CNS vai realizar seminário sobre acesso a medicamentos biológicos e biossimilares no Brasil

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), por meio da Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (Cictaf), vai realizar no dia 29 de outubro, de 14h às 18h, o Seminário Panorama do Acesso à Medicamentos Biológicos e Biossimilares no Brasil. O evento será aberto ao público, transmitido pelo facebook e youtube do CNS.

 

 

De acordo com a Cictaf, a necessidade de debater esta temática é permanente, exigindo diversas abordagens para garantia do acesso a medicamentos biológicos e biossimilares. Isso passa pela definição de um marco regulatório na aquisição e no tratamento, sendo preciso considerar a capacidade produtiva nacional, que ainda não  permite o fluxo contínuo e abastecimento do SUS.

Diversos especialistas vão participar do encontro, que vai abordar eixos estratégicos na garantia do acesso: campo do direito à saúde e assistência farmacêutica dos usuários (as) de medicamentos biológicos e biossimilares; regulação legal junto aos órgãos oficiais cuja a responsabilidade exige destes gestores uma tomada de decisão estratégica, tendo por prioridade a dignidade a vida dos pacientes;  capacidade tecnológica e produção nacional, bem como a aquisição dos medicamentos, conforme  Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) e normas reguladoras;

PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR

14h20 às 16h – *Mesa 1 – Acesso à medicamentos biológicos e biossimilares – Conceitos e modelagem de aquisição*. 

Ementa: No Brasil, a Lei Federal n° 8666/1993 institui normas para licitações e contratos da Administração Pública. No entanto, estas condutas logísticas e operacionais tomam a  decisão por métodos terapêuticos de menor preço. Embora efetivos no controle das doenças e relacionados aos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), podem  causar agravamento do quadro clínico de saúde dos pacientes ao ocorrer descontinuidade do fármaco inicial, sem que critérios científicos e clínicos sejam considerados. Neste sentido, não é possível considerar  que o critério de custo seja o único balizador na aquisição de medicamentos biossimilares e biológicos. Há de considerar ainda que o agravamento do quadro de saúde dos pacientes que passam por intercambialidade de fármacos durante o tratamento, em via de regra, necessitam de  intervenções terapêuticas mais complexas e de alto custo, o que resulta em uma maior oneração ao SUS. 

16h às 16h10 – Intervalo 

16h15 às 18h Mesa 2 – Assimetrias na regulação de medicamentos biológicos e biossimilares no Brasil e no mundo.  

Ementa: Relato de experiências exitosas no campo internacional, casos de “Boas Práticas” na Regulação no campo destes medicamentos por outros países, apresentando “soluções regulatórias” que foram tomadas, que levaram em conta  racionalidade do uso e  custo-benefício e que possibilitem uma evolução normativa e regulatória no Brasil para equacionar os atuais problemas existentes. Bem como experiências nacionais como a perspectiva de alinhamento com normativas sobre o Uso Racional de Medicamentos no Brasil, que equalizam o direito à vida e à garantia de tratamento, mesmo diante de normas que preveem a aquisição de medicamentos de menor custo pelo executivo. 

Mais informações

O quê: Seminário Panorama do Acesso à Medicamentos Biológicos e Biossimilares no Brasil

Quando: 29 de outubro (sexta), de 14h às 18h.

Onde: Facebook e Youtube do CNS.

Fonte: SUSConecta

Projeto Integra: Especialistas denunciam desmonte da Atenção Primária no Brasil em live do CNS

Atenção Primária e os Desafios para o Acesso Universal à Saúde foi o tema da aula inaugural da 2ª turma do Projeto Integra, ocorrida na noite da quinta (14/10). A aula virtual aberta foi realizada pela pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) Ligia Giovanella que, ao lado de outros pesquisadores, denunciou o desmonte das políticas da área no Brasil.

Conhecida como “porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS)”, a Política Nacional de Atenção Básica (Pnab) tem vivido um processo de “desmonte”, em especial durante a gestão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (2019-2020). “Houve um desmonte da Atenção Primária, em especial do gestão do Mandetta, um desmonte do modelo assistencial comunitário com ameaças à universalidade”, disse, evidenciando a redução do número de Agentes Comunitários de Saúde e de Endemia no Brasil.

A pesquisadora ressaltou também o momento de luto com as 600 mil vidas perdidas. “É impossível não se solidarizar com as famílias das pessoas que morreram. É um empenho da atuação da União para a ampla disseminação do vírus [da Covid-19] em território nacional. Um governo genocida com cumplicidade de todos os ministérios. A CPI [da Pandemia] tem mostrado a irresponsabilidade do governo federal. Teríamos 131 mil mortes [e não 600 mil] se tivéssemos adotado as medidas corretas”, afirmou.

Ela também informou que entre 2013 e 2019 houve redução das visitas mensais das equipes de Saúde da Família em diversas moradias pelo país. “É um efeito após o ‘golpe’ [político de 2016], que reduziu o número de agentes comunitários nas equipes”.

A conselheira nacional de saúde Débora Melecchi afirmou que “o CNS vem se manifestando de forma muito presente em relação a todos esses retrocessos, exigindo o fortalecimento da Atenção Básica”. Ela lembrou do “Programa Saúde com Agente”, do Ministério da Saúde, criado recentemente sem debate com o controle social.

No dia 6 de outubro, o CNS divulgou Parecer Técnico nº 194/2021, que traz um conjunto de recomendações ao novo programa. O parecer integra a Recomendação nº 29 do CNS, de 21 de setembro deste ano. O “Saúde com Agente” foi discutido no primeiro semestre deste ano na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e pactuado entre os gestores das três esferas de governo, porém sem a participação do Conselho. 

Jorge Bermudez, também pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), ressaltou que o “Projeto Integra é a luta para assegurar o direito às politicas públicas, a importância da Atenção Básica como porta de entrada no SUS, apesar do subfinanciamento e desmonte das políticas publicas”.

Ronald dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), lembrou de quando participou da Conferência Global sobre Atenção Primária à Saúde, realizada em 2018, em Astana, no Cazaquistão. O evento foi organizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com coordenação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Na época em que era presidente do CNS, Ronald representou o controle social brasileiro diante de diversas organizações internacionais públicas e da sociedade civil, além de instituições acadêmicas e ministros de saúde de diferentes países do mundo.

“Mesmo com o Brasil não enviando representação oficial, fizemos questão de ir como controle social. Houve manifestação dos 5 continentes em referência à experiência brasileira de SUS e Atenção Primária. Com o Projeto Integra, estamos construindo forças social, técnica e política para o enfrentamento desse embate”.

O Projeto

O Projeto Integra, promovido pelo CNS, Fiocruz, ENF e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), foi lançado em junho deste ano, recebendo mais de 1.800 inscrições. A primeira turma atendeu 400 alunos e a segunda turma conta com aproximadamente 500 participantes.

Segundo Silvana Leite, coordenadora coordenadora geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENF), “são 20 turmas em todas as regiões do Brasil, por todos os estados. Pessoas ligadas aos movimentos sociais, aos conselhos de saúde, estudantes. São diversas experiências e contribuições para debatermos a integração das políticas e das práticas em Saúde”.

O objetivo do Projeto Integra é construir uma rede de lideranças que devem contribuir para a construção de melhores condições para o enfrentamento aos problemas de saúde, em especial os gerados pela pandemia de Covid-19. Os alunos têm oito aulas semanais, com temáticas específicas para o debate, entre elas a produção e acesso às vacinas, testagem e rastreamento de contatos na pandemia, desabastecimento em medicamentos, Atenção Básica e Vigilância em Saúde

O público é formado por profissionais e gestores da saúde, conselheiros de saúde, nas três esferas de gestão, movimentos sociais, entidades da sociedade civil organizada, professores, pesquisadores e estudantes. As aulas do Projeto Integra também serão etapas preparatórias para o 9º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêuticas (9º SNCTAF), previsto para ocorrer em julho de 2022.

Assista à aula inaugural na íntegra

Fonte: SUSConecta

17ª Conferência Nacional de Saúde será realizada em julho de 2023

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) lançou virtualmente, nesta terça-feira (5/10), a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que será realizada de 2 a 5 de julho de 2023. Com o tema Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia – Amanhã Vai Ser Outro Dia, a conferência nacional ocorre a cada quatro anos com diversas representações sociais e é considerada o maior evento de participação social no Brasil.

“Com toda certeza amanhã vai ser outro dia! Nós iremos fortalecer a luta em defesa do SUS a cada dia, a luta em defesa da vida e da democracia e da garantia de direitos”, afirma o presidente do CNS, Fernando Pigatto.

O lançamento da conferência nacional ocorreu no dia que a Constituição Federal completa 33 anos, quando a Saúde passou a ser considerada como direito de todos e todas e dever do Estado. “É uma imensa felicidade para nós lançarmos a 17ª conferência no dia em que comemoramos o nascimento da nossa carta magna, onde registramos pela primeira vez o surgimento do SUS. Somente com participação cidadã conseguiremos defender a democracia e o SUS para o povo brasileiro”, afirma o conselheiro nacional de saúde Moysés Toniolo.

A 17ª Conferência Nacional de Saúde será precedida por etapas municipais, que deverão acontecer entre novembro de 2022 a março de 2023, e etapas estaduais e do Distrito Federal, que serão realizadas de abril a maio de 2023. Também devem acontecer diversas atividades preparatórias para a conferência nacional, como a 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, que será realizada em maio do ano que vem, e a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, ainda sem data prevista.

O conselheiro nacional de saúde Neilton Araújo, que representa o Ministério da Saúde no CNS, destacou a importância do lançamento durante este momento enfrentado pela população, com a grave crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19.

“O SUS nunca foi tão visível como nesta pandemia e estará na pauta de todos os setores de maneira mais forte e viva do que até então. Temos um enorme desafio pela frente, porque o SUS sofre ameaças constantemente, mas queremos cada vez mais resgatar o sentido de saúde como direito, política pública e fator de desenvolvimento”, afirma.

“Lançar a conferência no momento em que atravessamos uma pandemia nos faz refletir sobre como devemos enfrentar e nos posicionar diante de tudo que estamos vivendo neste momento tão dramático para tantas famílias. A Saúde deve ser olhada como um bem da população brasileira e dever do Estado”, completa a conselheira nacional de saúde Vanja dos Santos.

Conforme Resolução nº 664, que aprova a realização da conferência nacional, ela será coordenada pelo presidente do CNS e presidida pelo Ministro da Saúde e, em sua ausência ou impedimento, pelo Secretário-Executivo do Ministério da Saúde.

As deliberações da 17ª Conferência Nacional de Saúde devem ser contempladas no próximo ciclo de planejamento da União e servir de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e Plano Plurianual de 2024- 2027.

 Leia a Resolução nº 664, que aprova a realização da conferência

 Assista o lançamento da 17ª Conferência Nacional de Saúde

Fonte: SUSConecta – Foto: 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), em 2019

Quando o negacionismo científico resulta em graves violações éticas e ameaças à vida

A Coalizão Ciência e Sociedade, que reúne cientistas de todas as regiões do Brasil, se manifesta sobre as recentes denúncias envolvendo a adoção de tratamento precoce para Covid-19, sem comprada eficácia, por grupos de saúde como a Prevent Senior. Cientistas aponta graves violações éticas e ameaças à vida e exige a punição dos responsáveis. Leia abaixo.

 

 

Veja a lista completa de integrantes da Coalizão Ciência e Sociedade.

Os atrozes experimentos durante o regime nazista no século passado foram o estopim para a criação de um conjunto de princípios éticos mundialmente aceitos que norteiam a condução da pesquisa com humanos. Antes de realizar qualquer tipo de estudo clínico – seja ele de observação ou intervenção – pesquisadores devem submeter seus projetos ao comitê de ética, que avalia, principalmente, a seguinte questão: a pesquisa tem potencial de gerar mais benefícios do que riscos ao participante? Se a resposta é seguramente afirmativa, o estudo é avalizado. No Brasil, esse importante processo é coordenado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

A autorização do comitê de ética é apenas o primeiro passo. É preciso também que o pesquisador esclareça os objetivos da pesquisa e seus eventuais riscos e benefícios ao participante, ressaltando que sua participação é voluntária e sujeita à indenização e cuidado de saúde, caso algum mal lhe ocorra decorrente do estudo. Além disso, deve-se seguir à risca o planejamento do estudo e comunicar ao comitê eventuais intercorrências, tais como eventos adversos ou desvios de protocolo.

Assistimos estupefatos às recentes notícias de transgressões éticas num estudo de 2020 realizado pelo grupo Prevent Senior, com o objetivo de testar drogas experimentais do suposto tratamento precoce da covid-19.

A lista de irregularidades cometida pelos envolvidos seria extensa: inclusão de participantes sem o devido consentimento livre e esclarecido, início do estudo antes da aprovação da Conep, que regulamenta pesquisa clínica no Brasil, alterações no protocolo de pesquisa sem a anuência da referida comissão, manipulação de prontuários, omissão de mortes e fraude de resultados.

Transgressões éticas similares também teriam ocorrido em outros estudos realizados em Manaus e Porto Alegre com a droga proxalutamida, o que, infelizmente, sugere que abusos em pesquisas com humanos durante a pandemia podem não ter sido tão pontuais. A aparente conexão entre as suspeitas de violações e os movimentos de negação da ciência em sentido mais amplo, e que tanto tem custado à sociedade brasileira na pandemia de covid-19, é particularmente preocupante. O negacionismo científico causa danos expressivos e muitas vezes irreversíveis se não for devidamente reconhecido e combatido em suas diferentes esferas e facetas.

Se confirmadas, as infrações éticas trazidas à luz representariam uma violação dos direitos dos participantes de pesquisa inaceitável no mundo civilizado. A sociedade e a ciência brasileiras demandam das autoridades competentes profunda investigação do caso e, se pertinente, responsabilização dos infratores. Não é admissível que indivíduos e organizações movidos por proselitismo e/ou ambições mercantis usem um simulacro de ciência como meio de atingir seus objetivos escusos.

Fonte: Jornal da USP – Imagem – Reprodução TVT

Subcomissão do Complexo Industrial da Saúde aprova relatório e aponta desafios para o setor

Nesta quarta-feira, 22 de setembro, a Subcomissão Especial do Desenvolvimento do Complexo Econômico Industrial da Saúde aprovou o relatório do deputado Alexandre Padilha, com um diagnóstico detalhado dos problemas envolvendo o setor e trazendo uma série de recomendações para que o Brasil supere os desafios atuais.

Depois de cinco meses de trabalho inúmeras audiências públicas e uma extensa pesquisa realizada para mapear os 72 projetos de lei sobre o tema que tramitam no Congresso, as políticas públicas em curso “com destaque para incentivos e políticas direcionadas à pesquisa científica, ao desenvolvimento e à inovação úteis ao setor saúde” e a atual legislação já em vigor, a subcomissão, que foi presidida pela deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e que teve relatoria do deputado Alexandre Padilha (PT/SP) concluiu que é preciso “reconhecer que muitos dos obstáculos enfrentados pelos agentes que compõem o CEIS não são de ordem jurídica, são problemas de ordem estrutural, econômica e até cultural que acabam minando maiores avanços do setor. E são óbices que não podem ser enfrentados tão somente por leis e regulamentos”, diz o relatório aprovado.

No âmbito da Câmara dos Deputados, que é a legítima representante do povo brasileiro, os temas que se relacionam com o desenvolvimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde precisam ser avaliados frente à saúde pública e o interesse coletivo, em uma constante dialética entre essas duas dimensões. Os princípios da universalidade, da integralidade, da equidade, entre outros, que estão na base formadora do Sistema Único de Saúde, o principal responsável em garantir o direito à saúde no seu prisma individual e coletivo, devem fazer parte relevante das análises relacionadas sobre o referido complexo.

Na avaliação do presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, que acompanhou todo o trabalho realizado pela subcomissão, participando de audiências públicas e encaminhando por escrito sugestões de mérito – muitas das quais foram incorporadas ao relatório parlamento brasileiro –, “a subcomissão ouvindo a sociedade brasileira, produziu um relatório que não só retratada fielmente a situação do Complexo Econômico Industrial da Saúde brasileiro, mas coloca luz nos caminhos necessários para a superação dos desafios impostos para a garantia da integralidade do direito à saúde e do acesso aos insumos garantidores desse direito. Nós, farmacêuticos e farmacêuticas, ficamos esperançosos, pois o relatório já reconhece o papel estratégico do trabalho no CEIS, especialmente o trabalho Farmacêutico. O relatório é uma leitura obrigatória para todas as pessoas que atuam no setor, indispensável para quem tem compromisso com a saúde do povo brasileiro, e fundamental para os farmacêuticos e farmacêuticas para compreenderam a dimensão histórica de seu trabalho”, avalia o presidente da Fenafar.

O relatório detalha uma série de desafios a serem enfrentados no campo da Inovação e produção; os problemas advindos da falta de coordenação governamental das políticas do CEIS; desenvolve questões a serem enfrentadas no campo da força de trabalho e na adoção da agenda do trabalho decente, destacando já o cenário que surgiu a partir da pandemia da Covid-19; questões relativas à política tributária e de incentivos fiscais; e a relevância das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo.

Assista abaixo a sessão deliberativa que aprovou o relatório da subcomissão.

Da redação

Uma estratégia para desprivatizar o SUS

Décadas de estrangulamento financeiro abriram, na Saúde Pública, brechas crescentes para terceirização, descoordenação e precarização. Processos corroem atendimento público e relação com profissionais. Será preciso enfrentá-los. Leia abaixo a entrevista concedida de Adriano Massuado e José Gomes Temporão ao jornalista Antonio Martins.

Que nenhum dos problemas do SUS será sanado, sem multiplicar os recursos empregados no sistema, é consenso. Chega a ser espantoso que tenha havido, nas últimas décadas, expansão dos serviços, e mesmo inovações de grande relevância – a Estratégia de Saúde da Família, por exemplo, foi implantada progressivamente, a partir de 1994 –, em meio à exiguidade de dinheiro. Mas num cenário de superação do neoliberalismo fiscal, para o qual o projeto Resgate se volta, não bastarão mais verbas: será preciso corrigir problemas estruturais. Em 12 de agosto, dois grandes pensadores e militantes da Saúde Pública discutiram um dos mais relevantes.

O ex-ministro José Gomes Temporão (hoje na Fiocruz) e o ex-secretário da Saúde de Curitiba Adriano Massuda (atualmente professor da FGV) abordaram a privatização que corrói, por dentro, o Sistema Único de Saúde. Falaram sobre a onipresença de hospitais e centros de diagnóstico privados. Denunciaram a entrega, a particulares, da gestão das próprias unidades de atenção primária (porta de entrada e interface central da Saúde Pública com os usuários). Trataram da captura, por interesses privados, dos próprios equipamentos públicos (por meio da indicação partidária e clientelista de seus gestores). Apresentaram, para cada déficit, alternativas concretas. O investimento intenso, em especial na atenção básica, é o início de tudo. Mas precisa ser complementado com um plano de carreira nacional para os profissionais da Saúde; com modelos de gestão e contratação contemporâneos (os atuais são dos anos 1950); com um novo protagonismo público, mesmo na relação com os prestadores privados; com novo federalismo transformado– capaz de manter a autonomia dos municípios e, ao mesmo tempo, de impedir a fragmentação do sistema. Uma tentativa, sempre limitada, de resumir o que disseram vem a seguir:

Primeiro passo: lutar contra o subfinanciamento:

Em debate anterior, Francisco Funcia e Grazielle David haviam apresentado os mecanismos por meio dos quais o SUS vem sendo subfinanciado há décadas – e passou a ser desfinanciado, após o golpe de 2016. Mas o diálogo de ontem trouxe dados concretos sobre os resultados desta política. Entre os países que mantêm sistemas universais de Saúde, França e Alemanha investem, neles, entre US$ 3 e 5 mil anuais por cidadão, apontou Massuda. No Brasil, acrescentou, são US$ 800 per capita – entre 3,5 e 6 vezes menos. Temporão mostrou como, mesmo em termos relativos, o Estado brasileiro despreza a Saúde. Brasil e Inglaterra investem, ambos, o equivalente a 9% do PIB em Saúde (ponderando renda per capita e população, significa que gastamos apenas 1/6  dos britânicos). Mas aqui, além disso, apenas 48% do dispêndio é feito no setor público – contra mais de 80% lá.

Concebido no período de ascenso das lutas sociais, que vai da segunda metade dos anos 1970 até a Constituição de 1988, o SUS expressou, também, um desejo de igualdade. Mas sua institucionalização deu-se no período seguinte – marcado, ao contrário, por concentração de renda e restrições ao gasto social. Esta contradição, já haviam lembrado Sônia Fleury e Juarez Guimarães, é a raiz principal das deficiências da Saúde Pública.

Hospitais privados, caminho da desarticulação:

O subfinanciamento do SUS e os benefícios do Estado brasileiro ao setor privado, criaram uma deformação. A grande maioria dos atendimentos hospitalares oferecidos pela Saúde Pública é feita em estabelecimentos privados: Santas Casas, outras instituições “filantrópicas”, hospitais empresariais. É pior ainda com os exames diagnósticos, realizados, quase em sua totalidade, fora da rede própria do SUS.

Como agir diante deste quadro? Temporão crê que seria irracional abandonar a rede privada, que foi construída com recursos públicos (financiamentos generosos da Caixa e do BNDES) e que formou e reúne, de qualquer modo, capacidade e inteligência. Mas o inadmissível, diz ele, é que o SUS não mantenha com esta malha uma condição de protagonismo. A Saúde pública limita-se a contratar serviços. Não define padrões, não estabelece metas, não exerce controle. Age como mero cliente. E paga mal – consequência do subfinanciamento. Os hospitais privados, a que recorre, servem, costumeiramente, a outros contratantes, com os quais firmam acordos menos precários.

A melhora da rede hospitalar implica, é claro, investimento direto do SUS. Mas Temporão e Massuda concordam que é possível manter, mesmo com a medicina privada, relações muito mais favoráveis. É preciso que a Saúde Pública comande também os particulares que contrata.  Há exemplos de como agir. Segundo Temporão, o Instituto Nacional do Câncer, órgão do SUS, mantém uma rede de cerca de 130 hospitais oncológicos – públicos, filantrópicos e privados – que atende com qualidade, por ser efetivamente coordenada.

Reverter a terceirização das Unidades Básicas:

Há anos, e a partir de São Paulo, a terceirização chegou à rede de atenção básica à Saúde. Aqui o dano é mais grave, porque são estas unidades que estabelecem e coordenam a relação permanente entre o SUS e a população. No entanto, cerca de 10% a 12%, calcula Massuda, já são geridas por Organizações Sociais (OSs), cuja lógica não é a da Saúde pública. A prefeitura paulistana chegou ao cúmulo de entregar a terceiros não apenas as próprias UBS, mas a própria Central de Regulação de Leitos, responsável por uma gestão estratégica da qual o SUS jamais deveria abrir mão.

A invasão da atenção básica pelas OSs foi, continua Massuda, a solução simplória para um problema complexo. As formas de gestão adotadas na Saúde pública (e no Estado brasileiro em geral) estão ultrapassadas há muito. Datam dos anos 1950, quando o Brasil era majoritariamente rural  e a estrutura estatal, pouco complexa. Para atualizá-las, é preciso determinação e, em certos casos, coragem para enfrentar e dirimir conflitos. Mas prevalece, ainda, o dogma ideológico segundo o qual o Estado não é capaz de dar este passo. Por isso, as OSs espraiam-se.

Temporão propõe, como alternativa, investir em “uma radical qualificação e expansão da Estratégia Saúde da Família” e nas redes que a articulam: Policlínicas, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Seria, pensa ele, o caminho para que, antes de tudo, o SUS construa o que pode ser a espinha dorsal de um novo padrão de garantia do Direito à Saúde.

Carreira nacional para os profissionais de Saúde:

Nas condições de subfinanciamento atuais, acrescentaram Temporão e Massuda, o SUS oferece pouco aos profissionais de Saúde – e exige deles bem menos do que deveria. A questão vai muito além dos salários. Não há, até hoje, por exemplo, uma carreira nacional para médic@s, enfermeir@s, psicólog@s e nenhuma das outras profissões que atuam na Saúde pública. As possibilidades de evoluir restringem-se, quando muito, a um município. Inexiste (ao contrário do que ocorre, por exemplo, na Petrobrás ou no Banco do Brasil) a possibilidade de prestar um concurso nacional, começar num posto remoto e, aos poucos, se for desejo, optar por uma localização mais central.

Em contrapartida, o Estado é frouxo ao cobrar responsabilidades. Os médicos, por exemplo, podem acumular dois empregos públicos e trabalhar ao mesmo tempo no setor privado. Nestas condições, é quase impossível criar vínculos e é tentador ter, no SUS, apenas uma fonte de renda a mais.

Temporão defende uma proposta que ele sabe ser polêmica. Acha que, como ocorre em outros países com sistemas universais, deveria ser vedado aos médicos acumular trabalho no SUS e no setor privado. Mas ele reconhece: é impossível dar este passo sem oferecer condições dignas de trabalho e carreira nacional.

Não há futuro para a Saúde brasileira sem o SUS:

Medicina de dados, teleatendimento, biotecnologias. Há inúmeras transformações em curso, no cuidado com a Saúde. Seu sentido é incerto. Podem abrir caminho para condições inéditas de vida digna e bem-estar para as populações. Ameaçam, ao mesmo tempo, instalar um apartheid sanitário ainda mais profundo, ao restringir o acesso às novas tecnologias apenas à minoria capaz de pagar por elas. Mais uma vez, a disputa não se decidirá no terreno da técnica, mas no da política.

Também por isso, frisaram Massuda e Temporão, é preciso um SUS ampliado, fortalecido, capaz de assegurar que a Saúde Pública seja a de excelência – desmercantilizada e igualitária, mas ao mesmo tempo avançada e humana.

“SUS ou Medicina privada – quem será capaz para a Saúde integral dos brasileiros?”, perguntou Temporão em sua fala final. Basta comparar a riqueza e profundidade do diálogo, entre ele e Massuda, com a narrativa, cada vez mais rasa e marqueteira, dos defensores da saúde-mercadoria, para ter certeza da resposta.

Para assistir na íntegra a entrevista: https://youtu.be/cS0eZhdatiQFonte: Outras Palavras

PEC 32: análise do substitutivo oferecido na comissão especial, por Vladimir Nepomuceno*

Proposta de Reforma Administrativa atende exclusivamente demandas do mercado e do capital representado no governo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

 

 

Às vésperas de completar 1 ano, em que foi encaminhada à Câmara, foi apresentado o parecer do relator da PEC 32/20 na comissão especial, deputado Arthur Maia (DEM-BA). Vale lembrar que a PEC foi protocolada em 3 de setembro de 2020. Lembre-se, ainda, que, no dia da entrega da proposta na Câmara, os representantes do Ministério da Economia lembraram ser essa PEC, a primeira etapa da Reforma Administrativa, havendo ainda mais 2 etapas a serem encaminhadas ao Legislativo, tão logo seja promulgada a nova emenda constitucional, compostas de projetos de leis complementares e ordinárias, já em elaboração nos órgãos do Executivo.

Há 1 ano, o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Caio Mario Paes de Andrade, disse que a PEC que era a continuação da Emenda Constitucional 19/98, a Reforma Administrativa de Fernando Henrique Cardoso. O que se confirmou pelo conteúdo apresentado e por declaração do relator no voto dele, como veremos.

O parecer do relator, disponibilizado em 31 de agosto, em forma de substitutivo global ao texto original, foi anunciado em pronunciamento, disfarçado de entrevista coletiva, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da comissão especial, Fernando Monteiro (PP-PE) e pelo relator. Essa “pompa” tinha motivos claros.

Em primeiro lugar, os 3 deputados tinham, e ainda têm, o compromisso de aprovação da PEC ainda em setembro na Câmara, acertado com representantes do mercado financeiro e das oligarquias tradicionais brasileiras.

Esse posicionamento ficou claro em eventos, como o Fórum Estadão Think sobre a Reforma Administrativa, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, realizado em 3 de agosto deste ano, com a participação, além de Arthur Lira e Arthur Maia e também de Ana Carla Abrão Costa, sócia nas práticas de Finanças & Risco e Políticas Públicas e head da Oliver Wyman no Brasil (uma das articuladoras da PEC e ex-assessora de Paulo Guedes), de Caio Mario Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, e Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), tendo o presidente da Câmara reiterado, na oportunidade, o compromisso dele com o calendário. Daí a importância do pronunciamento público. Era uma prestação de contas.

O segundo objetivo era dar à grande imprensa material de propaganda para fazer frente à mobilização e às denúncias feitas pelo movimento sindical de servidores quanto aos malefícios da proposta no novo formato (substitutivo), não apenas aos servidores, mas à toda sociedade com a retirada de muitos serviços essenciais, caso seja aprovada a proposta de alteração constitucional.

O terceiro motivo, fundamental em momento de disputa de votos para garantir a aprovação em plenário da PEC 32, era tentar vender o substitutivo como acordo possível entre todos os setores envolvidos no debate, incluindo servidores, especialistas e cientistas sociais, além dos porta-vozes do mercado financeiro e das oligarquias, travestidos, durante as audiências públicas, de representantes de instituições de estudos e pesquisas, como Instituto República, Fundação Dom Cabral, Fundação Lemann, entre outros, todos coautores da proposta.

Óbvio que este último motivo também serviu para, alegando haver atendido ao máximo as principais reivindicações, tentar desmobilizar o movimento dos servidores, dividindo as entidades entre interesses específicos de cada setor. Basta lembrar que Fernando Monteiro e Arthur Maia afirmaram e repetiram que “nenhum direito adquirido seria violado”, garantindo, inclusive a “expectativa de direito”, dizendo também que estava garantida a estabilidade para todos, atuais e futuros servidores, “com adaptações” (?), mas que seria respeitado o teto de gastos. Isso, entre outras afirmações.

No entanto, o texto anunciado e disponibilizado na véspera da reunião da comissão especial não seria exatamente o mesmo lido na manhã do dia seguinte na reunião. Entre o anúncio, no final de 31 de agosto, e a apresentação formal frente aos pares, na manhã de 1º de setembro, o texto sofreu 2 alterações que merecem ser consideradas.

A primeira foi a supressão do parágrafo 1º-A, que seria inserido no artigo 144 da Constituição. Esse parágrafo, considerado pelas lideranças sindicais da Polícia Federal um “jabuti”, concedia ao diretor-geral da PF, o poder de exclusividade na definição de qual delegado conduziria os inquéritos, pondo fim à independência investigativa da corporação, como alegaram as lideranças. Graças à pressão da Fenapef entre os deputados ligados à carreira, o relator recuou e retirou o parágrafo.

A segunda alteração ocorreu no parágrafo 2º do artigo 3º da PEC, passando o período máximo de duração de um contrato por tempo determinado de 6 anos, na primeira versão do substitutivo, para 10 anos na versão lida na comissão. Aqui, também, não é difícil identificar o interesse das instituições que subsidiaram a elaboração da PEC, o que ficou muito claro nas exposições em audiências públicas, notadamente na comissão especial, onde algumas pessoas indicadas pela base governista chegaram a fazer a defesa e até a apologia do trabalhador temporário, como fundamental para o bom funcionamento do serviço público.

Com alterações em relação ao texto original da PEC e os movimentos políticos de última hora ficou claro a preocupação do relator, bem como da direção da Câmara, em atender alguns segmentos que poderiam garantir, ou não, a parcela necessária para a obtenção dos 308 votos necessários para a aprovação da proposta no plenário da Câmara. Isso demonstra não haver, pelo menos por enquanto, a garantia desses votos.

Voto do relator

No voto apresentado, o relator apresentou algumas críticas ao texto original da PEC, ao mesmo tempo em que elogia a redação elaborada pelo Executivo no que chama de “parâmetros de gestão pública que permitam a racionalização do uso de seus recursos”.

Também reconheceu e buscou justificar a ausência de cálculos ou projeções de impactos orçamentários e financeiros. O que também já seria esperado. Chama atenção o fato de o voto ser praticamente todo para os servidores, o que pode ser lido como mais tentativa de justificativa, ou cooptação, no sentido, falso, de que haveria melhorias para os que trabalham no serviço público. O que também seria esperado, em razão da conjuntura.

Algumas observações no voto do relator:

• relator defende a constitucionalização do uso de recursos eletrônicos no funcionamento do aparato estatal, apresentado como “racionalização do uso de seus recursos” e tratado como “caminho sem volta”. Além de objetivar a redução drástica do número de servidores, há que ser destacada a possível manipulação no processo de avaliação institucional, disfarçado de participação do usuário, uma vez que está muito distante do que seria necessário controle social das políticas públicas nacionais, regionais e locais, executado em bases objetivas e democráticas, por meio da real representação social.

• ao justificar as alterações em relação ao texto original, o relator alega que o formato original “prejudicaria desnecessariamente o regime jurídico dos servidores”. A alegação teria justificativa principalmente para tentar evitar embates judiciais, além de buscar apoio parlamentar e desmobilizar a base de servidores.

Estabilidade. relator disse reconhecer que a estabilidade, “tal como vigora no texto constitucional, constitui mesmo, como defenderam inúmeros palestrantes no debate sobre o tema, instrumento de defesa em favor dos cidadãos e não em prol dos servidores”. Ainda segundo o relator, tratar-se de “mecanismo que inibe e atrapalha o mau uso dos recursos públicos, na medida em que evita manipulações e serve de obstáculo ao mau comportamento de gestores ainda impregnados da tradição patrimonialista que caracteriza a realidade brasileira.”

Cortina de fumaça. No entanto, enquanto no discurso defende a estabilidade, o mesmo voto logo depois a ataca. A proposta de flexibilização da estabilidade está mantida como no texto original. A justificativa está em alegar que a estabilidade “presta-se a um paradoxo”, podendo “agredir a sociedade que protege”, ao servir para justificar “disfuncionalidades da máquina pública nem ser colocada como empecilho à sua evolução.”

A partir disso, estariam justificadas medidas como:

• demissão por desempenho insatisfatório, determinando a imediata aplicação dos processos de avaliação de desempenho.

• demissão de futuros servidores por cargo considerado desnecessário ou obsoleto.

Atividades Exclusivas de Estado. O relator, no voto dele, trata as atividades “exclusivas de Estado” como questão “pendente desde a edição da Emenda 19/98”. Isso, uma vez que, na época, não houve avanço desejado pelos neoliberais nessa discussão, que é objeto da PEC atual. O deputado escreveu ainda, no voto, que o texto atual estaria tratando com a “devida parcimônia (?) as atividades que merecem proteção especial, por serem consideradas exclusivas de Estado”.

No entanto, essa alegada “proteção especial” não faz nenhuma menção a questões institucionais (órgãos e entidades responsáveis pelas atividades). Não há nada no substitutivo que impeça a participação da iniciativa privada, ainda que parcialmente, usando, por exemplo, a terceirização. Também é omisso quanto à possibilidade de exigência de que ocupantes de determinadas funções exclusivas de Estado consideradas finalísticas tenham que cumprir período de quarentena antes de assumirem determinadas atividades no setor privado.

O que se vê no substitutivo são apenas menções a servidores, ao tratar de questões como a impossibilidade de contratação temporária ou redução de jornada de trabalho, havendo ainda a garantia adicional em caso de desempenho insuficiente e que essas medidas protegeriam “as atividades e não os titulares dos cargos que as exercem”.

(*) Assessor parlamentar. É servidor público federal aposentado.
Fonte: Diap

CNS vai reunir ativistas em seminário para debater Políticas para Mulheres no SUS

Conselheiras nacionais, estaduais e municipais de saúde, lideranças de movimentos sociais que representam a diversidade das mulheres, trabalhadoras da saúde e gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS) vão se reunir em atividade virtual lançada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). O 3º Seminário Nacional de Saúde das Mulheres e Etapas Regionais terá abertura no dia 24 de setembro, às 19h30 e será aberto ao público. A iniciativa é da Comissão Intersetorial de Saúde das Mulheres, do CNS.

 

 

O principal objetivo é debater a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres com avaliação da implementação das propostas aprovadas na 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres (2ª CNSMu), após quatro anos de sua realização, fomentar a formação das Comissões Intersetoriais de Saúde das Mulheres (Cismu) nos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde. As participantes serão convidadas a partir de indicação dos Conselhos Estaduais de Saúde.

O seminário apresentará um relatório final, construído a partir de um ciclo de debates preparatórios que ocorrerá durante o mês de outubro.  O Seminário é considerado uma etapa preparatória para a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que deve ser realizada em 2023. O encerramento também será aberto ao público e ocorrerá no dia 25 de novembro, das 19h30 às 21h.

Etapas regionais preparatórias

Após o dia 24 de setembro, o CNS também realizará encontros regionais fechados, para convidadas, durante o mês de outubro. No Centro-oeste, o encontro será nos dias 1 (19h30 às 21h) e 2 (10h às 17h30); no Norte, o encontro será nos dias 8 (19h30 às 21h) e 9 (10h às 17h30); no Nordeste, será nos dias 15 (19h30 às 21h) e 16 (10h às 17h30); e no Sul/Sudeste será nos dias 22 (19h30 às 21h) e 23 (10h às 17h30). O encerramento ocorrerá no dia 25 de novembro, também aberto ao público via redes sociais do CNS, das 19h30 às 21h.

Quem pode participar?

Para as atividades fechadas, estão sendo convocadas representantes das Comissão Intersetoriais de Saúde das Mulheres do Conselho Nacional de Saúde, e também dos Conselhos Estaduais e Municipais; representantes de Conselhos Estaduais de Direitos das Mulheres; conselheiras/os titulares do CNS; coordenadoras/es de comissões  intersetoriais do CNS; presidentas/es dos Conselhos Estaduais de Saúde; representantes mulheres de CES onde não tem Cismu.

Serão convidadas também representantes de entidades do CNS, em especial, as que participaram da 2ª CNSMu; representantes de movimentos sociais, como feministas, mulheres negras e quilombolas, mulheres lésbicas,  bissexuais, travestis e transexuais, do campo, floresta e águas, indígenas, mulheres em situação de rua, com deficiência, vivendo com HIV e Aids, com hanseníase, sindicalistas, entre outros; e gestoras da saúde e dos direitos das mulheres

A programação completa será divulgada em breve

Mais informações

•          O quê: 3º Seminário Nacional de Saúde das Mulheres e Etapas Regionais

•          Quando: Lançamento dia 24 de setembro, de 19h30 às 21h; Etapas regionais ao longo de outubro. Encerramento dia 25 de novembro

•          Onde: Facebook e Youtube do CNS

•          Contato: 61 3315-2150 | 3315-3821 (procurar representante da Cismu)

Fonte: SUSConecta – Foto: 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, em 2017.

Há futuro para o Trabalho? — Pochmann debate na Fiocruz

No primeiro dos seminários preparatórios para o IX Congresso Interno da fundação, que acontece nesta quarta-feira às 14h, o economista debate o cenário atual de precarização, informalidade, reprimarização e seus impactos à Saúde

Os impactos econômico, social e político das transformações em curso no mundo do trabalho, envolvendo questões como proteção social, direitos, novas tecnologias, automação, acesso ao conhecimento e relações humanas na sociedade digital, estarão em debate no seminário Desafios do Trabalho e a Fiocruz do futuro, que terá como conferencista o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann.

O seminário será realizado em 15/9/2021, das 14h às 17h, e faz parte do conjunto de quatro eventos preparatórios do IX Congresso Interno da Fundação Oswaldo Cruz, instância máxima de representação da Fiocruz, que definirá as grandes teses e diretrizes para os próximos quatro anos da instituição. A transmissão será pelo canal da Vídeo Saúde no Youtube e qualquer pessoa pode se conectar e acompanhar.

O evento terá como debatedoras à exposição de Marcio Pochmann, a coordenadora geral da Coordenação Geral de Gestão de Pessoas, Andréa da Luz Carvalho, e a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública e do CEE-Fiocruz Maria Helena Machado. A mediação será do coordenador do Centro, Carlos Gadelha.

Até 10 de novembro de 2021 serão realizados os outros três seminários com os temas: Desafios da Saúde e a Fiocruz do futuro; Desafios da Mudança climática e do ambiente e a Fiocruz do futuro; e Desafios da Ciência e da Inovação e a Fiocruz do futuro. A organização é do Centro de Estudos Estratégicos Antonio Ivo de Carvalho (CEE-Fiocruz).

No processo de realização seminários preparatórios do IX Congresso Interno, formuladas, progressivamente, as teses e diretrizes para os próximos quatro anos da Fiocruz.

“A ousadia desses seminários consiste em articular a reflexão de grandes pensadores sobre o contexto atual, com propostas concretas para a Fiocruz do futuro, tornando o conhecimento produzido em instrumento de transformação e de inovação da Instituição”, destaca Carlos Gadelha, à frente da organização dos seminários e da produção de sumários sobre os pontos fundamentais de cada uma das discussões, para subsidiar a definição de estratégias para a inserção da Fiocruz em um projeto nacional de desenvolvimento. 

Os sumários servirão de suporte para o documento de referência do IX Congresso Interno, que termina com a realização da plenária, dias 8, 9 e 10 de dezembro de 2021. 

Trabalho na sociedade pós-industrial

Apesar de grandes possibilidades tecnológicas que se abrem na sociedade pós-industrial (digital), o futuro do trabalho aponta para aspectos que preocupam. Precarização do emprego, flexibilidade das jornadas de trabalho, ampliação da informalidade, diferentes formas de remuneração e de entendimento sobre os “direitos laborais” e ampliação da desproteção, com geração de vulnerabilidade e consequentemente insegurança, medo, estresse e ansiedade, diretamente ligados à saúde do trabalhador, são alguns desses aspectos.

No enfrentamento desse cenário, é necessário levar em conta também a democratização do acesso ao conhecimento e a definição de um projeto político capaz de deixar para trás a condição do pais de economia especializada na produção e exportação de bens primários, de baixo valor agregado e conteúdo tecnológico, rumo à apropriação crescente de saberes, ampliando-se o investimento em ciência, tecnologia e inovação.

Congresso Interno da Fiocruz

A cada quatro anos, desde 1988, na gestão do sanitarista Sergio Arouca, delegados eleitos pelas diferentes unidades da Fiocruz reúnem-se no Congresso Interno da instituição, para deliberar sobre o regimento interno, propostas de alteração do estatuto e assuntos estratégicos relacionados ao projeto institucional.

A realização do Congresso Interno na Fiocruz orienta-se pela afirmação de valores humanistas, dos direitos sociais e trabalhistas, traduzidos na frase democracia é saúde, que pautou a histórica 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986.

Seminários preparatórios do IX Congresso Interno da Fiocruz
Desafios do Trabalho e a Fiocruz do futuro

Conferencista: Marcio Pochmann
Debatedoras: Andréa da Luz (Cogepe/Fiocruz) e Maria Helena Machado (Ensp e CEE/Fiocruz)

Data: 15/9/2021
Hora: 14h às 17h

Transmissão: YouTube VídeoSaúde Distribuidora da Fiocruz bit.ly/1seminarioCongresso

Fonte: Outras Palavras

Após análise, CNS recomenda que Ministério da Saúde revise imediatamente Plano Nacional de Saúde 2020-2023

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou nesta sexta (10/09) a imediata revisão do Plano Nacional de Saúde (PNS) 2020-2023 nos termos dos apontamentos feitos pelos conselheiros e conselheiras nacionais de Saúde, expressos na reunião de 21 de maio de 2021, e do ofício do CNS encaminhado ao Ministério da Saúde em 28 de abril de 2021.

 

 

O PNS apresentado pela gestão foi reprovado pelo CNS durante a reunião de maio. Foram inúmeros apontamentos feitos pelas comissões intersetoriais do Conselho. “Essa reprovação compreendeu tanto os aspectos quantitativos da revisão, como os aspectos de conteúdo que foram mantidos conforme versão original anteriormente apresentada pelo Ministério da Saúde”, afirma o documento.

Segundo o controle social na sáude, passaram-se mais de 90 dias da reprovação do PNS e mais de 120 dias do envio dos apontamentos, não havendo até o momento manifestação do Ministério da Saúde sobre “a ilegalidade em que se encontra”, por não ter um Plano Nacional de Saúde 2020-2023 aprovado.

Conforme a legislação brasileira, é papel do CNS monitorar, fiscalizar e deliberar sobre as políticas públicas de Saúde, devendo o PNS, elaborado periodicamente pelo Ministério da Saúde, atender integralmente às diretrizes e propostas aprovadas na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) em cada esfera de governo.

“Estamos atendendo o que dizem as Leis 8.142/1990 e 8.080/1990, cumprindo nosso direito constitucional de participação popular e controle social. Se o governo não está atendendo, precisamos mover esforços para que a legislação seja cumprida”, disse Fernando Pigatto, presidente do CNS.

Motivos

De acordo com o CNS, dentre inúmeras críticas, os documentos do Ministério da Saúde, incluindo a Programação Anual de Saúde (PAS) 2021, não contemplam metas para o conjunto das ações de saúde de enfrentamento à Covid-19; também não trabalham metas para a “demanda reprimida” decorrente da pandemia; não contemplam os R$ 168,7 bilhões que deveriam constar no Orçamento de 2021, valor compatível com as cinco diretrizes aprovadas da 16ª Conferência, que deliberou financiamento adequado e suficiente para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, não atendem às diretrizes definidas em uma série de resoluções do CNS.

Leia a recomendação na íntegra

Fonte: SUSConecta – Foto: Geraldo Magela/Agência Senado