A luta por uma remuneração digna aos farmacêuticos está na ordem do dia dos dirigentes dos sindicatos e da Federação Nacional dos Farmacêuticos e a busca avançou uma casa no último dia 19 de maio com a definição pela Comissão de Seguridade Social e Família do relator da matéria na Câmara dos Deputados. O presidente da CSSF, deputado Pinheirinho, nomeou o deputado federal Ricardo Silva (PSD-SP) para relatar o PL 1559/2021 ao qual todos os demais com o mesmo tema estão apensados.
A definição de um piso salarial nacional para os farmacêuticos ganha assim, mais um capítulo e folego novo em 2022, especialmente depois da recente aprovação pelo Senado Federal, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 11/2022 que definiu o piso nacional dos profissionais de enfermagem e da promulgação pelo Congresso Nacional da Emenda Constitucional 120 que garante um piso salarial nacional aos agentes comunitários de saúde
Os projetos
Há, nessa legislatura quatro projetos relacionados ao tema em tramitação na Câmara dos Deputados. O PL-799/2022 de autoria do deputado federal, Renildo Calheiros (PCdoB-PE), o PL nº 3502/2021 do deputado federal, Cleber Verde (REP-MA), o PL 2028/2021 de autoria da deputada federal e farmacêutica, Alice Portugal (PCdoB-BA), todos apensados ao mais antigo projeto apresentado nessa legislatura, o PL 1559/2021, de autoria do deputado federal, André Abdon, (PP-AP)
Unidade
Uma live realizada no dia 6 de junho pelo Coletivo Farma Transformador, apontou para unidade de todos em torno dessa luta. O evento com transmissão ao vivo pelo YouTube do Coletivo Farma (assista) contou com a participação do deputado federal Ricardo Silva, relator do PL na CSSF do presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos e do diretor do CFF, Luiz Gustavo Pires. A mediação foi feita pelas lideranças do coletivo, Yula Merola e Fabio Costa.
Representando a Fenafar no debate, o presidente Ronald Ferreira dos Santos disse que a federação está presente e participando da construção de uma proposta unitária, destacando também o papel desempenhado pela Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica.
“A unidade é a única forma de obter algum tipo de vitória na Câmara dos Deputados e justamente em torno disso cabe destacar a atuação da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica, dirigida pela deputada Alice Portugal que tem feito o enfrentamento das agendas importantes da categoria”, destacou.
O relator do PL, deputado Ricardo Silva, disse que pretende construir um relatório de consenso com as entidades farmacêuticas e com os demais deputados. “Quero aprovar um projeto que vá contemplar todos os farmacêuticos”, disse, informando que pretende entregar o relatório ainda no mês de junho.
“É um projeto que estou relatando com convicção de que é um projeto necessário, não apenas aos farmacêuticos, mas ao Brasil. Nós temos que mostrar a importância do profissional farmacêutico para o Brasil. Se conseguirmos aprovar o relatório na Comissão de Seguridade Social, o jogo já vai estar uma a zero”, apontou.
A definição de um piso salarial nacional para os farmacêuticos ganha mais um capítulo e folego novo em 2022, especialmente depois da recente aprovação pelo Senado Federal, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 11/2022 que definiu o piso nacional dos profissionais de enfermagem e da promulgação pelo Congresso Nacional da Emenda Constitucional 120 que garante um piso salarial nacional aos agentes comunitários de saúde.
A luta por uma remuneração digna aos farmacêuticos está na ordem do dia dos dirigentes dos sindicatos e da Federação Nacional dos Farmacêuticos e a busca avançou uma casa no último dia 19 de maio com a definição pela Comissão de Seguridade Social e Família do relator da matéria na Câmara dos Deputados. O presidente da CSSF, deputado Pinheirinho, nomeou o deputado federal Ricardo Silva (PSD-SP) para relatar o PL 1559/2021 ao qual todos os demais com o mesmo tema estão apensados.
Esse avanço na tramitação foi garantindo em grande medida pela atuação da Fenafar, que ao lado de outras entidades e com apoio da presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica, Deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), realizaram um conjunto de reuniões na Câmara dos Deputados.
Segundo a avaliação da deputada, com a aprovação do piso da enfermagem abre-se uma janela de oportunidade para a aprovação de projetos que definam pisos para categorias de profissionais de saúde”, destacou na oportunidade, o vice-presidente da Fenafar, Fábio Basílio.
É hora de redobrarmos a nossa mobilização pelos projetos já existentes na Câmara dos Deputados. Os projetos estão para a apreciação, mas precisamos da contribuição de todos. Cada estado deve reunir a sua bancada federal para discutir sobre esse direito que o farmacêutico precisa garantir”, pontuou a Deputada Alice Portugal
O presidente da Fenafar, Ronald dos Santos que esteve em Brasília participando das mobilizações buscou construir com o relator do projeto a realização de audiências públicas com o objetivo de fazer pressão buscando ampliar a compreensão sobre a necessidade de garantir uma remuneração mínima e digna para a nossa categoria. “É importante adotar uma estratégia para que nos próximos dois meses consigamos avançar e quem sabe garantir a aprovação desse projeto tão importante”, defendeu.
Os projetos
Há, nessa legislatura quatro projetos relacionados ao tema em tramitação na câmara dos deputados. O PL-799/2022 de autoria do deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), o PL nº 3502/2021 do deputado federal Cleber Verde (REP-MA), o PL 2028/2021, de autoria da deputada federal e farmacêutica, Alice Portugal (PCdoB-BA), todos apensados ao mais antigo projeto apresentado nessa legislatura, o PL 1559/2021, de autoria do deputado federal André Abdon, (PP-AP)
Unidade
Uma live realizada no dia 6 de junho pelo Coletivo Farma Transformador, apontou para unidade de todos em torno dessa luta. O evento com transmissão ao vivo pelo YouTube do Coletivo Farma (link) contou com a participação do deputado federal Ricardo Silva, relator do PL na CSSF do presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos e do diretor do CFF, Luiz Gustavo Pires. A mediação foi feita pelas lideranças do coletivo, Yula Merola e Fabio Costa.
Representando a Fenafar no debate, o presidente Ronald Ferreira dos Santos disse que a federação está presente e participando da construção de uma proposta unitária, destacando também o papel desempenhado pela Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica.
“A unidade é a única forma de obter algum tipo de vitória na Câmara dos Deputados e justamente em torno disso cabe destacar a atuação da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica, dirigida pela deputada Alice Portugal que tem feito o enfrentamento das agendas importantes da categoria”, destacou.
O relator do PL, deputado Ricardo Silva, disse que pretende construir um relatório de consenso com as entidades farmacêuticas e com os demais deputados. “Quero aprovar um projeto que vá contemplar todos os farmacêuticos”, disse, informando que pretende entregar o relatório ainda no mês de junho.
“É um projeto que estou relatando com convicção de que é um projeto necessário, não apenas aos farmacêuticos, mas ao Brasil. Nós temos que mostrar a importância do profissional farmacêutico para o Brasil. Se conseguirmos aprovar o relatório na Comissão de Seguridade Social, o jogo já vai estar uma a zero”, apontou.
Pesquisa Datafolha, publicada na Folha de S. Paulo, mostra que a percepção da população sobre os Sindicatos melhorou em relação ao ano de 2017, quando foi aprovada a reforma trabalhista durante o governo Temer.
Naquele ano, 58% consideravam que as entidades serviam mais para fazer política do que para defender os trabalhadores. Hoje são 50%. Já a visão de que os sindicatos são importantes para defender os interesses dos trabalhadores subiu de 38% para 47%.
Para o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, a pesquisa demonstra que a deterioração do poder de compra dos salários, a carestia e a revelação da mentira de que a reforma trabalhista traria mais emprego e renda é uma lição amarga ao conjunto da classe trabalhadora.
“O trabalhador assiste a sua qualidade de vida sendo rebaixada a níveis insuportáveis, o que os leva a questionar a promessa não entregue de paraíso ofertada pelos porta-vozes do individualismo e da competição e a vislumbrar como saída as ações coletivas e as construções solidárias representadas pelo movimento Sindical”, concluiu.
A pesquisa Datafolha aponta também que a identificação da população com a esquerda cresceu e chega a 49% contra 34% que se julgam de direita. No levantamento anterior, em 2017, havia divisão mais igualitária entre direita (40%) e esquerda (41%).
Em uma escala definida pelo instituto que varia entre esquerda (17% da população), centro-esquerda (32%), centro (17%), centro-direita (24%) e direita (9%). Os valores foram arredondados. Segundo o instituto, a mudança rumo à esquerda já tinha sido observada em 2017, mas de forma menos acentuada.
Foram seis perguntas que compõem a escala de pensamento econômico. Destas, apenas duas apresentaram elevação do percentual de respostas à direita. Uma delas é a de que as empresas privadas devem ser maiores responsáveis por investir no País e fazer a economia andar.
Outras questões registraram respostas à esquerda, como a obrigação do governo de ajudar grandes empresas nacionais em risco de falência (71%) e de que é preferível pagar mais impostos e receber mais serviços gratuitos de saúde e educação (48%).
A pesquisa Datafolha está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-05166/2022 e possui margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Buscando propiciar a construção coletiva das deliberações em torno do 10° Congresso da Federação Nacional dos Farmacêuticos, que acontece em Salvador(BA) de 03 a 06 de agosto de 2022, bem como a mobilização dos seus 23 Sindicatos filiados, a Fenafar apresenta o caderno de debates com as teses a serem discutidas por todos os farmacêuticos brasileiros.
Uma LIVE com a participação de diversos diretores da entidade, foi transmitida a partir do gabinete da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), que é farmacêutica e uma das construtoras, junto com os farmacêuticos, seus sindicatos e a Fenafar, das grandes lutas e conquistas da categoria
Ao lado da parlamentar, o presidente da Federação, Ronald Ferreira dos Santos destacou a tradição da entidade de apresentar, de forma organizada, as teses que são resultado da construção coletiva das farmacêuticas e farmacêuticos.
“Nosso objetivo é lançar esse caderno de teses com o conteúdo acumulado, procurando fazer a ligação com a realidade dos profissionais farmacêuticos, em cada local de trabalho”, disse. O foco central do documento é o trabalho farmacêutico e a ciência em favor da vida no Brasil do século XXI.
O lançamento do caderno de teses tem um papel muito importante para o nivelamento das informações sobre a atualidade conjuntural e a inserção da atividade farmacêutica no momento em que vivemos no Brasil, apontou a deputada Alice Portugal. “O caderno de teses será o caminho a ser seguido pelos farmacêuticos nesse período”, disse.
A deputada destacou as batalhas que estão sendo travadas no parlamento, especialmente no âmbito da Frente Parlamentar de Assistência farmacêutica, que está em franca atividade, e que luta, por exemplo, contra a possibilidade de instalação de consultórios médicos dentro de farmácias e a venda de medicamentos em supermercados.
A apresentação do caderno de teses foi feita pelo presidente Ronald dos Santos e acompanhada por diversos diretores da Federação e dos sindicatos e por farmacêuticas e farmacêuticos em todo o país.
Caderno de teses
Há no documento um balanço da gestão, suas principais lutas e atividades desenvolvidas ao longo dos últimos 4 anos e também uma avaliação dos grandes acontecimentos recentes, buscando localizar o farmacêutico nesse contexto, desvendando a conjuntura do Brasil e do mundo do ponto de vista da economia e do trabalho.
Um bloco de reflexões importantes, presente no caderno de teses, trata da situação da saúde no Brasil, os reflexos dessa situação no SUS e na atuação do farmacêutico. O documento propões a construção de soluções conjuntas visando superar esse momento.
Outro tema em destaque no caderno diz respeito a categoria farmacêutica. O documento levanta dados sobre o trabalho e o comportamento do mercado farmacêutico que tem sofrido transformações aceleradas impactando diretamente na vida das trabalhadoras e dos trabalhadores.
O caderno de teses também destaca de forma muito abrangente a questão da assistência farmacêutica, área que foi profundamente afeada pela pandemia de Covid-19. Nesse ponto, o documento procura apontar quais os desafios que a categoria deve enfrentar de forma conjunta.
O processo de formação dos farmacêuticos também mereceu destaque na tese, com destaque para os debates em torno da luta contra os cursos de farmácia 100% em EAD e da mercantilização crescente do ensino, além da defesa de um estado soberano que possa produzir tecnologia e fazer ciência.
Delegados eleitos
A escolha dos delegados para o 10º Congresso da Fenafar já está ocorrendo, até o dia 04 de julho de 2022 em assembleias estaduais convocadas pelos sindicatos através de edital para a discussão dos temas e eleição os delegados e suplentes.
O número de delegados eleitos deverá ser proporcional ao número de farmacêuticos inscritos nos estados de acordo com os números do CFF em 2017. Para a primeira fração de até 2000 farmacêuticos serão eleitos cinco delegados e para cada fração posterior de até 2000 farmacêuticos será eleito mais um delegado.
Medicamentos como dipirona injetável, amoxilina ou diazepam e até mesmo soro fisiológico estão em falta na rede pública e privada do país. O problema, que causa preocupação à população, foi debatido por conselheiros e conselheiras nacionais de saúde, na última quinta (26/05), durante a 330ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em Brasília.
Para a conselheira nacional de saúde e diretora de Organização Sindical da Fenafar, Débora Melecchi, que coordena a Comissão de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (Cictaf) do CNS, é fundamental que haja uma reorganização desse processo, exigindo do Ministério da Saúde junto à indústria farmacêutica o estabelecimento de estratégias de regularização e monitoramento de medicamentos.
“O Ministério da Saúde não pode ficar à mercê de dependência externa, nem refém do mercado, nós precisamos ter uma atuação voltada para a implementação concreta da Política Nacional de Assistência Farmacêutica integrada à ciência, tecnologia e insumos”, alerta a conselheira.
Além de Débora, participaram do debate na 330º reunião ordinária do CNS a diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Ediane de Assis, Angelo Maiolino, vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e Victor Borges presidente da Rede Nacional de Consórcios Públicos.
Segundo o Conselho de Secretarias Municipais do Rio de Janeiro (Cosems) a crise de desabastecimento no estado já conta com 134 medicamentos e insumos injetáveis esgotados ou em vias de se esgotar, seja na rede pública ou privada. Reportagem da Band News aponta que no Paraná a escassez começou há dois meses em hospitais e farmácias e, nos últimos dias, o consumidor final também encontra dificuldades para aquisição de medicamentos como Multigrip, Novalgina Xarope e Nimesulida em diferentes estados.
Segundo Ediane, o desabastecimento envolve diferentes fatores, entre eles disponibilidade internacional do insumo farmacêutico, tentativas de pregões fracassadas e o impacto da pandemia da Covid-19 com grande sobrecarga nos serviços de saúde e na cadeia produtiva em todo o mundo, o que afetou o mercado. “Ainda vivemos um reflexo da situação de pandemia e mudança de mercado. O que impacta no aumento nos preços. Mas é um momento de transição, percebemos que já está ocorrendo uma melhora”, afirma.
A conselheira nacional de Saúde Silvana Nair Leite, que representa a Escola Nacional de Farmacêuticos (ENFar) no CNS, destaca que não se trata apenas de uma questão de logística ou de precificação, mas sim de política pública nacional.
“O SUS não é comprador de medicamentos apenas, o SUS tem capacidade e estrutura de produção própria de medicamentos no país para garantir as necessidades nacionais. O Brasil tem condições de fazer gestão política que não é só fixar preço ou de comprar ou não, mas de ser um jogador muito mais decisivo nessa esfera”, avalia.
A representante do Ministério da Saúde afirma que a pasta está aprimorando mecanismos de monitoramento interno e cobrado diariamente as empresas com entregas em atraso. Além disso, o prazo para aquisição foi reduzido de 12 para 10 meses antes do término do medicamento.
Seminário Nacional
O CNS tem discutido o tema em diferentes instâncias e no 10 de junho vai realizar um seminário nacional sobre o assunto, com a temática Complexo Econômico Industrial da Saúde e as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) e sua importância para o Estado Brasileiro. Haverá transmissão ao vivo pelo Youtube.
“Há tempos estamos acompanhando essa problemática. Hoje, quando falta um soro fisiológico e uma dipirona significa que chegamos a um ponto caótico no nosso país, em que as pessoas não estão sendo atendidas nem no público e nem no privado. Precisamos avançar, porque ou o Brasil avança ou retornaremos a uma era colonial”, afirma Débora.
Da redação com informações do CNS Publicado em 30/05/2022
O aumento de até 15,5% aprovado pela Agência Nacional de Saúde no último dia 08 para planos de saúde individuais e familiares é o maior já aprovado na história da agência, criada no ano de 2000.
“Esse aumento é um absurdo. Mostra como a política de saúde no nosso país está sendo governada a partir da lógica puramente mercadológica. Num momento de profunda crise econômica, de aumento da miséria, da fome, do desemprego, aplicar um aumento dessa ordem para os planos individuais e familiares de saúde é um verdadeiro crime. Quem tem plano individual e familiar são as pessoas que estão desempregadas, ou na informalidade do trabalho, sem carteira assinada. O desfinanciamento do sistema público aliado ao aumento dos preços dos planos privados é uma afronta ao princípio constitucional da saúde como direito”, avalia o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.
Entenda o aumento
As operadoras dos planos de saúde poderão aplicar o índice em mensalidades cobradas entre maio de 2022 a abril de 2023. Mas a atualização dos valores só pode ser realizada a partir da data de aniversário de cada contrato. Caso o mês de aniversário do contrato seja maio, é possível a cobrança retroativa do reajuste.
A decisão não se aplica aos planos coletivos, sejam empresariais ou por adesão. Ela incide apenas nas mensalidades dos contratos individuais e familiares firmados a partir de janeiro de 1999. São aproximadamente 8 milhões de beneficiários, o que corresponde a 16,3% do mercado de saúde suplementar.
O aumento histórico ocorre um ano após a ANS ter aprovado pela primeira vez um reajuste negativo. Em 2021, as operadoras foram obrigadas a reduzir as mensalidades em pelo menos 8,19%, porque ficou constatada uma queda generalizada na demanda por serviços de saúde em meio ao isolamento social decorrente da pandemia da covid-19. No período, os planos registraram uma redução de custos.
“Já em 2021, tivemos uma gradativa retomada da utilização desses serviços. É também um ano influenciado por uma forte inflação em todo o país”, disse a gerente Econômico-financeira e Atuarial de Produtos da ANS, Daniele Rodrigues, ao apresentar os detalhes do cálculo do índice.
A proposta de reajuste foi submetida ao Ministério da Economia no início do mês. A pasta emitiu nota técnica aprovando a aplicação da metodologia na segunda-feira (23). Segundo a ANS, a atual fórmula para cálculo do reajuste anual foi adotada em 2018. O cálculo é influenciado principalmente pela variação das despesas assistenciais do ano anterior. Também leva em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país.
A variação das despesas assistenciais de 2021 foi de 20,35%. É o maior percentual da série histórica apresentada na reunião, com dados desde 2014. Em 2020, essa variação havia sido negativa em 9,2%. Os cálculos são realizados pela Diretoria de Normas e Habilitação de Produtos da ANS.
Único voto divergente, a diretora de Fiscalização, Eliane Medeiros, elogiou os esforços da equipe em aplicar a metodologia em vigor, mas se posicionou contra o índice proposto.
Para a advogada especializada em Saúde e Direito do Consumidor, Tatiana Viola de Queiroz, o reajuste é muito elevado em comparação à inflação. Tatiana, que é membro efetivo da Comissão de Direito à Saúde da OAB/SP e atuou por oito anos como advogada da PROTESTE, maior associação de defesa do consumidor da América Latina, criticou a decisão da ANS: “Ano passado foi determinado um índice negativo por conta da pandemia, então os planos de saúde não tiveram gastos. Por outro lado, este ano a ANS aplicou um índice que vai pesar muito no bolso dos consumidores. Por mais que o setor alegue que há necessidade desse aumento, quando você verifica os custos e os gastos das operadoras, os números não se sustentam. Se verificar o lucro, esses índices são muito maiores que os necessários, então é o consumidor que vai ser prejudicado”, concluiu a advogada.
Da redação com agências (Jota, Agência Brasil, Folha) Publicado em 27/05/2022
Oxfam expõe a face nefasta das elites globais, reunidas em Davos. Neste dois anos, a cada 30 horas surgia um novo multimilionário, muitos deles, especulando com vacina e saúde; e um milhão de pessoas amargavam a pobreza extrema
Por Jorge Bermudez*
E nós, para onde vamos? Para onde caminham o mundo, os países centrais e o Sul Global?Acabamos de passar pelo Fórum Social das Resistências em Porto Alegre nos últimos 26 a 30 de abril e pelo Fórum Social Mundial no México de 1 a 6 de maio, onde ficou clara a necessidade de lutar contra a desigualdade e assegurar saúde, trabalho, moradia e outros determinantes da saúde às populações negligenciadas e vulneráveis. Estamos às portas do encerramento do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça entre os dias 22 e 26 de maio, onde se reúnem em lugar paradisíaco no meio dos Alpes suíços e rodeados de um forte esquema de segurança para bloquear manifestações, com cerca de 2.500 líderes mundiais em todos os campos, os países mais ricos do mundo, mas que, perversamente e indo em busca de seus próprios interesses, definem os rumos mundiais, incluindo das populações e países pobres e vulneráveis. Sempre foi assim e não vai ser agora, na polêmica da pandemia, que haveria de ser diferente.
Para driblar o bloqueio a manifestações hostis aos grandes senhores, ativistas da Enfermagem “aplaudem” os ganhos de capital dos líderes da indústria farmacêutica e afirmam que, para ganhar o equivalente à acumulação do CEO da Pfizer em um ano, em especial graças aos lucros obtidos com a vacina contra a covid-19 e que foi em grande parte financiada com recursos públicos, teriam que trabalhar diariamente até o ano 6.100 AD. Esses ativistas protestam fortemente pela recusa dos grandes empresários de aceitar a suspensão temporária de suas patentes, como proposto na Organização Mundial do Comércio, mas bloqueada pelos países centrais desde outubro de 2020.
Em artigo anterior, denunciamos que as empresas Pfizer, Moderna e BioNTech, embora destinando menos de 2% de suas vacinas a países de baixa renda, as três companhias lucraram cerca de US$ 34 bilhões em 2021, o que equivale a 65.000 dólares a cada minuto. Esse é o apartheid que se sobrepõe à solidariedade que o mundo anseia e busca.
Justamente no início do Fórum Econômico Mundial, a Oxfam — uma das mais atuantes entidades da sociedade civil e que recebe o eco da maioria das entidades e também de outros setores, acadêmicos, multilaterais, que merece todo nosso reconhecimento, compreensão e adesão ou aprovação — lança para conhecimento geral, seu relatório estarrecedor “Profiting from Pain/ Lucrar com a dor”, que nos traz de volta, com dados extraordinariamente significativos, à realidade que somos obrigados a enfrentar sem políticas públicas motivadas por interesses sociais, mas essencialmente da obediência cega às forças e regras de mercado. Já falamos anteriormente que a indústria farmacêutica é um setor que não conhece recessão e que lucra cada vez mais confrontando a dualidade Saúde ou Comércio.
De acordo com o documento apresentado pela Oxfam, os bilionários reunidos em Davos tem muito a comemorar, considerando os lucros sem precedentes obtidos com a pandemia, em contraste gritante com a dor e sofrimento que a humanidade padece nestes dois anos de isolamento, falta de convívio social, restrições, perdas e mortes. Bilionários de diversos setores não restritos às grandes corporações farmacêuticas, mas também aqueles de setores relacionados com alimentação e energia, vem aumentando suas fortunas no ritmo de um bilhão de dólares a cada dois dias. A pandemia acomete um mundo já desigual, aprofundando esse abismo. Ainda de acordo com o documento, há 2.688 bilionários no mundo, 573 a mais do que em 2020 no início da pandemia. A riqueza destes bilionários cresceu de 4,4% do PIB mundial em 2020 para 13,9% atualmente. Lembremos ainda que a expectativa de vida nos países de renda alta é 16 anos mais do que nos países de renda baixa e se estima que 5,6 milhões de pessoas morram a cada ano nos países pobres devido à falta de acesso à atenção à saúde.
A essência da desigualdade, o dado mais estarrecedor desse apartheid se resume no fato de que, no mesmo ritmo que durante a pandemia, a cada 30 horas surgia um novo multimilionário, a cada 33 horas um milhão de pessoas passavam ao nível de pobreza extrema. Isso equivale a dizer que ao passo que temos mais 573 bilionários, teremos este ano mais de 263 milhões de pessoas no nível de pobreza extrema.
O documento de Oxfam ainda estuda com mais detalhes os casos das empresas norte-americanas Pfizer e Moderna. Ainda são propostas medidas para atenuar a crise, como a taxação progressiva nas grandes fortunas. No mesmo sentido, o Banco Mundial já estuda um fundo financeiro para enfrentar a prevenção, preparo e resposta a pandemias, que esperam que possa ser discutido e equacionado por ocasião da reunião dos ministros de saúde do G-20 agora em junho.
Sem dúvidas como reflexo das pressões mundiais, os lucros exorbitantes já obtidos pelo monopólio e decorrentes da pandemia e pela proximidade da reunião do G-20, a Pfizer já anunciou que vai oferecer todos seus produtos patenteados e disponíveis na Europa e EUA, incluindo vacinas, a custos mais baixos a 45 países de renda mais baixa, cobrindo uma população de 1,2 bilhões de pessoas, em acordo a ser assinado com os países. Entretanto, já nos referimos anteriormente a acordos voluntários que não necessariamente são suficientes e tendem a excluir os países de renda média, muitos deles considerados países pobres.
Faltam medidas mais corajosas, incluindo apoiar o movimento que discute na OMC a suspensão temporária de uma série de artigos do Acordo TRIPS. Falta derrubar os vetos do presidente no Brasil à Lei 14.200/2021, que excepcionaliza as licenças compulsórias em casos de emergências em saúde pública de importância nacional ou global. Falta trilhar o caminho da solidariedade, o direito à saúde e o acesso universal a tecnologias essenciais. No Brasil, premissas obrigatórias incluem revitalizar o SUS, fortalecer e remontar o complexo econômico industrial da saúde e assegurar o acesso a medicamentos e tecnologias como um direito humano fundamental.
*Médico e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Em ano eleitoral, é urgente retomar o debate sobre políticas públicas direcionadas à saúde das pessoas negras. Hilton Silva, médico e bioantropólogo, membro da Coordenação do GT Racismo e Saúde da Abrasco detalha seu rumo de ação e convoca todos a assinar manifesto pela igualdade racial, em defesa do SUS.
A Política Nacional de Saúde Integrada da População Negra (PNSIPN) existe para reduzir a desigualdade racial sofrida pela população negra no âmbito da saúde e do SUS. Fruto de longa luta dos movimentos negros por direitos, foi promulgada em 2009 – a primeira vez em que o Estado brasileiro reconheceu oficialmente o racismo estrutural. Mas a política não está sendo implementada como deveria, alerta a Aliança Pró-Saúde da População Negra.
O Manifesto em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil expõe à população a urgência da implementação das ações que já são garantidas por lei. Também exige que a PNSIPN entre com prioridade na pauta dos políticos que vão disputar as eleições deste ano. A Aliança busca assinaturas para reforçar suas reivindicações.
Hilton Silva enumera as particularidades da saúde para a população negra: “Maiores taxas de mortalidade entre os homens, a maior taxa de violência em geral entre homens e mulheres, as maiores taxas de mortalidade infantil e materna, maiores taxas de mortalidade por causas evitáveis em geral”.
Assista ao vídeo da campanha
Hilton também trata dos quilombolas que, por viverem em regiões rurais, têm menos acesso à saúde – e reflete sobre a criação de políticas específicas para eles. Ele faz, ainda, uma linha do tempo histórica das políticas antirracistas, que começaram a ser impulsionadas pelo movimento negro já nos anos 1980. Abaixo, trechos da entrevista concedida pelo pesquisador ao site Outras Palavras.
Como a PNSIPN pode garantir o direito à saúde para a população negra?
A política vem exatamente como uma forma de chamar a atenção do SUS, dos servidores, dos serviços em geral, para a necessidade de trabalhar ativamente contra todas as formas de racismo e discriminação – em particular, nesse caso, sobre a população negra. Ela também se volta para prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, prevendo que todas considerem as disparidades étnico-raciais já amplamente documentadas pela epidemiologia. Isso ficou bastante evidente durante a pandemia de covid. Todos esses fatores são amplamente documentados por todos os estados da federação e deixam clara a necessidade dessa política.
Porque apesar de ela ter mais de dez anos, levantamentos recentes demonstram que o grau de implementação efetiva da política ainda é muito baixo, na casa dos 10% a 15%. Pesquisas recentes mostram que a maioria dos municípios brasileiros, por exemplo, não têm dentro do seu planejamento de saúde nenhuma ação voltada especificamente para a saúde da população negra.
E quais seriam essas ações? As ações envolvem a formação dos profissionais para o combate a todas as formas de racismo e discriminação; a sensibilização dos profissionais e servidores em relação às diferenças culturais específicas da população negra, da população quilombola, dos povos de terreiro, que envolvem questões religiosas, alimentícias, de regionalidades que precisam ser levadas em consideração quando se está desenvolvendo qualquer tipo de atividade – de promoção, prevenção ou tratamento. Envolve a melhoria da acessibilidade dessa população, uma vez que grande parte dela mora em quilombos, são populações rurais que precisam que seja garantida a acessibilidade de acordo com suas necessidades.
Por exemplo no caso da vacinação, um dos desafios foi que a imunização da população negra rural precisava ser administrada nos territórios quilombolas – assim como acontece com populações indígenas, era fundamental que os serviços de saúde fossem até as comunidades para prestar o atendimento.
Um outro elemento importante desse processo é o reconhecimento dessa diversidade étnico-racial e cultural dentro dos municípios. Nós temos ainda hoje muitos municípios onde existem populações quilombolas, que não reconhecem a existência dessas populações e de suas especificidades. O próprio governo federal desconhece quantas comunidades quilombolas existem no Brasil, porque elas nunca foram recenseadas.
Há a necessidade de que qualquer atuação política leve em conta as suas especificidades do ponto de vista epidemiológico. A população negra tem determinados tipos de doenças que se manifestam com maior frequência, como por exemplo a doença falciforme, a hipertensão arterial, obesidade e a pré-eclâmpsia. Então é preciso que se desenvolva um conjunto de políticas especificamente voltadas para essas populações, quer elas sejam urbanas ou rurais.
A PNSIPN trata desse leque de ações que os serviços de saúde devem fazer no sentido de incluir a população negra e reduzir as disparidades de saúde.
Seria necessário criar políticas específicas a essas comunidades, como a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas? Olha, esse é um debate em andamento. A Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) está fazendo esse debate. O que ficou evidente durante a pandemia é que as comunidades quilombolas são extremamente deficientes de serviços de saúde, praticamente tanto quanto populações indígenas. Se você olhar do ponto de vista epidemiológico, as taxas das populações quilombolas só são um pouquinho melhores do que as das indígenas, e são piores do que todo o resto da população brasileira. Então, isso indica a necessidade de se pensar uma política potencialmente mais específica para as populações quilombolas. E foi pensando nisso que a Conaq deu andamento à ADPF 742, que é uma uma ação de descumprimento de preceito fundamental junto ao Supremo Tribunal Federal para que garantisse, durante a pandemia, esse atendimento especial às comunidades quilombolas em função da sua fragilidade. Essa ADPF é que tem possibilitado a melhoria do acesso aos serviços de saúde, de atendimento, de vacinação, de EPIs para as comunidades quilombolas.
Então a questão ainda está sendo debatida, há pessoas que defendem a necessidade de um serviço de saúde específico para as populações quilombolas. Mas isso ainda não é consenso entre os envolvidos na discussão.
Além disso, a população negra é quem mais sofre com as mudanças climáticas…
Naturalmente, já que a população negra é a maioria daqueles que vivem em áreas periféricas, favelas, áreas de risco, áreas rurais. Então, são populações que estão diretamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, mais rapidamente do que outras populações que dispõem, inclusive, de melhor serviço de saneamento, transporte e urbanização em geral. As populações negras no Brasil estão alijadas de grande parte dos serviços de infraestrutura: de saneamento, de asfaltamento, de esgotamento sanitário, de coleta de lixo. São situações que se agravam com o efeito das mudanças climáticas globais. Esse é o racismo ambiental, que é um dos elementos mencionados no manifesto.
E o que dizer da violência policial, que foi mais uma vez escancarada, essa semana, com o massacre na Vila Cruzeiro? No caso da violência, soma-se o racismo à condição de exclusão social. É por isso que a população negra é desproporcionalmente afetada pela violência policial, porque além de ela viver em condição de maiores vulnerabilidades – onde, sim, permeiam o tráfico, a violência social, as milícias – ela também sofre a discriminação de cor. Há uma somatória de efeitos que são mais nocivos a um determinado segmento da população. Os seguidos massacres que têm acontecido no Brasil demonstram muito claramente o racismo, se você olhar o perfil dessas pessoas. Também são pessoas negras a maior parte da população carcerária. Há um conjunto de elementos que explicitam esse racismo sistêmico no Brasil.
Assine o Manifesto em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil e assista aos vídeos da campanha.