Artigo: Teto dos gastos já prejudica o orçamento público e o país

É como se alguém consumisse exatamente as mesmas coisas por 20 anos, sem mudança nos hábitos ou nas necessidades e todos os preços aumentassem à mesma taxa. Sem poder cortar mais em custeio e investimentos, o governo partirá para as despesas obrigatórias. Por Flávio Arantes*

 

 

Além de já estar causando uma série de confusão na mídia sobre o aumento permitido para os gastos públicos, a elaboração do orçamento federal para 2018, sob as regras do teto dos gastos, vai exigir manobras que prejudicarão ainda mais a economia e a população brasileira.

No relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018, que dá as orientações de como o orçamento deve ser preparado, o deputado Marcus Pestana (PSDB/MG) afirma que haverá R$ 39 bilhões “a mais” para gastar ano que vem, enquanto a equipe técnica do governo indica que, na prática, esse valor é de R$ 80 bilhões.

Entendamos os números. De acordo com a Emenda Constitucional 95 (EC 95), a base de cálculo do teto para 2017 foi o valor das despesas primárias pagas do Governo Central[1]no final de 2016 (dinheiro que saiu efetivamente dos cofres públicos) corrigidas pela inflação acumulada, o IPCA, de jul/2015 a jun/2016. Em 2016 essas despesas foram de R$ 1.214,4 bi e o IPCA de 7,2%, o que determinou o limite para 2017 de R$ 1.301,8 bi (R$ 1.214,4 x 1,072 = R$ 1.301,8).

Já para 2018 a correção foi feita pelo limite de 2017 e não pelo valor pago em 2017 – e essa é a regra que valerá a partir de agora. Com o IPCA acumulado de jul/2016 a jun/2017 de 3%, o limite na LDO para 2018 é de R$ 1.340,9 bi. O governo central tem, portanto, R$ 39 bi “a mais” que pode aumentar no orçamento das despesas primárias sobre as quais incidem o teto para o ano que vem. Como não são todas as despesas primárias que estão sob o teto[2] e como tampouco entram no teto as despesas financeiras (pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida) o orçamento de 2018 como um todo provavelmente terá um adicional de gastos maior que os R$ 39 bi.

A equipe econômica do governo, por outro lado, faz uma estimativa de que as despesas efetivamente realizadas em 2017 ficarão abaixo do limite. Ou seja, por conta de frustração de receita prevista para 2017, devido à recessão, e por causa da meta de déficit primário, os R$ 1.301,8 bi do teto não serão efetivamente gastos. Quando se compara essas estimativas para o gasto em 2017 com o limite aprovado para 2018, o valor, segundo os técnicos do governo, é de R$ 80 bi. Ou seja, teriam, na prática, R$ 80 bi “a mais” para 2018 do que acham que vão gastar efetivamente em 2017.

Coloco o “a mais” entre aspas porque é um gasto público que aumenta apenas nominalmente, repondo a inflação, e não vai crescer em termos reais, no agregado, fazendo jus à orientação geral da EC 95: congelar o poder de compra do gasto primário até 2036 no mesmo patamar de 2016. É como se alguém consumisse exatamente as mesmas coisas por 20 anos, sem mudança nenhuma nos hábitos ou nas necessidades e como se todos os preços aumentassem na mesma taxa.

De qualquer modo, sendo R$ 80 bi ou R$ 39 bi “a mais”, o montante não será suficiente, como o próprio relator afirma, para pagar as despesas primárias obrigatórias que crescem de maneira vegetativa, como, por exemplo, o gasto com pessoal ou com os benefícios da previdência. Essas despesas crescem ano a ano devido aos reajustes dos salários, dos valores dos benefícios previdenciários, ou para dar conta dos planos de carreira dos servidores ou do aumento no número de beneficiários, entre outros motivos.

Na média de 1997 a 2016 o gasto com pessoal cresceu 10,3% e o de benefícios previdenciários 13,4% ao ano em termos nominais. Em termos reais, descontados pelo IPCA, o crescimento médio anual foi de 3,6% e 6,4%, respectivamente. Como então acomodar esse crescimento vegetativo no orçamento de 2018 tendo em vista o teto (crescimento nominal de 3% = crescimento real de 0%)?

De imediato, o governo pode reduzir os gastos com as despesas discricionárias (custeio e investimento) e realocar os recursos nas despesas obrigatórias, mantendo o total das despesas sujeitas ao teto dentro do limite. O problema (adicional) é que o governo historicamente já corta os investimentos e o custeio para pagar juros e cumprir com as metas do resultado primário e esse corte é insuficiente para satisfazer também com o teto. O governo tem duas regras, dois limites, e apenas uma “via de escape”. Por isso, o relator da LDO já indica a necessidade de cortes nas despesas obrigatórias!

As despesas obrigatórias só podem ser cortadas se houver mudanças nas legislações, desde alterações em leis específicas a mudanças na Constituição. A EC 95, que foi amplamente reprovada em consulta popular, mas imposta pelo governo, só se sustenta na execução orçamentária se o governo tiver raio de manobra para cortar gastos. Ele não tem e a LDO de 2018 já mostra isso. Assim, também por causa dos problemas de execução orçamentária o governo enfiou goela abaixo da população reformas como a trabalhista, tenta fazer o mesmo com a reforma da previdência, provavelmente vai tentar desvincular os benefícios previdenciários do salário mínimo e ainda alterar sua regra de reajuste. O povo sofrendo por uma regra que não tem sentido econômico nenhum.

O governo federal já não investe na economia para gerar resultado primário e tentará deixar de pagar despesas obrigatórias para não ultrapassar o teto dos gastos. Essa é a lógica que a EC 95 reforça: diminuir cada vez mais a participação do Estado em todas as áreas por meio da limitação orçamentária. A LDO indica que a elaboração do orçamento para o ano que vem será caótica e ineficiente e, por consequência, deixará a aplicação dos recursos ainda mais precária e insatisfatória. O teto não se sustenta frente à própria dinâmica orçamentária e muito menos frente às demandas do país.

Notas

[1]Tesouro Nacional, INSS e Banco Central.

[2]Lembrando que as despesas primárias correspondem basicamente a gastos com pessoal e encargos, previdência, custeio e investimento. Despesas primárias com transferências constitucionais (como o Fundeb, o Fundo de Desenvolvimento do DF, etc.), créditos extraordinários, gastos com eleições e despesas com aumento de capital das estatais não dependentes não entram no cálculo.

*Flávio Arantes é doutorando em economia pela Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON) do IE/Unicamp. Estuda economia do setor público e teoria sobre política fiscal.

Fonte: Vermelho/Brasil Debates
Publicado em 03/08/2017

Modelo de Atenção à Saúde e Integralidade são destaques de seminário sobre Vigilância em Saúde

Respeitar e reconhecer as singularidades e as especificidades de cada região do país é um dos pontos fundamentais para compreender os elementos que podem interferir na promoção de saúde dos brasileiros. Esta foi a análise que permeou os debates sobre o Modelo de Atenção à Saúde no Brasil e o papel da Vigilância em Saúde na Garantia da Integralidade, realizados nesta terça-feira, 18, durante o seminário promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), em São Paulo.

Para a professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Laura Camargo Macruz Feuerwerker, é preciso reconhecer as diferenças do coletivo para ampliar o entendimento de como diferentes grupos de pessoas apontam os processos de riscos e adoecimento. “A agenda de atenção básica fala que do Oiapoque ao Chuí as pessoas tem os mesmos problemas, isso limita a promoção à saúde com providencias basicamente relacionadas ao ambiente urbano, normalmente culpabilizando o indivíduo pelo fato dele não adotar um modelo saudável de vida”, avalia.

Para ela, pensar na integralidade também é importante para reduzir o distanciamento que politicas públicas e temas de saúde têm do cotidiano das pessoas. “O grau de desregulamentação do trabalho terá consequências brutais para o ponto de vista da precarização das vidas e condições de trabalho, por exemplo”.

O seminário é uma etapa preparatória para a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde (CNVS), a ser realizada de 21 a 24 de novembro, em Brasília. A conferência discutirá, entre outras questões, quais estratégias podem gerar ações integradoras das vigilâncias e a integração da vigilância em saúde com a atenção básica.

“É preciso pensar na sua integralidade para que a vigilância seja um suporte importante para que as ações assistenciais tenham uma racionalidade melhor e possam alcançar a todos”, afirma o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Jarbas Barbosa da Silva Junior, ao destacar que as duas conferências promovidas pelo CNS em 2017, (Saúde da Mulher e Vigilância em Saúde) “serão dois momentos fundamentais para a gente reafirmar o SUS como direito e responsabilidade do Estado”.

Fonte: SUSConecta
Publicado em 20/07/2017

 

Coordenadores das Comissões do CNS debatem estratégias para a defesa da Saúde Pública

A elaboração de estratégias para a defesa da saúde pública foi um dos desafios enfrentados pelos coordenadores das 18 comissões que integram o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em reunião realizada nesta quarta (5). Os conselheiros debateram as pautas relevantes para a defesa da saúde pública, como o processo das conferências temáticas de Saúde das Mulheres e de Vigilância em Saúde; o Relatório Anual de Gestão e a revisão do Plano Nacional de Atenção Básica.

 

 

Na ocasião, os coordenadores pontuaram o processo de mobilização para a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres e para a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde. De acordo com Francisca Valda, da Associação de Enfermagem, as conferências temáticas do CNS representam um avanço para a análise da saúde pública para quem está comprometido com a defesa do Sistema único de Saúde (SUS).

“Pude acompanhar as etapas estaduais da Conferência de Saúde das Mulheres em alguns Estados e apreciei o envolvimento das pessoas em fomentar o debate. Claro que também presenciei problemas, como acontece em qualquer processo democrático de participação e debate de ideias, mas percebi que as pessoas contribuíram para a elaboração das propostas para os Estados e para a etapa nacional”, afirma.

O Relatório Anual de Gestão (RAG) foi apresentado aos coordenadores das comissões, que reafirmaram o papel do CNS em aprofundar o debate. Para Fernando Pigatto, da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), é fundamental que as comissões em suas reuniões internas, pautem os instrumentos de gestão, como o RAG e o Plano Anual da Saúde. “Isso gera subsídios para melhor compreendermos os trâmites da burocracia na gestão pública”, disse.

Segundo o presidente do CNS, Ronald Santos, é preciso aprimorar as informações com o tema do financiamento e a análise dos relatórios de gestão é um dos instrumentos que auxiliam no entendimento do conjunto das análises para a deliberação do Pleno. “Temos a responsabilidade de dar encaminhamento ao parecer da Comissão de Orçamento e Financiamento (Cofin) sobre o RAG 2016,para que o CNS dê continuidade à agenda orçamentária de 2017”, justificou.

Durante a reunião, o presidente do CNS reforçou o empenho dos conselheiros em discutir o Plano Nacional de Atenção Básica (PNAB), iniciado em novembro do ano passado, quando foi criado o Grupo de Trabalho (GT) sobre o tema. O objetivo do GT é analisar a PNAB e propor diretrizes para subsidiar o debate que será travado pelo Pleno do CNS. “Vamos dar continuidade aos trabalhos no GT que irá subsidiar o CNS nos debates estratégicos sobre a política de atenção básica”. Afirmou Santos.

Fonte: SUSConecta
Publicado em 06/07/2017

 

RS: 1ª CESMu denuncia que machismo e sexismo agravam saúde das mulheres

Aconteceu entre os dias 9 e 11 de junho a 1ª Conferência Estadual de Saúde da Mulher do Rio Grande do Sul. O evento foi realizadona Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre os debates, os principais fatores que levam ao adoecimento das mulheres gaúchas. Foram apontados situações ligados ao mundo do trabalho, o machismo, o sexismo e as pressões sociais e culturais sobre as mulheres.

 

A primeira mesa, “Saúde das Mulheres: Desafios para a Integralidade com Equidade”, contou com a participação de Carmem Luiz, coordenadora da 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres (2ª CNSMu). Além dela, Nadiane Lemos, coordenadora estadual das Políticas de Saúde da Mulher, da SES/RS, e a ex-secretária estadual de Saúde e ex superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, Sandra Fagundes, com mediação da psicóloga Carmen Oliveira, uma das coordenadoras gerais da CESMu.

Carmen Luís foi muito aplaudida ao afirmar que “o que mais agrava a saúde das mulheres é o sofrimento mental causado pelo machismo”. Disse que está faltando a tão falada atenção integral na saúde pública, pois as mulheres ainda são reduzidas ao papel de mães, vistas somente como reprodutoras/amamentadoras. “Nossas necessidades são maiores que isto”. Segundo ela, machismo, sexismo e misoginia são problemas fundamentais na vida das mulheres. “Não queremos alijar os homens deste debate, eles precisam nos escutar. E ressaltou que “quem decide sobre nós somos nós mesmas”.

Nadiane Lemos disse que tratar a saúde das mulheres com integralidade e equidade são desafios constantes, devido à diversidade. “Da população que chega aos serviços de saúde, 70% são mulheres, muitas nem são para cuidar da própria saúde, acompanham filhos, maridos, amigos, vizinhos. Elas têm este papel de cuidadoras sociais”.

Sandra Fagundes foi incisiva: “estamos em uma sociedade que diz ser a mulher de segunda (classe), que tem de ser recatada e ver preços nos supermercados”. Conforme ela, “vivemos uma tirania, em que a mulher tem dono, o corpo das mulheres, qualquer um pode meter a mão, inclusive violar, e precisamos romper com isto”. Para ela, muitas vezes, o lugar de romper está nos serviços de saúde.

Fatores que levam as gaúchas ao adoecimento

A segunda mesa da CESMu teve a mediação de Gisleine Silva, uma das coordenadoras gerais da Conferência. A “Situação da Saúde das Mulheres e os Determinantes Econômicos, Sociais e Ambientais que levam ao seu Adoecimento” ficou a cargo de Clítia Back Martins, pesquisadora da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

Ao tratar da situação da saúde das mulheres, Clítia informou que a população gaúcha é composta de 51,33% de mulheres e 48,67% de homens. “As mulheres vivem mais, mas também são as que mais adoecem”. O RS é o estado com maior proporção de pessoas acima de 60 anos. Uma em cada seis gaúchas está nesta faixa etária. O índice de mortalidade materna é considerado alto, 48,65% para cada 100 mil nascidos vivos. O Estado também possui incidência de HIV/AIDS maior que a média nacional. Segundo a pesquisadora, apesar de as mulheres terem mais escolaridade que os homens (8,28 anos contra 7, 95 anos), constituírem 59% dos trabalhadores com ensino superior e apenas 17% dos analfabetos, recebem salários menores e trabalham mais.

“O Mundo do Trabalho e suas Consequências na Vida e da Saúde das Mulheres” foi abordado pela psicóloga do trabalho Fabiana Machado, que argumentou ser preciso pensar a saúde aliada às condições de trabalho. “As mulheres tem aumentado sua participação no mundo do trabalho, mas isto não significa que tenham reduzido as desigualdades”. Conforme ela, a diferença salarial é um dispositivo de sofrimento, pois os homens têm sempre mais reconhecimento. “Vivenciamos um processo de adoecimento causado pelo trabalho, recebemos salários inferiores aos dos homens e não há valorização”.

A professora Miriam Alves, da Universidade de Pelotas, falou sobre “Vulnerabilidades e Equidade na Vida e na Saúde das Mulheres”. Ela destacou que um determinante social causador de doença é o racismo. “Este coloca a mulher abaixo de todas as hierarquias”. Ressaltou que as desigualdades verificadas na sociedade colocam as mulheres negras como seres inferiores.

Modelo econômico voltado para o mercado e não para as pessoas

A terceira e última mesa do primeiro dia da CESMu teve a mediação da ex-deputada estadual e ex-vereadora de Porto Alegre Jussara Cony, uma das suas coordenadoras gerais. O tema “O Papel do Estado no Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental e seus Reflexos na Vida e na Saúde das Mulheres” foi tratado pela professora universitária e feminista histórica Carmen Hein de Campos.

Segundo Carmen, não é possível pensar direitos das mulheres, inclusive saúde, sem levar em conta o modelo econômico, político e ambiental posto em prática no país. “ Estamos vivendo tempos vergonhosos, não há nenhuma possibilidade deste governo (federal) liderar o país”. Ela baseou sua fala no documento “Uma ponte para o futuro”, do PMDB, partido que hoje está no governo. “Um modelo pode se preocupar com a população ou com o mercado e está bem clara a opção feita neste momento, não beneficia a população”.

A feminista destacou que o documento está estruturado em vários princípios, entre eles o ajuste fiscal: “para o estado ser funcional, deve distribuir incentivos corretos para a iniciativa privada”, está escrito. Ela sentenciou: “é por isto que este governo distribui enormes incentivos à iniciativa privada e, por outro lado, arrocha salários e termina com os direitos dos trabalhadores; não se preocupa com a sonegação fiscal, não tributa riquezas, mas quer acabar com o pouco que se conquistou em anos”.

Outro eixo apontado por ela no documento é a reforma do orçamento, que desvincula gastos com saúde e educação, hoje previstos na Constituição. “Todo esforço do governo em aprovar as reformas faz parte desta lógica”. Segundo Carmen, ao contrário do que vem sendo dito, de que a Previdência é deficitária, “vários estudos demonstram que não há déficit, o que há é deslocamentos dos seus recursos para outras áreas sem nunca serem repostos”.

Para ela, o modelo imposto privilegia o capital e não quem vive do trabalho. “No Rio Grande do Sul, o projeto é o mesmo e isto não serve para os trabalhadores, não serve para as mulheres, o que precisamos é de uma relação de solidariedade”.

O presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES/RS), Cláudio Augustin, falou sobre “Participação Social”. Conforme ele, embora haja a exigência da participação social no SUS, a partir dos conselhos e conferências, boa parte destas estruturas não funcionam. “Isto mostra o grau de atraso que temos na democracia neste país”. Ressaltou que, atualmente, a participação social está muito aquém e que é preciso avançar. “Estamos vivendo um momento muito difícil no Brasil, que exige nossa dedicação e responsabilidade, pois só transformaremos a sociedade se a participação for ampla e com consciência”.

Fonte: da redação com Sindfars
Publicado em 19/06/2017

 

Movimento sindical deve trazer para si a defesa do SUS, diz presidente do CNS

O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Federação Nacional dos Farmacêuticos, Ronald Santos, convocou nesta quinta-feira (27) “o movimento sindical a trazer para si a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e do direito constitucional à saúde”. Ronald participou de ato da Força Sindical alusivo ao 28 de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. O evento foi realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e contou com mais de sessenta organizações sindicais.

“Os movimento sindical precisa inserir a defesa do SUS em sua lista de prioridades”, disse Ronald, ao destacar que os trabalhadores “são os maiores prejudicados pela asfixia financeira promovida contra o SUS pelo atual governo”, afirmou o presidente do CNS.

Ronald acrescentou que as reformas encaminhadas pela base governista ameaçam fortemente a qualidade de vida dos trabalhadores. Ele lembrou que o estado de saúde de uma pessoa é resultado de vários determinantes sociais, como emprego, salário, moradia, acesso a saneamento básico, aposentadoria, lazer, entre outros.

O presidente do CNS, em seu discurso, também prestou homenagem às vítimas de acidentes e doenças do trabalho. No ato, ele estava acompanhado do conselheiro nacional de saúde, Fernando Pigatto, representante da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam).

Mariana-MG

Há exatamente um ano, em 27 de abril de 2016, o CNS também prestou homenagem às vítimas de acidentes e doenças do trabalho. Na ocasião, conselheiros nacionais de saúde participaram, em Mariana (MG), do Seminário Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e da Trabalhadora: Desafios e Perspectivas.

Durante o evento, foram lembradas as 19 pessoas mortas durante a tragédia de Mariana, ocorrida em novembro de 2015, quando o rompimento da barragem da empresa Samarco despejou toneladas de dejetos de mineração no Rio Doce.

“Foi nesta terra que o Brasil começou a lutar por sua independência. Aqui, foram criadas as primeiras escolas superiores do nosso país. A luta pelas vítimas da tragédia precisa ser constante e o Conselho luta ao lado dos trabalhadores pela justiça”, afirmou Ronald Santos na ocasião.

Fonte: SUSConectas
Publicado em 27/04/2017

Ronald Ferreira dos Santos: Saúde é direito de todos e dever do Estado

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, não poupa mais palavras quando se trata de abrir mão do Sistema Único de Saúde (SUS) do país. Em entrevista neste final de semana em evento nos Estados Unidos reclamou dos médicos que solicitam exames, que dão resultado normais. Barros disse ainda que “A integralidade não pode ser o ‘tudo do SUS para todos’. O presidente do Conselho Nacional de Saúde e da Federação Nacional dos Farmacêuticos, Ronald Ferreira dos Santos condenou as palavras do ministro.

“As declarações do ministro simbolizam uma visão gerencialista pré-constituição de 88 que entende a saúde como apenas o oferecimento de um produto quando, na verdade, nós contratamos na Constituição de 88 que saúde é um direito da população e não se resume a um oferecimento de procedimentos. Essa é a grande disputa hoje entre a saúde como direito e não como um produto que o mercado pode oferecer”, afirmou Ronald dos Santos (foto), presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Em outras palavras, o ministro defende a restrição do acesso da população ao SUS. Atendimento básico, acesso a procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos e medicamentos disponíveis para todos são serviços que movem o serviço de saúde pública gratuito, universal e integral.

Manifesto divulgado na sexta-feira (7), dia mundial da saúde, denunciou que o governo brasileiro que deveria financiar os investimentos públicos em saúde tem se afastado da responsabilidade. A declaração de Barros confirma o teor do manifesto em defesa do SUS.

Entre as iniciativas do CNS foi relançada, também na última sexta, a Frente Nacional em defesa do SUS que tem por objetivo reafirmar os princípios do sistema universal, gratuito e integral.

“O Conselho tem tomado inúmeras iniciativas em torno de reafirmar o modelo de atenção à saúde entendida como um direito e não como um conjunto de pacotes e serviços oferecidos para a população. O tripé constituição da promoção, proteção e recuperação são partes indissociáveis do direito à saúde. Não é o oferecimento de uma cesta de produtos para a população”, concluiu Ronald.

Fonte: Vermelho
Publicado em 11/07/2017

Comissões avançam na construção da 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde

As comissões criadas para organizar as etapas preparatórias da 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde (CNVS) reuniram-se nos dias 22, 23 e 24 de março, em Brasília. A conferência é conduzida pelas comissões Executiva, Organizadora, Comunicação e Mobilização, Formulação e Relatoria, compostas por representantes de diferentes entidades que compõem o Conselho Nacional de Saúde (CNS).

 

Nas reuniões foram discutidas estratégias de trabalho, mobilização e participação de todos os segmentos envolvidos nas etapas da conferência, além da metodologia da relatoria, mecanismos de divulgação e consolidação do documento orientador, que deve ser finalizado até junho.

O tema central da 1ª CNVS é “Vigilância em Saúde: Direito, Conquistas e Defesa de um SUS Público de Qualidade”. Entre os objetivos estão o fortalecimento do SUS, a integração entre as vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental, do trabalhador e dos laboratórios de saúde pública e a construção da Política Nacional de Vigilância em Saúde.

“O foco para formulação desta política nacional deve conter duas palavras-chave: Proteção, que precisa estar presente no processo de vigilância, e Território, que compreende também Estado e Nação”, avalia o presidente do CNS e coordenador da 1ª CNVS, Ronald dos Santos.

A conferência nacional será realizada de 21 a 24 de novembro, em Brasília. As etapas municipais e/ou macrorregionais que a precedem estão programadas para ocorrer de 22 de junho a 31 de agosto. Já as etapas estaduais serão de 1º de setembro a 21 de outubro.

Para o coordenador adjunto da 1ª CNVS, Fernando Pigatto, é fundamental estender esse tema para toda a população. “Neste momento, é muito importante que todas as instituições, entidades, movimentos sociais e conselhos realizem oficinas e seminários, a fim de ampliar o debate antes das etapas preparatórias”.

Fonte: SUSConectas
Publicado em 29/03/2017

1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde, veja a programação

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) divulga a programação da 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde, que será realizada de 18 a 20 de abril, em Brasília.

O evento reunirá jornalistas, radialistas, blogueiros, coletivos de mídia, assessores de imprensa, gestores do SUS, além de representantes do controle social da saúde, do Congresso Nacional e do Ministério Público.

A conferência tem como objetivo discutir estratégias de democratização do acesso da população a informações sobre saúde, para que as pessoas possam conhecer o SUS em toda sua amplitude e exercer o seu direito às ações e serviços disponíveis para o seu bem estar.

 

 

Alice solicita audiência com ministro para tratar sobre a oferta de curso de Farmácia à distância

Há um consenso entre as entidades representativas da área de Farmácia de que a graduação à distância do curso pode impactar em uma formação inadequada, sem a integração necessária que o acadêmico precisa ter com o ensino e a comunidade. Preocupada com esta questão, a deputada Alice Portugal, líder do PCdoB na Câmara, solicitou audiência com o ministro da Educação, Mendonça Filho, para tratar do assunto.

Na audiência, Alice será acompanhada pelo presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter da Silva Jorge João, e pelo Presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ronald Ferreira dos Santos.

Única farmacêutica na Câmara e presidenta da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica, Alice é a voz da categoria no Congresso. Foi uma parlamentar importante para a aprovação do Projeto de Lei 4385/1994, que deu origem à Lei Nº 13.021/2014, que classifica a farmácia como unidade de assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva. Ela mantém-se empenhada para impedir qualquer retrocesso para a categoria e para a área da Farmácia.

Fonte: Alice Portugal
Publicado em 16/02/2017

 

MP autoriza reajuste nos preços dos medicamentos a qualquer tempo

A lista de medidas antipovo do governo ilegítimo de Michel Temer foi acrescida da Medida Provisória (MP) publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (20) que permite o Conselho de Ministros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) autorizar alteração nos preços dos remédios a qualquer tempo.

 

A medida provisória, que permite o ajuste no preço dos medicamentos, começa a vigorar a partir da data da sua edição, esta terça-feira (20). A medida provisória, que permite o ajuste no preço dos medicamentos, começa a vigorar a partir da data da sua edição, esta terça-feira (20). A MP 754/2016 altera a Lei 10.742/2003, que define normas para o setor farmacêutico e criou a CMED. O ponto modificado da lei estabelecia o seguinte: “excepcionalmente, o Conselho de Ministros da CMED poderá autorizar um ajuste positivo de preços ou determinar um ajuste negativo em 31 de agosto de 2003, tendo como referência o preço fabricante em 31 de março de 2003.”

A medida provisória estabelece, assim, a possibilidade de “ajuste positivo ou negativo” dos preços dos medicamentos sem limitação temporal, eliminando a menção a uma data específica para isso dentro da Lei 10.742/2003.

Para o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, essa medida faz parte do pacote do impeachment que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff. “Os setores que trabalharam para abreviar o mandato de uma presidenta legitimamente eleita o fizeram para aplicar uma agenda política e econômica que não teve apoio nas últimas quatro eleições presidênciais. A agenda neoliberal: que privatiza o Estado, desnacionaliza a economia e transforma tudo em mercadoria, inclusive insumos essenciais para a vida como os medicamentos. Então, esta Medida Provisória faz parte do golpe em curso”.

De acordo com a Lei 10.742/2003, cabe à CMED propor critérios de composição dos fatores avaliados na revisão dos preços dos medicamentos, bem como definir o grau de desagregação dos fatores, seja por produto, por mercado ou por grupos de mercados.

A medida provisória, que começa a vigorar a partir da data da sua edição, precisa ser analisada primeiro por uma Comissão Mista de deputados e senadores e depois terá que ser votada pelos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. O prazo para apresentação de emendas começa nesta quarta-feira (21) e se prolonga até cinco de fevereiro de 2017. A MP 754/2016 passa a obstruir a pauta de votações do Congresso Nacional se não for analisada até 16 de março de 2017.

Fonte: Vermelho
Publicado em 21/12/2016