Os planos de Biden para a Saúde

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou postura oposta à de Trump para o enfrentamento à covid: ampla testagem da população e uma rede de 100 mil pessoas para rastreamento da doença. Há dificuldades à frente, mas mudança de agenda é notável — e deixará Bolsonaro a descoberto.

 

 

Durante seu discurso de vitória, Biden anunciou que pretende lidar desde já com a pandemia. A dúvida é qual será o estrago até a posse, que acontece no dia 20 de janeiro. Nos últimos quatro dias, os Estados Unidos vêm registrando números inauditos nessa crise sanitária, com mais de cem mil diagnósticos diários. Por lá, já são quase dez milhões de casos e 240 mil mortes. E a situação deve recrudescer ao longo das próximas dez semanas.

De qualquer forma, o democrata deve nomear hoje cientistas e especialistas que farão parte de uma força-tarefa sobre covid-19 que trabalhará durante a transição. De acordo com o STAT, o painel será composto por gente que já estava participando da campanha, como David Kessler, diretor do FDA entre 1990 e 1997, e pessoas ligadas à administração Obama. O objetivo do grupo será traçar um plano de ação para ser implementado depois da posse.

Algumas coisas desse plano já estão definidas – e são audaciosas, seja pelo alcance, seja pelo desafio político num país tão federalista quanto os EUA. Biden exigirá o uso de máscaras em todas as instalações federais e em todos os transportes interestaduais, o que é mole e só depende de uma canetada. Mas ele também quer influenciar os governadores a tornarem obrigatório o uso da proteção, algo bem mais difícil.

No campo das grandes promessas, está a criação de uma rede nacional de rastreamento de contatos que contará com “pelo menos” cem mil colaboradores. Biden também prometeu oferecer diagnóstico grátis à população, estabelecendo, no mínimo, dez centros de testagem em cada estado.

Dar um jeito no abastecimento de insumos necessários ao enfrentamento do coronavírus parece ser mesmo uma intenção do democrata, que deve lançar mão da Lei de Produção de Defesa. Sancionada na época da Guerra da Coréia, a lei permite que o presidente ordene a fabricação de determinados produtos. A norma foi invocada por Trump em março, mas a avaliação geral é de que o presidente não fez uso dela para valer. 

No médio prazo, Biden promete expandir o acesso a esquemas de seguro de saúde subsidiados pelo Estado. O Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare, foi criado para ampliar o rol de cobertura aos mais pobres – e tem como desafio justamente a adoção de critérios menos restritos, já que muitas pessoas vulneráveis não têm direito a requisitar sua entrada no programa hoje. A iniciativa foi atacada durante todo o governo Trump, e a posição do presidente certamente impulsionou a resistência entre os estados. Em 2018, 20 deles – liderados pelo Texas – moveram uma ação na Suprema Corte visando anular trechos essenciais da lei federal. A ação ficou conhecida como “Califórnia versus Texas” porque o governo Trump simplesmente não defendeu a constitucionalidade da lei, que teve de ser socorrida pela Califórnia. A ação volta a ser julgada agora em novembro, e a maioria conservadora na Corte pode criar complicações nessa seara. 

A ação também é simbólica do que um presidente não pode fazer nos EUA, e já há declarações de procuradores estaduais no sentido de barrar novas investidas federais na ampliação da cobertura de saúde.

Biden também sinalizou que vai atuar no setor privado propriamente, para evitar que “milhões de americanos que sofrem os efeitos colaterais de longo prazo da covid não enfrentem prêmios mais altos ou negação de seguro saúde devido a esta nova condição pré-existente”. 

No cenário internacional, os democratas querem fortalecer estratégias de vigilância em saúde propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorar riscos de novas pandemias. O diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom, tuitou um parabéns a Biden e sua vice, Kamala Harris, com direito a ponto de exclamação. Não é para menos, já que a administração Trump anunciou uma saída teatral da OMS.

Fonte: OutrasPalavras

Saúde do trabalhador: Especialista chama a atenção para a importância das CIPAs nesse período de pandemia

A Doutoranda em Psicologia Social pela UFMG, Georgina Maria Véras Motta, defende uma maior participação dos sindicatos na elaboração dos protocolos de segurança das empresas. Segundo ela, também é preciso valorizar as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), uma vez que os casos de depressão e estresse no trabalho aumentaram após o surgimento do novo coronavírus.

 

 

“Nós sabemos que, sozinho, o trabalhador não tem condições de cobrar das empresas. Por isso, os sindicatos precisam estar atentos a essas questões, principalmente agora devido a pandemia do Covid-19”, afirma ela.

A especialista ressalta que todos os trabalhadores estão expostos ao sofrimento mental. “Seja trabalhando em casa ou fora, todos sofrem com o isolamento social ou com o risco de contrair o vírus”, lembra ela.

De fato, um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) revelou que os casos de depressão aumentaram 90% nesse período de pandemia. Crises de ansiedade e estresse agudo também aumentaram este ano.

Segundo a especialista, outro problema que contribui para o adoecimento do trabalhador são as condições ruins de trabalho, a falta de equipamentos de segurança (EPIs) e o cansaço.

Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que 45% dos trabalhadores que estão na modalidade de trabalho remoto estão trabalhando mais, porém sem receber horas extras. Segundo o órgão, o número de pessoas que trabalham em casa saltou de 3,8 milhões, em 2018, para 8,8 milhões este ano.

Diante deste quadro de piora da saúde do trabalhador, Georgina Motta chama a atenção para a importância do SUS. “Precisamos lutar para preservar o SUS que, nesse momento, é atacado pelo governo com o corte de investimentos e ameaça de privatização. Graças ao SUS, estamos conseguindo atravessar esse período de pandemia. Sem ele, seria muito pior”, afirma ela.

Dicas de saúde

• Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar;

• Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente, bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia);

• Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual;

• Manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas;

• Evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções; Buscar um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional.

Publicado em 06/11/2020
Fonte: CTB

Ato lança campanha “O Brasil precisa do SUS” e entrega carta à parlamentares

Num ato histórico, o movimento social e popular apresentou suas demandas em defesa do fortalecimento do SUS para responder à pandemia e melhorar a vida do povo brasileiro. O financiamento adequado com a revogação da Emenda Constitucional 95 e o direito à vacinação contra Covid-19 para todas e todos os brasileiros foram o centro dos documentos entregues pela campanha O Brasil precisa do SUS ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e ao representante do Senado Federal, Werveton Rocha, entre outros senadores, na tarde desta terça-feira, 15 de dezembro.

Esses foram dois de diversos pontos importantes do lançamento da campanha O Brasil precisa do SUS, liderada pela Frente pela Vida. A campanha reúne mais de 100 entidades e pretende mobilizar a sociedade para a defesa do SUS e alertando sobre os riscos que ele está correndo.

Com a presença de mais de 100 entidades da sociedade civil, parlamentares, ex-ministros da saúde e personalidades, foi destacada a importância do Sistema Único de Saúde na resposta à pandemia de Covid-19, sua função na redução das desigualdades e a necessidade de maiores investimentos na área para 2021. A necessidade de um planejamento para a vacinação de toda a população brasileira permeou as falas, reafirmando a importância de se conseguir todas as vacinas comprovadamente eficazes e seguras para abranger a maior parte da população o quanto antes. Além dos presentes no ato, diversos artistas e personalidades já aderiram a campanha com manifestações em vídeo ressaltando a importância do SUS para o país.

A presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo, abriu o evento lendo a Carta ao Povo Brasileiro, elaborada pelos integrantes da campanha e destacou a importância do SUS para a vacinação: “Sem o SUS não teremos vacinas para todos. Nesse momento em que mais precisamos do SUS, ele vem sendo desfinanciado”. Durante o ato, o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, entregou a petição para garantir orçamento do SUS em 2021 ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e ao representante do Senado, senador Weverton Rocha. Na entrega, Maia ressaltou a importância do diálogo e apontou a prioridade de políticas para tender aos brasileiros que ficaram sem renda durante a pandemia.

Conquista do povo brasileiro e descaso do atual governo

“O SUS nasceu da sociedade civil, não do Estado”, destacou o teólogo Leonardo Boff ressaltando a importância do Movimento pela Reforma Sanitária e sua importância nessa construção que foi conquistada na Constituinte. A importância da capilarização do Sistema, atendendo todas as regiões do país, sendo uma lei que o povo sente ser cumprida, como apontou o governador Flavio Dino: “O SUS se diferencia pois une direito escrito e realizado. Ele chegou na casa das pessoas, na realidade concreta do povo”. Wellingthon Dias, governador do Estado do Piauí, também participou do ato de lançamento.

As críticas ao governo federal também foram feitas em diversos níveis, especialmente no tocante à falta de uma coordenação nacional nas respostas à pandemia de Covid-19, que afeta no momento o planejamento para a vacinação da população. O jornalista Juca Kfouri foi duro ao falar sobre o presidente da República e apontou: “Se não fosse o SUS essa pandemia ainda teria causado e estaria causando mais estragos que já causa pela irresponsabilidade das maiores autoridades do país”.

Vacinação para todas e todos deve ser o objetivo

A importância da vacina com um planejamento claro e transparente foi destacada pela maioria dos participantes, que também mostraram preocupação com a postura do Ministério da Saúde diante da questão. A definição de grupos prioritários para receberem a imunização primeiro e a necessidade de se utilizar todas as vacinas comprovadamente seguras e eficazes foram os dois pontos mais destacados nas falas. O item do plano de vacinação apresentado pelo Ministério da Saúde que obriga cada cidadão a assinar um termo se responsabilizando por possíveis consequências das vacinas foi bastante criticado por confundir e gerar insegurança na população, além de ser ilegal.

E se o SUS foi consolidado na Constituinte de 1988, o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro destacou necessidade similar dos parlamentares atualmente para mantê-lo forte: “O SUS foi construído e tem sido preservado na luta e precisa da nossa luta para sair fortalecido. É fundamental que o Congresso Nacional ouça, sinta o eco e reverbere a esperança do movimento Frente pela Vida, na defesa do SUS e da vida”.

Assista a íntegra do lançamento da campanha O Brasil precisa do SUS na TV Abrasco:

 

Plano Nacional de Saúde: CNS analisa se documento contempla deliberações da 16ª Conferência

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) está em processo de análise do Plano Nacional de Saúde 2020-2023 enviado pelo Ministério da Saúde (MS). O documento foi contextualizado para os conselheiros e conselheiras do CNS na sexta-feira (23/10), durante sua 65ª Reunião Extraordinária, realizada virtualmente. A expectativa do colegiado é que as deliberações presentes no relatório final da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), realizada em 2019, tenham sido acatadas no plano. 

 

 

O Plano Nacional de Saúde 2020-2023 é o instrumento central de planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele orienta a implementação de todas as iniciativas de gestão, explicitando os compromissos setoriais de governo, além de refletir, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da população e a capacidade de oferta pública de ações, serviços e produtos para o seu atendimento. 

“A mesa diretora achou importante fazer essa contextualização nesse momento que estamos vivendo. A partir dela, queremos um fazer um maior detalhamento do plano nos diferentes fóruns e comissões que compõem o Conselho”, destacou o conselheiro nacional de Saúde pelo MS, Neilton Araújo. 

O plano foi contextualizado pelo coordenador de planejamento da subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO) da secretaria executiva do Ministério da Saúde, Paulo Guilherme Ribeiro. “O documento foi enviado para o CNS seguindo as normas que regem esse envio e conta com 7 objetivos, 93 metas e 7 projetos”, explicou Paulo Ribeiro. Os objetivos estão ligados à atenção primária, prevenção e controle, atenção especializada, saúde indígena, medicamentos e insumos estratégicos, conhecimento científico, dentre outras áreas.

Considerações

Representando o segmento de usuários, o conselheiro nacional de Saúde pela Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids), Moysés Toniolo, reforçou a preocupação em identificar de que forma as questões da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) foram incorporadas ao plano. “Nos interessa saber qual o modelo de saúde que se pretende ter. Troca o governo, mas a saúde permanece”, frisou. 

Representando o segmento dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS, a conselheira nacional de Saúde pela Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais (Abrato), Priscilla Viégas, também se manifestou. “Apesar de entender que estamos vivendo um contexto de pandemia, temos que ter muito cuidado em colocar em execução esse plano, considerando as questões que estão inerentes como as deliberações do Conselho e da 16ª Conferência (8ª +8)”. 

O conselheiro representante do segmento dos gestores da Saúde pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Nelson Mussolini, destacou que o plano está bem desenhado e por isso não fez considerações. 

Após a análise o CNS emitirá um parecer sobre o Plano. Por conta das condições impostas pelo contexto da pandemia, o prazo para isso ainda não foi definido. 

Assista aqui 65ª Reunião Extraordinária do CNS 

Fonte: CNS

Congresso Brasileiro de Toxicologia Clínica

O VI CBTC 2020 é um evento de caráter técnico-científico destinado a acadêmicos e profissionais que têm relação com a área de Toxicologia. O evento tem como objetivo disseminar o conhecimento sobre essa área para o maior número de pessoas possível, incluindo principalmente aquelas que estão distantes dos grandes centros do País e que enfrentam dificuldades para estar em eventos presencialmente.

O VI CBTC 2020 será realizado no período de 25 a 27/11/2020 e contará com grandes nomes da área.

INSCRIÇÕES

Período de inscrição: de 16 de outubro a 23 de novembro de 2020 – https://congresse.me/eventos/vicbtc2020/produtos

Observações:

Os sócios da ABRACIT e SBTox deverão enviar o documento comprobatório de quitação para o e-mail [email protected]

Para inscrições nas categorias “Estudante” (graduação e pós-graduação), deverá ser anexada (através de upload) a cópia digital do documento comprobatório de escolaridade (comprovante de matrícula).

Pagamento por empenho (somente para instituições públicas)

A inscrição com pagamento por empenho terá, em todos os casos, o mesmo custo da inscrição da categoria não-sócio, independentemente da situação da pessoa inscrita.  Ao terminar de preencher os dados para inscrição, será gerado apenas o comprovante de inscrição, que deverá ser entregue à instituição pagadora para ser incorporado ao processo de empenho.

A instituição pagadora deverá encaminhar uma cópia digitalizada da nota de empenho para o e-mail [email protected]

Importante: para a concretização da inscrição será obrigatório o envio de cópia do empenho, sem o qual a inscrição não será confirmada. A inscrição será confirmada após 48h do recebimento da cópia da nota de empenho. A ABRACIT não dispõe de nota fiscal, ficando a cargo da organização apenas a emissão do recibo com todos os dados da entidade e do evento.

Dados para pagamento das inscrições via empenho:

Banco do Brasil – 001
Agência: 1453-2
Conta corrente: 62788-7
CNPJ: 04.930.267/0001-39
Nome: Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e Toxicologistas Clínicos – ABRACIT

Para saber mais sobre o Congresso:

www.congresse.me/eventos/vicbtc2020  

Inscrições:  de 15 de outubro a 23 de novembro de 2020:

https://congresse.me/eventos/vicbtc2020/produtos

Bolsonaro e Guedes querem acabar com o SUS

Além de ser um desastre no combate à pandemia do coronavírus e não frear as queimadas e o desmatamento na Amazônia e no Pantanal, o presidente Jair Bolsonaro e o seu ministro da Economia Paulo Guedes fazem de tudo para atrapalhar o que está dando certo e impedindo uma situação mais catastrófica da Covid-19.

 

 

Na noite desta segunda-feira (26) ultrapassaram todos os limites do bom senso e editaram o Decreto 10.530, que abre caminho para entregar à iniciativa privada as unidades básicas de saúde ao criar a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República.

“Esse desgoverno veio para destruir tudo de bom que foi construído há anos neste país”, diz Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Todo mundo está vendo a importância do SUS (Sistema Único de Saúde) no combate ao coronavírus. Sem o SUS, certamente as mortes seriam em número muito maior. Precisamos dar um basta definitivo nesse desgoverno antes que acabe com o país de vez”.

O decreto presidencial foi publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira (27). A reação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e de todos os setores democráticos da sociedade foi imediata.

“Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil. Nossa Câmara Técnica de Atenção Básica vai fazer uma avaliação mais aprofundada e tomar as medidas cabíveis em um momento em que precisamos fortalecer o SUS, que tem salvado vidas. Estamos nos posicionando perante toda a sociedade brasileira como sempre nos posicionamos contra qualquer tipo de privatização, de retirada de direitos e de fragilização do SUS. Continuaremos defendendo a vida, defendendo o SUS, defendendo a democracia”, afirma nota do CNS divulgada nesta terça-feira.

A situação se assemelha à denúncia feita pela ONG Repórter Brasil no sábado (24). Os planos de saúde foram responsáveis por apenas 618 mil exames sobre Covid-19 entre 1º de março e 31 de julho deste ano, ou seja, 7,4% dos 8,3 milhões realizados no país mesmo período. “Justamente porque as empresas de saúde, como qualquer empresa do setor privado, visam lucros e não dão a mínima para a vida das pessoas”, argumenta Elgiane Lago, secretária de Saúde licenciada da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Além disso, durante a pandemia o lucro líquido dos planos de saúde passou de R$ 2 bilhões no primeiro trimestre de 2020 para R$ 9 bilhões no trimestre seguinte. “Estão faturando alto com a desgraça de milhares de pessoas e o desgoverno Bolsonaro quer colocar a nossa saúde nas mãos dessa gente”, critica Elgiane. Ela destaca que apenas 22% (47 milhões de pessoas) da população brasileira possuem plano de saúde.

Isso significa que mais de 160 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS para ter atendimento médico hospitalar. “Entregar o maior sistema universal de saúde do mundo para a iniciativa privada”, portanto, “significa acabar dom a possibilidade de atendimento médico para a maioria absoluta da população, principalmente para quem vive distante dos grandes centros”, argumenta Francisca.

Vários deputados fazem Projetos de Decreto Legislativo (PDL) para extinguir esse decreto presidencial. “Bolsonaro repete a estratégia utilizada para privatizar a Petrobras sem autorização do Congresso e começa a destruir o SUS passando para a iniciativa privada as unidades básicas de saúde”, assinala Elgiane. “É o projeto neoliberal em marcha que visa passar o dinheiro público para as mãos dos empresários e a população que se lixe”.

Para Francisca, “Bolsonaro destrói a Amazônia, o Pantanal, a Petrobras, a ciência, a educação pública e avança sobre o SUS. Bolsonaro destrói o país”, mas “a nossa resistência será contundente e permanente até o país ter novamente um governo a favor do Brasil e dos brasileiros”.

Fonte: CTB

CNS realizará ato político em defesa da vida durante 14º Congresso Rede Unida neste sábado, 31/10

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) vai realizar um ato político neste sábado (31/10), às 18h, durante o 14º Congresso Internacional da Rede Unida (Ciru). A atividade virtual será um espaço de denúncia aos ataques à democracia e aos direitos conquistados pelo povo brasileiro, em defesa da vida e do Sistema Único de Saúde (SUS) como patrimônio nacional.

 

 

Com transmissão ao vivo pelo Youtube, o ato vai reunir organizações, coletivos, entidades, movimentos, parlamentares, acadêmicos, atores sociais comprometidos com a justiça social e a saúde pública, representantes da população negra, quilombola, povos do terreiro e indígenas. Já são mais de quarenta presenças confirmadas, entre elas dos ex-ministros da Saúde Alexandre Padilha e Arthur Chioro.

O “Ato em defesa da vida: o SUS merece mais em 2021” dialoga com todas as ações que estão sendo realizadas no congresso internacional promovido pela Rede Unida, de 28 de outubro a 1º de novembro. O 14º Ciru ocorre a cada dois anos e tem uma programação diversificada com atividades científicas, culturais e fóruns internacionais. Neste ano, o fórum temático sobre Covid-19 considera a oportunidade de intercâmbio de experiências entre diferentes territórios, no Brasil e em diversos países de quatro continentes.

O Congresso conta com 5 mil inscritos debatendo “Saúde é Vida em Resistência: traçando caminhos com o SUS”, em ano da pandemia, que infectou em 10 meses 5,4 milhões e, até 29 de outubro, ceifou a vida de 157.451 mil brasileiras e brasileiros. Entre estes, trabalhadores da saúde que perderam a vida por infecção contraída no trabalho.

“Aqui no Brasil, vidas poderiam ter sido preservadas se não fosse a falta de coordenação do governo federal na condução do combate à pandemia e seu negacionismo, que contribuiu para o crescimento da circulação do vírus e o grande número de casos confirmados e mortes”, afirmou a conselheira nacional de saúde Francisca Valda, que coordena a Comissão Intersetorial de Recursos Humanos e Relações de Trabalho (Cirhrt) do CNS. “O CNS e a Rede Unida organizaram este espaço para debater esta trágica realidade e propor correção de rumos com ações em defesa da vida e do SUS”.

Saiba mais:
O que? Ato em defesa da vida: o SUS merece mais em 2021
Quando: Sábado, às 18h
Onde: Transmissão ao vivo pelo Youtube da Rede Unida

Vacina contra Covid-19: dinheiro, dúvidas e incertezas

Sob a lógica neoliberal, muitos observadores temem que a vacina se converta em um negócio financeiro para as grandes farmacêuticas. Leia no artigo do jornalista uruguaio, Eduardo Camin*.

 

 

O horizonte do tempo atrai, mas também ameaça. Somente onde há uma ameaça futura surge a aspiração ao poder; pois isto há de assegurar o futuro. Parte de tudo isso sucede particularmente com a pandemia da Covid-19 e a criação da vacina. A realidade histórica em que atua a preocupação põe em evidência nossas próprias contradições.

Às margens do lago Léman, a cidade de Genebra perpetua sua discrição: assim está desenhada, para poder falar muito e dizer pouco, uma dialética determinada por sua retórica onusiana. Desta forma, diferentes organismos internacionais oferecem seus encontros virtuais nos quais nos dão a conhecer, em doses homeopáticas, os avanços e consequências da vacina contra a Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), cuja Assembleia Anual se realizou de forma virtual nos dias 18 e 19 de maio de 2020, já havia declarado que a futura vacina contra esta pandemia deveria ser um “bem público mundial”, como resposta à iniciativa de uma dúzia de países.

No dia 4 de junho de 2020, o secretário geral da ONU, António Guterres, também reafirmou, na inauguração da Cimeira Virtual da Aliança Global para Vacinas e Imunização (Gavi) que reuniu mais de 50 países e mais de 35 chefes de Estado e Governo, que a futura vacina contra a Covid-19 deve ser “uma vacina para os povos”, acessível a todos. Na cimeira, os doadores, públicos e privados, prometeram dedicar cerca de 8 bilhões de euros (US$ 9 bilhões) para intensificar a vacinação contra as principais enfermidades. Esta opinião é compartilhada por diversos especialistas em saúde.

O microbiologista belga Peter Piot, nomeado assessor pela Comissão Europeia na investigação do combate contra a Covid-19, insistiu, em uma entrevista ao jornal Le Monde, na importância do “acesso equitativo” à vacina e criticou o “nacionalismo vacinal” do presidente dos EUA, Donald Trump.

Conforme anunciado pelo presidente Donald Trump, os EUA, em 7 de julho, se retiraram da OMS, desferindo um duro golpe a esta instituição internacional e privando-a de cerca de 20% do seu orçamento. Trump adotou, assim, uma posição unilateral e uma concepção mercantil da saúde, embora não seja a primeira vez que EUA retire o financiamento a OMS: já haviam feito em 1985, sob o mandato de Ronald Reagan.

Além do debate ideológico – No entanto, a tarefa manifesta das Nações Unidas e da OMS na defesa do valor universal do conhecimento científico é dificultada por uma certa oposição, encabeçada por algumas entidades liberais estadunidenses como a ultraconservadora Heritage Foundation e, de certa forma, a própria Organização Mundial do Comércio (OMC).

Esta última sustenta que os conhecimentos científicos são objetos comercializáveis em virtude dos acordos sobre os direitos de propriedade intelectual relacionados com o comércio (TRIPs), adotados em 1994 pela OMC. A finalidade declarada da proteção à propriedade intelectual é estimular a inovação. Em virtude do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPs), todos os Estados Membros da OMC devem promulgar leis nacionais que garantam um nível mínimo de proteção da propriedade intelectual em um determinado prazo.

Os críticos do acordo temem que essas medidas sejam incompatíveis com o objetivo de garantir o acesso dos países em desenvolvimento aos medicamentos. Tempos atrás, em uma reunião convocada pela OMS sobre os direitos de propriedade intelectual e as vacinas em países em desenvolvimento, foi evidenciado que não havia nenhum indício de que o Acordo TRIPs tivesse estimulado a inovação no desenvolvimento de vacinas para o mercado de países em desenvolvimento (um mercado débil).

Muito menos de que a proteção dos direitos de propriedade intelectual tenha tido efeitos negativos no acesso às vacinas. No entanto, o acesso a futuras vacinas no mundo em desenvolvimento poderia ser ameaçado pelo cumprimento do Acordo TRIPs.

Para fazer frente a essas ameaças, todos os países deveriam observar as disposições na Declaração de Doha relativas ao Acordo TRIPs, assim como os mecanismos de proteção garantidos pelo mesmo, monitorar os elementos TRIPs-plus dos acordos de livre comércio, desenvolver marcos para a concessão de licenças e transferência de tecnologia, e promover o desenvolvimento de vacinas inovadoras nos países em desenvolvimento.

O papel das organizações internacionais, no que tange a definição das práticas mais adequadas, a difusão de informação e o monitoramento do impacto do TRIPs, será crucial para garantir um bom acesso a novas vacinas prioritárias para o mundo em desenvolvimento.

Em recente reunião do Conselho para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio da OMC, nos dias 15 e 16 de outubro de 2020, cerca de 40 membros iniciaram um debate substantivo sobre uma proposta apresentada pela Índia e África do Sul para uma isenção temporária de determinadas obrigações no TRIPs, que segundo eles facilitariam uma resposta adequada à Covid-19. A proposta sugere uma isenção para todos os membros da OMC sobre a aplicação de determinadas disposições do Acordo TRIPs em relação à “prevenção, contenção ou tratamento” da Covid-19.

Os proponentes argumentaram que isto evitaria barreiras ao acesso oportuno a produtos médicos acessíveis, incluindo vacinas e medicamentos, ou a ampliação da pesquisa, o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos médicos essenciais. Na realidade, como resultado desta abordagem mercantil, o número de patentes sobre descobertas científicas e tecnológicas aumentou exponencialmente nos últimos 30 anos, dando lugar a um aumento da mercantilização do conhecimento e restrições na transferência de tecnologia e conhecimento.

Uma vacina sob suspeita – A escala e o impacto da pandemia não têm precedentes e requerem o rápido estabelecimento de uma produção e um fornecimento diversificados, suficientes e coordenados a nível mundial para qualquer tratamento ou vacina que saia das companhias farmacêuticas.Porém, confiar em uma só empresa apenas dará lugar a mais tragédias e comprometerá o controle da pandemia.

A qualquer momento, o tratamento ou vacina pode se converter em um recurso escasso, e os países ricos poderiam estocar qualquer recurso disponível, deixando os países com capacidade limitada de mãos vazias.No entanto, apesar da boa vontade de alguns laboratórios, a relutância das empresas privadas continua forte. A Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA) está tentando conter a iniciativa mundial do Acelerador ACT, lançada sob os auspícios da OMS.

O fato é preocupante. Muitos observadores temem que a vacina se converta em um negócio financeiro para as grandes farmacêuticas, e que esteja disponível apenas para os ricos. Afinal, o público pagará duas vezes: no momento de subsidiar a vacina e no momento de adquiri-la.

Hoje, é crucial o papel dos organismos das Nações Unidas, como a Unesco, a OMS e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo), para garantir – com esforço – que o conhecimento científico seja considerado um bem público mundial, para deter a privatização desenfreada do conhecimento. A vulnerabilidade e o maior benefício para a saúde a médio prazo são dois critérios que podem orientar a identificar os que primeiro devem ser imunizados.

Perante o ruído, a confusão e as expectativas geradas pela informação contínua sobre as novidades neste terreno, alguns especialistas apelam à “intervenção dos poderes públicos para avaliar a qualidade dos estudos e comunicar as evidências comprovadas dos tratamentos, tecnologias ou intervenções”. Estes especialistas consideram “quase imprescindível” reforçar a agilidade na elaboração e publicação de relatórios baseados em estudos que transmitam informações verídicas, verificadas e contrastadas a todos os profissionais.

No globalismo atual, convergem a politização e o economicismo, que em resumo são duas reduções na percepção do todo. No prisma visual da política neoliberal, a pandemia se agrava até se converter em mero objeto de cálculo de poder ou de impotência; enquanto salvam dinheiro… perdemos vidas.

Fonte: Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (Clae) | Tradução: Leonardo Igor para a Revista Opera, com revisão de Rebeca Ávila

*Eduardo Camin – Jornalista uruguaio credenciado na  ONU-Genebra. Analista associado ao Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)

A reforma trabalhista/sindical para 2021, por Neuriberg Dias*

Desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro houve várias tentativas de ampliar a reforma trabalhista e sindical da Lei nº 13.467/2017 não concluída com as Medidas Provisórias nº 873, 881 e 905, e, durante a pandemia, com as Mp´s 927 e 936. Uma nova investida nessa reforma – dessa vez mais organizada – deve ser empreendida no pós-pandemia sob a coordenação do Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), criado no âmbito do Ministério da Economia e com um novo ambiente de articulação política do governo junto ao Congresso Nacional.

 

 

A desregulamentação de direitos trabalhistas só não foi maior graças à atuação do movimentos sindical e social e da oposição que aproveitou o momento difícil na relação do governo com o Congresso Nacional, bem como a saída do secretário de Trabalho e Previdência para o ministério do Desenvolvimento Regional. O ministro Rogério Marinho foi relator da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados e um dos principais articuladores do governo Bolsonaro na reforma da previdência aprovada em 2019.

Vale lembrar que o grupo de estudos que vai apresentar um amplo marco regulatório com mudanças constitucionais e infraconstitucionais para a reforma trabalhista e sindical foi criado pela Portaria nº 1.001/2019, que tem como prerrogativa elaborar propostas sobre quatro eixos distribuídos em Grupos de Estudos Temáticos (GET), a saber:

1) economia e trabalho: a) eficiência do mercado de trabalho e das políticas públicas para os trabalhadores; b) informalidade; c) rotatividade; d) futuro do trabalho e novas tecnologias;

2) direito do trabalho e segurança jurídica: a) simplificação e desburocratização de normas legais; b) segurança jurídica; e c) redução da judicialização.

3) trabalho e previdência: a) insalubridade e periculosidade; b) regras de notificação de acidentes de trabalho; c) nexo técnico epidemiológico; d) efeitos previdenciários de decisões da Justiça do Trabalho; e e) direitos do trabalhador decorrentes de benefícios previdenciários.

4) liberdade sindical: a) formato de negociações coletivas; b) representatividade nas negociações coletivas; e c) registro sindical.

E, conforme adiantou o Diap, a composição dos Grupos de Estudos Temáticos é majoritariamente formada por representantes vinculados aos interesses das confederações patronais como o conhecido economista Hélio Zylberstajn, coordenador do grupo de trabalho sindical, e o ministro Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, coordenador do grupo de direito do trabalho e segurança jurídica. Clique aqui e veja o perfil dos grupos temáticos.

Até o momento as propostas não são conhecidas pelo movimento sindical, mas é possível antecipar que o tema do direito do trabalho, segurança jurídica e liberdade sindical, a partir do histórico de tentativas centradas na carteira verde e amarela, são prioritários e, em linhas gerais, devem ser elaboradas minutas tratando dos seguintes assuntos

a) definir a responsabilidade subjetiva do empregador no caso do Covid19 (para evitar a responsabilidade objetiva);

b) regulamentar o teletrabalho;

c) regulamentar o trabalho em plataformas digitais;

d) definir a correção monetária e os juros nos débitos trabalhistas,

e) estabelecer temas processuais como a edição de súmulas e enunciados;

f) limitar a substituição processual para beneficiar os associados, como forma, no seu entendimento, de estimular a sindicalização;

g) regulamentar a jornada de trabalho do bancário;

h) definir hora noturna de modo que volte a ter 60 minutos, com limitações;

i) estabelecer que os acordos judiciais sejam homologados ou não homologados, sem possibilidade de o juiz examinar para homologar uma parte e não homologar outra;

j) reconhecer o conflito como inerente às relações capital/trabalho;

k) definir negociação coletiva como preponderante;

l) regulamentar liberdade sindical como fundamento;

m) estabelecer representação e proteção dos não assalariados e das novas formas de contratação; e

n) unificar os programas e fundos como seguro-desemprego, fundo de garantia e bolsa-família para melhor focalizar, simplificar com transparência, unificar, dar incentivos e aumentar a eficiência.

Não há dúvida de que os impactos da pandemia na economia e no mundo do trabalho, de um lado, e um novo relacionamento político do governo com o Parlamento, de outro, podem motivar uma maior agilidade na apresentação das propostas do Grupos de Estudos Temáticos. E, essas propostas – mantidos os cenários econômicos e políticos – tendem a ser tratadas de forma mais organizada e mais célere tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo.

De todo modo, as propostas dos Grupos de Estudos Temáticos devem passar pelo aval do governo, em particular da Casa Civil, e, em função da articulação política, também poderá ser conhecida com antecedência pelos líderes do governo e presidentes das Casas do Parlamento antes do envio ao Congresso Nacional.

Além disso, dada a relevância dos temas, há rumores de recriação do ministério do Trabalho e Emprego, que daria mais organização política e técnica, além de uma maior participação dos atores econômicos e sociais na elaboração, acompanhamento e controle das propostas submetidas ao Poder Legislativo.

O desafio está mais uma vez colocado para o movimento sindical de mobilizar a sociedade, o governo e o Parlamento numa unidade de ação e de amplo diálogo com o Congresso Nacional e com os trabalhadores de modo a evitar qualquer tentativa de atropelo do governo com uma nova proposta de reforma trabalhista e sindical que retire direitos e aumente as desigualdades econômicas e sociais.

(*) Neuriberg Dias – Jornalista, analista político, assessor técnico do Diap e sócio diretor da Contatos Assessoria Política

Fonte: DIAP

História: o documento que lançou a ideia do SUS

Em plena ditadura constituiu-se um Instituto de Medicina Social notável, por onde passaram, entre outros, Michel Foucault e Ivan Illich. Em 1976, produziu-se lá a primeira proposta de um Sistema Universal de Saúde no Brasil. Vale conhecê-lo. Leia no artigo de José Luis Fiore. Foto de capa:  Foto de Araquém Alcântara, em série retratando o Programa Mais Médicos, criado em 2013 — e possível devido a existência do SUS

 

 

Uma pequena nota de apresentação, 44 anos depois

José Luis Fiore

A reconstrução da história é uma tarefa muito difícil, porque os caminhos do passado não são simples nem são lineares, e muitas vezes envolvem lembranças e emoções pessoais. Como no caso da história da criação do Sistema Único de Saúde, o maior sistema público de assistência média universal do mundo. Ele foi criado pela Constituição de 1988, que reconheceu a “saúde” como um direito universal, e como uma obrigação do Estado brasileiro. Mas antes de 1988, houve uma longa caminhada e grande mobilização de forças e organizações sociais que participaram da luta pelo reconhecimento constitucional desse direito do povo brasileiro. Essa luta teve muitas raízes e contribuições sociais, políticas e intelectuais, mas é possível também identificar alguns passos importantes que foram sendo dados dentro da própria burocracia do Estado, e em particular, dentro do INAMPS, com a criação do Programa de Pronta Ação (PPA), em 1975, uma primeira experiência de universalização da atenção de emergência universal e gratuita, mas que não durou muito tempo; e também a criação do programa de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1984.

No campo das ideias, entretanto, e da luta intelectual ou ideológica propriamente dita, deve-se destacar o papel fundamental que teve nesta história o Instituto de Medicina Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O IMS foi criado no início dos anos 70, por um pequeno grupo de médicos e sanitaristas progressistas que conseguiram resistir e escapar do controle e da repressão política e intelectual da ditadura militar, e criar um programa de pesquisa e pós-graduação na área da Saúde Pública, incentivados pelo humanismo cristão do médico carioca Américo Piquet Carneiro, e liderados pelo entusiasmo e pela inteligência estratégica de dois médicos mais jovens, idealistas e de esquerda, os doutores Nina Pereira Nunes e Hésio Cordeiro. E foi graças à sua energia e à dedicação deste pequeno grupo inicial, e ao apoio que tiveram da Organização Panamericana da Saúde, que conseguiram reunir em torno do programa de pós-graduação criado em 1974, um grupo expressivo de profissionais igualmente jovens e progressistas, composto por médicos, epidemiólogos, sociólogos, psicanalistas, demógrafos, cientistas políticos, filósofos e economistas. E depois disto, os próprios fundadores do IMS se “submeteram” à condição de alunos da primeira turma experimental de mestrandos que se formou em 1976, como foi o caso do próprio Hésio Cordeio, e de vários outros médicos, como Reinaldo Guimarães, José Noronha e João Regazzi, entre muitos outros, que depois ocuparam posições de destaque na formulação e gestão da política nacional de saúde das décadas seguintes.

Com o passar dos anos, e em particular na década de 1980, o IMS transformou-se num centro de reflexão intelectual multidisciplinar e heterodoxa de alto nível, e numa verdadeira “escola de poder”, onde se formaram vários ministros e secretários estaduais de Saúde, e vários presidentes e diretores da Fundação Oswaldo Cruz, e de muitos outros centros de excelência, nacionais e internacionais. E depois disto, e durante seus cinquenta anos de vida, o IMS acabou se transformando num dos principais – senão o principal – centro de formação da “inteligenzia sanitária” brasileira. Por ali passaram Michel Foucault, Giovani Berlinguer (que inspirou a reforma sanitária italiana), Ivan Illich, Mario Testa, Cristina Laurel e inúmeros outros intelectuais e sanitaristas de nome internacional que deram uma contribuição decisiva para o amadurecimento das três grandes linhas teóricas que mais contribuíram para a formação do pensamento crítico do IMS: a “medicina social alemã” de Rudolph Virchow; a crítica da “iatrogênesis médica”, do austríaco Ivan Illich; e a “microfísica do poder”, do francês Michel Foucault.

E foi dentro do Instituto de Medicina Social que nasceu, em 1975, a primeira proposta intelectual sistemática, e de esquerda, de um sistema universal de saúde, inspirado pelo National Health System inglês dos anos 40, e pela Reforma Sanitária italiana dos anos 70. A originalidade do IMS, naquele momento, foi ir além do puro exercício da crítica ao regime militar, para pensar o que fazer concretamente no campo da saúde brasileira no momento em que as forças progressistas conseguissem chegar ao poder, como aconteceu, pelo menos em parte, no período da “Nova República”, entre 1986 e 1990. Para formular a primeira proposta, um pequeno grupo de professores do IMS, liderados por Hésio Cordeiro, levou à frente, a partir de 1975, um trabalho de consulta às entidades sindicais e associações médicas do Rio de Janeiro, para construir em conjunto e de forma consensual, um novo projeto sanitário para o Brasil. Este trabalho de consulta e discussão coletiva tomou aproximadamente um ano, e foi depois dessas múltiplas “audiências” com sindicatos e corporações médicas e sanitárias, que foi redigida a “seis mãos” a primeira versão deste texto/manifesto que aparece na sequência, sobre “A questão democrática na área da saúde”, que circulou entre um público restrito, no ano de 1976. E foi a partir desta plataforma inicial que ele começou a ser divulgado e reproduzido por várias revistas e instituições, muitas vezes sem o nome de seus autores originais. Em 1979, ele foi publicado pela Revista do CEBES, e acabou se transformando num verdadeiro manifesto do movimento sanitário brasileiro, nos primeiros anos da década de 80, até seu reconhecimento e oficialização como documento e decisão da VIII Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986.

Mais à frente, este mesmo texto original de 1976 transformou-se na “bússola” da gestão de Hésio Cordeiro à frente do INAMPS, a partir de 1986, quando foi criado o SUDS, que funcionou como um embrião do Sistema Único de Saúde, antes que ele fosse consagrado pela Constituição de 1988, e muito antes que ele fosse institucionalizado, já sob a égide do Ministério da Saúde.

No momento em que esse texto foi escrito, em 1976, nenhum de seus autores imaginava a importância que ele viria a ter na década seguinte, nem muito menos podia imaginar a forma que o futuro daria ao seu projeto e aos seus sonhos. Mas olhando com a perspectiva do tempo passado, posso dizer que me orgulho muitíssimo de haver participado dessa aventura intelectual e institucional, e de haver estado ao lado de Hésio Cordeiro e de Reinaldo Guimarães na hora em que escrevemos esse manifesto, como militantes da luta pela redemocratização do país, e como defensores entusiastas do direito universal à saúde de todos os brasileiros.

A Questão Democrática na Área da Saúde

Por Hésio Cordeiro, José Luís Fiori e Reinaldo Guimarães

É praticamente consensual entre os especialistas o diagnóstico de que, a partir da década de 60, vem piorando gradativamente o nível de vida da população. Aumentaram significativamente a mortalidade infantil, as doenças endêmicas, as taxas de acidentes de trabalho, o número de doentes mentais, etc. Pioraram, igualmente, as condições de saneamento, a poluição ambiental e os níveis nutricionais chegaram ao ponto de preocupar as autoridades, hoje um tanto pessimistas com relação ao que chamaram de “miséria absoluta”.

Cresce a um só tempo a mobilização popular contra o desemprego, os baixos salários e suas péssimas condições de vida. Cresce também, e mais especificamente, a irritação da população contra as filas, a burocracia, a corrupção e os custos da má atenção médica que recebem. Crescem, finalmente, as reclamações e reivindicações sindicais contra os convênios e contratos com as empresas médicas.

Enquanto isso acontece, a medicina brasileira vive uma profunda crise. Exacerbam–se as críticas à sua qualidade. Questiona–se cada vez mais a sua eficácia.

Acusam–se os médicos de desleixo e desnaturada avidez salarial. Os donos de hospitais ameaçam fechá–los porque seus lucros estão baixando.

É neste contexto que se situa a maior parte do material que vem sendo veiculado pelos meios de comunicação de massa. Inúmeros elementos objetivos sustentam a parcial veracidade destas acusações. Entretanto, o que só recentemente está vindo à luz, em forma ainda um tanto encoberta, são as reais causas das distorções detectadas. As raízes últimas na anarquia instaurada na assistência médica e da insolvência sanitária da população: a mercantilização da medicina promovida em forma consciente e acelerada por uma política governamental privatizante, concentradora e anti–popular.

Política que substitui a voz da população pela sabedoria dos tecnocratas e pelas pressões dos diversos setores empresariais; política de saúde que acompanha em seu traçado as linhas gerais de posicionamento socioeconômico do governo: privatizante, empresarial e concentrador da renda, marginalizando cerca de 70% da população dos benefícios materiais e culturais do crescimento econômico. Política de saúde, ainda, que reduziu ao mínimo os gastos em saúde pública, privilegiando a assistência médico–hospitalar curativa e de alta sofisticação, ainda quando o quadro sanitário do país indique a enorme importância dos “velhos” problemas: esquistossomose, Chagas, malária, desnutrição, altos índices de mortalidade infantil, combinados com a emergência de novos padrões de mortalidade urbana (câncer, doenças cardiovasculares, acidentes, violências, etc.). Política de saúde, enfim, que esquece as necessidades reais da população e se norteia exclusivamente pelos interesses da minoria constituída e confirmada pelos donos das empresas médicas e gestores da indústria da saúde em geral.

Exemplo recente desta forma de política elitista e anti–popular é a tentativa de criação do cheque–consulta, cujo único objetivo é satisfazer os interesses dos produtores de serviços, acenando à população com a ilusão de um melhor acesso aos serviços de saúde.

Face a esta política de caráter essencialmente anti–democrático, a grande maioria dos profissionais de saúde encontra–se hoje colocada na trincheira de uma batalha inglória, a tentar remediar os males de um planejamento ineficaz para uma população carente e subnutrida, com técnicas às vezes tão ou mais perigosas que as próprias doenças que deseja eliminar.

Por outro lado, a população, marginalizada das decisões sobre a política de saúde da mesma forma que da maioria das decisões sobre a vida nacional, financia um sistema que muito pouco ou nada lhe oferece em troca.

Frente a este quadro, é dever da população e dos profissionais de saúde, nos locais de trabalho e reunidos em torno de suas entidades representativas, apresentar seu diagnóstico da situação. Mais ainda, somando–se ao clima de debates que hoje caracteriza a conjuntura política nacional, avançar e propor plataformas de luta que busquem reunir suas aspirações na linha de constituição de uma medicina democrática.

É neste sentido que o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde vem apresentar sua contribuição a este debate e a esta luta. ( Esta frase e esta autoria foram agregadas à versão original do texto, depois de 1979)

– O diagnóstico apresentado já indica as grandes linhas de uma proposta, limitando responsabilidades e definindo os principais obstáculos que se interpõem hoje, no Brasil, entre os ideais democráticos e as possibilidades de resposta e adequação real do nosso sistema de saúde àqueles ideais.

Por uma saúde autenticamente democrática entende–se:

1 – o reconhecimento do direito universal e inalienável, comum a todos os homens, à promoção ativa e permanente de condições que viabilizem a preservação de sua saúde.

2 – o reconhecimento do caráter sócio–econômico global destas condições: emprego, salário, nutrição, saneamento, habitação e preservação de níveis ambientais aceitáveis.

3 o reconhecimento da responsabilidade parcial, porém intransferível, das ações médicas propriamente ditas, individuais e coletivas, na promoção ativa da saúde da população.

4 – o reconhecimento, finalmente, do caráter social deste Direito e tanto da responsabilidade que cabe à coletividade e ao Estado em sua representação, pela efetiva implementação e resguardo das condições supra mencionadas.

Por isso, são necessárias medidas que:

1 – obstaculizem os efeitos mais nocivos das leis de mercado na área de saúde, ou seja, detenham o empresariamento da medicina.

2 – transformem os atos médicos lucrativos em um bem social gratuito a disposição de toda a população.

3 criem um Sistema Único de Saúde.

4 – atribuam ao Estado a responsabilidade total pela administração desse Sistema.

5 – deleguem ao Sistema Único de Saúde a tarefa de planificar e executar uma política nacional de saúde, que inclua: a pesquisa básica, a formação de recursos humanos, a atenção médica individual e coletiva, curativa e preventiva, o controle ambiental, o saneamento e a nutrição mínima à sobrevivência de uma população hígida.

6 – estabeleçam mecanismos eficazes de financiamento do sistema, que não sejam baseados em novos gravames fiscais sobre a maioria da população, nem os novos impostos específicos para a saúde. O financiamento do Sistema Único deverá ser baseado numa maior participação proporcional do setor saúde nos orçamentos federal, estaduais e municipais, bem como no aumento da arrecadação decorrente de uma alteração fundamental no atual caráter regressivo do sistema tributário.

7 – organizem este sistema de forma descentralizada, articulando sua organização com a estrutura político–administrativa do país em seus níveis federal, estadual e municipal, estabelecendo unidades básicas, coincidentes ou não com os municípios, constituídas por aglomerações de população que eventualmente reuniriam mais de um município ou desdobrariam outros de maior densidade populacional. Esta descentralização tem por fim viabilizar uma autêntica participação democrática da população nos diferentes níveis e instâncias do sistema, propondo e controlando as ações planificadas de suas organizações e partidos políticos representados nos governos, e assembléias e instâncias próprias do Sistema Único de Saúde.

8 – esta descentralização visa, por um lado, à maior eficácia, permitindo uma maior visualização, planificação e alocação dos recursos segundo as necessidades locais. Mas visa, sobretudo, a ampliar e agilizar uma autêntica participação popular a todos os níveis e etapas na política de saúde.

Este, talvez o ponto fundamental desta proposta, negador de uma solução meramente administrativa ou “estatizante”. Trata–se de canalizar as reivindicações e proposições dos beneficiários, transformando–os em voz e voto em todas as instâncias.

Evita–se, também, com isto, uma participação do tipo centralizador tão cara ao espírito corporativista e tão apta às manipulações cooptativas de um Estado fortemente centralizado e autoritário como tem sido tradicionalmente o Estado brasileiro.

9 – estabeleçam um estatuto de convivência entre a prática assalariada vinculada ao Sistema Único de Saúde e a autêntica prática de consultórios particulares que tem tradição na medicina brasileira.

10 – definam uma estratégia específica de controle sobre a produção e distribuição de medicamentos, assim como de produção e/ou importação de consumo de equipamentos médicos. Que esta estratégia tenha presentes as necessidades reais, majoritárias e regionalizadas da população, reduzindo ao mínimo os gastos e a sofisticação desnecessária.

Estas opções políticas conduzem a uma proposta de transformação profunda no atual sistema de saúde cujas medidas iniciais sejam:

I – Criar o Sistema Único de Saúde (SUS).

II – Outorgar ao Ministério da Saúde a direção do SUS, com a tarefa de planificar e implantar, em conjunto com os governos estaduais e municipais, a Política Nacional de Saúde. O órgão deve ter poder normativo e executivo, inclusive sobre o setor privado e empresarial, sendo controlado permanentemente pela população através de suas organizações representativas, via mecanismos claramente estabelecidos e institucionalizados.

III – Definir a Política de Assistência Médica, atualmente levada a cabo pelo Inamps, já então enquadrado e disciplinado pelo órgão diretor do SUS, mediante a suspensão imediata dos convênios e contratos de pagamento por unidades de serviços para a compra de atos médicos ao setor privado empresarial, substituindo–os por subsídios globais; estabelecer mecanismos efetivos de controle destas unidades contratadas que impeçam conseqüências danosas como o aviltamento dos salários dos profissionais e a diminuição da qualidade do atendimento; controle a ser exercido em conjunto por um representante do Sistema Único de Saúde com assento permanente na direção destas unidades.

IV – Criar imediata, ainda que progressivamente, com os recursos antes despendidos com os convênios e outros, uma rede nacional, devidamente regionalizada de ambulatórios e postos de saúde próprios, voltados para a aplicação de medidas preventivas, articuladas com a assistência médica primária, de casos de emergência e acidentes do trabalho. Para o funcionamento destes postos, deverão ser utilizados médicos funcionários do Sistema Único e sobretudo pessoal auxiliar, cuja formação deverá ser estimulada com veemência.

V – Definição de uma política para a área rural adequada às reais necessidades de sua população, descondicionando a prestação de assistência médica da satisfação de interesses eleitorais de grupos partidários.

VI – Redefinir a atual política do FAS para que passe a funcionar a expansão da rede básica dos serviços de saúde.

VII – Privilegiar as medidas de controle do meio ambiente, particularmente aquelas destinadas à redução de doenças endêmicas, como Chagas, esquistossomose, malária, etc.

VIII – Planejar a formação e distribuição de profissionais de saúde, definindo as prioridades para a formação de pessoal não–especializado e especializado.

IX – Definir uma política de produção e distribuição de medicamentos e equipamentos médicos orientada pela simplificação e eficácia tecnológica e dirigida à redução da dependência ao capital estrangeiro através de:

• maior participação estatal na pesquisa, formação de pesquisadores e desenvolvimento de tecnologia nacional dirigida à produção de matérias–primas fundamentais à industrialização de medicamentos essenciais; de modo similar ao que originalmente propunha o próprio projeto ou Central de Medicamentos;

• controle de remessas de lucros para o exterior;

• controle efetivo da qualidade e da quantidade dos medicamentos comercializados;

• importação apenas daqueles equipamentos e fármacos que tenham tido sua eficácia comprovada através da utilização por um período mínimo de cinco anos.

O conjunto destas reivindicações conforma uma primeira etapa na formulação de uma plataforma de luta em prol de uma autêntica democratização da Medicina e da Saúde Brasileira. Não pretende ser executiva nem abranger detalhamentos administrativos de implementação. Não é seu objetivo. Define apenas as grandes linhas que deverão orientar, em nosso entender, as decisões políticas fundamentais.

Abre–se a partir deste momento um debate democrático, o mais amplo e fértil possível, com todas as entidades e instituições interessadas na solução da crise atual da Medicina Brasileira. Debate que aprofunde estes pontos indicados, levando à formulação mais acabada de uma plataforma que agrupe e mobilize médicos e não–médicos na luta contra a atual política de governo para a saúde e a favor de uma Medicina Democrática.

Fonte: Outras Palavras