao fazer isso você precisa partir [de] menos [uso de] termelétricas, que elas são mais caras, ou seja, pesam na conta de luz das pessoas, e elas também emitem mais gás de efeito estufa e poluentes”, detalha o líder de projetos do Iema.

“Os pilotos [da escala 4×3] que estão sendo realizados de forma global mostram que, havendo um planejamento adequado e os ajustes às realidades locais, a gente tem um ganho. Tem muito potencial para explorar outros pilares de sustentabilidade, como o ambiental. Jornadas mais curtas podem reduzir o uso de recursos naturais, as emissões da pegada de carbono, promovendo mais práticas alinhadas com sustentabilidade climática”, explica Gabriela Brasil, diretora da comunidade 4 Day Week Global, organização sem fins lucrativos que realiza testes com empresas ao redor do mundo a fim de incentivar outros modelos de escala de trabalho e que já promoveu experiências no Brasil.

Escala 4×3, produtividade e criatividade: como foram os testes no Brasil
Escritório da GR Assessoria Contábil, que adapta a escala 4×3 às necessidades da equipe desde 2024

Entre janeiro e julho de 2024, 19 empresas e seus 252 colaboradores fizeram parte do piloto da “Semana de 4 dias”. No relatório final da ONG 4 Day Week, foram destacados avanços em aspectos organizacionais e individuais como uma redução de 72,8% na exaustão frequente dos trabalhadores, enquanto 49,6% relataram uma melhora significativa na qualidade do sono e 43,6% passaram a praticar atividades físicas com maior frequência. Apenas 2,5% das pessoas envolvidas no teste alegaram que não gostariam que a jornada de quatro dias de trabalho fosse mantida em suas empresas.

“A gente precisa encontrar um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal. […] Quando a gente foca em produtividade, sucesso profissional, frequentemente se ignora o descanso, se ignora o lazer, se ignora o autocuidado, que são fundamentais para essa vida sustentável”, defende Gabriela Brasil, que aponta que os testes feitos pela organização indicam um aumento de produtividade de 71,5% nas empresas que testaram o modelo 4×3.

Uma dessas empresas foi a GR Assessoria Contábil, cuja equipe de 10 pessoas teve a escala reduzida com dois grupos tendo folgas alternadas entre as segundas e sextas-feiras e inversão a cada trimestre. “Não é algo fácil de implementar e a adaptação é lenta e gradual, é preciso abandonar velhos hábitos, crenças e metodologia de trabalho, que ficou no passado, e isso vale para os dois lados”, relata a sócia Maria Marta Neves. “Criamos um método para que [a produção equivalente] às 8 horas do dia de folga sejam minimamente distribuídas nos quatro dias úteis. Assim, conseguimos manter o equilíbrio”.

A empresária destaca que a implementação tem funcionado com adaptações em momentos de alta demanda de tarefas, no qual a equipe corta o feriado semanal, como em dezembro, quando há uma demanda maior para os contabilistas. “São apenas 20 dias para atender toda a demanda: 13º, férias coletivas de clientes, além do trabalho do dia a dia. Fica impossível”, admite.

Outra brasileira que testa o formato desde janeiro foi a Rede Alimentare, de alimentação coletiva para empresas. Segundo a coordenadora de Planejamento Estratégico, Caroline Soldi, a iniciativa partiu do diretor e a medida foi implementada inicialmente no administrativo, composta por 11 colaboradores.

“Hoje já não é um ponto, assim, ‘a gente precisa fazer dar certo até quinta-feira’. Flui naturalmente. É normal. A gente trabalha de segunda a quinta, as nossas demandas estão adaptadas para essa carga horária de trabalho, e a gente dá conta de tudo”, explica Soldi, que disse verificar também aumento de produtividade e retenção dos profissionais. “A gente reduziu a zero gastos com rescisão”, garante. O modelo, no entanto, ainda não tem previsão de ser expandido para o restante da empresa “devido à maior complexidade de implementação”.

Equipe administrativa da Rede Alimentare. Todas trabalham na escala 4×3

Entre 19 as companhias envolvidas na experiência, nove decidiram manter o formato de quatro dias após o término do piloto, enquanto outras sete decidiram estender a experiência para avaliar melhor os impactos de longo prazo.

“Se é uma decisão da liderança para baixo, ela tende a não funcionar. Se é uma decisão onde os colaboradores estão envolvidos, trazendo a participação deles, como que uma tarefa pode ser otimizada, com pesquisa para entender os pontos que são realizados, avaliando necessidade, ideias, progresso, pensando em soluções, medindo o impacto… Tudo isso é importante para fazer uma mudança de jornada”, completa Brasil.

Pesquisadores que fizeram testes da escala 4×3 ao redor do mundo refutam a ideia de que a redução impactaria negativamente a economia. “Nós vimos em todos os países que reduziram a semana de trabalho, por exemplo, de 6 dias para 5, que já foi há quase 100 anos nos Estados Unidos, nunca piorou a economia. Se surpreenderam sempre, os economistas, porque a economia acabou por funcionar tão bem como antes, ou ainda melhor, com menos horas de trabalho”, afirma o economista português Pedro Gomes, professor da Universidade de Londres e autor do livro Sexta-feira é o novo sábado.

Manifestantes realizaram atos na Avenida Paulista pelo fim da escala de seis dias de trabalho e um dia de folga

Gomes também explica que a dinâmica do mercado exige “adaptação natural” em cada setor. “[A jornada] Para os jornalistas é muito diferente dos professores, das pessoas que trabalham no restaurante, nos hospitais, portanto, mesmo uma economia que funciona com um fim de semana de dois dias, é muito diferente para toda a gente […] Uma semana de quatro dias não seria o mesmo para as pessoas que trabalham no restaurante, ou nos bancos”, afirma, destacando ainda que a redução da escala de trabalho e o ganho do tempo livre não se voltam apenas a momentos de lazer, mas permitem se ter novas ideias que beneficiem o mercado, e como colocá-las em prática.

O professor de psicologia do Centro Universitário de Brasília (Ceub) Carlos Manoel Rodrigues complementa que a falta do tempo de descanso causa uma perda cognitiva que impacta na criatividade em si. “Com os períodos longos de trabalho, sem o descanso, a gente tem uma redução da capacidade da memória que vem aos 40%, a partir de 45 anos, por exemplo, porque você já tem o efeito do envelhecimento, mas também tem o efeito desse estado de alerta constante”, explica.

Além disso, Rodrigues reforça que trabalhadores que conseguem desconectar-se do ambiente de trabalho têm mais oportunidades de vivenciar experiências variadas, o que contribui para a criatividade: “A questão não é só o fato do tempo, mas a qualidade desse tempo de descanso. Por exemplo, trabalha de segunda a sexta, mas sábado, domingo, você está no celular respondendo coisas de trabalho, então, você não está descansando”. “O tempo livre não é tempo morto para a economia […] Vamos aos restaurantes, aos hotéis, à cultura, aos teatros, cinema, e portanto há muitas indústrias que [se] beneficiariam diretamente de mais tempo livre”, complementa.

Audiência pública na Câmara dos Deputados reuniu representantes trabalhistas e do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) para debater os impactos da escala 6×1
Resistência ainda é generalizada

Apesar das pesquisas já realizadas, os pesquisadores explicam que, mesmo em países nos quais os testes alcançaram alto número de empresas e colaboradores, existe uma tendência natural à mudança que vem do próprio setor da economia.

“Há a visão de que, se baixarmos [o tempo de serviço], se trabalharmos menos, a economia vai cair, o PIB vai baixar […] Depois há uma certa visão um pouco moralista, um pouco filosófica, [de] que o nosso valor vem do trabalho, temos de estar a trabalhar […] quando não estamos a trabalhar, estamos preguiçosos, não contribuímos [com a sociedade]”, explica Pedro Gomes.

Gabriela Brasil argumenta que a falta de aprofundamento no debate, que apresente dados e testes já realizados, pode criar um cenário que facilite a disseminação de mitos. Um exemplo seria como, nas últimas audiências públicas para debater a diminuição da escala 6×1, deputados críticos à PEC defendiam, sem embasamento, que, caso a PEC fosse aprovada, as empresas teriam mais gastos em contratações, cujos custos recairiam sobre os próprios trabalhadores.

“Quando os empresários e os empregadores entendem que a redução da jornada, por exemplo, pode diminuir o absenteísmo, aumentar a produtividade, melhorar a rentabilidade, atrair talentos, aí a gente começa a sair do campo das opiniões vagas e do senso comum e entra no terreno das possibilidades reais”, alerta.

FENAFAR e sindicatos filiados lançam censo geral sobre jornada de trabalho

Participe do Censo

A Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), em parceria com seus sindicatos filiados, deu início a um importante censo para mapear a jornada e as condições de trabalho da categoria farmacêutica em todo o Brasil.

Este é um convite para que você, farmacêutico(a), participe voluntariamente dessa iniciativa, que tem como objetivo principal subsidiar ações em defesa da valorização da profissão e fortalecer a luta pelo fim da escala 6×1.

Por que o censo é importante?

O levantamento busca reunir dados reais sobre a realidade enfrentada pelos farmacêuticos no país, como: jornadas exaustivas que comprometem a qualidade de vida e a saúde; impactos no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e condições de trabalho que refletem diretamente na qualidade do atendimento à população.

Sigilo e segurança dos dados

A Fenafar e os sindicatos asseguram que todos os dados coletados serão tratados com sigilo absoluto, garantindo a privacidade dos participantes e o uso exclusivo das informações para finalidades relacionadas à defesa da categoria.

Como participar?

Acesse o formulário por meio do link https://forms.gle/pcy95F78mU3qA9do6 ou entre em contato com o sindicato dos farmacêuticos do seu estado.

Sua participação é fundamental! Somente com dados concretos conseguiremos avançar na luta por uma jornada de trabalho justa e melhores condições de vida para todos os farmacêuticos(as).

Participe e faça a diferença!

Ministério da Saúde reforça oposição ao PL que autoriza venda de medicamentos em supermercados

O Ministério da Saúde manifestou publicamente sua posição contrária ao Projeto de Lei 1774/2019, que propõe a venda de medicamentos em supermercados. A proposta é considerada pelo MS um grave risco à saúde pública e compromete as diretrizes da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), especialmente o eixo estratégico XIII, que preconiza a promoção do uso racional de medicamentos.

De acordo com o Ministério, mesmo os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) podem oferecer riscos à saúde quando usados de forma inadequada. Entre os problemas apontados estão a automedicação, as interações medicamentosas, intoxicações, o agravamento de doenças não diagnosticadas e o mascaramento de sintomas importantes. Sem a orientação adequada de um profissional farmacêutico, essas situações podem dificultar o diagnóstico correto e colocar em risco a saúde do cidadão.

Outro ponto levantado pelo Ministério da Saúde é a preocupação com as condições sanitárias exigidas para o armazenamento e a dispensação de medicamentos, que não seriam adequadamente atendidas em supermercados. Medicamentos demandam controle rigoroso em todo o ciclo de produção, comercialização e uso, algo que farmácias são estruturadas para garantir.

A proposta também contradiz a Lei nº 13.021/2014, que reconhece as farmácias como estabelecimentos de saúde, responsáveis pela dispensação segura de medicamentos sob a supervisão de farmacêuticos habilitados. Permitir a venda de medicamentos em supermercados seria um retrocesso, não apenas para a assistência farmacêutica, mas também para o cuidado à saúde da população brasileira.

As informações, divulgadas pelo próprio Ministério da Saúde, reforçam o posicionamento de diversas entidades do setor, incluindo a Fenafar, que já se manifestaram contra o PL. A venda de medicamentos em supermercados seria um passo na contramão de políticas públicas que buscam ampliar o acesso seguro e responsável aos medicamentos, protegendo a população de riscos evitáveis.

O Ministério conclui reafirmando a necessidade de garantir o uso racional de medicamentos, assegurando que a comercialização e a orientação estejam alinhadas às diretrizes da PNAF, sempre com foco na saúde e na segurança da população brasileira.

Farmácia é estabelecimento de saúde, supermercado não é farmácia.

Fenafar assume novo mandato no Conselho Nacional de Saúde para o triênio 2024-2027

Nesta quinta-feira (19/12), durante a 78ª Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizada em Brasília, foram empossados os novos conselheiros e conselheiras nacionais de saúde para o mandato 2024-2027. A segunda vice-presidenta da Fenafar, Débora Melecchi, foi reconduzida como conselheira titula do CNS, representando os farmacêuticos brasileiros, e passará a ocupar a primeira suplência no novo mandato. A cerimônia contou com a participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e consolidou importantes avanços na representação social no órgão.

A Fenafar destaca a relevância da atuação junto ao CNS, em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e das políticas públicas que promovem a valorização do trabalho farmacêutico. A entidade reafirma seu compromisso político e empenho na defesa do SUS, das políticas públicas e do controle social, elementos essenciais para garantir avanços no acesso à saúde e na valorização profissional.

Eleição da nova mesa diretora do CNS

A reunião também marcou a posse da mesa diretora para o triênio 2024-2027, com Fernanda Magano eleita presidenta do CNS. Representante do segmento dos trabalhadores pela Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), Fernanda tem uma trajetória de destaque no órgão e é apenas a segunda mulher a assumir sua presidência em 87 anos de história. A primeira foi Maria do Socorro de Souza, que liderou o CNS de 2012 a 2015.

A composição do CNS segue um modelo paritário, com 50% das vagas destinadas a usuários do SUS, 25% a trabalhadores do sistema e 25% a gestores e prestadores de serviços. Os representantes do governo federal, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) são indicados por seus respectivos titulares.

Categoria mobilizada: Farmácia não é supermercado, supermercado não é farmácia

Na terça-feira (10/12), farmacêuticos de todo o Brasil, estiveram em Brasília numa intensa movimentação para barrar os projetos de lei que querem autorizar a venda de medicamentos em supermercados.

A mobilização, que contou com a participação da Fenafar e demais entidades farmacêuticas, além de lideranças sindicais, também discutiu a venda, pelas farmácias, de produtos que não são medicamentos.

Todo esse esforço da categoria já começa a apresentar resultados concretos. Durante uma reunião com a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), foi proposta a criação de uma lei para impedir que as farmácias vendam produtos não previstos na Lei nº 5991/73. A proposta busca reforçar as conquistas da Lei nº 13.021/14, que define a farmácia como estabelecimento de saúde.

Supermercado não é farmácia

A mobilização ocorre num momento em que há projetos em tramitação na Câmara e no Senado que querem liberar a venda de medicamentos em supermercados. Esses projetos, patrocinados por setores empresariais do varejo, representam uma grave ameaça à saúde pública, ao promover o uso irracional de medicamentos.

“A Fenafar é contrária à venda de medicamentos em supermercados porque medicamentos não são mercadorias comuns. Eles exigem controle, orientação e acompanhamento por profissionais farmacêuticos para garantir o uso seguro e responsável,” destacou o presidente da Fenafar, Fábio Basílio que participou da mobilização.

Farmácia não é supermercado

Além da resistência ao avanço desses projetos de lei, a Fenafar também é contra a prática, cada vez mais comum, de grandes redes farmacêuticas comercializarem produtos alheios a um estabelecimento de saúde como carnes, carvão, refrigerantes e itens de limpeza, itens que não estão em conformidade com as normas estabelecidas pela Lei nº 5991/73 e pela Lei nº 13.021/14.

“Essas práticas desvirtuam o papel das farmácias como estabelecimentos de saúde e precisam ser combatidas. Defendemos que farmácias estejam alinhadas à sua função principal: atender às necessidades de saúde da população,” reforçou Basílio.

A Fenafar reafirma sua posição de que farmácia não é supermercado, e supermercado não é farmácia.

Fenafar lança petição pública contra a venda de medicamentos em supermercados

Colegas farmacêuticas e farmacêuticos,

Mais uma vez, precisamos nos mobilizar amplamente para barrar ataques ao acesso racional e seguro aos medicamentos.

A saúde pública do nosso país está sob ameaça. Dois projetos de lei em tramitação – o PL 1774/19, na Câmara dos Deputados, e o PL 2158/23, no Senado Federal – buscam autorizar a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados. Essas propostas podem ser votadas a qualquer momento, colocando em risco a segurança e o bem-estar da população.

Esse projeto representa um grave risco para a saúde pública, ao banalizar o uso de medicamentos sem a orientação necessária, colocando vidas humanas em perigo. Além disso, desconsidera a importância do trabalho farmacêutico, essencial para atender às necessidades da população com responsabilidade e respeito à vida.

A Fenafar e seus sindicatos filiados estão mais uma vez mobilizados, em ampla ação social e política, para impedir esse retrocesso que ameaça a saúde pública, a assistência farmacêutica e a valorização do trabalho dos farmacêuticos.

Convidamos todos os colegas farmacêuticos e farmacêuticas a somarem forças nesta agenda:

Assinem a petição pública construída pela Fenafar, expressando seu repúdio a esta proposta.
– Compartilhem a petição com colegas, familiares e amigos.
– Procurem os parlamentares e reforcem a importância de votarem contra este ataque à saúde e ao trabalho farmacêutico.

Juntos, podemos barrar este retrocesso e proteger a saúde da nossa população!

Luta contra a escala 6×1: Uma centelha no mundo do trabalho

Manifestações confirmam desconforto com o desperdício da vida em empregos mal pagos, exaustivos e enfadonhos. Como a campanha pode ampliar-se e ser resposta ao capitalismo do século XXI. Por que contra-argumentos são insustentáveis.

Na última semana a bandeira pelo fim da jornada de trabalho 6×1 retornou à agenda pública brasileira. A pauta, que tomou muito setores da esquerda de surpresa, tem atraído milhares de trabalhadores e trabalhadoras que veem suas vidas sufocadas pela jornada extenuante e por condições de trabalho cada vez mais precárias. Não são poucos os relatos nas redes sociais de sobrecarga e assédio no âmbito de trabalho e só a petição pública feita pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) já conta com mais de 2 milhões de assinaturas.

A forte adesão à proposta de acabar a jornada 6×1 e reduzir a jornada é um grito de socorro contra a subordinação do tempo da vida somente ao trabalho, com escalas que desorganizam a vida, com baixos rendimentos e ausência de oportunidades de trabalho. O grito é tão forte que sensibiliza grande parte da sociedade, especialmente, a juventude que busca ter horizontes mais promissores para a sua vida. A vida não é só trabalho. Pelo contrário, o trabalho precisa proporcionar as condições para as pessoas viverem ela em todas as suas dimensões. Mesmo quem trabalha na jornada “padrão” 5×2 está cansado o suficiente para saber que deve ser desumano trabalhar seis dias e folgar um, que nem sempre coincide com o domingo. O fim de semana de dois dias é curto e passa rápido – mal se descansou e o final de domingo se apresenta angustiante com o retorno ao trabalho na manhã seguinte. Na 6×1 não há fim de semana, há um respiro breve entre outros seis dias de trabalho.

As pessoas querem viver além do trabalho

A onda de protestos na sociedade contra a jornada 6×1 expressa um descontentamento mais amplo das pessoas com o mundo do trabalho. O sentimento é que se trabalha muito, se recebe insatisfatoriamente e resta pouco tempo para o descanso, o ócio, o lazer, a sociabilidade com a família e os amigos, o estudo, o cuidado com a saúde física e mental, a vida sexual e outras tantas dimensões que compõem o ser humano para além do trabalho. Ecoa-se o grito desesperado de quem percebe que sua vida está toda em função do trabalho e da reprodução social, ao passo que as coisas que importam são postas em segundo plano. Não há dúvida que o trabalho é um eixo estruturante da vida social. O problema não é trabalhar, mas somente trabalhar e entrar em uma dinâmica de luta pela sobrevivência que não lhe permite viver. Vale lembrar que a média salarial no Brasil, ainda que tenha tido um crescimento anual de 4% entre 2023 e 24, é de R$ 3.222,00, segundo dados da PNAD (abril, 2024), e que 53 milhões de brasileiros necessitam uma ocupação ou uma ocupação melhor, somando desocupados, desalentados, pessoas sem condições de trabalhar mas que gostariam, trabalhadores sem carteira assinada ou que estão em busca de estratégias de sobrevivência. Ainda, possuir um trabalho formal não é garantia de que se tenha um trabalho não precário.

A juventude tem encontrado um mundo do trabalho que lhe parece insuportável, para o qual está levantando sua voz e dizendo: isso não é vida. Ainda que a atenção no último período tenha se dado aos chamados “jovens sem-sem” (sem estudo e sem trabalho), o que corresponde a 25% dos jovens brasileiros, há hoje 70% de jovens inseridos no mercado de trabalho. Não à toa o movimento VAT é encabeçado por jovens, a exemplo do seu principal expoente Rick Azevedo. A promessa de que a educação lhes salvaria tem resultado em frustração para muitos, apesar de ter níveis de escolaridade superiores aos de seus pais não tem garantido uma vida melhor. Aproximadamente 15% dos jovens que se formaram no ensino superior conseguem emprego na sua área de formação (NUBE, 2020). Há ainda uma grande frustração com o que se encontra no mercado de trabalho, que não somente é incapaz de proporcionar recompensas financeiras satisfatórias como oferece ocupações em que as pessoas não se realizam.

Nesse sentido, mais que uma crítica pontual ao regime de jornada trabalho seis por um, há uma manifestação social latente sobre as relações com o trabalho e as condições em que se trabalha. O nível de adoecimento psíquico decorrente do trabalho é alarmante e atinge toda a classe trabalhadora. Só em 2022, segundo o INSS, mais de 209 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais em nosso país. Reproduz-se uma sociedade adoentada, com jornadas exaustivas, assédios de diferentes natureza, pressões por resultados crescentes, insegurança financeira e a convivência com o medo permanente de perder o emprego. Para a OIT (2022), houve um aumento significativo no número de pessoas com algum problema de saúde mental, com um total de 13% de pessoas em 2019 em nível mundial e, estima-se, que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos devido a esse tipo de problema, custando ao redor de um trilhão de dólares à economia. Há uma relação direta entre jornadas extenuantes e adoecimento físico e mental do trabalhador.

Quanto à juventude, segundo o Dossiê da Fiocruz de 2024, Panorama da situação de saúde de jovens brasileiros, entre 2016 e 2022 , identificou-se que a taxa de acidente de trabalho foi maior entre os jovens em comparação com as demais faixas etárias – 219,78 casos para jovens de 20 a 24 anos, 209,44 no caso de jovens de 25 a 29 anos, ambos calculados por 100.000 habitantes -, indicando uma maior exposição dos jovens ao acidente de trabalho, tendo como causa primeira as circunstâncias relativas às condições de trabalho. Os grupos profissionais mais notificados entre os jovens foram os trabalhadores da produção de bens e serviços industriais e os inseridos nas atividades de serviço, vendedores do comércio em lojas e mercados. Além disso, na última Conferência da Juventude em 2023, o tema da saúde mental foi o mais lembrado, recebendo 41% das propostas para resolução do problema. Não à toa, já que 8 a cada 10 jovens entre 15 e 29 anos apresentaram algum transtorno de saúde mental em 2022. Para a Fiocruz, o número de notificações de jovens com transtorno mental relativo ao trabalho é maior entre os jovens de 25 a 29 anos com prevalência do sexo feminino. As principais causas são estresse pós-traumático, transtornos de adaptação, transtorno misto ansioso e depressivo e ansiedade generalizada. Em síntese, é um quadro assustador para o futuro do país.

A jornada 6×1 é apenas parte do problema. Não obstante, seu enfrentamento tem o potencial de mobilizar pautas historicamente centrais das lutas dos movimentos dos trabalhadores. Revogar a jornada 6×1 parece um passo importante na direção da redução da jornada de trabalho em geral – nunca é demais lembrar que as 44 horas por semana (acrescidas das horas extras) foram instituídas há 36 anos na Constituição Federal de 1988 e que o Brasil está bastante defasado frente experiências bem-sucedidas de implementação de jornadas laborais abaixo das 40 horas semanais em diversos países, tais como as experiências recentes de instituição de jornadas de quatro dias na Islândia, na Alemanha, na França, na Inglaterra, na Bélgica, nos Emirados Árabes, entre outros1.

Vale também lembrar que uma parte significativa dos trabalhadores brasileiros não tem acesso aos direitos do trabalho, muitas vezes trabalhando numa escala 7×0, isto é, sete dias de trabalho sem descanso, a exemplo de muitos trabalhadores informais, por conta própria e de empresas de plataformas digitais – atualmente cerca de 40% dos trabalhadores estão na informalidade, traço histórico da formação do nosso mercado de trabalho. Com um excedente estrutural de força de trabalho que se manteve durante o processo de industrialização e da expansão do assalariamento, o nosso passado escravocrata legou à população negra, especialmente às mulheres, os trabalhos mais precários, com os piores salários e as piores condições laborais. Em um mercado de trabalho heterogêneo e marcado pela desigualdade, a informalidade e a precariedade não são específicas de um ou outro momento, mas marcas estruturais que se acentuaram no período neoliberal.

O falacioso argumento econômico

Os principais argumentos daqueles que se posicionam contrariamente ao fim da jornada na escala 6×1 são de natureza econômica – o que por si só é um fato interessante, pois no campo da sociabilidade, da autonomia humana e da saúde física e mental não há margem para dúvida: a escala 6×1 é péssima. A síntese do argumento econômico é que eliminar a possibilidade de escala 6×1 teria por efeito a redução de empregos e o aumento de custos para os negócios e, portanto, aumento de preços para os consumidores e prejuízo para as empresas. Os defensores da manutenção atual fazem “terrorismo” ao dizer que a simples aprovação da proposta seria ruim para o conjunto da economia, com perda de competitividade (e falência) das empresas, gerando aumento do desemprego.

Trata-se de um argumento recorrente, utilizado em outros momentos históricos para alarmar a sociedade que a introdução de um direito ou proteção social quebraria a economia e o país – foi assim quando da implementação do 13º salário ou do salário mínimo. Para exemplificar, se o governo brasileiro tivesse ouvido os economistas hegemônicos (neoclássicos), a grande mídia e os setores empresariais, não teria instituído a política de valorização do salário mínimo em 2004 em diante. Os argumentos hegemônicos apontavam que a elevação do salário mínimo geraria inflação, desemprego, informalidade e um imenso déficit nas contas públicas. Todos sabemos que os resultados não foram os previstos, pelo contrário, é incontestável que o salário mínimo teve efeitos muito positivos sobre a economia e uma melhora do bem estar de muita gente.

O fato é que o custo do trabalho é baixo no Brasil e não representa uma ameaça à competitividade das empresas. Entre 2012 e 2019, o custo unitário do trabalho na indústria teve tendência de queda. Em 2019 a queda foi de 3,6%, sendo o terceiro país com maior redução, atrás apenas da Argentina e França. Segundo a Confederação das Indústrias (2020), o principal fator para a queda do custo do trabalho foi o aumento da produtividade, cujo crescimento médio foi de 2,9%, somado à queda do salário real em 1,3%.

Na comparação do salário mínimo no plano internacional, segundo levantamento da OCDE em 2021, considerando seus países integrantes mais Brasil e Rússia, o valor da hora trabalhada foi de US$5,2 para o Brasil, deixando o país na 30° posição, a frente somente do México, cujo valor/hora trabalho é de US$ 3,3. Em primeiro lugar com o melhor valor/hora trabalho está Luxemburgo com US$27,7, seguido de Holanda com US$26,2 e Austrália com US$25,2.

Por outro lado, o Brasil possui uma das mais altas jornadas anuais do mundo. Segundo levantamento da OCDE (2022), o Brasil ocupa a 4° posição de 46 países considerados, com uma média anual de 1936 horas trabalhadas. Em primeiro lugar está o México com 2128 horas, seguido de Costa Rica com 2073 horas e, em terceiro lugar, Colômbia com 1964 horas anuais. Recorde-se que, durante o discurso de posse da presidenta do México, Claudia Scheinbaum, em outubro de 2024, a nova mandatária apontou como promessa do governo a redução da jornada de trabalho de 48 horas semanais para 40 horas. Já os países com a menor média anual são Alemanha em primeiro lugar com 1349 horas anuais, seguido de Dinamarca com 1363 horas e Luxemburgo com 1382 horas.

O importante é enfatizar que a redução da jornada de trabalho é uma demanda elementar dos trabalhadores no capitalismo, uma vez que os ganhos de produtividade decorrentes dos avanços tecnológicos, de processos e de gestão permitem se produzir cada vez mais com menos trabalho. Reduzir a jornada de trabalho com preservação dos salários é uma forma de distribuir esses ganhos de produtividade construídos pela coletividade.

O fim da escala 6×1 e a adequação dos negócios à nova realidade

A benéfica extinção da jornada 6×1 produziria efeitos modestos e diferenciados entre as empresas, conforme o setor de atividade, a estrutura de mercado e o porte do negócio. Em todo caso, as empresas se adequariam à nova realidade e essa excrescência que pesa sobre os ombros de milhões de trabalhadores deixaria de ser prevista na lei.

Para a economia como um todo, nada mudaria significativamente. Embora a alteração dos custos das empresas e o repasse para os preços dependam de muitos fatores, qualquer impacto seria pontual – once and for all, isto é, caso ocorra um aumento de preços em determinados bens e serviço, esse aumento não se repetirá, pois no momento seguinte a legislação será a mesma e, portanto, os custos também.

A elevação dos custos somente ocorreria simultaneamente ao aumento do nível de emprego, na medida em que os negócios que utilizam a escala 6×1 decidam contratar novos trabalhadores para suprir a ausência de força de trabalho ocasionada pela transição para outras escalas, como a 5×2 ou até mesmo a 4×3. Vale notar que, se isso acontecer, haveria um duplo benefício social: menos trabalhadores em jornadas degradantes e o aumento dos postos de trabalho. Portanto, o aumento de custos, por um lado, poderia produzir efeitos compensatórios na economia como um todo em virtude do aumento da massa salarial – mais gente trabalhando e proporcionando maior dinamismo econômico.

Como indicado, o repasse de custos para os preços depende de muitos fatores e pode variar significativamente de acordo com o segmento de atividade, a concorrência e a estrutura de mercado. Em mercados muito competitivos, como bares e restaurantes em grandes centros urbanos, o movimento dos preços deverá acompanhar a dinâmica de acomodação das novas escalas de trabalho. Certamente uma parte dos estabelecimentos buscará absorver a mudança legal sem novas contratações de trabalhadores, sem que os custos sejam impactados nesse caso. E, outra parte, que considera lucrativo manter o mesmo padrão de funcionamento do estabelecimento, poderá ampliar as vagas, incorrendo em algum aumento de custos, mas que se justificaria pelo volume de vendas – caso contrário não haveria contratação adicional. Ao mesmo tempo, com mais tempo livre para as pessoas, as atividades de lazer e cultura podem aumentar, o que traria mais clientes. Por outro lado, em mercados dominados por redes de grandes empresas, como os supermercados e farmácias, os novos custos associados à eliminação da jornada 6×1 podem ser absorvidos por esses negócios, de modo a produzir diferentes combinações entre redução marginal da taxa de lucro e aumento marginal nos preços dos bens e serviços vendidos.

Esses seriam os efeitos econômicos mais gerais que poderiam ser esperados com o fim da jornada na escala 6×1. Mas a realidade pode variar entre indústria, comércio e serviço; entre pequena, média e grande empresa. A esse respeito, faremos alguns apontamentos, destacando que a mudança é benéfica em todos os sentidos para os trabalhadores e trabalhadoras, e em nada impactaria negativamente a vida social – ao contrário. Assim como pode ser benéfica para economia, com menor nível de absenteísmo, adoecimentos, ganhos de produtividade, com trabalhadores satisfeitos e descansados, maior nível de atividade, pois pode ampliar o consumo.

Falta examinar agora quais seriam as consequências reais para os empregadores. E, muito mais importante, como seria possível construir, a partir da luta protagonizada pelo movimento VAT, uma agenda contemporânea e abrangente para recuperação geral dos direitos do Trabalho. É o que veremos num próximo texto.

1 Como mostra Dal Rosso et al. no livro O futuro é a redução da jornada de trabalho (2022, p. 26): “[…] algumas experiências começam a chamar atenção, tais como na Finlândia (que está experimentando uma jornada de quatro dias por semana e há uma proposta da atual primeira-ministra de instituir no país uma jornada de seis horas diárias); experimentos, ainda que localizados, de redução da jornada de trabalho estão em curso na Bélgica, na Escócia, na Islândia, na Espanha, no Japão, nos Emirados Árabes, entre outros. Na Coréia do Sul, ainda que a jornada permaneça longa, houve uma redução de 6,3 horas por mês a partir de 2019. Na mesma perspectiva, a agenda da redução da jornada de trabalho ganhou visibilidade com a posição do IG Metal da Alemanha a favor da Jornada de Trabalho de 32 horas; o movimento “4dayworkweek” que iniciou na Nova Zelândia e rapidamente teve adesão de empresas nos EUA, Grã-Bretanha, Irlanda e logo depois em muitos outros países, inclusive no Brasil; na Grã- Bretanha, em 2019, o líder do Partido Trabalhista se posicionou favorável a semana de quatro dias sem perdas de salários e, como último destaque, em outubro de 2020, o Comitê Executivo da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) sugeriu uma agenda coordenada de negociações para a redução da semana de trabalho sem redução dos salários e medidas para o controle do tempo de trabalho, qualidade de vida no trabalho e garantia de renda em caso de doença”..

Fonte: Outras Palavras
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Nota da Fenafar: Defesa da Prescrição Farmacêutica e do Direito à Saúde

A Fenafar, que representa 21 sindicatos da categoria no Brasil, manifesta seu profundo descontentamento com a decisão judicial que declarou a inconstitucionalidade da Resolução nº 586/2013, do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Essa medida proíbe farmacêuticos(as) de exercerem a prescrição de medicamentos isentos de prescrição médica, um retrocesso que prejudica a saúde pública e limita o acesso da população ao cuidado de saúde qualificado.

A prescrição farmacêutica, regulamentada pelo CFF, é uma prática embasada em critérios técnicos, éticos e científicos, alinhada às necessidades de saúde dos pacientes e às políticas de saúde do país, como os protocolos clínicos do SUS.

A decisão prejudica diretamente milhares de profissionais que já atuam com a prescrição de fitoterápicos e medicamentos isentos de prescrição, atendendo a população em situações específicas, como controle de obesidade, diabetes e hipertensão.

A restrição compromete o acesso da população a esse cuidado de saúde acessível e qualificado, gerando significativo desemprego entre os profissionais farmacêuticos, o que impacta negativamente o setor de saúde e a economia do país.

Ao retirar do farmacêutico(a) a autonomia de prescrever medicamentos isentos de prescrição médica, a decisão reforça barreiras que distanciam a população do cuidado primário e essencial, sobrecarregando outros níveis do sistema de saúde.

Além disso, essa decisão reflete um corporativismo ultrapassado, restringindo práticas que são reconhecidas mundialmente e que ampliam o acesso da população a cuidados de saúde.

Repudiamos veementemente as ações do Conselho Federal de Medicina, que se aproveita do cenário para disseminar desinformação e discursos depreciativos contra os farmacêuticos(as).

Essa postura enfraquece a colaboração necessária entre os profissionais de saúde para fortalecer o sistema de saúde e desvaloriza o papel de uma categoria que diariamente trabalha em prol do bem-estar da população.

A Fenafar entende ser fundamental que a Justiça reveja essa decisão, reconhecendo a importância da atuação clínica do farmacêutico. Nos colocamos ao lado do CFF no recurso dessa sentença e em defesa da saúde pública e da valorização do trabalho farmacêutico.

Fenafar