Simpósio discute Ciência, Tecnologia, Assistência Farmacêutica e Vigilância em Saúde

O 9º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica, será realizado nos dias 15 e 16 de setembro de 2022, no auditório do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fiocruz, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

O evento é uma das etapas do projeto INTEGRA que vem realizando desde 2021 diversas atividades de formação de lideranças, seminários online e encontros intersetoriais nas cinco regiões brasileiras. O 9º Simpósio é também, evento prévio para a 17ª Conferência Nacional de Saúde que será realizada de 2 a 5 de julho de 2023.

As atividades do INTEGRA são promovidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), pela Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENFar) com apoio da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar).

O objetivo do projeto é promover estratégias para a integração de políticas e práticas da Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde no âmbito da gestão participativa e dos movimentos sociais.

O 9º Simpósio reunirá lideranças de diversos setores da sociedade, em particular, de institutos de pesquisa, universidades, da gestão pública, setor produtivo e controle social da saúde. É dirigidos a convidados e terá transmissão ao vivo pelo youtube da Escola Nacional dos Farmacêuticos

A proposta do evento é aprofundar o debate sobre o panorama das políticas de saúde e do desenvolvimento tecnológico buscando construir, coletivamente, uma proposta de agenda de ações e metas intersetoriais para a próxima década.

As atividades de debates e construção de metas e propostas de ações para Ciência, Tecnologia, Assistência Farmacêutica e Vigilância em Saúde resultarão em documento norteador para as próximas fases do projeto, que serão realizadas pelas instituições parceiras: audiências públicas, publicação de diretrizes, estabelecimento de planos de governo e planos de saúde nos próximos anos. 

A programação completa do evento está abaixo:

Dia 15/09/2022

09h00 às 10h00: Mesa de abertura com autoridades
10h00 às 12h00: Painel – Panorama atual das Políticas de Assistência Farmacêutica, de Vigilância em Saúde e de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde 

13h30 às 14h00: Apresentação da metodologia dos grupos de trabalho

14h00 às 17h00: Grupos de Trabalho
GT 1 – Desabastecimento de medicamentos e soberania sanitária
GT 2 – Propriedade intelectual e acesso a tecnologias
GT 3 – Doenças emergentes e reemergentes (equidade)
GT 4 – Comunicação/informação em saúde
GT 5 – Serviços Farmacêuticos baseados em necessidades sociais
GT 6 – Pesquisa baseada em necessidades sociais
GT 7 – Formação para a integração das políticas
GT 8 – Dados, tecnologias de informação e intervenção na saúde
GT 9 – Tecnologias do suporte diagnóstico em saúde 

Dia 16/09/2022

09h00 às 10h30: Apresentação dos grupos de trabalho
10h30 às 12h00: Mesa de debate 2 – Da meta à ação: como integrar as políticas?
13h30 às 16h00: Mesa de debate 3 – Construção de uma agenda para a integração das políticas pelo fortalecimento do SUS em um projeto nacional de desenvolvimento na próxima década.
16h00 às 17h00: Leitura e aprovação da Carta do Rio.

Josemar Sehnem – Redação ENFar

Mobilize-se contra o PL 2.271/22 que permite técnico em farmácia como RT

Não permita que se reduza os avanços conquistados com a da Lei 13.021/14

Está em tramitação na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei propondo mudanças na Lei nº 13.021/2014 e equiparando o técnico em farmácia ao profissional farmacêutico, para efeitos de inscrição nos conselhos regionais de farmácia e para assumir a responsabilidade técnica das farmácias.

A medida tem validade para os técnicos que tiveram o direito garantido por sentença judicial transitada em julgado antes da vigência da Lei 13021/2014, que disciplina as atividades farmacêuticas e é alterada pela proposta.

A Fenafar se coloca frontalmente contra o PL nº 2.271/22, de autoria do Deputado Federal Giovani Cherini (PL-RS) por entender que ele representa um ataque à profissão e um retrocesso ao banalizar a assistência farmacêutica, favorecer a empurroterapia e facilitar o uso irracional de medicamentos.

O Técnico de Farmácia, só pode atuar sob supervisão do profissional farmacêutico, auxiliando-o nas tarefas de apoio e logística nas Farmácias. Não cabe ao técnico as atribuições de assistência e atenção Farmacêutica.

O presidente da Fenafar, Fábio Basílio, criticou a proposta que chamou de um completo absurdo. Ele garante que os farmacêuticos lutarão até o fim para evitar que a ideia avance e seja aprovada na Comissão de Seguridade Social e família

Mobilize-se contra essa iniciativa.

No site da Câmara dos Deputados há uma enquete para saber a opinião sobre a medida. Participe da campanha para evitar a aprovação do PL 2.271/2 votando contra https://forms.camara.leg.br/ex/enquetes/2333985

CNS defende celeridade na resposta contra avanços da Monkeypox no Brasil

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) cobrou celeridade na resposta contra os avanços da MonkeyPox no Brasil. Definição de protocolos de atendimento, descentralização da capacidade de diagnósticos, vacinação, campanha de mídia educativa e acessível, além da necessidade de que o Brasil faça a declaração de emergência, estiveram entre os principais apontamentos apresentados ao secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, durante a 333ª Reunião Ordinária do CNS, realizada na quarta (17/08).

O Brasil é o quarto país do mundo com o maior número de casos confirmados da doença. São 2.893 registros até o dia 14 de agosto, sendo um óbito, de acordo com dados do Ministério da Saúde. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Distrito Federal estão entre os estados com mais incidência da doença.

Vacinação ainda insuficiente

Segundo Medeiros, até o momento o Brasil adquiriu via Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 50 mil doses da vacina. Os conselheiros destacaram que esse número é insuficiente, porque não cobre sequer 1% da população brasileira.

“Isso nem acolhe nossos trabalhadores da saúde, que estão na ponta e precisam estar protegidos para atender e salvar vidas”, declarou Débora Melecchi, conselheira nacional de saúde e coordenadora da Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (Cictaf) do CNS.

Ela ainda lembrou que o fato de haver apenas um produtor da vacina no mundo, localizado na Dinamarca, tem provocado grandes desigualdades e um processo de mercantilização extremamente elevado, já que os EUA já abarcam a maior parte da compra das vacinas.

Plano de emergência, com protocolos claros

Em sua apresentação “Monkeypox: o que estamos esperando para agir?”, Vivian Gonçalves, representante da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, defendeu a necessidade de se pensar um plano de formação para emergências em saúde perene e longitudinal, caso contrário todas as vezes o país tende a passar pelas mesmas dificuldades para enfrentar a situação.

“Isso tem que estar dentro do nosso sistema de saúde, mas também do nosso sistema educacional, de uma maneira que possamos capacitar os profissionais de saúde para lidar com situações semelhantes à esta, mas de forma longitudinal e não só sob demanda. É preciso uma mudança de pensamento no país”, completou.

Além da capacitação de profissionais da saúde, Vivian Gonçalves destacou os esforços necessários para lidar com os avanços da doença como a definição de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas na rede de atenção à saúde; implementação de um sistema de informação unificado para registro dos casos confirmados; estabelecimento de dispositivos de acompanhamento das evidências científicas e campanha de conscientização junto à população.

Campanhas de comunicação e combate aos estigmas

O CNS também defendeu a urgência na promoção, por parte do Governo Federal, de divulgação de campanhas de comunicação junto à população informando sobre os riscos à saúde e medidas preventivas à doença, com informações claras para combater estigmas, como o de que só homossexuais contraem a doença, já e não há nenhuma relação nesse sentido. A transmissão da doença ocorre no contato pele a pele e qualquer pessoa pode se contaminar com a doença independentemente de gênero ou orientação sexual.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o perfil dos 2.893 casos confirmados no Brasil indica que 64% são homens, 75,6% não informam orientação sexual, 18,5% se declaram homossexuais e 50,7% informam que mantêm relações sexuais com homens.

Marta de Almeida, conselheira nacional de saúde pela Comissão de Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde (ANEPS), ressaltou que é preciso haver equidade e tratamento humanizado, campanhas de qualidade para que cheguem à população e combatam fakenews e o preconceito. “É necessário a atenção básica, vigilância à saúde e a escuta qualificada. O acesso à informação é importante para combater preconceitos e desinformação”, completou.

Notificação sobre pessoas com deficiência

Atendendo à reivindicação do CNS, o secretário de Vigilância em Saúde, se comprometeu em incluir no formulário de notificação da Monkeypox a pergunta sobre se a pessoa tem deficiência e qual tipo. Beto Pereira, presidente dos Cegos do Brasil e membro do CNS, ressaltou que como as pessoas com deficiência usam o toque para se comunicar e serem assistidas, justamente uma das formas de contágio da Monkeypox, seria de extrema relevância conhecermos a estatística desta população.

“Trocamos mais contato de pele com outras pessoas, até porque somos guiados por outras pessoas, ao receber um cuidado, e seria fundamental ter esta radiografia. Na Covid-19 isso não aconteceu. Uma falha no processo”, salientou. Beto Pereira reiterou ainda que toda campanha de conscientização tem de contemplar com áudio descrição, libras, legendas, os 23,9% de brasileiros com algum tipo de deficiência.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, enfatizou a relevância do papel do CNS em dialogar, subsidiar, contribuir e cobrar ações efetivas de combate à doença e defendeu que o tema Monkeypox se torne um debate permanente no CNS. Ele conclamou que sejam atendidas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e colocou o Conselho à disposição para participar do Centro de Operações de Emergências (COE), instalado pelo Governo Federal.

Pigatto, reforçou as vozes dos conselheiros para que os erros cometidos com a pandemia da Covid-19 sejam evitados. “Devemos aprender com erros cometidos para que não se repitam e possamos preservar vidas”.

Assista ao primeiro dia da 333ª Reunião Ordinária do CNS

Ascom CNS

Comsefaz, CNS, Conass e Conasems buscam garantir recursos para a saúde e educação

Nesta quinta-feira (18), os presidentes do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, CNS (Conselho Nacional de Saúde), Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde) se reuniram com o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), momento em que entregaram um ofício no intuito de sensibilizar o parlamentar para a derrubada do veto ao artigo 14 do PLP 18/2022, atual Lei Complementar 194/2022, para manutenção dos recursos da saúde e educação.

Por determinação constitucional, Estados e Municípios destinam 25% das suas receitas tributárias na educação. Já no caso da saúde, estados aplicam, no mínimo, 12% e os municípios 15% das suas receitas tributárias. Só em 2022, considerando o efeito da LC entre agosto e dezembro, R$ 18 bilhões deixarão de ser destinados à saúde e educação.

O cenário é ainda mais grave quando se considera os efeitos da pandemia, que ocasionou a ampliação da estrutura do sistema de saúde devido a necessidade de criação de novos leitos, hospitais e a contratação de recursos humanos, por exemplo. Essas melhorias tão primordiais para a população brasileira são arcadas por Estados e Municípios e a abrupta queda de arrecadação ameaça a manutenção destes serviços.

Para evitar drástico agravo à manutenção dos serviços públicos essenciais à população, o Congresso Nacional garantiu, no artigo 14, que a União deve compensar os entes subnacionais para garantir que os mínimos constitucionais da saúde e da educação, bem como do Fundeb, tivessem as mesmas disponibilidades financeiras existente antes da legislação entrar em vigor. Contudo, ao sancionar a lei, o Presidente da República indeferiu o artigo.

O presidente Rodrigo Pacheco, sempre disposto a contribuir com o fortalecimento do pacto federativo, mostrou-se sensibilizado com a necessidade de viabilizar a medida, como declarado pelo presidente do Comsefaz, Décio Padilha, após a reunião: “Ele foi muito sensível na questão dos vetos aos custos de saúde e educação. Se não for derrubado fica uma situação de déficit e de perda dos serviços”.

Ainda no encontro, foram pontuados outros importantes assuntos, com a necessidade de uma fonte de financiamento para a implementação do Piso de enfermagem (Emenda Constitucional 124/2022), recém aprovado pelo Senado Federal. As entidades demostraram a enorme preocupação com o assunto, pois a rede de saúde não possui recursos para assumir o compromisso salarial tão merecido pela classe. Desta forma, sugeriram a criação de uma Comissão para buscar possíveis alternativas.

“Nós propusemos ao presidente do Senado que se estabeleça uma Mesa Nacional que capaz de conduzir uma solução rápida ao custeio dos fundos estaduais e municipais da saúde no que diz respeito ao impacto do Piso de Enfermagem, que já é uma realidade” – Nésio Fernandes, presidente do Conass.

As entidades também propuseram a aprovação de autorização legislativa para utilizar recursos disponíveis nos caixas das secretarias dos Estados e dos Municípios, frutos do orçamento de guerra e do repasse para o combate à Covid, permitindo o seu remanejamento e aplicação até 31 de dezembro de 2023.

“Temos mais de 2 bilhões referentes aos recursos do orçamento de guerra que ainda não foram utilizados e que pela lei teríamos de devolver até o final do ano. Nosso pedido é que haja um projeto de lei que garanta que esses recursos não sejam devolvidos.” – Fernando Pigatto, presidente do CNS.

Texto: Assessoria Parlamentar e de Comunicação do CNS, Conass, Conasems e Comsefaz

Foto: Paula de Melo

Participe das eleições da ENFar no dia 16 de agosto

A Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENFar) realiza no próximo dia 16 de agosto de 2022, das 10h às 17h a eleição para a escolha da nova coordenação da entidade.

Serão escolhidos os membros da coordenação colegiada do conselho fiscal e seus respectivos suplentes para um mandato de três anos.

As eleições ocorrem em Assembleia Geral Ordinária, de forma presencial, e pela internet por meio de voto direto, utilizando-se da rede mundial de computadores, observados os quesitos da inviolabilidade, do sigilo e da adoção de mecanismos de segurança.

Os votos dos eleitores devidamente cadastrados serão registrados eletronicamente em sítio de votação específico conforme previsão do Regimento Eleitoral.

Os associados poderão participar do processo de qualquer computador ou aparelho eletrônico, utilizando-se de código de votação criptografado enviado por e-mail e por SMS

Os eleitores terão acesso ao sistema mediante a combinação do CPF (chave pública) com o código (chave privada). Estas combinações serão a garantia de segurança do voto.

O código de votação é criptografado e armazenado em banco de dados, assim que enviado aos associados eleitores.

Atenção: só será possível votar no dia 16 de agosto de 2022 das 10h às 17h.

O Ato Convocatório aos associados foi publicado em 30 de junho e está disponível aqui. (link)

Para esta eleição, houve a inscrição de apenas uma chapa que foi homologada pela Comissão Eleitoral conforme determina o Estatuto e Regimento Eleitoral vigente.

A chapa foi inscrita como “CHAPA 1” e é composta pelas seguintes farmacêuticas e farmacêuticos:

COORDENAÇÃO COLEGIADA:
Coordenadora Geral: Silvana Nair Leite Contezini – SC
Coordenadora Adjunto: Maria Helena Braga – MG
Coordenadora Operacional: Celia Machado Gervasio Chaves – RS
Coordenadora de Finanças: Maria Maruza Carlesso – ES
Coordenadora de Comunicação: Priscila Vautier – SP
Coordenadora de Projetos: Fernanda Manzini – SC
Coordenador de Eventos: Clóvis de Santana Reis – BA
Coordenador Técnico: Diego Gnatta – RS.
SUPLENTES:
1º Suplente: Francisca Sueli Monte – PE
2º Suplente: Luciana de Melo Lopes – MG,
TITULARES DO CONSELHO FISCAL:
Marselle Nobre de Carvalho – PR
Maria Fâni Dolabela – PA
Samara Jamile Mendes – SP
SUPLENTES DO CONSELHO FISCAL:
Allan Kardec de Lima – PR
Mercia Pandolfo Provin – GO

Josemar Sehnem – Enfar

Plenária final da Fenafar aprova “Carta de Salvador” e elege nova diretoria

Eleger Lula é um passo imprescindível para a defesa do SUS, da saúde pública e do trabalho farmacêutico.

A Plenária final o 10º Congresso da Fenafar no sábado (06/08) reuniu os delegados e delegadas, aprovou por unanimidade a Carta de Salvador e deu posse a nova diretoria eleita para dirigir a entidade no próximo triênio 2022/2025 e que tem como presidente o farmacêutico Fábio Basílio, do estado de Goiás.

Dirigida aos farmacêuticos e farmacêuticas e ao povo brasileiro, a Carta de Salvador manifesta as diretrizes de gestão que estão em consonância com o que a categoria espera para o Projeto Social de Desenvolvimento e Soberania Nacional.

Na Carta de Salvador – transcrita abaixo – os farmacêuticos e farmacêuticas também apresentam a sua posição sobre a atual situação do país:

“Dizemos NÃO aos retrocessos autoritários. Renunciamos ao ódio, à intolerância e ao conservadorismo moral. Apoiamos as instituições democráticas, temos confiança no sistema de votação eletrônica, e respeitamos os resultados das eleições”.

A categoria se posiciona claramente sobre as eleições de outubro, sobre a defesa do SUS, sobre as questões da categoria e da profissão, sobre a democracia, sobre a justiça social e sobre a vida dos brasileiros e brasileiras:

“No contexto que se aproxima, eleger Lula é um passo imprescindível para a defesa do SUS, da saúde pública e do trabalho farmacêutico. Também precisamos eleger mulheres e homens para o Congresso Nacional e para a Assembleias Legislativas, que sejam comprometidos com a democracia, com a soberania nacional, com a ciência e tecnologia em saúde e a assistência farmacêutica como direito humano, com a segurança e soberania alimentar, com a vida, com o trabalho decente e com um país para todos e todas. Que combatam o racismo, a intolerância religiosa, o patriarcado, a LGBTQIAP+fobia, o capacitismo, a aporofobia, a violência aos povos indígenas e todas as formas de violência e aniquilação do/a outro/a; e à desinformação (fake news).”

Ronald Ferreira dos Santos, que deixa a presidência após dois mandatos a frente Federação que representa todos os farmacêuticos e farmacêuticas do Brasil recebeu uma placa em homenagem com a frase de Bertolt Brecht.

“Há homens que lutam um dia, e são bons;
há homens que lutam por um ano, e são melhores;
há homens que lutam por vários anos, e são muito bons;
há outros que lutam durante toda a vida, esses são imprescindíveis.“

Abaixo a Carta de Salvador e a nova diretoria eleita:

CARTA DE SALVADOR

Os participantes do 10º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar – Dra. Maria de Lourdes Gomes de Castro Soares, ocorrido nos dias 03 a 06 de agosto de 2022, na cidade de Salvador, vêm a público lançar a CARTA DE SALVADOR. Esta carta expressa as discussões ocorridas durante o congresso cujo temário foi “O Trabalho Farmacêutico e a Ciência em Favor da Vida no Brasil do Século XXI”.

 Como trabalhadores reafirmamos nosso compromisso de luta pela paz. Somos contrários a todas as guerras e conflitos, sejam de ordem econômica, social, política e religiosa. Acreditamos na democracia, respeitamos a autodeterminação dos povos, e que todos e todas têm o direito a viver em paz e resolver os seus conflitos internos com diálogo, sem violência e sem interferência.

Desde o golpe de 2016, vivenciamos ataques ao Estado Democrático de Direito, tão duramente conquistado pela sociedade brasileira em 1988.

 No Brasil, muito além da crise sanitária social, agravada pela pandemia da Covid-19, vivemos em um país com profundas desigualdades sociais, carente em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública e principalmente devido a condução fascista do governo federal frente à pandemia e o caráter lesa-pátria das classes dominantes, que nos trouxeram à barbárie.

 Chegamos à trágica marca de 680 mil vidas perdidas pela COVID-19; praticamente todos os estados com as UTIs e leitos no limite da capacidade; o desabastecimento de insumos, medicamentos e demais tecnologias, que tende a agravar ainda mais o cenário. As trabalhadoras e os trabalhadores da saúde vivenciam exaustão emocional e física, muitos estão submetidos a contratos de trabalho precários e ainda enfrentam em diversos casos escassez e a baixa qualidade de equipamentos de proteção individual (EPIs).

O projeto de nação soberano, passa pela participação e escuta popular nos centros de decisão, com a implementação de políticas públicas, que alcancem toda a população, sem distinção de gênero, raça, religião ou nível social.

O Sistema Único de Saúde – SUS traz em si o conceito ampliado de saúde, entendendo-a como direito e não uma mercadoria. Que agrega o cuidado integral e que pressupõe um projeto de nação democrático. Modelo de desenvolvimento social e político, e pode ser o propulsor de uma política econômica soberana, se consolidada pelo Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS).

 Consideramos fundamentais: a produção nacional de medicamentos preferencialmente com os laboratórios oficiais; e investimentos públicos como as parcerias para o desenvolvimento produtivo que atendam a integralidade e demandas do SUS, contribuindo para o fortalecimento da estratégia de saúde da família com a participação da profissão farmacêutica nos serviços públicos e ou privados conforme expresso na Lei 13021/2014, que define a Farmácia como estabelecimento de saúde.

As Políticas Públicas de Ciência e Tecnologia e Inovação em Saúde, Assistência Farmacêutica, Medicamentos e Vigilância em Saúde, são norteadoras do trabalho farmacêutico. Representam, também, uma oportunidade concreta de valorizar o trabalho farmacêutico, envolvido em todos os fluxos e etapas de execução das políticas, e em todos os ciclos de vida das pessoas. Mas é preciso ainda ampliar esse escopo e agregar uma política pública que norteie os serviços de diagnósticos e análises, sendo estes de interesse público e demandados pelo SUS.

 Defendemos a revogação da Emenda Constitucional nº 95 (EC-95), com a garantia do aumento do orçamento público, possibilitando o acesso a serviços públicos essenciais de qualidade.

 A profissão farmacêutica, mais uma vez, tem lado: o lado do povo brasileiro. E neste processo os sindicatos são os instrumentos fundamentais para responder às mudanças e para enfrentar os desrespeitos e as flexibilizações dos direitos trabalhistas. Para isso, são necessárias inovações, estratégias de luta, de mobilização e de financiamento das organizações sindicais.

Dizemos um basta, às jornadas extenuantes, às situações de precarização do trabalho, e aos salários que não correspondem à nossa formação profissional. Nossas forças estão concentradas na defesa de uma remuneração justa e adequada às funções profissionais, para o qual o nosso trabalho nos exige. Conquistar uma justa reparação salarial bem como uma jornada de trabalho de 30 horas, adequada às nossas responsabilidades frente à saúde da população, seja no setor público e ou privado, serão nossas bandeiras de luta. 

Chegamos em 2022, ano eleitoral, de oportunidade, de mudanças, e um brilho ilumina a esperança, e temos fé em um futuro melhor, onde a reconstrução do país é urgente. Orientados por Paulo Freire, nossas divergências nos unem e estamos lado a lado para enfrentarmos os nossos antagônicos, em defesa da ordem democrática, com respeito ao pacto constitucional de 1988. Neste sentido, defender programas de geração de empregos e distribuição de renda para vencer a pobreza com justiça social, sustentabilidade, liberdade e democracia significa valorizar o trabalho das farmacêuticas e dos farmacêuticos.

 Dizemos NÃO aos retrocessos autoritários. Renunciamos ao ódio, à intolerância e ao conservadorismo moral. Apoiamos as instituições democráticas, temos confiança no sistema de votação eletrônica, e respeitamos os resultados das eleições.

No contexto que se aproxima, eleger Lula é um passo imprescindível para a defesa do SUS, da saúde pública e do trabalho farmacêutico. Também precisamos eleger mulheres e homens para o Congresso Nacional e para a Assembleias Legislativas, que sejam comprometidos com a democracia, com a soberania nacional, com a ciência e tecnologia em saúde e a assistência farmacêutica como direito humano, com a segurança e soberania alimentar, com a vida, com o trabalho decente e com um país para todos e todas. Que combatam o racismo, a intolerância religiosa, o patriarcado, a LGBTQIAP+fobia, o capacitismo, a aporofobia, a violência aos povos indígenas e todas as formas de violência e aniquilação do/a outro/a; e à desinformação (fake news)

Dirigida aos farmacêuticos e farmacêuticas e ao povo brasileiro, esta CARTA manifesta suas diretrizes de gestão para o triênio 2022/2025, que estão em consonância com o que esperamos para o Projeto Social de Desenvolvimento e Soberania Nacional:

  1. Derrotar o projeto fascista e o grupo político que ocupa atualmente os espaços de poder da República, através do envolvimento das entidades farmacêuticas em um novo projeto nacional de desenvolvimento socialmente referenciado com a eleição de candidatos que melhor defendam esse projeto;
  2. Defender a ciência e a autonomia universitária garantindo o incentivo às pesquisas e extensão nas universidades, custeando equipamentos e estudos para que a pesquisa volte a crescer, com o fortalecimento das políticas de assistência estudantil com o objetivo de ampliação do número de profissionais farmacêuticos no SUS, além de melhores condições de trabalho
  3. Incentivar e fortalecer as estruturas de assistência farmacêutica nos estados e municípios; possibilitando o acesso às informações confiáveis sobre o trabalho farmacêutico, a ciência, as tecnologias e inovações em saúde;
  4. Lutar por legislações que ampliem e garantam a presença do profissional farmacêutico em locais estratégicos para o desenvolvimento da ciência, tecnologia, inovação em saúde e assistência farmacêutica; 
  5. Lutar contra a mercantilização do medicamento, estes devem ser considerados bens públicos, de interesse social, utilizados com racionalidade, e apropriados às condições clínicas dos pacientes;   
  6. Qualificar o processo de negociação, com mesas permanentes junto ao setor patronal, identificando e valorizando empresas que melhor cumpram as legislações, acordos e convenções, em conjunto com sindicatos de outras categorias; 
  7. Lutar pela realização de concursos públicos para inserção de farmacêuticos com vínculos estatutários no SUS, valorizando as residências multiprofissionais, com pisos, jornadas e carreira que valorizem os trabalhadores;
  8. Desenvolver novas estratégias de participação, com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a categoria em torno das pautas sindicais; 
  9. Criar, implementar e monitorar a aplicação de mecanismos para diminuição e extinção dos diversos tipos de assédio e discriminação (gênero, orientação sexual, estética, deficiência, local de origem, político e ideológico, dentre outros) como forma de promover a igualdade de oportunidade e tratamento dos empregos no âmbito de atuação da categoria e sociedade civil;
  10.  Fortalecer a frente parlamentar mista em defesa da assistência farmacêutica a fim de garantir a aplicação e regulamentação da lei 13021/14 e de todas as demais pautas afins; 
  11.  Defender a saúde como propulsora da reconstrução econômica nacional; 
  12.  Fomentar o debate sobre a revisão da lei de patentes; 
  13.  Reafirmar a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) como política norteadora de políticas setoriais; 
  14. Garantir o fortalecimento do sistema de informação da assistência farmacêutica e vigilância em saúde; 
  15. Lutar contra a mercantilização da educação farmacêutica, incluindo o emprego da modalidade EaD, de forma a prevenir a deterioração da qualidade da formação; 
  16. Lutar pela revisão dos critérios para abertura e do sistema de avaliação dos cursos de graduação em Farmácia, envolvendo o controle social do SUS, entidades estudantis e as entidades profissionais, de forma a assegurar que a formação reflita as necessidades sociais e fortaleça a identidade profissional;
  17. Lutar pela inserção do controle social, entidades estudantis e profissionais, em especial os sindicatos, na discussão da formação em nível graduação e de pós-graduação (Stricto sensu e residências); 
  18. Atuar no aprimoramento das políticas públicas para melhorar as condições da formação dos farmacêuticos (ex. fomento de bolsas; saúde mental discente; carga horária discente);
  19. Lutar pela efetivação da formação cultural dos farmacêuticos (ex: a atenção à saúde das pessoas trans ou outras políticas afirmativas) e da formação política dos farmacêuticos (ex: para compreensão do papel e importância dos sindicatos), com o propósito de fortalecer a luta da categoria e valorizar o trabalho e os trabalhadores farmacêuticos;
  20. Articular o desenvolvimento das políticas públicas de educação e da saúde, no sentido de valorização da profissão farmacêutica, promovendo a integração entre a formação e as políticas públicas de saúde, incluindo o desenvolvimento da assistência farmacêutica, dos serviços farmacêuticos, complexo industrial da saúde, a pesquisa e desenvolvimento, as análises clínicas, para desenvolvimento da política farmacêutica em nosso país, e fortalecimento do SUS e da soberania nacional

DIREORIA DA FENAFAR – 2022/2025.

Presidente – Fábio José Basílio (GO)
Primeiro Vice-Presidente – André Nunes Cavalcante (CE)
Segundo Vice-Presidente – Debora Raymundo Melecchi (RS)
Secretário Geral – Maria Maruza Carlesso (ES)
Primeiro Secretário – Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Falcão e Sá (SE)
Tesoureiro – Célia Machado Gervásio Chaves (RS)
Primeiro Tesoureiro – Alexandre Correia dos Santos (AL)
Diretor de Comunicação – Sergio Luís Gomes da Silva (PB)
Diretor de Formação Sindical – Júnia Dark Vieira Lelis Ligório (MG)
Diretora de Rel. Institucionais – Renata Tereza Gonçalves Pereira (SP)
Primeira Dir. de Relações Institucionais – Isabela de Oliveira Sobrinho (AC)
Diretor de Rel. Internacionais – Ronald Ferreira dos Santos (SC)
Primeira Diretora de Rel. Internacionais – Gilda Almeida de Souza (SP)
Diretor de Org. Sindical – Rilke Novato Públio (MG)
Primeiro Dir. de Organização Sindical – Otávio Eutíquio Vasconcellos P. da Silva (AP)
Diretoria da Mulher – Maria Soraya Pinheiro de Amorim (BA)
Diretoria de Educação – Silvana Nair Leite Contezini (SC)
Dir. de Assuntos Jurídicos – Clovis de Santana Reis (BA)
Primeiro Dir. de Assuntos Jurídicos – Allan Kardec de Lima (PR)
Dir.de Saúde e Segurança do Trabalho – Carlos Augusto Barboza Toledo (MA)
Dir. de Relações Trabalhistas – Ulisses Nogueira de Aguiar (PI)
Dir. de Juventude e Direitos Humanos – Daniela Santos Oliveira (SE)
Diretor Regional Norte – Lituânia Mustafá Paes de Almeida (AM)
Diretor Regional Nordeste -Holdack Velloso (PE)
Diretor Reg. Centro-Oeste – Wille Marcio Nascimento Calazans (MT)
Diretor Regional Sudeste – Catarine Cavalcanti (RJ)
Diretor Regional Sul – Fábio Augusto do Carmo (PR)
Primeiro suplente – Leonardo Légora de Abreu (RJ)
Segundo Suplente – Deick Rodrigues Quaresma (PA)
Terceiro Suplente – Francisco Ielano Vasconcelos Mesquita (CE)
Quarto Suplente – Iohanna Emanuelle Martins (DF)
Quinto Suplente – Ricardo Jorge Bouez Ribeiro (RO)
Sexto Suplente – Renan de Figueiredo Ferraz (PE)
Sétimo Suplente – Caetano Caloni Camargo (AC)
Conselho Fiscal Efetivo – Maria Cristina Ramirez (GO)
Conselho Fiscal Efetivo – Josias Pina (MT)
Conselho Fiscal Efetivo –  Eline Cristina Souto Maior Baracho (AL)
Suplente do Conselho Fiscal – Rosilane Reis Rocha (RR)
Suplente do Conselho Fiscal –  Josenildo Segundo Chaves de Araújo (PB)
Suplente do Conselho Fiscal – Maria do Socorro Cordeiro Ferreira (PI)

O processo de educação e pesquisa sempre provoca mudanças


A Educação Farmacêutica em Favor da Vida foi o tema da quarta mesa do 10º Congresso da Fenafar. Os palestrantes convidados são Silvana Nair Leite – Coordenadora da ENFar e Diretora de Educação da Fenafar, Ester Dalla Costa do Departamento de Saúde Coletiva, do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL e Beatriz de Oliveira Azevedo da Executiva Nacional dos Estudantes de Farmácia. A mediação foi feita pelo Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado da Bahia. Magno Teixeira.

Iniciando sua fala, a Coordenadora da ENFar, Silvana Nair Leite informou sobre a realização de uma pesquisa realizado em 2020 no período inicial da Pandemia de Covid-10. O objetivo naquele momento foi incentivar os participantes a refletir sobre os assuntos que estavam sendo pesquisados. Os dados do “Diagnóstico da Educação farmacêutica em tempo de Covid-19 no Brasil” foram sendo publicados no site da ENFar ao longo do ano de 2020.

Segundo Silvana, os processos de pesquisa não são úteis apenas pelos seus resultados, eles são indutores de mudança, pois provocam a avaliação dos itens que estão sendo questionado gerando ações dos participantes“. O processo de pesquisa sempre provoca uma mudança”

Neste momento a pesquisa está em fase avaliação, buscando identificar qual era a situação antes da pandemia e o que aconteceu de lá prá cá, avaliando a educação farmacêutica dentro do contexto no qual está inserida.

De acordo com a Coordenador da ENfar, tudo que for dito sobre educação farmacêutica no Brasil deve levar em consideração que existem atualmente em todo o pais mais de 800 cursos de farmácia. São cursos isolados, funcionado em instituições de pequeno porte e que não possuem sustentabilidade financeira.

“Estamos aqui discutindo ciência farmacêutica em favor da vida e eu pergunto, que tipo de formação científica nós podemos oferecer para estes estudantes, nessas condições. A qualidade dos cursos é muito questionável”.

Silvana lembra que é do Estado brasileiro, a autoridade para dizer qual instituição tem a capacidade de formar profissionais. E o Estado falha nessa obrigação de garanti par a sociedade que o profissional realmente tenha as qualificações necessárias.

O que caracteriza uma profissão é a capacidade diferenciada, clara e concreta de um determinado profissional em relação as demais pessoas. “Se acessando o google, é possível obter as mesmas informações que se obtém sem precisar de diplomar em farmácia perde-se a características de uma profissão regulamentada”, disse.

“O risco que temos hoje é deixarmos de ter uma profissão regulamentada”

A diretora da Fenafar lembra que “uma conquista, nas duas últimas décadas, na questão da educação farmacêutica, e que é resultado da forte atuação nas nossas instituições e entidades é a necessidade da formação experiencial, a formação em realidade.

É na experiência prática que se aprende “A questão da empatia, da responsabilidade com as pessoas”. A experiências em locais onde se desenvolvem as atividades profissionais é uma característica da formação no Brasil e essa característica é resultado da atuação das nossas entidades”.

Necessidade urgente do Complexo Econômico-Industrial da Saúde

O segundo dia 10 º Congresso Nacional da Fenafar iniciou com o debate em torno do Política Nacional de Assistência farmacêutica. A palestra contou com a participação da Diretora da Fenafar e Coordenadora da Comissão Intesetorial de Ciência,Tecnologia e Assistência Farmacêutica do Conselho Nacional de Saúde (CICTAF/CNS) Debora Melecchi, do Assessor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde – (Conass), Heber Dobis Bernarde e do Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Sergipe e Diretor da Fenafar, Dalmare Anderson de Sá. O debate foi mediado pela Diretora Regional Norte da Fenafar e Conselheira Federal de Farmácia pelo Acre, Isabela Sobrinho.

Debora Melecchi, iniciou a sua explanação apresentando um histórico sobre a implantação da Política Nacional da Assistência Farmacêutica (PNAF) a partir, e considerando o atual cenário que é desolador, de desrespeito de perda de direito e de desabastecimento de medicamentos. “Uma situação que é nova, mas que é de caos pelo elenco enorme de medicamentos que não estão sendo disponibilizada para quem precisa”.

A Diretora da Fenafar alertou que esse cenário de tantos desrespeitos às conquistas dos farmacêuticos e farmacêuticas e da sociedade brasileira, requer a ampliação das forças sociais e políticas para ultrapassa-lo em busca do que é realmente necessário.

Na sequência da sua explanação, Débora destacou uma reunião do CNS de 2004, em que foram apresentados o PNAF e o Programa Farmácia Popular. Na ata desta reunião é possível identificada a participação do então Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Norberto Rech, que havia acabado de deixado a presidência da Fenafar e da então presidenta da Federação, Maria Eugenia Cury.

No documento é apresentada toda a trajetória do debate e da construção do PNAF, que foi aprovado pelo CNS naquela data pelo pleno do CNS. “Agora, parece rápido, foi lá, apresentou e foi aprovado. No entanto, isso exigiu anos de um amplo debato em torno do que se entendia por assistência farmacêutica e medicamento, do qual a Fenafar teve protagonismo fundamental.

Em seguida a coordenador da CITAF/CNS apresentou uma linha do tempo que se inicia em 1971 com a criação da Central de Medicamentos (CEME), passando por diversos momento, com destaque para a apresentação pela Fenafar ao presidente da Constituinte de 88, Deputado Ulisses Guimarães, de um documento com o entendimento dos farmacêuticas sobre a uma política de medicamentos.

A linha do tempo destaca ainda a promulgação da Constituição Federal de 1988 com a definição da Saúde como Direito, e a realização do 1º Encontro de Assistência Farmacêutica, chegando em 1990 com a criação do SUS e a realização da 10º Conferência Nacional de Saúde em 1996.

“Naquele momento de amplo debate a então presidenta da Fenafar, Gilda Almeida, participa da 10ª Conferência Nacional de Saúde, compondo uma mesa para apresentar o conceito de medicamente e de uma política ampla e articulada”.

Débora relata que no relatório final aa 10ª Conferência Nacional de saúde foram convocadas a 1º Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica e medicamentos e a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, num processo amplo de debates com protagonismo da Federação Nacional dos farmacêuticos e que resultou na elaboração e publicação de uma proposta de Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

Em 1997 o segundo congresso da Fenafar, reafirmou o processo anterior de construção e debates demonstrando de forma assertiva e correta que foi esse debate que possibilitou reunir todas as concepções fundamentais para a elaboração da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

A linha do tempo apresentado pela conselheira do CNS segue com a publicação da Política Nacional de Medicamentos em 1998, a Lei dos Genéricos e a Criação da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária em 1999, até chegar em 2000 com o início da Formação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.

“Foi um processo crescente, que partiu de uma situação ruim em que não se atendia as necessidades das pessoas e que se concretiza com amplitude e unidade as diretrizes fundamentais e que agora estão em risco no nosso país”.

Debora destaca o conceito defendido pela Fenfar de que medicamento é um direito humano e para que esse direito seja garantido, é preciso resgatar a previsão da PNAF de ser uma política Inter setorial e norteadora de políticas setoriais, como a vigilância em saúde e a ciência e tecnologia.

“Políticas que precisam estar integradas para termos respostas mais positivas e que através do projeto integra, que está sendo executado através da ENFar em parceria com a Fiocruz o CNS e OPAS, tem movimentado a partir de uma metodologia inclusiva, constituirmos essa compreensão da pratica da integração dessas políticas e resposta ao que necessitamos”.

Débora apresentou ainda um outro conceito fundamental que o Brasil precisa e que está contido na PNAF. O conceito do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que articule o setor industrial, o setor de diagnostico, o comercio varejista e atacadista para atender as demandas da atenção básica e especializada e hospitalar, proporcionando economia e desenvolvimento com repercussão do PIB brasileiro de 10% e força de trabalho especializada abrindo campo de emprego para os profissionais da saúde em especial aos farmacêuticos.

“Nós farmacêuticos temos um papel muito importante neste processo de construção participando de todas as etapas de toda a construção do Complexo Econômico-Industrial da Saúde”, destacou.

Iniciando sua palestra, o representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Heber Dobis Bernarde apresentou o funcionamento da estrutura do conselho que reúne os secretários de Estado da Saúde e de suas câmaras técnicas que reúnem os assessores indicados pelos estados e da qual ele faz parte e coordena.

Em seguida Heber destacou o conjunto de situações que envolve a Assistência Farmacêutica que vai desde a pesquisa, produção, registro, acesso, dispensação e monitoramento da efetividade.

“Por mais que a gente entenda que a Assistência Farmacêutica são todas essas ações atuando em conjunto, nós estamos preocupados em por o produto na prateleira, e nem isso não estamos conseguindo fazer de maneira efetiva”. Apontou.

O assessor do Conass, destacou também uma situação recente que envolve a falta dos chamado Kit Intubação usado durante a pandemia para manter os pacientes sedados e realizar o procedimento de intubação. “Sem dúvida, nos meus 20 anos de atuação, este foi o período em que eu mais sofri”.

Para encerrar sua explanação Heber refletiu sobre a parceria entre o Conass e a Fenafar. Segundo ela há um espaço bem grande e pouco explorado que é criar um fórum de interlocução semelhante aos que já existem. “Há espaço para ampliar a pauta.”

Assista a palestra completa no youtube da Fenafar. https://www.youtube.com/watch?v=BXGdd-mkLLM

Josemar Sehnem – Redação Fenafar

A organização sindical só tem razão de existir em função de representar o trabalhador

O trabalho em favor da vida foi o tema da segunda mesa do 10º Congresso da Fenafar que apresentou aos participantes, questões importantes sobre o trabalho dos profissionais farmacêuticos. Mediada pelo vice-presidente da Fenafar, Fábio Basílio, a mesa teve como palestrantes o Presidente da Fenafar, ex-presidente do CNS, Ronald Ferreira dos Santos, o Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco, Holdack Velôso e a Diretora Administrativa e Financeira da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde – SBRAFH, Maely Peçanha Fávero Retto

Primeira a falar, Maely Peçanha da Sbrafh, que também é Conselheira do Conselho Nacional de Saúde falou sobre a sua experiência como farmacêutica hospitalar durante a pandemia. Ela trabalha no hospital Miguel Couto que foi referência no tratamento de Covid-19 durante a pandemia.

Ela relata que trabalha no Sistema Único de Saúde há 20 anos e que “é muito difícil ser farmacêutico no serviço público pois a gente trabalha muito e não tem plano de cargos e salários e apesar de ter mestrado e doutorado eu não ganho nada a mais por isso”

Maely relata que o ambiente hospital é muito complexo, sendo, portanto, muito difícil trabalhar dentro de um hospital, e que durante a pandemia essa complexidade e dificuldade ganharam em proporção.

“Primeiro por que a gente não sabia o que era o vírus, tinha medo de trabalhar sem informações, não tínhamos máscara, não havia máscara e com o passar do tempo começaram a faltar medicamentos”

A falta de informações e a falta de profissionais também angustiava os trabalhadores da linha de frente. “A gente ia trabalhar sem saber o que nos esperava, todo dia uma realidade diferente, muita gente se afastou e as equipes foram ficando cada vez mais reduzidas”.

E a morte. Lidar com a morte deixou marcas profundas principalmente por que não se sabia como ajudar. “Muitos de nós adoeceram, e quem ficava tinha que dar conta de tudo, não tinha opção.

Houve ainda a questão salarial. “Os residentes receberam 600 reais de auxílio para trabalhar durante a pandemia e nós, farmacêuticos, não recebíamos nem insalubridade, assim como não recebemos até hoje”.

Maely, relata ainda que em parceria com demais entidades do setor a Sbrafh participou da elaboração de diversos protocolos e documentos orientando sobre o manejo de medicamentos aos profissionais buscando instrumentaliza-los para atuação frente a pandemia. Todo o conteúdo produzido foi encaminhado ao Ministério da Saúde esperando que uma atitude mais enfática fosse tomada, mas infelizmente isso não aconteceu.

O mundo do trabalho

Ao iniciar a sua fala, o presidente da Fenafar, Ronald dos Santos destacou que o trabalho não está apenas no tema do 10º Congresso da Fenafar, para além disso, o trabalho é o próprio sujeito deste congresso e tem sido a razão da existência da Federação Nacional dos Farmacêuticos.

“A organização sindical só tem razão de existir em função de representar o interesse do trabalhador, fora isso, tem várias outras: as igrejas, os partidos políticos, os times de futebol. A razão da existência da nossa organização é o trabalho”.

Ronald destacou que ao fazer esse debate, precisamos olhar para o mundo real, que é a relação do capital com o trabalho e como ela se desenvolve. Segundo ele “há uma crise, que se arrasta, ela é anterior a pandemia e que se agudiza a cada dia”. Nessa situação, quando há crescimento econômico, o lucro é concentrado nas grandes empresas, e o salário vai perdendo o valor.

O presidente da Fenafar apresentou uma série de dados com as consequências das reformas estruturais que interferiram no mundo do trabalho: Redução de jornada com redução de salários, retirada de direitos, flexibilização, contratos intermitentes contrato por uma hora, “e o que é pior: diminuição do número de contratos com salários maiores e aumento dos contratos que pagam entre ½ e 1 salário mínimo”.

“Eu digo sempre que é preciso ter lado e o nosso lado é o do trabalho”. Nessa direção, a Fenafar tem sido protagonista de uma série de agendas princípios e bandeiras que tem sido apresentada e debatida ao longo de todos os 10 congressos que é a importância da unidade dos trabalhadores, da classe trabalhadora.

Não é ilegítimo, apesar de tentarem apresentar com algo feio, lutar pelos direitos dos trabalhadores. O papel dos sindicatos é defender o direito dos trabalhadores, é legitimo, está na constituição.

Ronald destacou que é preciso organizar a estrutura sindical para dar resposta a todas estas questões.

“Para se ter uma ideia, eu tenho ditos em alguns lugares, que orçamentos da Fenafar, não é 10 vezes menos do que o orçamento do Conselho Federal de Farmácia, não é 100 vezes menos, não é mil vezes menor, o orçamento da Fenafar é 1.300 vezes menos que o orçamento do CFF.”

A Fenafar não é nada sem os sindicatos, nós sequer existimos sem os sindicatos, portanto estruturá-los material e politicamente é fundamental, concluiu.

Relato de experiência

No seu relato, o Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco, Holdack Velôso revelou que se formou em farmácia depois de já ter completado 50 anos de idade. Disse que ao trabalhar em uma farmácia comunitária percebeu a importância da profissão.

Relatou as diversas experiências a frente do Sindicato, negociando com os setores, industrial de transporte importação e hospitalar, distribuição, clinicas e laboratórios, farmácias do comércio e de manipulação. Segundo ele de 2015 até hoje, em apenas três momentos foi aplicado um índice de reajuste acima da inflação. “E o lucro fica na mão de quem, dos trabalhadores é que não é”.

Haldock relatou ainda um caso curioso: “em todo esse tempo de negociações, eu nunca vi a cara do presidente do sindicato dos hospitais, ele nunca sentou na mesa de negociações, eles são muito importantes”, Ironizou.

No caso dos hospitais, houve redução do piso, “virou contra-piso”. Mesmo os farmacêuticos que possuem pós-graduação não recebem nenhum percentual maior. “O lucro vai para o bolso dos patrões”. “Como trabalhador a gente trem que lutar eternamente, é injusto não podermos reivindicar se quer a reposição da inflação”.

Josemar Sehnem – Redação Fenafar

Vencer o negacionismo para acabar com o desfinanciamento e superar a crise

Com o objetivo de discutir a situação da saúde no Brasil neste momento, a primeira mesa do 10º Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) reuniu para debate o Assessor Técnico da Vice-presidência da Fiocruz, Jorge Costa e a Diretora da Fenafar, Célia Chaves, mediados pela Coordenadora Geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENFar), Silvana Nair Leite.

Iniciando sua explanação Célia Chaves lembrou que em 2009, há exatos 13 anos, foi realizado também na Bahia o 6º Congresso da Fenafar, e que os temas discutidos eram basicamente os mesmos. “Infelizmente, pois aquelas pautas ainda não foram vencidas, mas por outro lado mostra que a nossa luta em defesa da saúde no Brasil não é de agora, ela vem de muito tempo”.

Segundo ela, nós não temos como falar sobre saúde no Brasil sem falar da Pandemia da Convid-19. “Estamos vivendo uma crise sanitária, mas também humanitária, econômica, social, ambiental e política”, disse.

Para Célia, o enfrentamento dessa situação se dá pelo exercício pleno da cidadania e das liberdades democráticas, “sem isso não vamos vencer essa crise”.

“No entanto está difícil exercermos plenamente a nossa cidadania num país onde a violência e o fascismo afloraram da forma como aconteceu no Brasil. Como cidadãos precisamos retomar a nossa cidadania para conseguir vencer tudo isso”.

De acordo com a diretora da Fenafar “para falar da saúde no Brasil, é preciso também falar sobre financiamento, ou no caso brasileiro o desfinanciamento”.

Ela alerta que, “embora alguns insistam em dizer que o problema do SUS é de gestão e que sendo sanada essa questão tudo estará resolvido, eu não sou adepta desse pensamento¨.

“A questão dos SUS só vai ser resolvida, realmente, quando for resolvida a questão do financiamento”, destacou.

Celia lembra que “mesmo antes da pandemia de covid-19, nós já tínhamos recursos escassos para dar conta do tamanho que é o SUS e dar conta do preceito constitucional de que saúde é direito de todos e dever do estado¨.

“Mesmo antes da pandemia já tínhamos a tal da EC da Morte (EC 95) que congelou o piso da saúde e reduziu os recursos para a área em 22 bilhões de reais, segundo dados do próprio Ministério da Saúde.

“Não há como dizer que não está caracterizado um desfinanciamento do Sistema Único de Saúde.

Celia Chaves fez ainda um resgate histórico de todas as lutas dos farmacêuticos e farmacêuticas pelo financiamento do SUS. Lembrou das variadas campanhas entre elas a “Primavera da Saúde”, e o “Saúde mais 10” e todas as demais lutas contra os ataques que a saúde e o SUS sofreram nas últimas décadas. “Nós estamos lutando há muito tempo, estamos tentando, ainda não conseguimos, mas não vamos desistir”

Interromper o negacionismo, este ano.

Jorge Costa, Assessor Técnico da Vice-presidência da Fiocruz, iniciou a sua fala contando um pouco da história e também todas as atividades desenvolvidas pela instituição. Em seguida apresentou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre a evolução demográficos da população brasileira agrupados de 10 em 10 anos iniciando em 2012 e fazendo uma projeção até 2042.

Segundo ele, há um avanço positivo no aumento da expectativa de vida da população. Isso claramente é consequência do investimento e da melhoria da oferta de medicamentos e da atenção à saúde, mas também apresenta um dado preocupante, essa população na medida em que envelhece vai exigir uma demanda maior de serviços medicamentos e diagnósticos.

Jorge Costa alerta que diante dos crescentes cortes de recurso para a saúde, a tendência é que as projeções do IBGE não se concretizem, exatamente pelo subfinacimento e não sustentabilidade do SUS e da falta de oferta de insumos necessários para a população.

“Essa é uma luta que nós temos na Fiocruz e que encontra eco na Fenafar no Conselho Federal de Farmácia (CFF) e outros fóruns que discutem a saúde pública de forma séria focada no bem-estar da nossa população”, disse.

“Quando falamos em negacionismo, observado de forma lamentável nos últimos três anos no Brasil, é lamentável e triste também ver profissionais de saúde vocalizando esse negacionismo. Enquanto essa turma é negacionista em relação a ciência e a importância da saúde para a vida, assistimos os países mais desenvolvidos investindo fortemente na pesquisa”.

O assessor técnico da Fiocruz, ressalta que o mundo busca solução para diversas doenças. “No caso do câncer países desenvolvidos estão trabalhando fortemente na busca de alvos terapêuticos para a cura do Câncer, por exemplo. Isso é bom, mas isso se traduz em dependência tecnológica e dependência financeira brasileira”.

“Logo nós vamos pagar caro por medicamentos que vão decidir se a pessoa vai viver ou não, que vão decidir a qualidade de vida dessa pessoa. Nós estamos muito dependentes do que é pesquisado lá fora, precisamos interromper esse negacionismo, este ano, temos que retomar o investimento no Sistema Público de Saúde”, disse.

Jorge Costa concluiu sua fala apresentando um último slide e ressaltando a necessidade de superação dos desafios que são impostos, seja no campo político, econômico ou da ciência. No slide a foto do filho que é farmacêutico. “O maior desafio do meu filho não foi ter se formado em farmácia, o desafio maior é que ele se formou em farmácia sendo surdo e paralitico cerebral. Os desafios existem para serem superados. ”

Josemar Sehnem – Redaçao Fenafar