Na tarde do segundo dia do 11º Congresso da Fenafar, a 4ª mesa temática reuniu profissionais e especialistas para discutir o tema “O legado e os desafios da organização e unidade sindical farmacêutica”. Com uma abordagem crítica e propositiva, o debate reforçou a urgência de renovação do movimento sindical diante das transformações do mundo do trabalho e da ofensiva sobre os direitos trabalhistas.
Coordenada por Daniela Santos Oliveira, diretora de Juventude e Direitos Humanos da Fenafar e do Sindicato dos Farmacêuticos de Sergipe, a mesa teve como principal palestrante o advogado trabalhista e assessor jurídico sindical José Geraldo Santana, referência na defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Um diagnóstico contundente: desmonte e resistência
Santana abriu sua intervenção com um resgate histórico do papel dos sindicatos nas conquistas sociais do Brasil, denunciando os efeitos devastadores da Reforma Trabalhista de 2017, que, segundo ele, teve como objetivo central “desmontar a espinha dorsal da defesa dos direitos sociais”.
O jurista também criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao longo dos últimos anos, legitimaram práticas como a terceirização irrestrita, a pejotização e a retirada de garantias da Justiça do Trabalho, minando a capacidade de reação e representação das entidades sindicais.
“A estratégia é clara: esvaziar os sindicatos para enfraquecer a luta coletiva. Mas não há conquistas sem organização. A história prova que só a mobilização constrói direitos”, afirmou.
Durante sua fala, Santana destacou uma série de desafios que exigem respostas urgentes do movimento sindical: O avanço da informalidade e das novas formas de contratação, como MEIs e profissionais pejotizados; A dificuldade de comunicação com uma base jovem e fragmentada; A necessidade de reformular estruturas e métodos, mantendo a essência combativa; A construção de uma pauta nacional unificada, com piso salarial referência e o fortalecimento da formação política, como ferramenta de resistência e renovação.
Santana encerrou com uma convocação à esperança ativa: “Nenhum direito foi dado; todos foram conquistados. E ainda há muito o que conquistar. O sindicato continua sendo o instrumento insubstituível dessa caminhada.”
Diálogo em grupos: experiências e estratégias
Na sequência, os participantes se dividiram em grupos para responder perguntas orientadoras e discutir caminhos práticos para o fortalecimento sindical. A apresentação dos resultados evidenciou realidades diversas, mas também anseios comuns por mais articulação, formação e inovação.
A etapa final da mesa foi marcada pelas contribuições de debatedores com atuação direta nas bases sindicais.
Holdack Velloso, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco, enfatizou o papel da comunicação estratégica como ponte entre o sindicato e a categoria. Ele defendeu a criação de encontros jurídicos regulares entre os sindicatos para alinhar atuações e fortalecer a frente jurídica da classe.
Wille Calazans, do Sindicato dos Farmacêuticos do Mato Grosso, relatou os impactos da crise política e sanitária no estado e chamou atenção para o crescimento dos grandes conglomerados farmacêuticos, que fragilizam os vínculos laborais. Defendeu ainda a qualificação das lideranças sindicais como fator central para a sustentabilidade e eficácia da luta.
Santana retomou a palavra para reforçar que educação política e comunicação são os grandes vetores de transformação. Ele também ressaltou a importância de atrair novos perfis de trabalhadores para o movimento, em sintonia com as transformações do setor.
O debate foi encerrado com uma mensagem clara: os tempos exigem coragem, criatividade e unidade. O movimento sindical farmacêutico precisa adaptar-se às novas formas de trabalho, fortalecer suas pautas nacionais e construir pontes reais com a base, especialmente com a juventude.
A atividade deixou um recado firme e inspirador do advogado José Geraldo Santana:
“Só a luta coletiva constrói conquistas. E é ela que deve seguir nos guiando no enfrentamento dos desafios atuais e na construção de um futuro melhor para a categoria farmacêutica e toda a classe trabalhadora.